Momento lampião
Para o ano, para evitar chatices, proponho que o Benfica fique isento dos jogos fora. E, mesmo, de metade dos jogos em casa.
Excepto na taça UEFA. Aí tem mesmo de ser...
Texturas 1
Olha lá,
ó Altino: como vocês andam agora nessa "intifada" de mudar os campos, achas que podemos ir jogar com o Braga na Amoreira ou em Belém? É que se sim, eu trato já disso, tenho o Jesualdo em linha, ele e o Texturas...
Já me esquecia: boa sorte para logo! Quando formos ao galinheiro queremos que vocês estejam, ainda, motivados... é que quando não estais, caramba (corococó, veja-se o Sabry), dais luta, chateais, torna-se difícil não empatar convosco!
Nota: desta vez não vai haver penalties.
(momento de "neura by besugo", patrocinado por Carlos Carvalhal)
De Costa a Costa
O
nosso boticário predilecto enveredou pelo
branqueamento do hiato político, patologia também conhecida por
BHP, leia-se também
Boticário Horribilis Plus (tem dias assim, que se há-de fazer-lhe? .
Ora, de Costa a Costa, pensando bem, foram quantos anos de Cardonas, Mário?
Não sabeis o que vos espera. Eu também não.
1 - Gosto de assistir a esgrimas difíceis. Leonor Pinhão é, seguramente, uma das benfiquistas mais espertas que há. Antes do Estoril - Benfica, Leonor veio dizer que os lampiões não deveriam ter consentido na alteração do local do jogo. Que essa alteração seria sempre mal vista, independentemente do resultado.
Teve razão. Partiu foi do princípio quase casapiano de que, ao Benfica, neste trato, apenas coube
aquela parte ingénua do consentir. O que não se coaduna com a fama e o proveito de "promotora e fomentadora de eventos" de que desfruta a simpática e carente agremiação "encarnada".
2 - Aqui há uns anos, o Setúbal recebeu o Benfica nas Antas. Isto parece ser apontado como uma espécie de "sabre-florete-espada- tungas!" à couraça de quem, sobre o Estoril- Benfica, disse que os "encarnados" a fizeram bem feita e descarada.
Não é a mesma coisa, meus amigos. Não me lembro bem, mas parece-me que o Setúbal, nessa altura, tinha mesmo de jogar em campo emprestado por interdição do seu, ou por outro motivo impeditivo.
Mas, mesmo que não fosse assim, há uma verdade que é irrefutável: o Setúbal não marcou o jogo para as Antas com intenção de beneficiar o Benf... desculpem, de salvaguardar receitas. Marcou-o num estádio que pressentiu "hostil" ao adversário, que é o que é límpido e transparente. E até o ganhou, a esse jogo. Não sei se, nesse ano, o Setúbal desceu de divisão. Mas se desceu, não foi por causa desse jogo.
O Estoril, este ano, às tantas, foi. Parabéns, Figueiredo, parabéns Benf...Estoril.
3 - A expulsão de Polga: desculpe lá, Sousa Tavares, mas não me enerve.
O Dias da Cunha irrita qualquer muçulmano, eu sei, mas eu não sou o Dias da Cunha. Não meta no mesmo texto coisas sobre o Sporting e sobre o Benfica. Não anule argumentos.
O Sporting merece ganhar este campeonato. Eu sei que o Polga fez uma falta grosseira a meio do campo, foi amarelo conforme podia (e, provavelmente, devia) ter sido vermelho, admito; escusam de me falar do vermelho ao Seitaridis, que foi vermelho conforme podia (e, se calhar, devia) ter sido amarelo.
Agora, Sousa Tavares, o meu amigo (isto é engraçado, até parece que o Sousa Tavares vai ler, isto fica para mostrar aos meus filhos, tipo
"olhem, no tempo em que o vosso pai mantinha polémicas acesas com o filho daquela senhora que vocês tinham de ler, e ainda bem que tinham!" ) não meta no mesmo artigo de opinião, como se fossem peças da mesma autoria, "
a expulsão do Polga" e "
a chicana encarnada".É que, ao fazer assim, parece que o senhor, ao invés de qualquer pessoa de bem que se sente espartilhada pela vontade cega (e legitimada, apenas, na cegueira) de mais de metade dum país inteiro, que anseia ulular pelos "lampiões", não percebe a diferença. E o senhor percebe.
Percebe o senhor e percebe o
CAA, do
Blasfémias, por exemplo, que já nos chamou (aos sportinguistas) "idiotas úteis", ou coisa parecida. E com alguma razão.
4 - Tenho alguns amigos benfiquistas, mas já são muito poucos. O meu irmão e o "Vítor Paneira" é que me seguram, senão... Portistas amigos, enfim, vou tendo mais.
E tenho de dizer isto. Não me falem, nem uns nem outros, que me fazem rir, de
marcações de jogos "esquisitas". Contra o Salgueiros jogávamos, quase sempre, no caixotinho de Vidal Pinheiro (o Porto e o Benfica, evidentemente, "recebiam" o Salgueiros, quase sempre, na Maia). Contra o Gil Vicente, íamos sempre ao caixotinho do Adelino Ribeiro Novo, que Braga guardava-se para "receber" os adeptos do Porto e do Benfica.
Não me lixem com estas merdas. Nem sequer são muito antigas.
5 - Leonor Pinhão admite que "o Benfica paga o futebol português" e que, portanto, isso legitima quase tudo. Foi o que ela disse, no fundo, na "Bola".
Não há razão, depois de Leonor, para continuar a haver campeonatos. Façam eleições todos os anos, em vez disso. Gasta-se menos, fazem-se num domingo qualquer, até se pode aproveitar um referendo que dê jeito. Este, por exemplo:
"diga lá se quer liberalizar a felação em parques públicos e, já agora, quem ganha este ano o título" . E nem é preciso campanha eleitoral. O povo vai e vota:
"Que é essa merda?" e
"Benfica!". E ficam as consciências todas sossegadas, com o ècèlebê na Champions League, perpetuamente. Golos do Coluna.
Prémio aos abstencionistas: um belo broche ( patrocínio da "ourivesaria Ribeiro, fazemos o primeiro").
6 - O Braga até pode lixar-nos, que nem era a primeira vez. Mas eu espero, de forma muito clara, que o Braga se foda.
Nem é pelo Braga. É pelo que significaria, pelo que significará sempre, esta espécie de
sucesso da pequenez: a 4 jornadas do fim, um clube em posição de poder aspirar à vitória num campeonato, não o assume claramente e, debaixo das fraldas do seu alheamento hipócrita, acaba por ganhar. Não merece. Antes o Benfica. O Benfica, ao menos, diz que quer.
"A pressão está do lado do Sporting, nós... é o que der", diz ele, o Jesualdo. Pois está. E pois é.
Por estas e por outras é que, se nós vos ganharmos,
ó Bragas deste país, nos vai saber tão bem. E a vós, caso ganheis ou empateis, vos há-de saber a favor ou, em alternativa, a
um qualquer calhar.
Ouvi, canhões: vamos aí ganhar-vos, ó "encarnados" de segunda! Digo eu, antes de saber, entendeis? Eu sei o que quero antes de saber se consigo o que quero. E, se não vos ganharmos, então gozai-me, que eu terei merecido: eu falo mesmo sabendo que não passais de "snipers", sempre à espera do erro dos outros...
7 - Dúvida: a palavra "encarnado" é só uma paneleirice lisboeta ou é mesmo uma prova de que houve, um dia, aqui no torrão, uma espécie qualquer de censura? É que onde há vermelho no equipamento eu estou habituado a ouvir "red", "rouge", "rosso"...
Ó Liverpool: vós sois os "fleshies"? E vós, selecção belga, os "diables viandées"?
Santa paciência.
8 - Sim, estou em período de descompressão. Estive de urgência, o que não explica tudo mas desculpará a ortografia.
Receitas de besugo
Já aqui me enervei à conta deste tipo. É um miúdo vaidoso, orgulhoso, bonito, provavelmente mimado.
Mas tem talento. Ou, melhor dizendo, "e tem talento", que nenhuma das características que lhe apontei antes é impeditiva de talentos.
O golo de hoje saiu-lhe; aquilo não sai sempre, sai só às vezes. Mas hoje saiu. Têm é de lhe sair bem as coisas fáceis, também.
Aos garranos falta disciplina e temperança. Falta a liderança calma do bondoso domador.
Com um treinador menos nervoso que Peseiro (caramba, começar a mandar vir para dentro do campo aos dois minutos de jogo e nunca mais parar é uma coisa surrealista!) a cabeça do puto já estaria mais tranquila (e a do Sá Pinto no banco, com vantagem).
Vai ser um grandíssimo jogador, este miúdo. Assim ele queira, mas é preciso ensiná-lo a querer mais do que coisas difíceis, enfeites, glórias só dele.
Vejamos. É uma força da natureza. Tem bons pés. É lutador. É orgulhoso. É mimado. Precisa de jogar e dum treinador calmo que lhe ensine a frieza que não tem, nem pode ter, porque anda ali quase doido, sobre brasas. Jogamos com calma quando sentimos que não temos de estar, constantemente, a provar genialidades. É como na vida toda.
Receita de besugo: seis jogos inteiros seguidos, aconteça o que acontecer. Ganhamos o puto, os jogos não sei, mas acredito que também sim.
Hoje só há disto: directamente da minha lista pessoal do WMP
Me deixe sim
Mas só se for
Pra ir ali
E pra voltar
Me deixe sim
Meu grão de amor
Mas nunca deixe
De me amar
Agora as noites são tão longas
No escuro eu penso em te encontrar
Me deixe só
Até a hora de voltar
Me esqueça sim
Pra não sofrer
Pra não chorar
Pra não sentir
Me esqueça sim
Que eu quero ver
Você tentar
Sem conseguir
A cama agora está tão fria
Ainda sinto seu calor
Me esqueça sim
Mas nunca esqueça o meu amor
É só você que vem
No meu cantar meu bem
É só pensar que vem
Lá ra ra rá
Me cobre mil telefonemas
Depois me cubra de paixão
Me pegue bem
Misture alma e coração
(Grão de amor
Marisa Monte / Carlinhos Brown - 2003)
Verrinosa!
- Gostas mesmo da Dulce Pontes?- Eu? Nem por isso...- Gostas, pois!- Não, eu só disse que ela tem uma grande amplitude vocal...- Gostas, gostas!!!- ....- Gostas, que eu sei que gostas!- Bom, eu vi uma série, em tempos, em que um aristocrata falido e tarado confessava que gostava de sopeiras porque se excitava com o cheiro a sabão de lavar escadas...- Tarado!- Pois, ele era isso.
a causa foi modificada (pela corrente?)
Outro que gosto de ler, assim ao calhas, é este.
A minha avó (qualquer delas) diria que "o rapaz não é bem certo".
Eu digo que o rapaz não percebe nada de futebol, mas pronto, é do Sporting; percebe a genialidade do Maradona (eu tenho aquele "clip" há meses, tirei-o doutro sítio, mas tenho-o, para chapar na fuça dos meus putos quando se atrevem a perguntar-me, ainda por cima diante de visitas, "mas afinal quem é o Maradona?") e do Pedro Barbosa mas, por outro lado, é do Sporting e lê demasiadas revistas estrangeiras. E transcreve trechos delas, e mostra-nos fotos de passarinhos. O que é ainda pior do que ser, apenas, do Sporting. Eu sei do que falo, que eu sou só isso e, mesmo assim, é o que se vê.
Quem lê o Contra a Corrente (ora aí está outro que leio, e que recolheria unanimidade de ambas as minhas avós) percebe que está, ali, um "biltre gordo". Não é no Contra a Corrente, "biltre gordo" é, pelos vistos, o de cima. Diz isso, a cada passo, o Contra a Corrente. Geralmente chama-lhe uma coisa de cada vez. E utiliza fórmulas da física, realçando a massa nas coisas da cinética, quando é a parte do "gordo". A novela destes dois, quando lhes dá para aí, é sem roteiro.
"Mas, afinal, quanto ganha um Papa?"Eu e as minhas avós rebolámos pelo santo chão numa orgia respeitosa: eu de riso, elas de contrição. Elas lá onde estão, no céu, suponho eu. Eu ainda cá.
Bonito, mesmo, é a Dulce Pontes a cantar.
As bolinhas pretas são úteis para fazer listas de existências, por exemplo num armazém de revenda de atoalhados.
P.S. Não tenho culpa que esta evidência não seja perceptível a apreciações estéticas menos requintadas.
Comida, Eu Faço?
Outro que gosto de ler é o food-i-do. O fodido, como a gente aqui diz.
Lá está, este leio porque parece que vai sempre "à volta" para dizer o que quer. E, concorde-se ou não com o gaiense (conterrâneo dos meus filhos, enfim...), o gaiense lá acaba por dizer, e bem, o que entende.
