Eu, poder, não posso muito....
Mau seria se o PR estivesse impedido de dar opinião sobre as questões colectivas. Se assim fosse, mais valia chamar-lhe, apenas... árbitro.Árbitro não. Muito menos "apenas", como se fosse pouco.
É claro que o PR pode sempre dar a sua opinião num referendo: votando, como as outras pessoas.
Repara: eu calculo (se calhar mal) que o PR há-de ter votado no PS, nas últimas eleições. Eu sei muito bem que o elegi.
Mas dispenso, Lolita, que me informe da sua opinião (enquanto PR, ou seja, enquanto aquilo que é, porque é o que ele é, de facto: é PR, é esse o preço justo que tem de pagar, sempre que fala em público, se quer falar em público nessa qualidade) sobre questões de "consciência". Ou sobre qualquer questão de que se demita. Ou cuja resposta dele não dependa.
Ele, aliás, faz parte do poder político. Ou não faz? Poder político esse que, globalmente, se demitiu duma decisão difícil e controversa para a entregar, por motivos pertinentes, eventualmente, ao povo que o elegeu. Ao poder político todo. Ele, PR, incluído. Se, um dia, houver uma guerra, vamos referendar a nossa entrada nela? Se não referendarmos, ele, o PR, pode vir dizer-nos que sim, ou que não. Agora, se referendarmos, que se cale. E, evidentemente, a nossa resposta será "não" (a menos que se trate duma guerra contra um país fraquinho, só com fisgas e sem pedras, que nós não somos de intifadas).
Nesta circunstância, se fazem favor, prefiro o silêncio. O silêncio permite melhores reflexões que o barulho.
E isto nem sequer é, apenas, com o PR: é com todos os senhores eleitos para decidir que, em vez de decidir, mandam bitaites (no fundo é isso) sobre o que devemos decidir acerca do que eles nos perguntam. De cada vez que têm dúvidas.
Pena será, convenhamos, que tenham tão poucas dúvidas, tão poucas vezes e que, mesmo assim, das vezes que as têm, não me perguntem só a mim.
Sabem porquê? Porque, no fundo, não são dúvidas: são demissões envergonhadas, que querem que assumamos de graça e alegremente. Como sempre. E porque eu saberia responder com um competente esguicho, que é o que se espera de quem esguicha no poder.
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