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26.4.05

Descobertas

Ser conservador, li eu algures, não é mau. Miguel Esteves Cardoso, que tem agora duas filhas grandes, pouco depois de ter duas filhas pequenas, escreveu sobre isso.

Fiquei contente quando li a crónica, nessa altura. Não sabia o que era e fiquei a saber: era conservador. O Brás, em linguagem simples, acabou por dizer o mesmo, mais tarde: se estamos bem aqui, a beber de limpos copos fundos, para que havemos de ir, agora, embedarmo-nos para mais longe?
E não tinha filhos, quando li o MEC. E já tinha, quando ouvi o Brás.

Depois, um dia, o Alonso alumiou-me a suspeita com a luz da verdade: "tu não passas dum conservador, como eu!"

Recentemente, hoje mesmo, li definições do mesmo: o que é isso de se ser conservador? E vinha o que parece que é, agora, sê-lo.

Em sendo assim, eu já não sou conservador. Nem nunca fui. Desculpa, Alonso, desculpa, Brás, desculpa velho Miguel. Desculpa, besugo, mesmo tu, que és mesmo eu e que já não és o que pensavas que eu era.
E decidi: se ser conservador é amuar e, na espuma confortável do amuo, festejar derrotas; se ser conservador é, do fundo do conforto do curral, sonhar que somos ovelha sem rebanho; se ser conservador é, ainda pior do que isto, exercer a boçal e confortável imprevisibilidade do birrento, então, besugo, eis o que és, afinal, em menos belo.

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Nota: já depois de ter escrito isto, percebi que Miguel Esteves Cardoso se reeditou, no DN. Não se reescreveu, reeditou-se. Ser conservador continua a ser aquilo que eu pensava. Ou quase aquilo. No fundo, aquilo.
Afinal, voltei a ser conservador; nunca deixei, pelos vistos, de o ser. Mas não apago o resto, fica a dicotomia "conservador-possidónio que cuida que ser conservador é ser contentinho ". Para memória futura.
E o Che está morto, mesmo na fotografia. Eu sei.

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