Mas não provava, sequer, aquele prato à base de restos que o tipo confeccionou e, ainda por cima fotografou. Food-i-do? O caraças!
Enfim,
a lo mejor, naquela noite acabaram por ir comer fora...
Eterno feminino
- Tu gostas daquelas bolinhas pretas antes dos links?- ...
- Então?
- Não me incomodam... que coisa! Que mal têm?
- Sei lá... acho um bocado feias, pronto...
Viva Espanha
Outro que também leio sempre é o Viva Espanha. Encontro lá coisas que me interessam e claramente escritas.
E há outros, claro. Muitos outros. Não há aqui desprimores: há o que houve sempre, dizer o que apetece, em certas noites.
Mar Salgado
Não sei se o Mar Salgado é o melhor blogue que aí há. Sei que é aquele que mais gosto de ler.
Gosto de muitos outros, mas este é o que leio
mesmo todos os dias. Quando fala de política não se limita a dissecar o "facto político"; há blogues mais informativos, nesse aspecto. Fala doutras coisas, das artes à chicana, mas os outros também falam. E nem sempre o que lá leio, no Mar Salgado, me serve de espelho ao pensamento (para os puristas, nomeadamente os da Física,
subclasse Óptica, o que eu quero dizer é o contrário do que disse, ou seja, nem sempre concordo com o que lá se diz, certo? eu sei que os espelhos, enfim, invertem a realidade, "coisa e tal").
Então, que raio tem o Mar Salgado que os outros não têm?
Não sejamos injustos. Eu reformulo: que raio tem o Mar Salgado que, embora outros possam ter, também, e seguramente têm, eu não dou tanto conta?
É isto: transmite pensares que me parecem sempre bem pensados. Maduramente pensados. Não consigo explicar melhor.
O elogio vai sem
links, embora eu gostasse que os bloggers do Mar Salgado soubessem dele. Porque já ando aqui há muito tempo, quase tanto tempo como eles, e cuido que toda a gente sabe que o que aqui procuro é o que aqui encontro, mais nada. E que o que aqui digo é porque quis dizer, mais nada também.
Mas o mimo sabe bem a quem o faz, também. E, no caso vertente, o mimo que acabo de fazer chega-me perfeitamente.
Deve ser inquietação
O facto mais intrigante é que os que perderam não só não desapareceram da ribalta como aparecem bastante mais do que os que ganharam.
O paradigma
De Sócrates vamos tendo notícias. Sabemos, por exemplo, que é o primeiro chefe de governo que cultiva a política do silêncio moderado apenas porque o seu antecessor falava demais.
Por isso é que pouco mais se sabe e, provavelmente, pouco mais há a saber.
Metades
Falta, às pessoas brilhantes, geralmente, siso.
Às assisadas, quase sempre, brilho.
Questões de dentista e solarina.
O que é feito dele?
É caso para pensar que Jerónimo de Sousa só tinha contrato até ao dia das eleições. Nos momentos cruciais da campanha só teve de sorrir ou invocar rouquidão, consoante o que lhe parecesse mais apropriado. Distribuiu sorrisos a eito, o partido não desceu e ele... foi-se.
Sem rancor
Portas saiu pela porta pequena do seu pequeno partido. Não me regozijo com isso. Nem me entristeço.
A sorte anunciada de Portas estava-lhe estampada no rosto desde o primeiro dia.
Portas há-de ser feliz doutras maneiras. E o partido há-de continuar pequeno. Uma empresa de quadros, qualquer dia passando recibos verdes à boca das urnas, por futuros serviços.
O País não merece Portas porque nem sequer o entende.
Portas não merece o País, pela mesmíssima razão. Com acrescida responsabilidade para Portas, evidentemente.
Do CDS não falo. Teria de falar do Estoril-Praia, que é quase uma espécie de Benfica quando o Benfica deixa, ou pede.
Ou, por outra, falo. Li, algures, penso que no
Blasfémias,
que Monteiro não soube esperar. Não estou de acordo. Quero crer que não quis. Não se espera nada dali, do CDS-PP. Nem do CDS, sequer. Esperar o quê? É um partido esvaziado, sobretudo porque nunca foi cheio. Um balão à espera do primeiro bufo que o encha de qualquer coisa, sem ser de "quadros".
Um comparsa ávido dos poderes, para ser credível, tem de lhes fazer contrapontos. Aos poderes. Não pode limitar-se a mendigar ou exigir um lugar à direita (ou à esquerda) do Pai e dizer "amen". Nem, ao estilo de Portas,
estar ali sentado ao lado do Pai com os olhos na cadeira do Pai. A cadeira do Pai, mesmo que o Pai seja bêbado, mesmo que seja mau, é a a cadeira do Pai. O Pai legitima-se, antes de mais, na própria progenitura. Em democracia, o Avô, o Pai do Pai, é o Povo. Não é o Espírito Santo.
São as regras.
Com a diferença que, em política, podemos sempre escolher o Pai que queremos, sobretudo quando nos não sentimos capazes de constituir família: de sermos, nós próprios, Pais do que quer que seja, entretidos que andamos a ser filhos.
Monteiro pode não vir a constituir família grande mas, ao menos, percebeu que aquela lhe não servia: família de facadas, ainda por cima sem passado, porque o apagaram a golpes de catana, coisa pesada demais para armar pulsos tão finos.
Falta de passado por falta de passado, que se faça um passado novo, a ver se há algum passado no futuro. Assim Monteiro desista de pensar em Portas, que se esqueça dele - como todos os dias acaba por fazer o resto da gente, esquecer-se (atentamente) de quem a traiu - e há-de poder, um dia, olhar para trás sem "frenicoques": pode-se andar para diante a olhar para trás, mas anda-se melhor em frente se levarmos os olhos atentos ao caminho, guardando olhares à rectaguarda para quando descansamos, ou paramos.
Não há pessoas com o ego do tamanho do mundo. Há é pessoas que cuidam que o mundo é pequeno. Adeus, Portas. Escreve e conspira, isso faz-se com os neurónios. Coração, não tens senão aquele que te irriga os neurónios, uma bomba involuntária que todos temos. Do outro coração, desculpa, não te quero triste, mas não tens.
Reavivando a memória...
Trinta e um anos depois, a democracia continua jovem. Tornar-se-á adulta quando a revolução deixar de ser a conquista da esquerda progressista, intencionalmente contraposta à melancolia da direita saudosista. Quando, no fundo, ambas se tornarem obsoletas.
Sonhos de besugo
Gostava de viver aqui. Se aqui vivesse, a cadeira verde, ao fundo, seria a minha cadeira de conservador. Talvez a emprestasse a corpo alheio, em estando sol que me chegasse. E estaria sempre um sol que a emprestasse. E ma conservasse.
Descobertas
Ser conservador, li eu algures, não é mau. Miguel Esteves Cardoso, que tem agora duas filhas grandes, pouco depois de ter duas filhas pequenas, escreveu sobre isso.
Fiquei contente quando li a crónica, nessa altura. Não sabia o que era e fiquei a saber: era conservador. O Brás, em linguagem simples, acabou por dizer o mesmo, mais tarde: se estamos bem aqui, a beber de limpos copos fundos, para que havemos de ir, agora, embedarmo-nos para mais longe?
E não tinha filhos, quando li o MEC. E já tinha, quando ouvi o Brás.
Depois, um dia, o Alonso alumiou-me a suspeita com a luz da verdade: "tu não passas dum conservador, como eu!"
Recentemente, hoje mesmo,
li definições do mesmo: o que é isso de se ser conservador? E vinha
lá o que parece que é, agora, sê-lo.
Em sendo assim, eu já não sou conservador. Nem nunca fui. Desculpa, Alonso, desculpa, Brás, desculpa velho Miguel. Desculpa, besugo, mesmo tu, que és mesmo eu e que já não és o que pensavas que eu era.
E decidi: se ser conservador é amuar e, na espuma confortável do amuo, festejar derrotas; se ser conservador é, do fundo do conforto do curral, sonhar que somos ovelha sem rebanho; se ser conservador é, ainda pior do que isto, exercer a boçal e confortável imprevisibilidade do birrento, então, besugo, eis o que és, afinal, em menos belo.
Nota: já depois de ter escrito isto, percebi que Miguel Esteves Cardoso se reeditou, no DN. Não se reescreveu, reeditou-se. Ser conservador continua a ser aquilo que eu pensava. Ou quase aquilo. No fundo, aquilo.Afinal, voltei a ser conservador; nunca deixei, pelos vistos, de o ser. Mas não apago o resto, fica a dicotomia "conservador-possidónio que cuida que ser conservador é ser contentinho ". Para memória futura.
E o Che está morto, mesmo na fotografia. Eu sei.
Fora de tudo
O que há num nome?
Ele não sabe, mas sabia. Pretérito imperfeito do saber.
E Gondifelos? E Sirarelhos? E Panóias?
E se não fosses assim feio?
E se em ti se percebesse, ainda, que mexias?
Pretérito imperfeito? Forma irregular dum condicional desesperado?
Ou, só, desproporção de vísceras? Um baço grande em frontaria, risca ao lado, afigurada a risca?
(Este gramático "jingle" é patrocinado pelo famoso "Restaurador Olex", versão para testas que parecem lavadouros, pias ou latrinas: estas últimas, independentemente daquilo com que se pareçam, mesmo que com cicatrículas de "imbides")
Já quase no fim, um bom dia!
Começar a ver uma revolução aos treze anos é estranho. “Começar a ver” pressupõe continuidades de visão. Isto é importante, mas agora não. Não se sabe nada de revoluções aos treze anos. Aos treze anos, se se lembram, ainda nem se tem bem ideia de como as coisas são, quanto mais ciência de necessidades de mudança.
Depois, vai-se crescendo. Cresce-se sempre, dos treze anos em diante, mas às vezes cresce-se mais depressa do que seria suposto. Por exemplo porque, à nossa volta, acontecem muitas coisas. E nós queremos, por força, entendê-las, participar nelas. Mas isso é mais tarde, têm razão, não é aos treze anos. Aos treze anos é só estranho, não se cresce especialmente.
Tenho, outra vez, treze anos. Fechei os olhos, escrevo com a minha memória antiga toda na polpa dos dedos. A única sensação estranha é a das teclas.
Moro a cem metros do liceu e saio de casa, como sempre, pouco depois do primeiro toque. A correr, já quase atleta nas minhas sapatilhas
"Sanjo".
O João é mais velho e sabe das coisas, sempre, mais depressa. Neto e filho de médicos, escritores e políticos, domina ciências estranhas. É o "médico", já naquela altura, da nossa “brilhante” equipa de hóquei em patins (o talentoso "K-74), o fornecedor assisado de pastilhas efervescentes de vitamina C, nos intervalos.
O João sussurra coisas no meio duma roda. Está sempre no meio duma roda, o João. Redondo adiamento que me parece desajustado às minhas emergências de bola a saltar. Chego-me e percebo que há coisa. Que coisa é sabem os senhores, sabemos todos, agora. Roda cada vez mais larga, o João no meio. A bola, parada, branca.
O tempo salta, foge-nos, por debaixo dum céu azul entremeado de nuvens brancas que já choveram de véspera. As aulas prosseguem, na normalidade possível: este “possível” nem é, sequer, por nossa causa; é que há professores de vinte e poucos anos a esfregar as mãos, todos contentes de “já não vou para África”. Aos treze anos percebe-se bem isto, porque sabemos que podem faltar-nos lépidos sete anos para ser connosco.
“Reitora, rua!”, apareceu escrito no muro do liceu. E os mais velhos desenharam um peito nu, de mulher, na sala de convívio, toda pintada de vermelho. A sala de convívio foi reivindicação que se ganhou; logo feita, ainda por cima, quase de raiz, no antigo vestiário das meninas. Música alto, mesa de pingue-pongue, sofás, cigarros. Os primeiros charros. Em toda a gente se descobria um corpo novo, que dantes não se tinha.
Por outro lado, o Mário Jorge, que ia reprovar por faltas, sete negativas no primeiro período, acabou por dispensar de exame. E os mais velhos, os que tinham desenhado tão bem o peito nu, negro sobre vermelho, desataram a fazer pressão revolucionária para copiar por quem sabiam saber menos de tudo, menos do que se perguntava em reaccionária folha de teste.
A própria Filosofia, já mais tarde, passou a ser uma cadeira “muito subjectiva”: quanto maior a ignorância do pensamento dos outros, maior o espaço para a nossa subjectividade. O Português, esse, tornou-se uma chatice; aula propícia a
“faltas colectivas por causa de meia dúzia que não queriam”. Chegaram os retornados, que já conheciam coisas, mesmo questões de Coca-Cola.
