blog caliente.

15.4.05

Reflexões sobre temas, com algumas evidentes evidências.

lolita, a uma senhora nunca se deixa de responder. Assim, e porque "passei por aqui entretanto", cá te deixo as minhas reflexões. Com votos de bom fim de semana, que hoje não vai dar para mais.

1 - Eu não falo pelo CDS-PP, mas tenho para mim com meridiana clareza que há temas estritamente políticos e temas que ultrapassam esse âmbito. O que, no caso dos dois referendos em causa, faz toda a diferença. De qualquer maneira, que fique claro o seguinte: O PR tem o direito de, se assim o entender, fazer campanha por qualquer uma das duas possíveis respostas ao referendo. A sua obrigação de neutralidade existe apenas quanto a assegurar que o mesmo se realiza em condições de equivalência política dos defensores de ambas as respostas. Mas, se quer fazer campanha, que o diga. Escusa é de armar em inocente amordaçado, dizer que não pode ou deve pronunciar-se e mesmo assim fazê-lo, por meias palavras cujo sentido só não percebe quem fôr completamente idiota. Com este tipo de comportamento, arrisca-se ele - não o País - a dar uma imagem de hipocrisia.

2 - Nem todos os eleitores são permeáveis ao que diz o Jorge Sampaio, nem todos são desinformados, mas negar que as declarações dele podem influenciar votos é negar o próprio princípio das campanhas eleitorais.

3 - cfr. evidência nº 1. Todos podem fazer campanha. O que não devem é fazê-la dizendo que a não fazem, porque não podem.

4 - cfr. evidências nºs 1 e 3. O Presidente da Conferência Episcopal não disse que não devia ou podia pronunciar-se abertamente sobre o tema. Aliás, ele tem muito mais que o direito de dizer publicamente o que pensa sobre este assunto. Tem a OBRIGAÇÃO de o dizer, não só até que a voz lhe doa, mas também depois disso.

5 - Ao D. José Policarpo assiste também a obrigação referida em 4. E não nos abandonou a ninguém, porque dúvidas não restam de que ele não se coibirá de dizer o que pensa sobre o aborto.

6 - A evidente evidência, neste caso, está na parte final da pergunta: "não o referiu (o feto) porque essa é justamente a questão fundamental que motiva a discussão da IVG." Aliás, neste caso, o traço característico do comportamento do Jorge Sampaio (não referir a questão fundamental de qualquer coisa) é o problema de quem tem que, pelo consciente silêncio, omitir que defende a "coisificação" do feto.

7 - Lamento contradizer-te (um toque de ironia cai sempre bem :), mas no referendo ganharam os que votaram NÃO. Não sei se, no próximo, ganham os que votarem SIM. Se assim fôr, não me queixarei de quem se abstiver. Os abstencionistas não ganham. E o que pensam não interessa. Se querem que interesse, que votem.

8 - Desde que há discussão sobre o aborto. Não sei se no Porto é diferente, mas eu, pelo menos, já ouvi esse argumento inúmeras vezes.

9 - Demagogia subliminar é o que foi praticado pelo nosso Pres., com a tirada das "mulheres em situação difícil no banco dos acusados". É como, a propósito das reformas baixas, dizer apenas que "está solidário com a situação difícil dos idosos com parcos rendimentos". Eu sou, por natureza, muito pouco subliminar. E por isso coloco, sempre, na primeira linha da discussão deste tema o feto e a questão da pretendida legalidade da respectiva eliminação.

10 - Não consegue. O que o Governo do Sócrates terá de sóbrio tinha o besugo ontem de ébrio. E esta é a mais evidente das evidências que aqui deixei escritas.


PS - Parabéns besugo. Tomei devida nota e tomarei adequadas providências quanto à migração anunciada.

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