dos cânones
“Não posso mais” é uma frase frouxa. A menos que a digamos imediatamente antes de morrer, firmando-a no estrondo dum desfecho imediato.Dita a seco, desamparada de efeitos especiais, parece sempre aos outros que podemos mais um bocadinho. E a nós acaba por nos parecer que sim, também.
Um dia, a frase sair-nos-á na altura certa. Levantar-se-ão logo, pujantes, dois coros pequenos: um a entoar um requiem misericordioso de “ele tinha razão”; outro a cantar o costume, um fadinho malandro, introspectivo, alumiado por malga de verde-tinto. E será um cânone tão autista como a frase outrora frouxa que estoirou.
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