E nós ali, tão sós, sós tão de repente, ainda sem ter lugar para partir, grande tristeza. Não entendam mal, não é fugir, é que quando percebemos que já não cabemos bem num sítio, porque começamos a não querer, sequer, perceber o que nos dizem os outros, os outros que (afinal) copiam por nós, damos por nós a querer lugar numa viagem qualquer, nem que seja para o sítio donde vêm os outros, encher o espaço que os outros deixaram, esse sim livre. Livre, ao menos, deles...
Ficámos cá, contudo. Quase todos presos de nós e a nós e com muito tempo para aprender, que não se aprende tudo num ano, muito menos aos treze anos.
E ainda bem que ficámos. Estamos por aqui. Ancorados à pequena ciência que o tempo e o pensar ensinam. Essa pequena ciência de
que tinha de ser assim, amarrada (siamesas de faz-de-conta) à ciência plena de
que não foi bem assim: nem como dizem os que se lembram mal, nem como conta quem nem sequer se lembra.
Intuitu personae
É quase sempre fácil distinguir a imitação do original ou, em qualquer caso, dar conta de um fenómeno de imitação. A arte da imitação é, em geral, praticada por espíritos fraquinhos, que recorrem, entre outros meios igualmente covardes, à apropriação de identidades alheias.
Ninguém dispõe de meios seguros contra esse mimetismo. Todos sabemos, por exemplo, da facilidade com que um desses espíritos franzinos entra numa caixa de comentários de um qualquer blogue e ali deixa qualquer escrito assumindo uma identificação alheia. Colocando, até, o link dessa identidade alheia. Assim sucedeu comigo, como já há-de ter sucedido com muitos.
Encontro nisto uma boa razão para manter aquilo que aqui neste blogue pensamos sobre os comentários: para além de dispensáveis, são inúteis e falaciosos. Nunca se sabe, nem se pode saber com segurança, quem é que se nos dirige. Mantenho, por isso, com reforçado fundamento, o que sempre pensei do assunto. Não faço comentários em casa alheia e ninguém os faz na minha.
Outra vez?
Jogar com a Académica é uma coisa que me chateia. Nunca é pelo resultado, eu quero lá saber do resultado para alguma coisa! É que a Académica é um clube que deveria estar a disputar, com vantagem para todos, a segunda Liga.
Como, aliás, o Alverca, o Estrela da Amadora (que já lá estão), o Salgueiros (que nem aí está), o Penafiel, o Marítimo e o Setúbal. E, já agora, o Braga, o Benfica e o Porto.
O Boavista sim, esses ficavam. Isto, este ano, para correr bem, era ter-se organizado uma Super-Liga só a dois, o Sporting e o Boavista.
(Vou parar por aqui porque a Lolita - ainda entontecida pelas altitudes do Marão - veio segredar-me que se está a notar muito o meu mau feitio. Era só o que me faltava, ficar com o caralho dessa fama!).
Absolutamente relativo
Pouco depois das oito da manhã de hoje já eu percorria a auto-estrada a caminho da capital de Trás-os-Montes, moída da noite mal dormida e irritada pelos deveres profissionais que me obrigaram a tão tormentosa madrugada. Chovia, aquela chuvinha miúda que torna tudo cinzento, que eu sabia ser mais cinzento através dos óculos escuros que teimei em não tirar, como se quisesse prolongar a manhã do sossego debaixo de um tecto. Ia com a sofrida sensação de que todo o hemisfério Norte ainda dormia ou de que, pelo menos, ainda se aquecia debaixo de cobertores, sem hora marcada para coisa nenhuma. Excepto eu. É fácil, nestas circunstâncias, sentir a absoluta penosidade da nossa angústia solitária: sós, no infortúnio de ter de trabalhar a um Sábado de uma manhã nebulosa. Nem a TSF ajudava. Nem uma voz se ouvia. Só música, má música. A dada altura, o George Michael cantava uma música de há vinte anos atrás, de quando o George já era assim como é hoje, muito pop-disco-rock-enfeitadinho. E eu percorrendo a auto-estrada tristonha e ensonada como eu, eu cantarolando a pop-music, até que vi uma placa sinalizadora que me anunciava estar apenas a 3 Km do destino. George: se me estás ler, ficas a saber que, a partir de hoje, sempre que ouvir aquele teu velho êxito chamado "I'm never gonna dance again", lembrar-me-ei, involuntariamente, da zona industrial de Vila Real.
Plágio?
Correspondência amiga levou-me ao
ouriço cacheiro, cujo blogger suspeita tê-lo eu, besugo, plagiado. E lá explica porquê. No fim, acaba por parecer, mesmo, estar seguro de que as coisas se passaram assim, porque se lamuria:
"nem uma referência foi feita!".O que ele insinua é torpe. Mesmo estando em questão um textozinho ainda menos que sofrível, uma mera anedota de que me lembrei (como ele se lembrou, pelos vistos), a insinuação não deixa de ser grave. E mentirosa.
Se você disser que eu desafino, amor...
Paulo Portas regressou do Dubai, bronzeado. Sim, mesmo naquela parte da careca que ele disfarça (quase) com mestria, com aquele truque da risca. O pequenote vem castanho!
Vi isto na Nova Gente. Estava lá, também, a casa da Lolita, mas eu não tenho autorização para dizer qual delas é. Pelo menos por enquanto. A minha não estava lá. Mas eu, também,
bourgeois gentillome de araque, não dou confiança a fotógrafos possidónios.
Por falar em dar confiança: há agora um programa na TVI que espreitei com deleite. Trata-se ali de testar relações e fidelidades. É um programa brasileiro, aparentemente. Pelo menos parece: as gajas têm celulite até ao pescoço e são feias, os tipos estão sempre a dizer "vagabunda" em vez de "canhão!" e o apresentador tem aquele sotaque "braza" de quem parece que acabou de ingerir seis pastilhas de
extasy misturadas com dezoito copázios de
chopinho à "Lagardère".
Ora, qualquer animal com menos de cinco patas sabe que não se desafia o destino. Murphy fartou-se de dissertar sobre o assunto, esse parolo.
"Queres ver se eu te encorno, é? Então eu encorno-te à ganância, para tu veres o cheiro das tintas".Há gente que se presta a isto, às tantas por
quaisquer mil reais. Mas, depois, redime-se, quer bater em toda a gente, com o aplauso ululante da plateia. As gajas da plateia são muito parecidas, geralmente, com a encornada. Os gajos é a mesma coisa, parecem estátuas feitas do mesmo marfim do imbecil em palco. Fica sempre bem, é uma questão de solidariedades. Só falta ouvir "olés". Sim, que são faenas. Ou, pelo menos, faunas. O que faz uma letra.
Donde se depreende que o problema deste tipo de testes, deste tipo de programas, deste tipo de merdas, enfim, é ser feito por tipos e tipas com patas a mais, para tipas e tipos com patas a mais. Mais de cinco patas. Se se recordam, seus bêbados, eu falei
aí para cima de cinco patas. Eu sei manter um fio condutor numa conversa. OK?
Está certo. Eu vi. Vi uma parte do programa, admito. Mas eu sou
uma centopeia com guelras que acabou de sair da urgência. Uma urgência, ora uma urgência... dá um desconto de três patas e meia por sacrificado, em média.
Isto, sem dar muita confiança às equivalências, acaba por me deixar dormir em paz.
O Porto e a Amazónia
Ontem o
Francisco esteve no Bonaparte, o (mítico?) bar do Senhor Klaus na Avenida Brasil, a apresentar o seu
Longe de Manaus. Cheguei a meio, mas ainda a tempo de o ouvir falar da Nova Mazagão (que afinal era a velha) e da Velha Mazagão (que afinal era a nova) da Amazónia e do
lusohablante manauense que acreditava que Portugal, na verdade, não existe. Não me parece que a razão resida apenas no "polvilhar" da língua que os portugueses espalharam mar afora, com referiu o Francisco; há-de ter também a ver, suponho, com terra brasileira a mais e informação a menos.
E a Rua do Barão de Nova Sintra - que existe, que nenhum manauense tenha dúvidas - é, de facto, algo insípida; mas é bela se comparada, por exemplo, com a Rua do Manuel Pinto de Azevedo...
É aí que fica, o Porto
não comovente.
Estavam presentes algumas celebridades blogosféricas - o blasfemo
LR (com pose de estadista) e o
Alberto (com pose introspectiva) - que me foram prontamente apresentadas pelo
Gabriel. Reconheci imediatamente o
Dupont: conhecemo-nos, confirmo, há quase vinte anos! Mas só depois, por artes provocadoras do meu consorte, conhecemos as respectivas identidades blogosféricas. O Dupont quase sofreu um colapso - ver
aqui mais pormenores.
Perguntaram-me pelo Besugo; eu lembrei que ele vive na província, mas que vem à metrópole de vez em quando. Ele tentará, estou certa, estar presente no próximo evento (se conseguir encontrar o Bonaparte, é claro).
dos cânones
“Não posso mais” é uma frase frouxa. A menos que a digamos imediatamente antes de morrer, firmando-a no estrondo dum desfecho imediato.
Dita a seco, desamparada de efeitos especiais, parece sempre aos outros que podemos mais um bocadinho. E a nós acaba por nos parecer que sim, também.
Um dia, a frase sair-nos-á na altura certa. Levantar-se-ão logo, pujantes, dois coros pequenos: um a entoar um requiem misericordioso de “ele tinha razão”; outro a cantar o costume, um fadinho malandro, introspectivo, alumiado por malga de verde-tinto. E será um cânone tão autista como a frase outrora frouxa que estoirou.
Thelma & Louise (em Lima, no Dubai)
“Não, não sei. Não sei se poderemos vir a representar, um dia, quinze ou mesmo vinte por cento do eleitorado. Isso não sei dizer. Calculo que sim, contudo.
Para já é à volta de sete, diz você? Bom, isso é um profundo sofisma.
Você parece insistir em reduzir-nos a uma mera parcela do ideário político. Enganou-se. Nós não queremos ser isso. Nós somos é um partido de quadros. O Paulo, antes de sair com dignidade (que ele saiu com dignidade, houve mesmo quem chorasse, não reparou?!) chamou quadros. Somos, agora, uma espécie de empresa que fornece quadros. De preferência à governação, evidentemente.
Não temos eleitores? Você diz cada uma! Claro que se tivéssemos eleitores era melhor, escusávamos de corar tanto com perguntas parvas como a sua, mas congregando quadros, você bem vê, exponenciamos a nossa verdadeira vocação: a ”quadrificação”. Não, não é a quadratura do círculo.
Não percebe? É toda a dignidade da prestação de serviços que está aqui em causa! Já conhece aqueles cérebros de bolso, que fazem uma espécie de conversão das ideias em euros e em influências? Pois, é sua parva. Nós temos quadros que já não saem de casa sem esse encéfalo portátil, que acaba por dispensar o outro! Viu bem a vantagem?
Não, não sei se vamos passar a chamar-nos PAD-PSD. Se você quer dizer
Partido À Disposição do PSD é parva. Sim, é parva, porque isso já nós somos. Foi o Paulo que fez por isso, altaneiro, logo que entrou (portanto, antes de sair, com dignidade, repito – reparou que choraram?), quando colocou o testículo esquerdo na virilha direita do José. Sim, o que está lá fora.
Se queremos continuar a ser isso? Bom, bem vê, esta coisa que o Luís agora nos fez, aquilo do Carmona, deixou-nos um bocadinho irritados. Se eu penso que estamos em condições de ser outra coisa muito diferente? Sabe o que lhe digo? Quer irritar-me ainda mais? Quer que eu desabafe? Olhe: ainda bem que o Telmo se chegou à frente. O Castro ainda está muito perturbado com aquela história do Benfica. E eu não tenho feitio para estas merdas de andar a votos. É uma coisa que me chateia, estas parvoíces.”
Dá-me lume?
- Como é que elegemos este tipo?
- Não sabes?
- Eu não! Estávamos tão bem a cismar e de repente...
- Foi o Policarpo, não notaste?
- O quê?
- Foi fumar para debaixo da chaminé e precipitou tudo!
- ...
- Raio de vício.
Blue pills' farm
- A produção manda avisar que já temos Papa!
- Aqui na Quinta?
- Cala-te, Elsa! Foda-se.
- ...
- Bom, era só isto.
- E então?
- Então o quê?
- Uma coisa não impede a outra...
Inevitable
- Well, it seems they've got a new Pope...
- ...
- ...
- Well, that was quite possible, sooner or later.
- ...
- ...
- What an emotion, don't you think?
- Yes, Camilla, that was one of your best farts. Is the bloody window opened?
Excesso de informação
- Sabes que já temos um novo papa?
- Ôi?
- Enfim, eu traduzo:
cê sabe que já pintou Papa novo, lá na Itália?- Lá na Itália? Foi Kaká? Foi Cafú?
- ...
- Mais feijão?
Avec alors par ici...
- Já temos Papa.
- Fumo branco?
- Sei lá, tu é que sabes...
