O tempo das mãos
Sabes, Lolita? Há, ainda, essa coisa mágica de ver o tempo a passar-nos pelas mãos. Pelos olhos também, pelo resto do corpo, mas eu falo das mãos porque simbolizam o movimento, o acto voluntário de afagar as pessoas e as coisas. A motricidade verdadeira da ternura.
Em o tempo correndo certeiro e tranquilo, chega sempre o tempo de a mão mais nova segurar a mais antiga.
Eu gosto de ciclos, tu sabes. E que não gostasse. Sei que a única maneira de a vida ter sentido é estarmos nela como se fôssemos, apenas, estafetas. Importantes estafetas. Uma questão de testemunhos.
O Volvo sairá, certamente, da garagem. Mesmo que conduzido por mãos mais mimosas, sairá.
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