Diz, Sexta-Feira, hoje come-se?
Eu, do aborto, nada sei. Não fui um deles, tivestes todos imenso azar, nem promovi a feitura de nenhum. Sei que fazer um não é a mesma coisa que fuzilar um homem, ou que enforcar uma mulher. Sei que gosto dos meus filhos. E que gosto, em regra, das pessoas quase todas.Tenho um certo desdém por quem se arrepia todo, numa histeria piegas, com o premente problema de as peles dos animais servirem de abafos a senhoras. Sobretudo porque me arrepiam tanto outras coisas que esse tipo de arrepio me parece de maricas, comparando.
Tirar a pele a uma foca, ou a uma raposa, para enfeitar um colo amado ou quaisquer outros, que se vendam por ornatos, não me impressiona mais que esfolar um coelho para comer. Comermos é vendermo-nos à subsistência. Mais nada. No mundo que fizemos, é como esfolar raposas para estolas: subsistimos no que nos damos, a nós e aos outros, nem que sejam maus exemplos.
O sofrimento, ai, o sofrimentozinho...
Entendo essa repulsa em vegetarianos. Já em quem gosta de carne na faiança percebo-lhe, nas afirmações-choque, certa tendência para a chorinquice histriónica.
Eu como carne. Vou jantar javali, amanhã. E não gosto é que se mate gente. Sou gente e tenho, do morrer e do matar, uma noção mais "dentro". "Eu adentro".
Mesmo que seja só por isso, por ser gente, ao menos percebe-se que o que eu quero dizer é o seguinte: há questões que os maricas arruinam ao fazer contrapontos.
(Nota: Nada contra os homossexuais, assim de repente, tudo contra os maricas; são conceitos diferentes. Tudo contra os maricas, tudo contra os contra-pontos dos maricas; maricas é, sobretudo, gente de ponto de cruz e joelhinho mimoso)
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