- Estúpido! Dizes quem é ou não?
- Sim. Digo.
- Quem é?
- É um tal Bentôcèze... Vi na TF1...
- Ah! Esse.
O Panzerkardinal e o Teólogo da Libertação
Rotas
Temos Papa.
Temos , contudo, também isto: recebi um poema!
Cuido provir de um brasileiro, mas pode ser de um idiota doutra nacionalidade qualquer. Há, inclusivamente, portugueses que se auto-apelidam de "tugas", portanto...
Enfim, não sei. Nem me interessa.
Eis o poema:
A REZA DO BRASILEIRO Português que estais na Europasantificada seja a nossa distância seja feita a minha vontade assim na terra como no céu a Varig nossa que nos dá outra rota a cada diaperdoai os nossos colonizadores assim como perdoamos a quem nos descobriu e não nos deixei cair nesse pacote turístico e livrai-nos desse mal amém! É uma pérola. Saliento três evidências:
1 - O facto de a Varig (logo a Varig, valha-me Deus!)
lhes dar "outra rota a cada dia"2 - O autoral esquecimento do acento circunflexo em "rota"; sim, naquela parte em que o poeta fala de sua extremosa
mamãe e das
mamães dos amigos.
3 - A omissão duma referência ao pai. Provavelmente, por motivos que hão-de prender-se, evidentemente, com a Varig, o poeta desconhece a identidade do progenitor. Que drama!
A conversa sobre o Papa pode prosseguir.
Façam favor, lolita e alonso. Mas eu tinha de vos contar isto. Isto e, evidentemente, que torci pela França de Zidane no dia em que o Ronaldo teve aquele ataque de caspa histérica. É que Vinicius e Jobim não têm culpa que haja melgas, isso é seguro, mas eu também não.
Achtung! Wir haben Papst!
Como bem notou o Alonso, eu sou suspeita. Há muito tempo que alerto o mundo católico para os perigos da ortodoxia radical Ratzingeriana, sobretudo depois de ter lido a sua
Carta aos Bispos, do ano passado, em que o então cardeal invocava, sibilinamente, os textos sagrados para fazer a apologia do regresso aos papéis femininos tradicionais na "sociedade moderna". Facilita, com efeito, dizer, como o Alonso, que ele não passava de um mero porta-voz de João Paulo II no que respeita à doutrina da fé. Facilita, também, dizer que o seu Pontificado se resumirá a uns cinco ou seis anos, o que o tornará um pontificado de transição para preparar os tempos de mudança (que, afinal, todos, ou quase todos, esperavam). Meras estratégias (ou argumentos) dos filhos da Igreja para tornar a escolha mais consensual ou, pelo menos, mais justificada.
O que parece mais absurdo, de tudo, é o facto de, com esta escolha, o colégio cardinalício ter afastado (adiado?) o ecumenismo de João Paulo II. Por outras palavras: como é que se pode pretende, com Ratzinger, chamar mais fiéis à Igreja?
Habemus Papam!
Bento XVI, o ex-cardeal reverendíssimo preferido da lolita, é o novo Papa.
Não há muito tempo, disse num círculo de amigos que a atenção dada pelos media à Igreja, no momento da agonia e subsequente morte de João Paulo II, e toda a especulação sobre quem "deveria" ser o novo Papa, teria o seu culminar na crítica à eleição de um novo Papa, se o mesmo não fosse "politicamente correcto". Coisa que Bento XVI, manifestamente, não é.
Algumas notas, deste vosso Alonso:
1 - O reforço da vertente teológico/dogmática de que se fala quanto a este Papa é mais aparente que real. Na verdade, este Papa era um dos cardeais mais próximos de João Paulo II nesta matéria. De algum modo, Bento XVI canalizou, no consulado de João Paulo II, as animosidades de todos aqueles que achavam que o falecido Papa "até era bom" mas que lhe não suportavam a firmeza de princípios e atitudes. Ratzinger funcionava como o vilão de serviço. Como se João Paulo II alguma vez pudesse ser sua marioneta ...
2 - A Igreja (melhor, os seus Cardeais) escolheram uma solução de continuidade, mas fatalmente de curto prazo, porque Bento XVI dificilmente a governará por muito mais de 5 anos. Talvez tenha sido acertado fazê-lo, a seguir a um Pontificado tão longo e marcante.
3 - Bento XVI apresenta como "vantagem" exactamente o que apresenta como "inconveniente": com ele a Igreja persistirá num caminho de escolhas muito claras, mas também de grande rigor e exigência para quem seja católico. Para quem não seja, deve ser relativamente indiferente, salvo que pode continuar, prazenteiramente, a criticar a Igreja por "não se abrir ao Mundo". Que é como quem diz, a eles e ao que pensam.
4 - Nisso, João Pulo II teve vantagem. Por mais firme que fossem as suas convicções, por mais detestável que o que ele defendia fosse, a verdade é que a sua imagem de Papa "diferente" e a adesão que provocou nas sucessivas gerações de jovens ao longo dos últimos 26 anos calou ou manteve em estatuto de relativa irrelevância os seus críticos. Bento XVI, se quiser manter o rigor e a firmeza de princípios de João Paulo II, vai ter que suportar um coro de críticas muito mais audível.
5 - Para quem é católico, a escolha de um Papa pelos Cardeais é feita também com intervenção e inspiração do Espírito Santo. Para quem não é, a frase anterior é um conjunto de balelas. Em qualquer caso, católicos e não-católicos são agora confrontados com este novo Papa, de quem esperam muito, pouco, ou nada. Veremos ...
Encantos de besugo
Há muito, no futebol, de encantamento.
E de suor, também. E de palpite: a argúcia momentânea que compensa.
A gente quer ter encantamento, sempre. Mas nem sempre temos ciência, no nosso deslumbramento exigente de pagantes (detesto esta palavra, que parece conferir direitos adicionais à cidadania rica, mesmo num campo da bola), do suor que os outros gastam a encantar-nos.
Nem sempre se encanta. Nem sempre encantamos. Há dias que, de escuros, parecem encardir, ainda mais, um trabalho de mineiro: trabalho árduo que ninguém vê. Nos sítios em que o esforço e o sacrifício são valorizados, os mineiros são bem pagos.
Ser mineiro é escavar o medo com a força toda da duvidosa fé de, um dia, ver luz forte e permanente, sem poeiras de morte.
Hoje, o Sporting jogou mal. Não dominou. Não controlou. Não encantou. Mas, de forma cristalina, limpamente, enegrecido do suor da mina, ganhou.
E isto redobra a minha fé. A minha fé é sempre em dobro, na vida toda. Sofro com ela, com a minha fé, com a minha vida. Sempre de calças na mão, uma mão nas calças outra agarrada ao medo, a ver se o esmago. Mas fé, a fé que esmaga o medo, tenho-a. Procurem-me num qualquer
zoo sociológico, daqueles perto de vós, ou num conclave pequenino.
Tenho fé. Agarro-me a ela sempre que tenho medo, sempre que não sei muito bem o que fazer e tenho de fazer alguma coisa. Sempre que quero muito.
Peço ajuda, mesmo a quem não sabe muito bem como ajudar-me. E recebo-a sempre, à ajuda que me dão, doce carícia de quem me oferece querer e crer, como reforço da minha fé. Sinal de que não devo ser mau tipo e que amo gente boa.
Cerro os dentes muitas vezes e, dizem-me, castigo imenso os maxilares, às trincadelas, mesmo em momentos que se queriam calmos. É sina minha, de besugo que se não fez sozinho nem em calmarias de regatos. Sei que, de forma inevitável, o que puder correr-me mal, deixado em caldo desatento de cultura, correrá mal. E que o que puder correr-me bem dependerá, sempre, da minha sorte, do meu empenho e do de quem me quer, crendo-me.
Não acredito no bafo fácil da fortuna. Acredito nas vantagens dos bafos cansados do empenho.
Sou dos amigos, de quem quero e de quem me quer. Quero quem me quer, não sou hipócrita.
Cuidado com o Porto, voltando ao futebol. O FCP. Tem lá gente com olhos de quem quer, também. Como nós temos.
A ver quem quer mais, neste dirimir de quereres que é o meu encantamento.
Cada vez parece mais "em trânsito".
Marques Mendes (o Danger Mouse, esse mesmo) começa mal, denunciando a pressão incansável que Alberto João Jardim tem dedicado à nova Direcção do PSD. Deu uma bela de uma pirueta quando à lei da limitação dos mandatos (baptizada de "Lei Jardim" pelo auto-endeusado madeirense) e diz que, afinal, a lei não deve ter efeitos retroactivos. Ao garantir mais doze anos de mandato aos actuais autarcas, Alberto João fica seguro na Madeira. Chegam, doze anos para o que lhe resta de caciquismo insular. Muito provavelmente, até sobram.
Notas soltas domingueiras
Num breve desfolhar matinal da blogosfera, anotei a vigorosa discussão entre
blasfemos e
acidentais, que merece leitura mais atenta que a que pude dar-lhe. Parece que o fogo amainou, entretanto, com esta chuvinha morrinhosa de fim-de-semana.
Pela rama, acabam por se perceber, ali, duas coisas:
1 - Ao maior umbigo pode não corresponder a melhor ortografia. Claro, as editoras têm revisores: num livro, o problema ortográfico será minorado; e o do umbigo, convenhamos, dispiciendo.
2 - E, mais intrigante ainda, fica-se com a saudável impressão de que há mais que uma simples troca de "o" por "u" a separá-los. O que é bom, mau seria que tanto escarcéu se devesse, tão só, a uma troca de vogais. Como em "ombigo", por exemplo.
Sugiro a leitura, aos que, como eu, tenham andado mais desatentos.
A um nível mais preocupante, porque sim, realço a quase sistemática ausência, nas últimas semanas, do
Miguel Tomar Nogueira. Como se se tivesse esgotado na atribuição dos seus bloscares... e, rendido, tivesse resolvido hibernar na Primavera.
Espero que não, até porque a qualidade (quase displicente, é engraçado, isto) da
Origem do Amor está bem longe de se resumir aos prémios que, anualmente, atribui.
Os efeitos alucinogéneos do sushi
Alberto João Jardim é como os bandidos dos filmes de super-heróis quando o filme já está próximo do final. Perante o insucesso do plano para conquistar o planeta, ainda assim não capitula.
A questão é que, como a arte só imita a vida, falta-nos o super-herói. Mas consigo imaginar Marques Mendes, vestido de Danger Mouse, usando o direito potestativo como se fosse um super-poder. Quanto a José Sócrates, talvez lhe servisse a capa do Morcego Vermelho. A identidade secreta do saudoso Peninha, primo do Donald e responsável, com este último, pelo facto de haver muita gente que ainda hoje é incapaz de comer arroz de pato.
Muito obrigado e adeus
Quem está no poder tende, mesmo sem querer (o que faltará, sempre, demonstrar), a criar mecanismos que lá o perpetuem. Nesta lógica, que é profundamente humana, percebe-se a bondade da chamada "limitação de mandatos".
É uma regra nova. Não impedirá que o poder se perpetue através de "delfins", mas obrigará, ao menos, à necessidade de haver engenho e arte para criá-los. O que nem sempre é fácil ao "criador":
"criarei um monstro que me ofusque o traço firme? hum...". Até isso é útil, este novo escolho criado às dinastias.
"Então, que estupidez, não se pode recandidatar mais, um tipo que era tão bom?". Não, não pode. Paciência. Pode fazer outras coisas, as outras coisas todas, mas isso não.
Não se trata de limitar a democracia, entendem? Trata-se de preservar a nossa, que cada
cratia tem seu
demos.
O paradigma da globalização
O sushi é um prato estranho. À vista é apelativo; parece uma espécie original (embora salgada) de petits-fours. É agradável ao paladar, mas precisa, incondicionalmente, do molho de soja para lhe dar humidade. Incomoda-me, por outro lado, a falta de cheiro. O sushi come-se, sobretudo, com os olhos. E gosta-se.
A sobremesa foi saboreada com sofreguidão. Se o jantar tivesse constado de uns suculentos e aromáticos rojões à minhota, ninguém queria saber dos morangos com chantilly.
Ouvir Fausto.
Não se sentia nenhuma temperatura, nem frio nem calor. O vulcão estava lá, mas tinha calma antiga. A escadaria descia sempre e eu corria, em passos largos de tropeço, cada vez mais largos, para não cair, sempre com medo de, mesmo assim, me estatelar. Ninguém me perseguia, estava só a ver se não caía, sem poder parar. O tanque era cinzento e tinha grades e fuligem nas paredes. Água de sabão velho, num tanque em que se não consegue nadar. E, sempre, a casinha pequena em que a luz amarela se cheira contra o sol.
