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19.4.05

Habemus Papam!

Bento XVI, o ex-cardeal reverendíssimo preferido da lolita, é o novo Papa.

Não há muito tempo, disse num círculo de amigos que a atenção dada pelos media à Igreja, no momento da agonia e subsequente morte de João Paulo II, e toda a especulação sobre quem "deveria" ser o novo Papa, teria o seu culminar na crítica à eleição de um novo Papa, se o mesmo não fosse "politicamente correcto". Coisa que Bento XVI, manifestamente, não é.

Algumas notas, deste vosso Alonso:

1 - O reforço da vertente teológico/dogmática de que se fala quanto a este Papa é mais aparente que real. Na verdade, este Papa era um dos cardeais mais próximos de João Paulo II nesta matéria. De algum modo, Bento XVI canalizou, no consulado de João Paulo II, as animosidades de todos aqueles que achavam que o falecido Papa "até era bom" mas que lhe não suportavam a firmeza de princípios e atitudes. Ratzinger funcionava como o vilão de serviço. Como se João Paulo II alguma vez pudesse ser sua marioneta ...

2 - A Igreja (melhor, os seus Cardeais) escolheram uma solução de continuidade, mas fatalmente de curto prazo, porque Bento XVI dificilmente a governará por muito mais de 5 anos. Talvez tenha sido acertado fazê-lo, a seguir a um Pontificado tão longo e marcante.

3 - Bento XVI apresenta como "vantagem" exactamente o que apresenta como "inconveniente": com ele a Igreja persistirá num caminho de escolhas muito claras, mas também de grande rigor e exigência para quem seja católico. Para quem não seja, deve ser relativamente indiferente, salvo que pode continuar, prazenteiramente, a criticar a Igreja por "não se abrir ao Mundo". Que é como quem diz, a eles e ao que pensam.

4 - Nisso, João Pulo II teve vantagem. Por mais firme que fossem as suas convicções, por mais detestável que o que ele defendia fosse, a verdade é que a sua imagem de Papa "diferente" e a adesão que provocou nas sucessivas gerações de jovens ao longo dos últimos 26 anos calou ou manteve em estatuto de relativa irrelevância os seus críticos. Bento XVI, se quiser manter o rigor e a firmeza de princípios de João Paulo II, vai ter que suportar um coro de críticas muito mais audível.

5 - Para quem é católico, a escolha de um Papa pelos Cardeais é feita também com intervenção e inspiração do Espírito Santo. Para quem não é, a frase anterior é um conjunto de balelas. Em qualquer caso, católicos e não-católicos são agora confrontados com este novo Papa, de quem esperam muito, pouco, ou nada. Veremos ...

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