Ela não reparava em mim porque eu não podia falar. O cão da Miqueta ladrava, correndo atrás de mim, mas numa encosta longe. Pediram-me lume e eu parei. Não tenho lume. Posso é fumar contigo enquanto o sino toca. Está mais quente, talvez acorde em breve e o isqueiro deixe de me marcar as mãos. Sulcos de aperto.
Irmãos de besugo
Não se escolhem os irmãos, nem eles a nós. Cheguei do Ciclo e tinha lá um novo, em casa; ele chegou e eu já andava a aprender francês.
As escolhas são feitas de derivas. Derivadas. Derivadas de primitivas, é assim, ficamos sempre no mesmo sítio enquanto o tempo integra as nossas soltas e intercaladas parcelas.
Que o tempo integral, somatório de momentos, é momentâneo. Não sabiam? A vida é toda feita de momentos e de intervalos para publicidade, sendo que os intervalos não fazem parte do tempo integral, apenas o integram para irmos buscar mais gelo e recarregar o copo. Ou ver se um filho dorme bem.
Tenho um irmão benfiquista que sabe que eu gosto tanto dele que, mesmo preferindo consolá-lo, o deixaria consolar-me, se fosse o caso.
E, por hoje, era só isto.
Música para noites mudas
Todos os amores de Tom JobimSão quatro CD, dá música para quatro noites. Ou uma inteira, em caso de insónia.
Diz, Sexta-Feira, hoje come-se?
Eu, do aborto, nada sei. Não fui um deles, tivestes todos imenso azar, nem promovi a feitura de nenhum. Sei que fazer um não é a mesma coisa que fuzilar um homem, ou que enforcar uma mulher. Sei que gosto dos meus filhos. E que gosto, em regra, das pessoas quase todas.
Tenho um certo desdém por quem se arrepia todo, numa histeria piegas, com o
premente problema de as peles dos animais servirem de abafos a senhoras. Sobretudo porque me arrepiam tanto outras coisas que esse tipo de arrepio me parece de maricas, comparando.
Tirar a pele a uma foca, ou a uma raposa, para enfeitar um colo amado ou quaisquer outros, que se vendam por ornatos, não me impressiona mais que esfolar um coelho para comer. Comermos é vendermo-nos à subsistência. Mais nada. No mundo que fizemos, é como esfolar raposas para estolas: subsistimos no que nos damos, a nós e aos outros, nem que sejam maus exemplos.
O sofrimento, ai, o sofrimentozinho...
Entendo essa repulsa em vegetarianos. Já em quem gosta de carne na faiança percebo-lhe, nas afirmações-choque, certa tendência para a chorinquice histriónica.
Eu como carne. Vou jantar javali, amanhã. E não gosto é que se mate gente. Sou gente e tenho, do morrer e do matar, uma noção mais "dentro". "Eu adentro".
Mesmo que seja só por isso, por ser gente, ao menos percebe-se que o que eu quero dizer é o seguinte: há questões que os maricas arruinam ao fazer contrapontos.
(Nota: Nada contra os homossexuais, assim de repente, tudo contra os maricas; são conceitos diferentes. Tudo contra os maricas, tudo contra os contra-pontos dos maricas; maricas é, sobretudo,
gente de ponto de cruz e joelhinho mimoso)
Futebóis de besugo
1 - O problema do "nivelamento por baixo" da SuperLiga:Como toda a gente deve saber, não é um problema. A não ser para Joaquim Rita e outros artífices do futebol falado em Portugal.
Fala-se nesse nivelamento por baixo desde que o Benfica deixou de ganhar campeonatos e de ir a competições europeias. Desde que deixou de haver possibilidades (no Benfica) para comprar e manter Strombergs, Magnussons, Mozers e Ricardos Gomes. No entanto, nessa altura, o campeonato português não valia nada. Toda a gente sabia que antes dum Rio Ave - Benfica só faltava saber quem marcava o 4º golo dos lampiões. Ainda hoje pagamos por isso, por essa gesta heróica e inconsequente de ter um clube nos píncaros da lua e dois nos arredores. Ainda hoje há quem se atreva a perguntar a Jesualdo Ferreira e a Rui Águas se o Braga luta pelo título, esperando respostas do género da que eles dão, roendo-se todos: "Nós? Nós não, nós é só o melhor possível...".
Bolas! O melhor possível é ganhar, não é? Que mania de ser pequenino, parece que nos empurram para baixo! É o medo de falhar, é? Eu sei o que isso é, mas cada vez mais vou sabendo, também, que esse medo é tão generalizado que mais vale não falar dele, que quanto mais falamos mais nos empurra.
Mesmo assim, com o nivelamento por baixo tão querido aos "nossos queridos jornalistas desportivos", o Porto ainda é campeão europeu (e, se tudo correr como eu espero, o Sporting ganhará a segunda liga europeia - eu sei o que escrevi quando o Porto ganhou a UEFA, chamei-lhe segunda liga e sou coerente - contra a equipa que o Porto remeteu à UEFA, o CSKA). E a resposta à questão do preferencial "nivelamento por cima", que seria grato aos nossos teóricos da bola, a resposta é esta: estamos, já, praticamente, nivelados por cima. O nosso "cima" é que é mais baixo. Mas ainda dá para o Porto eliminar o MU, o Sporting o Newcastle e o Benfica se bater com o Anderlecht e o Inter. Eu gosto mais assim.
2 - Tanto gosto, que vos digo isto:Estive a ver o Beira-Mar - Boavista. E gostei da segunda parte, a metade que vi. Jogava ali o último com o quinto. Gostei de ver. Afirmo isto: o Beira-Mar e o Boavista não são piores que o Newcastle, nem que o Middlesbrough, nem que o Feyenoord, nem que o Rosemborg, nem que o Rapid de Viena, nem que o Auxerre, nem que o Villa Real, nem que o PSV, nem que o PSG, nem que o ... Inter!
Olhem, vão antes por aí. O nivelamento é para ser medido na mesma óptica de globalização que se mede o resto. É ou não é o nível médio do futebol português melhor hoje que há dez anos? Nem gosto de medidas, eu. E a minha frase sobre a globalização é uma bosta. Mas já que medem, pensem. Antes de medir. Seus agrimensores flácidos!
3 - CarlosCarlos, o guarda-redes com "tiques" do Boavista, será seleccionado por Scolari em breve tempo. É muito bom. À Preud-d'Homme, a mesma estampa. Reparem bem. Sobretudo nisso, deixem os "tiques", o homem merece muito mais que isso de lhe repararem nos detalhes dispiciendos.
4 - Nem o Belenenses tem, quanto mais!O estádio do Beira Mar
nem meão estava de cheio. É pena. Eu gosto de Aveiro, por motivos que se prendem, sobretudo, com a ria. Gostaria mais de Aveiro se o Beira-Mar jogasse, mesmo, em casa. Os clubes portugueses não têm adeptos, a não ser os 3 maiores. Isto é péssimo. O Saragoça, o Numância, o Aston Villa e o Rennes têm! O Beira-Mar e o Braga e o Belém não. Parece que jogam sempre fora. Como o Estoril vai jogar, contra o Benfica. No Algarve.
O Algarve é um bom sítio. E isso nem importa: o Sporting não precisa de saber dessas coisas. O Sporting precisa é de ganhar os jogos todos, para ser campeão. Se o fizer, o Estoril até pode receber o Benfica em Braga, que é onde o Benfica se sente mais em casa.
E o Sporting fará isso. Ó Deus, se tu me escutas, fará.
A averiguação das evidências
O Alonso informou-me hoje que tinha dissertado aqui sobre uma série de evidências evidentes. Curiosa, vim ver e inteirei-me delas.
1. Não vi qualquer ambiguidade ou subliminarização na resposta de Jorge Sampaio. A tal Jessica abordou-o e ele respondeu, se não estou em erro, uma coisa deste género: "todos sabem o que penso sobre o assunto e penso que a lei deve evoluir". Não vejo como podia ser mais claro do que isto. Por outro lado, a opinião sobre o aborto não é propriedade, que eu saiba, de nenhum partido político, colectividade, associação recreativa ou semelhante e o seu debate não é privativo de nada e de ninguém, seja em privado ou em público. E, Alonso, é absurdo ter de mostrar neutralidade num tema cuja importância, de um ponto de vista ético, é bem maior do que garantir que o PR pratica actos de favorecimento. Quanto ao tema "hipocrisia", acho que erraste o alvo. Hipocrisia, neste contexto, tem-na praticado quem defende a manutenção da lei actual fazendo de conta que não se apercebeu que a prática da IVG não depende da lei mas sim do grau de desafogo financeiro para poder deslocar-se a Espanha.
Dou-te zero, nesta evidência.
2. Eu admito a possibilidade de que as declarações de Jorge Sampaio tenham influenciado alguns eleitores; mas não tenho dúvidas de que essa influência teria sido muito menor se o CDS-PP não tivessem feito aquele estardalhaço todo. O Bloco de Esquerda, o PCP e a Maria Teresa Horta deviam mandar-lhes um cartãozinho a agradecer.
E acrescento que não me parece exagerado afirmar que, num tema como este, independente e acima de interesses políticos e partidários, toda a gente possa fazer campanha. Incluindo o PR e o D. Urtiga.
3. Respondida na não-evidência nº 1.
4. Completamente de acordo. Com um complemento: o PR tem os mesmos exactos direitos e obrigações a respeito do assunto. Um representa a comunidade católica; o outro a comunidade laica. Unidas por uma nacionalidade comum e por um dilema ético comum.
5. Eu, do D. José Policarpo, só reclamo do facto de ter deixado aqui tudo nas mãos do D. Urtiga, que se apressou, mal o apanhou em Roma, a mostrar ao mundo que gostava de se chamar Cardeal Ratzinger. No restante, gosto do progressismo do D. José e até o acho bastante
papabile.
6. Não extrapoles, Alonso. Onde é que retiras, do que disse o Jorge Sampaio, qualquer apologia, ainda que longínqua, da "coisificação" do feto? Vês o que eu te dizia sobre a demagogia subliminar?
7. Claro que não ganharam os abstencionistas. Claro que tu percebeste o que eu quis dizer. E claro que, sobre este tema (o último referendo) estás com falta de assunto. Três evidentes evidências.
Acho, também, que quem se ressentiu das declarações de Jorge Sampaio está com receio de que, desta vez, ganhe o
sim.
8. Asseguro-te que aqui no Porto também se fala do "direito à barriga". Aqui também há seguidoras do Bloco de Esquerda e da Maria Teresa Horta. Embora, quero crer, menos do que em Lisboa... assim como há menos benfiquistas e/ou sportinguistas.
9. Sempre que colocares a questão do feto na primeira linha da discussão, Alonso, não vamos poder discutir. Eu não discuto, sequer, essa tua "colocação" e, se leres com honestidade o que eu sempre disse sobre o aborto, não vês uma palavra minha a desmentir-te.
10. Meia evidência. A do besugo, claro, indiscutível. A do governo Sócrates, risível. Um governo que põe o país durante dois meses a discutir se as aspirinas devem ou não ser vendidas nos templos do consumo está longe de ser um governo sóbrio. Está mais próximo do...bizarro.
Reflexões sobre temas, com algumas evidentes evidências.
lolita, a uma senhora nunca se deixa de responder. Assim, e porque "passei por aqui entretanto", cá te deixo as minhas reflexões. Com votos de bom fim de semana, que hoje não vai dar para mais.
1 - Eu não falo pelo CDS-PP, mas tenho para mim com meridiana clareza que há temas estritamente políticos e temas que ultrapassam esse âmbito. O que, no caso dos dois referendos em causa, faz toda a diferença. De qualquer maneira, que fique claro o seguinte: O PR tem o direito de, se assim o entender, fazer campanha por qualquer uma das duas possíveis respostas ao referendo. A sua obrigação de neutralidade existe apenas quanto a assegurar que o mesmo se realiza em condições de equivalência política dos defensores de ambas as respostas. Mas, se quer fazer campanha, que o diga. Escusa é de armar em inocente amordaçado, dizer que não pode ou deve pronunciar-se e mesmo assim fazê-lo, por meias palavras cujo sentido só não percebe quem fôr completamente idiota. Com este tipo de comportamento, arrisca-se ele - não o País - a dar uma imagem de hipocrisia.
2 - Nem todos os eleitores são permeáveis ao que diz o Jorge Sampaio, nem todos são desinformados, mas negar que as declarações dele podem influenciar votos é negar o próprio princípio das campanhas eleitorais.
3 - cfr. evidência nº 1. Todos podem fazer campanha. O que não devem é fazê-la dizendo que a não fazem, porque não podem.
4 - cfr. evidências nºs 1 e 3. O Presidente da Conferência Episcopal não disse que não devia ou podia pronunciar-se abertamente sobre o tema. Aliás, ele tem muito mais que o direito de dizer publicamente o que pensa sobre este assunto. Tem a OBRIGAÇÃO de o dizer, não só até que a voz lhe doa, mas também depois disso.
5 - Ao D. José Policarpo assiste também a obrigação referida em 4. E não nos abandonou a ninguém, porque dúvidas não restam de que ele não se coibirá de dizer o que pensa sobre o aborto.
6 - A evidente evidência, neste caso, está na parte final da pergunta: "não o referiu (o feto) porque essa é justamente a questão fundamental que motiva a discussão da IVG." Aliás, neste caso, o traço característico do comportamento do Jorge Sampaio (não referir a questão fundamental de qualquer coisa) é o problema de quem tem que, pelo consciente silêncio, omitir que defende a "coisificação" do feto.
7 - Lamento contradizer-te (um toque de ironia cai sempre bem :), mas no referendo ganharam os que votaram NÃO. Não sei se, no próximo, ganham os que votarem SIM. Se assim fôr, não me queixarei de quem se abstiver. Os abstencionistas não ganham. E o que pensam não interessa. Se querem que interesse, que votem.
8 - Desde que há discussão sobre o aborto. Não sei se no Porto é diferente, mas eu, pelo menos, já ouvi esse argumento inúmeras vezes.
9 - Demagogia subliminar é o que foi praticado pelo nosso Pres., com a tirada das "mulheres em situação difícil no banco dos acusados". É como, a propósito das reformas baixas, dizer apenas que "está solidário com a situação difícil dos idosos com parcos rendimentos". Eu sou, por natureza, muito pouco subliminar. E por isso coloco, sempre, na primeira linha da discussão deste tema o feto e a questão da pretendida legalidade da respectiva eliminação.
10 - Não consegue. O que o Governo do Sócrates terá de sóbrio tinha o besugo ontem de ébrio. E esta é a mais evidente das evidências que aqui deixei escritas.
PS - Parabéns besugo. Tomei devida nota e tomarei adequadas providências quanto à migração anunciada.
Sorrisos de besugo
Vi a luz (abrenúncio!).
Não estando capaz de reflectir, sinto-me capaz de irradiar. Se tivesse menos 10 anos diria que estou "bués de (ir)radiante".
Irradio isto:
1 - Não sou capaz de deixar de pensar na UEFA, Lolita, porque ainda é cedo e estou dorido de me sofrer. Sabes, eu chego a dizer aleivosias ao ver os jogos, embora te possa parecer inacreditável. A sério! Limito-me a afirmar, portanto,
com a leveza que não possui meu corpanzil, que sim, que o Senhor Presidente da República, em sendo do Sporting, pode dizer o que quiser, quando quiser, do que quiser, a quem quiser.
E, consta-me, vive numa casa grande...
2 - Não resisto a interpelar o
Dipofilopersiplex, que é catalão. Vou tentar, em
portucastellalán!!
"Salut, amigo! Se Figo se queda en banquillo te digo "que siempre Vizca Barça"! Y que Figo se venga al Sporting, a jugar su final con nosotros, que lo hemos hecho gente. Y llegir els vostres posts és ben dolç pel meu cor, pero tienes que decir que AZ-Alkmaar es una simples formalitat!"3 - É verdade.
Eu hoje vou adormecer assim. Desculpe o abuso, menina
Bomba. Isto passa. Mas foi dia (e noite) de coisas bonitas.
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O Alonso concordou (um bocadinho) comigo. Teve de se dopar a seguir, mas admitiu que concordou (um bocadinho).
Isto ainda vai ser um imenso Portugal!
A Lolita, evidentemente, para concordar comigo, terá de se dopar antes. Enfim, dopá-la-ei, ao primeiro descuido.
Isto ainda vai ser um imenso Portugal!
A vitória de hoje obriga-me a pagar uma promessa. Tentei substituí-la, à última da hora, por uma ida a Fátima em Outubro. Mas não consegui. A miudagem é tramada.
Comunico, portanto, que terei de me deslocar, com prole, a Lisboa (o Sporting resolveu sediar-se nesse antro de varinas, que fazer?), a fim de assistir à meia-final da UEFA contra o antigo AZ67. O programa prometido (e que tem de cumprir-se) inclui jantar no Estádio e visita às instalações. E exige pernoita, conforme já expliquei aos delinquentes que aqui tenho, até porque faço urgência na terça e no sábado, sendo o jogo na quinta... Toda uma ginástica cansativa.
Ora bem: trata-se aqui, portanto, da pernoita. Como a Lolita também vai, que se converteu recentemente à razão (sem necessidade de "doping", neste caso, nem sei como tal), serão... deixa ver... pois... quase 2/3 dum blogue em movimento para sul. A ver a bola e a querer pernoita.
Eu tenho família em Lisboa, inclusivamente um tio que é otorrino e, pasme-se, benfiquista. E que tem uma casa grande. E que até ia connosco ao
monumento, eu sei que sim.
Mas pronto. Deu-me para aqui. Candidato-me (candidatamo-nos, por meu intermédio, pronto) a outras casas grandes que aí haja, embora devam ser poucas. Sim, que é sabido que os habitantes da capital não conseguem passar do
T2+1 com lugar de garagem sem recorrer a expedientes... como o
Serenal.
Hotéis não contam. Não são casas. São negócios. A ver se nos entendemos.
Temas de reflexão...
... para o Alonso, caso passe por aqui entretanto, e para o besugo, que saberá encontrar, de todos, aqueles em que o barrete lhe serve:
1. Porque será que o CDS-PP não se indignou pela falta de equidistância do PR quando ele disse o que pensava da Constituição Europeia (tema esse, lembro, também sujeito a referendo)?
2. Serão os eleitores tão desinformados e permeáveis a influências ao ponto de alterarem o seu sentido de voto se um eleitor que, por acaso tem notoriedade e é Presidente da República, diz publicamente o que pensa do assunto?
3. O debate sobre o aborto e a legitimidade para influenciar os resultados de um referendo são da competência exclusiva de quem ou de quê? Dos partidos, das associações pró-vida e pró-direitos das mulheres ou de todos os potenciais votantes?
4. Porque é que o nóvel Presidente da Conferência Episcopal pode dizer publicamente o que pensa do aborto e Jorge Sampaio, Presidente laico de um Estado laico, não o pode fazer?
5. D. José Policarpo: porque nos abandonaste ao Urtiga?
6. Será possível que Jorge Sampaio, ao referir as "mães em situação difícil", se esqueceu de falar no feto ou, pelo contrário, não o referiu porque essa é justamente a questão fundamental que motiva a discussão da IVG?
7. Lembrar-te-ás tu, Alonso, que, no último (único) referendo, ganharam os abstencionistas? Aqueles eleitores de quem nunca se saberá se lamentam mais a morte do feto, a situação difícil da mãe, ambas ao mesmo tempo, ou nenhuma delas?
8. Desde quando a "propriedade da barriga" é argumento relevante para discutir o aborto, se tirarmos o Bloco de Esquerda, a Maria Teresa Horta e respectivas seguidoras (de ambos, incluindo a pequena Ana Drago)?
9. Conseguirás tu, Alonso, evitar polvilhar os teus escritos de demagogia subliminar pró-vida? (boa tentativa, essa de "vitimizar" o assunto "feto" como questão esquecida..)
10. Conseguirás tu, Besugo, esquecer por escassos momentos a vitória do Sporting e dedicar alguns dispersos minutos a questões quase tão relevantes como a Taça UEFA?
Aguardo reacções (ou reflexões).
Entretanto, vou ver se entendo porque é que o José Sócrates acha que o seu governo é sóbrio e, sobretudo, porque é que acha que isso é bom.
A Pergunta e as respostas
Segundo o Público, ao nosso Pres. foi dirigida a seguinte frase:
"Bom dia Senhor Presidente. Eu sou a Jessica. Gostaria de perguntar se não acha que a não-autorização do aborto em Portugal dá deste País uma imagem retrógrada e hipócrita."
Admitindo que o Presidente da República é um dos "escritores" deste blog, eis três respostas possíveis:
1 - Jorge Besugo de Sampaio - É claro que o PR pode sempre dar a sua opinião num referendo: votando, como as outras pessoas.
2 - Jorge Lolita de Sampaio - Sim.
3 - Jorge Alonso de Sampaio - Não.
Conclusão 1: Acho que o besugo é capaz de ter razão (odeio admitir isto, mas a seguir a postar vou tomar um Serenal)
Conclusão 2: E fica assim demonstrado que o Jorge Sampaio não é nenhum dos três blogueiros acima elencados.
Conclusão 3: Porque o verdadeiro Jorge Sampaio, entre outras coisas extraordinárias, disse ser "muito solidário com as mulheres que sofrem e estão no banco dos acusados em situação difícil".
Conclusão 4: dos fetos ... não se falou.
Conclusão 5: e foi assim que os "pró-aborto-livre-até-às-12-semanas" perderam o último referendo: quando o debate aqueceu, falou-se mais do feto e do apoio às mães em situação difícil (para utilizar uma expressão de S. Exa. o PR) do que da questão da suposta "propriedade da barriga e de tudo o que nela se contém", de que seria titular a mulher grávida (não vale a pena chamar-lhe "Mãe", porque ninguém é "Mãe" de uma propriedade).
Conclusão 6: devo ser retrógrado, ou hipócrita. Quiçá ambas as coisas.
Conclusão 7: Mesmo que não seja, e pegando novamente nas preocupações da Jessica, corro ainda assim o risco de dar de mim essa imagem.
Conclusão 8: O que não me tira o sono, já agora.
A busca da perfeição
Não nos adianta de nada manifestar a nossa mais pura racionalidade perante a possibilidade, quase sempre real, de sermos comparados a outros que, por serem anteriores ou distantes, não causam desconforto. Precisamos sempre de saber que somos
mais qualquer coisa. No limite, nem queríamos, sequer, ser comparáveis.
Eu, poder, não posso muito....
Mau seria se o PR estivesse impedido de dar opinião sobre as questões colectivas. Se assim fosse, mais valia chamar-lhe, apenas... árbitro.Árbitro não. Muito menos "apenas", como se fosse pouco.
É claro que o PR pode sempre dar a sua opinião num referendo: votando, como as outras pessoas.
Repara: eu calculo (se calhar mal) que o PR há-de ter votado no PS, nas últimas eleições. Eu sei muito bem que o elegi.
Mas dispenso, Lolita, que me informe da sua opinião (enquanto PR, ou seja,
enquanto aquilo que é, porque é o que ele é, de facto: é PR, é esse o preço justo que tem de pagar, sempre que fala em público, se quer falar em público nessa qualidade) sobre questões de "consciência". Ou sobre qualquer questão de que se demita. Ou cuja resposta dele não dependa.
Ele, aliás, faz parte do poder político. Ou não faz? Poder político esse que, globalmente, se demitiu duma decisão difícil e controversa para a entregar, por motivos pertinentes, eventualmente, ao povo que o elegeu. Ao poder político todo. Ele, PR, incluído. Se, um dia, houver uma guerra, vamos referendar a nossa entrada nela? Se não referendarmos, ele, o PR, pode vir dizer-nos que sim, ou que não. Agora, se referendarmos, que se cale. E, evidentemente, a nossa resposta será "não" (a menos que se trate duma guerra contra um país fraquinho, só com fisgas e sem pedras, que nós não somos de intifadas).
Nesta circunstância, se fazem favor, prefiro o silêncio. O silêncio permite melhores reflexões que o barulho.
E isto nem sequer é, apenas, com o PR: é com todos os senhores eleitos para decidir que, em vez de decidir, mandam bitaites (no fundo é isso) sobre o que devemos decidir acerca do que eles nos perguntam. De cada vez que têm dúvidas.
Pena será, convenhamos, que tenham tão poucas dúvidas, tão poucas vezes e que, mesmo assim, das vezes que as têm, não me perguntem só a mim.
Sabem porquê? Porque, no fundo, não são dúvidas: são demissões envergonhadas, que querem que assumamos de graça e alegremente. Como sempre. E porque eu saberia responder com um competente esguicho, que é o que se espera de quem esguicha no poder.
Ó besugo: discordo!
Dizes tu: olha a novidade!
Clarifiquem-se as coisas: o PR tem o dever de se manter equidistante perante uma disputa eleitoral em que partidos ou pessoas vão a votos. Coisa bem diferente será referendar uma questão de interesse nacional que carece de consulta popular. Não há que assegurar isenção ou equidistância face a dilemas de consciência. Não há favorecimento, lícito ou ilícito, quando se emite uma opinião sobre uma questão política, social, ética ou económica. Mau seria se o PR estivesse impedido de dar opinião sobre as questões colectivas. Se assim fosse, mais valia chamar-lhe, apenas... árbitro.
A equidistância é apropriada para as questões menores: as das garantias de imparcialidade face a pessoas ou instituições. Não se adequa, nem sequer é desejável, nas questões éticas. E a questão da IVG não se confunde nem com os partidos que a defendem nem com os partidos que a condenam.
Senhor Professor Machado Vaz, e desculpe a franqueza
Este blogue não tem comentários. Isto já foi dissecado e achamos melhor que se mantenha assim. Uma "caixa de comentários" é um recipiente estranho. Eu posso explicar isto melhor, se me perguntarem. Mas não perguntam, porque - lá está - não há aqui essa caixinha. Talvez eu explique mesmo sem perguntarem, num esguicho qualquer.
Bom.
Como não gosto de comentários na casa dos outros (vá lá, é ou não verdade que, quando comentamos "na casa dos outros", dependemos dos outros para que o nosso comentário permaneça? Dependemos, pois!), como eu dizia, como não gosto de comentários na casa dos outros, comento sempre aqui, independentemente de o meu comentário ser lido (ou não) pelo destinatário.
Digamos que comento
o outro apenas para mim, se tiver de ser. E, se calhar assim, calha-me bem. Na mesma. Mas faço o "link". Isto é normal, não é? Para que se saiba do que falo, de quem falo, com quem estou a querer falar. Mesmo que fique a falar sozinho, o problema não é meu, percebem? Pelo menos, não é todo meu.
E eu acabo sempre por falar com quem quero.
Li, no
Murcon (aproveito para sugerir ao Professor uma correcção: no Porto não se diz assim, diz-se "murcòum", o senhor deve andar a conviver demais com a moiraria "encarnada", depois dá nisto...), o seguinte:
"Sobretudo, verifico que uma nova paixão não implica a certidão de óbito do amor reinante. Que acham vocês?".Eu acho que implica. As relações nunca acabam, eu também leio livros e respiro o meu bocado de ar puro, quando posso. Mas as certidões de óbito são registos importantes. Sobretudo para quem fica saber com o que conta.
Fique-se com esta, sempre a considerá-lo, e veja lá se me dá os parabéns quando formos à Luz festejar o terceiro título deste curto século.
Sobre indignações (ler Telmo Correia)
Por acaso, apesar de nutrir pelo PP uma indiferença que só encontra paralelo na indiferença que o PP nutre por mim, até me parece que o PP tem razão.
Não importa nada, para o caso vertente, o que eu penso (ou deixo de pensar) sobre a vertente questão. Já vamos aqui em duas vertentes. Isto vai de vertigem.
Importa que, já que se vai referendar seja o que for (ou seja, já que os nossos eleitos se sentem "não legitimados" para decidir sobre o que quer que seja, apelando, por conseguinte, à "voz suprema e sapiente do povo informado", esse barulhento sussurro que há-de provir da sua- do povo - profunda e reflexiva consciência), qualquer
"magistratura legitimada pelo povo, porém colorida, à partida" deve manter, sobre o que está ali, em cima da mesa, equidistante silêncio. A menos que a mesa seja a de um jantar de amigos, em que se opina livremente sobre as coisas da vida e da morte, ou que se escreva, descomprometidamente, num blogue qualquer. Como eu escrevo neste, por exemplo.
Ninguém pode assegurar-vos, aliás, (excepto, talvez, a Lolita e o Alonso) que eu não sou o Sr. Dr. Jorge Sampaio, fingindo ser médico e tonto. Circunstâncias minhas que, atrevo-me a pensar, terão, até agora, convencido Vossas Excelências.
Claro, agora instalou-se-vos a dúvida. É normal.
Vamos para dentro, Maria José?
Treme, cão!
Ainda decepado, o CDS-PP indigna-se com Jorge Sampaio por este ter dito, sobre a questão do aborto e em Paris, ser favorável à evolução da lei. A indignação popular é, note-se, sustentada e consistente: há dois aspectos, bem visíveis, que agravam a censurabilidade da afirmação. O primeiro, o facto de o ter dito em Paris, coração da civilização ocidental; hão-de pensar, aqueles franceses, que somos uns primitivos. O segundo, o facto de o assunto ter sido aquele, precisamente aquele: o aborto. E dizendo-se favorável, ora!
Não admira que continuem decepados. Ou é castigo divino ou, no mínimo, há-de ter sido macumba encomendada pelo Freitas do Amaral.
O povo é sereno.
Se eu soubesse que anulando todos os meus boletins de voto ( e já me passaram uns poucos pelas mãos) "
o país não ia pá frente"... caramba! Anulava-os a todos.
Escrevia lá, em todos eles, excertos do pensamento político de António Borges. Anulava-os quase todos. Não digo todos porque me parece que o pensamento político de António Borges ainda não dá para mais de cinco frases... Corrijo, pronto: digamos que anularia os meus votos futuros. Em correndo a coisa bem, claro.
Em alternativa, escreveria, na diagonal maior do papelucho, a frase "deixem-me trabalhar!", que o teu ídolo Cavaco Silva inventou. Anularia votos desde... hum... deixa ver... desde 1987. Aliás, essa frase foi,
aqui há atrasado, adaptada pelos lampiões, transformando-se em "deixem jogar o Mantorras!". Esta frase anulou, eficazmente, várias tentativas de me manter sério em programas desportivos.
Não, a sério, palavra de honra: eu gosto de Portugal conforme está e no sítio que está. Penso até que, a quem não estiver cá bem, deveria ser entregue um disco antigo do António Variações, essa dantes instável criatura (ou, em alternativa, uma colecção dos Xutos, com músicas da época anterior ao branqueamento dentário do Tim), com desejos de boa viagem. Para a frente, evidentemente. Quem sabe, se calhar cabe mais gente na Madeira, põe-se um motor naquilo, à ré, que é como quem diz, na ponta oriental do penedo, fixa-se o leme rumo aos mares ocidentais...? Não, porquê?
O resultado da consulta popular
Lamento, Besugo. O referendo foi anulado porque escreveste no boletim de voto. Só tinhas de pôr uma cruzinha ao lado de onde está escrito "não". Azar.
Raispartam a sociedade civil! Estás a ver porque é que
o país não vai pá frente?
Resposta a uma pergunta simples
Não.
E como isto é um referendo não tenho de dizer mais nada. Certo?
Reflexões sobre referendos (7)
Ó besugo: gostas mais da Tonicha ou da Dulce Pontes?
Espera. Isto não é pergunta de referendo; é preciso que respondas
sim ou
não. O teu silêncio, lembro, equivalerá a um "não sei muito bem".
A pergunta é: concordas em que a Dulce Pontes seja obrigada a cantar apenas no Burkina Faso (e baixinho)?
Reflexões sobre referendos (6)
Ignoro como responderia a Rute (a Lolita acabou de criar o chamado "referendo individual baseado na questão dos conflitos
atracção-atracção") à questão sobre o campo e a praia.
O falecido António Variações, estou certo, anularia o voto. Escreveria assim, no boletim: "se estou na praia, apetecem-me montanhas, oxigénio escasso, transfusões. Se me apanho num monte, desato a ver se cheiro a maresia e tenho saudades das gaivotas..."
É um problema, isto dos referendos.
Ó Lolita, faz-me um referendo a ver se eu sou bom nisso.
Reflexões sobre referendos (5)
Ó Rute: tu gostas mais da praia ou do campo?
Reflexões sobre referendos (4)
O fascínio dos referendos parece ter tomado conta da Lolita. É uma provocação, evidentemente. Ela sabe que eu não gosto de referendos.
Os referendos são, geralmente, redutores. Basta pensar que para se conseguir fazer um referendo que aí vem é preciso arranjar uma pergunta simples, que possa ser respondida em sistema binário,
sim ou
não. Uma pergunta simples sobre questões complexas é a melhor maneira de encorajar muitas pessoas a "ir lá dizer o que pensam"; isto é terrível, porque a maior parte das pessoas, geralmente, pensam
que sim, ou
que não, o que não é grave, mas é
porque sim ou
porque não. Isto não é bom.
A mim, os referendos assustam-me. Mas podem fazer-se, pelos vistos. Andem lá, demitam-se, senhores deputados. Quando houver qualquer coisinha difícil de decidir, referendem-na: façam de conta que isso é normal, em democracia. E, pelos vistos, é.
Mas então, se se demitem assim, se se tornam
povo igual ao outro povo em certos temas "delicados", sejam sérios: dispam as campanhas de esclarecimento e informação de qualquer coloração partidária. Abstenham-se de propaganda. Para os partidos, a gente já dá, nas eleições legislativas. Pensando nós que vós, os eleitos, eleitos estavam para a bonança e a tormenta. Mas não... é "mais ou menos quando calha"...
Nos referendos, ao menos nos referendos, sendo assim, calem-se. Deixem a "sociedade civil" (que é como agora se chama ao espectro populacional que somos todos nós, incluindo as nossas crenças e a nossa ignorância, a nossa vontade pensada ou o nosso impulso momentâneo, as nossas cólicas e a nossa flatulência, a nossa sabedoria ou a nossa indigência) resolver as coisas. Resolver sozinhos. Os senhores, a gente percebe, detestam sujar-se com coisas triviais. Os senhores lembram-se de nós sempre que acham que, em decidindo os senhores, alguém de entre nós pode lembrar-se, mais tarde, de quem decidiu. Isso pode arruinar carreiras políticas, é certo. Mas a vossa demissão pode fazer-nos pior: pode levar-nos à estagnação lamacenta das certezas fáceis em coisas difíceis, por inércia, ignorância ou manipulação. Pode levar à dialéctica dicotómica mais aberrante que há, ao
polegar para cima ou para baixo do imperador romano, que era, entre punhaladas palacianas, glorificado pelo povo. Se o povo só entende gestos simples não se simplifiquem os gestos: ensinem-se, ao povo, as complexidades da linguagem gestual.
"Nós não votamos isso no Parlamento porque é uma questão da consciência de cada um!". Aproveitem a revisão constitucional para definir, muito bem, aquilo que "é da consciência de cada um", nesse caso. Talvez passemos a referendar quase tudo...
Eu, por mim, neste estadio da minha torpe existência, desde que não façam um referendo para ver quem ganha o campeonato nacional, já nem me chateio. Estejam à vontade. É que ganhavam os lampiões, pela certa.
A menos que não entendessem a pergunta.
Reflexões sobre referendos (3)
Aproveitando a - aliás, profícua - experiência das recentes parcerias público-privadas, os dois referendos poderiam ocorrer em duas semanas sucessivas, conjuntamente com os votos para expulsar celebridades da Quinta. A TVI, pela voz de Júlia Pinheiro, encarregar-se-ia dos spots promocionais - a custo zero para o Estado, bem entendido.
E o povo, vibrante com o pulsar da modernidade, sentiria comovido orgulho por viver num país democrático em que as opções de fundo da nação estariam à distância de um
ésseémeésse, enquanto febrilmente teclasse no telemóvel para expulsar a Elsa Raposo.
Reflexões sobre referendos (2)
Porque não agendar, desde já, um referendo para se decidir qual dos dois referendos deverá ocorrer primeiro?
Reflexões sobre referendos (1)
Qual irá ocorrer primeiro? O do aborto europeu ou o da interrupção voluntária da constituição?
Eu já páro
Consigo imaginar o "Vera Drake" realizado por Manuel de Oliveira.
Luís Miguel Cintra faria de Vera, em mais magra e inexpressiva. Vários sobrinhos e primos do realizador seriam o resto da família, ficando a parte clínico-judiciária a cargo da figuração. Vantagem suprema, Trepa estaria sempre a levar com líquidos na inquietante mórula.
Claro, aquilo demoraria onze dias, mas a vida dá tempo para quase tudo.
Mais música
O João Pedro Pais é um puto que toca razoavelmente bem guitarra e que é quase do tamanho dela. Cuido que aprendeu na Casa Pia. Não se mede por bitolas de "superstars on the road". Mas, atenção, também não é um "boi de banda". Nem o Toy. É ir vendo. Ele que oiça muito Pat Metheny.
Ao menos, o puto não teve de suportar aquilo que o velho e falecido Frank disse do Bono, quando fez aqueles duetos "em diferido" com várias pessoas, incluindo o Sting - na fase em que só conseguia dar vinte e três por ano - e o Bono Vox, esse talento raro (lembram-se, quando o Bono azeita de forma complexa e completa o "Under my skin"?):
Consta que perguntou, na altura, o velho Frank:
-
"Who the fuck's this freak?
Liberdades
Já agora, que estamos a falar de música, havia uns tipos bons, há uns anos. Eram dois. Um era mulato (o das teclas sintetizadas) e o outro era loiro (o da guitarra). Não estou a dizer que aquilo era
redentor de bués, ó juventude esotérica. Estou a dizer que os tipos eram bons. O segredo daquilo era a batida dupla, do baixo e da tarola. Tudo sintetizado, mas a batida dupla funcionava.
Level 42, acho eu. Batida dupla. Em tradução livre.
Vamos apoiar os jovens. Um exemplo, já de seguida.
Hoje, conforme se vê, fala-se de música neste blogue.
A mim coube-me vir falar do João Pedro Pais.
O João Pedro Pais, para quem não anda atento à moderna produção musical portuguesa, é um puto muito tenrinho que se conhece de vista do saudoso Chuva de Estrelas, onde imitou, se não me engano, o Jimmy Summerville. Ou outro assim, pequenito.
O João Pedro Pais compõe umas musiquinhas doces e levezinhas, em que fala das suas namoraditas e de como fica triste quando lhes telefona para sair e elas não querem, porque já combinaram ir ao MacDonald's com as amigas.
Ultimamente tenho visto muita gente a trautear uma das músicas do João Pedro - a única que conheço, mas se calhar conheço mais, não sei, parecem-me todas a mesma -, a que faz parte da banda sonora da telenovela da TVI (ena, que até as telenovelas já têm bandas sonoras! Quem sabe: um dia, passarão a dispor também das filarmónicas), em que o miúdo diz, cantando com fervor, sobre uma dessas namoradas (a mais recente, presume-se), que "
não há-á-á ninguém como tu-u-u."
Bom, isto tudo serve apenas para dizer: comprem os "trabalhos" do João Pedro Pais. Ou, ao menos, a banda sonora da telenovela. Contribuamos todos para que o rapaz lance um "novo trabalho" em que, numa das músicas, alguém lhe possa dedicar uma sequela daquele êxito em que, em tom de alívio, se conclua "
ainda bem (ó puto-o-o) que não há-á-á mais ninguém como tu-u-u."
Esguichos de besugo
Se afirmar que a dupla
Rui Veloso - Carlos Tê é muito melhor que a parceria
Bono Vox - qualquer esotérico anglo-saxónico que verseja cometo grosseria alarve, ou aleivosia grave? Sim?
OK.
Era isso mesmo que eu queria saber. Já suspeitava que uma verdade escrita pode sempre transformar-se em grosseria ou aleivosia, dependendo do idiota que a lê. E da altura em que a lê, que um idiota será sempre um idiota, mas também tem dias.
U2
Os U2 são um grupo musical que não se percebe como consegue vender discos. A não ser a amigos, familiares e tipos que estejam presos ou, então, que tenham saído da prisa há pouco tempo, fortemente traumatizados durante o banho. O Bono tem aspecto de jogador da 4ª divisão irlandesa, ou seja, o equivalente a um suplente não convocado do Passarinhos da Ribeira. A voz dele é uma espécie de recheio de rissol da semana passada. Usa chapéu porque, assim, escusa de lavar a guedelha.
Eu gosto muito dos U2.
(Leia-se como se se lesse a redacção clássica da terceira classe: "A vaca").
Antidepressivos, olé!
O Benfica tem lá um jogador chamado Petit. Que ficou enervado porque o Rio Ave, em lugar de deixar correr o marfim, de pernas abertas para Nunas, Simonas e Giovannas, resolveu peitá-las.
Petit, que tem uma face que parece um rascunho, vomitou suspeição. Fez mal. O Benfica não merecia perder o jogo, mas isso não justifica que se venha ali, depois, ressaibiado de "ronha boavisteira". Há coisas que nunca se desentranham.
Suponho que o Magalhães, aquele Álvaro de Cambres, que só foi jogador de futebol porque jogava no tempo do Chalana (até eu jogaria, olha!), partilha a opinião do Petit. Isso e o aspecto de
rascunho de qualquer coisa melhor, um dia que calhe alguém apagar-lhes as feições e desenhar, ao menos, no lugar das fauces alarves assim apagadas, um... pirilampo mágico.
Lolita, vamos pôr música no blogue. Sugiro, para hoje, aquilo que sabes.
"Só eu sei porque vou ver o AZ67 Alkmaar em Alvalade na próxima eliminatória!". Sim, pode ser a versão do Bono Vox, embora a gente vomite sempre a seguir.
(Este espaço é patrocinado por "Dumyrox": tome um e vai ver que lhe dá "fox", mesmo com Bono Vox, esse "freak", como dizia Frank Sinatra).
Nota: se nem assim o stkaneko me vem desancar deserdo-o!!!!!
Serventia de cozinha
Como eu previa, estamos a 3 pontos do Benfica.
Jogámos foi mal. Muito mal. Estou cheio de nervos.
Não estou nada, estou tranquilo.
Mais ou menos.
Vou repetir aquilo que já tenho dito:
1 - O Peseiro tem olhos de burro.
2 - O Carlos Martins devia ser emprestado (ou melhor, dado!) a uma equipa qualquer de muito longe.
3 - O Rochemback está bom para jogar à bola comigo, no quintal. Pesamos quase o mesmo, somos da mesma altura, eu sou mais velho, mas acho que ainda sou mais rápido que ele. Tecnicamente nem discuto, não me rebaixo a discutir minudências óbvias. Punha-o a podar-me as árvores enquanto eu dava toques na chincha (no Brasil diz-se "fazer embaixada").
4 - A substituição do João Moutinho só se compreende num contexto de grande angústia existencial por parte daquela espécie de treinador que nos veio de Coruche:
"que faço eu agora?" . Fez aquilo.
5 - O Douala no banco, o Pinilla fora dos convocados. O Martins a jogar, de fita, com aqueles olhos arrelampados de maluco. Boa malha. Só o Trappatoni faria pior, ó Peseiro! E é a tua sorte. Se calha ser o Inácio (ou mesmo o Couceiro) a treinar o Benfica, os lampiões tinham esta coisa ganha! Sim, mesmo com o Ricardo Rocha, cujo único sonho é sair dali para fora, e com o Simão (cujo sonho recorrente é encontrar um visual que o faça parecer menos patarata).
6 - Do Paíto não falo.
7 - Afinal, falo. Atenção, evitem as grosserias óbvias que falar é um verbo, sim? Bom. O Paíto é um bom jogador, muito bom mesmo, cuja
inteligência específica para a bola ainda não atingiu o nível da
inteligência global do Peseiro. É só uma questão de pormenor. É uma questão disso, de o ensinarem a cruzar e de lhe porem um gajo qualquer, do lado esquerdo, com quem ele possa tabelar (leia-se
chutar ao calhas contra as canelas do outro tipo) para conseguir "entrar" até à linha de fundo, a fim de cruzar. Depois de aprender isto tudo, vai para o Real Madrid. O problema do Paíto, se é que se pode dizer que o Paíto tem só um problema, é que o Paíto, no
1 contra 1, só atina se for contra o Luisão. Mas isso, caramba, até eu atino, que o Luisão é outro caso de
inteligência específica ainda em crescimento. Aliás, quando acabar de crescer tudo, o Luisão vai conseguir cabecear a águia Vitória, em pleno voo. Pela linha de cabeceira!
8 - Grande golo do Liedson. Com o joelho. Da maneira que o jogo estava a correr, eu cuido que o ex-caixeiro só marcou o raio do golo porque não conseguiu retirar o joelho a tempo! Sacana do escanzelado! E grande bolada no poste, do Mota. Para outra vez, antes de chutares, olha para a baliza, ó coreano!
9 - A partir daqui, não leiam.
(Marques Mendes ganhou no Pombal. Isto é bom, suponho eu. Não?)
10 - Não jogámos um caralho. Vamos ganhar o campeonato, isso eu já disse e expliquei, mas se me fazem passar, outra vez, um jogo quase inteiro a mandar caralhadas para a televisão, desisto. E torço pelo Benfica, que ao menos os gajos, mesmo não se vendo como, parece que querem ganhar!
11 - Eu, dos "Vénderes", não falo. E, daí, até falo, também (atenção à sintaxe, outra vez, melgas). Porque amanhã o Litos e o Xavier vão fazer-lhes a folha. E porque li, num sítio qualquer, que o Wender é conhecido como "o galochas". Eu, no Braga, só tenho respeito pelo Castanheira (que já pode jogar, mas não vai estar em forma) e pelo Barroso (que não joga). Olha agora vinha o "galochas", era? E logo pela primavera!
12 - Dirão os senhores:
que embirração com o Braga! É que eu não gosto do Braga! Porquê? Porque o Benfica joga sempre em casa, mas na cidade que fica ao pé de Guimarães os lampiões sentam-se no sofá! Ainda hoje, com o Rio Ave, 80% dos tipos que lá estavam eram do Benfica. Não lhes valeu de nada, mas isto dura desde o século passado! O Benfica só não joga em casa em três sítios: Sporting, Porto e Guimarães. Nos outros lugares todos é quase só lampiões nas bancadas! Quem costuma gostar de afirmar coisas como "é por
não sei quê que o País não vai para a frente", devia pensar nisto! Há benfiquistas a mais! Há-de ser por isso, não? Está bem, mas então, se é sempre assim, por que é que embirras com o Braga? É que em Braga, seja no 1º de Maio, seja no campo da Pedreira, estão sempre 100% de benfiquistas! Um gajo do Braga é um gajo que, se não é do Benfica, gostava de ser.
Guimarães a capital do distrito, se faz favor! Ao menos tem um clube com adeptos, bolas!
Não há 13. Eu não desafio nem deuses, nem azares, nem fortunas. Eu tenho é muita sabedoria. Que pode servir-me de pouco, mas a sabedoria não se fez para serventias.
Segunda escolha
Tudo correu dentro do previsto. Eleito líder do empobrecido PSD, Marques Mendes deitou as mãos aos céus e agradeceu a necessidade da providencial revisão constitucional que lhe permitirá jogar uma carta social-democrata, talvez a única de toda a legislatura. O reinado durará apenas o período necessário para que os veteranos da terceira via ensinem António Borges a disfarçar aquela vaidadezinha satisfeita de casta superior. Não basta, para conseguir impressionar o eleitor do votinho útil, saber de economia, ter um aspecto lavadinho ou ter nascido em bercinho abençoado. E é preocupante - para ele, evidentemente - o facto de que outros houve, também visivelmente anjinhos nos tempos de maçarico, que aprenderam sozinhos antes de irem para a ribalta.
Ando a ficar irritado com os "Vénderes"!
O rapaz da fotografia deu uma grandessíssima biqueirada no João Pinto, durante o Boavista-Porto. Que extraordinária pantufada! Já não via uma coisa assim desde que o Peixe "enfardou" no Semedo, como se estivesse a sacudir um tapete, há uns anos largos... Ao árbitro, aquilo pareceu banal, amarelou o promissor sarrafeiro. O meu sogro, que é portista, nem sequer viu ali falta.
Serve esta, evidentemente, como mera introdução às minhas expectativas para amanhã: o Porto manterá os seis pontos de atraso para o Benfica, nós ficaremos só a três. Eu do Braga não sei, sei que quando chegar a altura vamos lá ganhar. Penso que ganharemos lá, ao Benfica B (*), ainda antes de irmos festejar o título na Luz, mas não tenho a certeza do calendário.
E por hoje era só.
(*)
O Braga é mais que isso? Um adepto do Braga é, geralmente, um benfiquista dividido entre apoiar o Benfica ou limitar-se a ficar calado...
Desejos
Que Santa Heparina de Baixo Peso Molecular te devolva a nós. Se possível, em menos tempo que o que leva a dizer "almofariz",
desventurado!
Pombais
Pelo que percebi, ainda não é desta que António Borges vai fazer a rodagem dum qualquer BX ao Pombal.
Talvez tudo se resuma, bem vistas as coisas, a ter o PSD arranjado, em tempo útil, o seu próprio Vitorino.
O tempo das mãos
Sabes, Lolita? Há, ainda, essa coisa mágica de ver o tempo a passar-nos pelas mãos. Pelos olhos também, pelo resto do corpo, mas eu falo das mãos porque simbolizam o movimento, o acto voluntário de afagar as pessoas e as coisas. A motricidade verdadeira da ternura.
Em o tempo correndo certeiro e tranquilo, chega sempre o tempo de a mão mais nova segurar a mais antiga.
Eu gosto de ciclos, tu sabes. E que não gostasse. Sei que a única maneira de a vida ter sentido é estarmos nela como se fôssemos, apenas, estafetas. Importantes estafetas. Uma questão de testemunhos.
O Volvo sairá, certamente, da garagem. Mesmo que conduzido por mãos mais mimosas, sairá.
Ainda é cedo.
Assolou-o, sacudiu-o e instalou-se, sem aviso, a provavelmente maior tragédia de todas as suas tragédias. Impôs-se-lhe, subtraíndo-lhe cerca de metade de si. Passou, por isso, a saber da certeza do irremediável e da ténue esperança do reversível, não se sabe ao certo em que proporções. E, no ponto actual do seu trajecto, que conheço de longe, ainda é um
velho novo: ainda não esgotou nem os projectos exequíveis, nem os desejos impossíveis.
O Volvo azul ficará parado na garagem, não se sabe até quando. Ainda há menos de um mês dizia, cheio de sonhos de jovem idoso, que gostava de o trocar por um carro mais pequeno.