blog caliente.

31.5.05

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Água Viva

Quantos indolentes esmagaste?

Nenhum. Eu era mais levezinho, quando isto aconteceu.
Tanto que consegui saltar o balcão.

Super-besugo

O cheiro do lado de fora era tão insuportável que tive de saltar o balcão. A sério.

Bolas, que corajoso! Quantos indolentes esmagaste?

Dancing Days

O besugo não pode saber se cheira pior do lado de fora do balcão se não entrou para o lado de dentro...

Mas eu já entrei, Lolita. O cheiro do lado de fora era tão insuportável que tive de saltar o balcão. A sério. Foi aí que se fez luz. Ou, melhor, aroma...

A prova definitiva da imparcialidade.

O besugo não pode saber se cheira pior do lado de fora do balcão se não entrou para o lado de dentro.

A menos que a indolência seja inodora.
Mas também ele, deste tema, sabe bem mais do que eu.

Vereda Tropical

De qualquer forma, admito isto. E sem custos adicionais para o Estado. Admito que cerca de 1/3 dos filhos da puta que conheço são funcionários públicos.
Os outros 2/3 fazem parte da "força produtiva". Tolero-os menos, lá está, mas há-de ser apenas porque são, até nisso da "filhadaputice", menos indolentes...

Ó Lolita: eu não trabalho numa repartição mas, quando vou a uma, cheira sempre pior do lado de fora do balcão; e olha que não é por eu ter chegado, que já tirei a prova disso encerrando-me em vários elevadores e, inclusivamente, na minha despensa, durante várias horas...
Era só isso do cheiro, que cruzada a tua!...

Kananga do Japão

Isso também não me admira. Mas não se pode ter tudo: utentes perfumados e empregos eternos...

Pois não, não se pode ter tudo... mas deve ser uma cruz, aquele cheiro a utente, entranhado até à eternidade.
O que lhes vale, a esses privilegiados indolentes a 100 contos por mês, é que sabem que aqueles utentes acabam por cheirar ao mesmo, lá nas empresas em que "produzem". Embora, aí, admito, tendam a coçar menos as virilhas.

Esclarecimento importante

Eu estou segura de que, de entre os funcionários públicos, o único defeito de carácter digno de nota é a indolência.

Os filhos-da-puta, os sacanas, os malvados, os relapsos, os refractários e, mesmo, os vigaristas* trabalham todos em empresas, com excepção das públicas e das privatizadas há menos de, digamos, três anos (período considerado aceitável até se corromperem sem emenda).

*Não, não estava a citar o besugo. Os heróis e os santos ficaram na função pública.

Sassaricando

Pode ser-se filho-da-puta, sacana, malvado, herói, relapso, refractário, santo e, mesmo, vigarista.
O fundamental é que se exerçam essas qualidades, mesmo outras, sem indolência!

Lolita
(citação livre de besugo)

Na vida, há que fazer escolhas...

Penso que também não deverá haver nenhum funcionário duma repartição pública que não conheça, pelo menos, quinhentos utentes que, para começar, não se lavam.

Isso também não me admira. Mas não se pode ter tudo: utentes perfumados e empregos eternos...

O problema há-de ser mesmo esse...

"Não há utente (e esta expressão é tão significante) que não conheça pelo menos um indolente em cada repartição pública."

É possível. Penso que também não deverá haver nenhum funcionário duma repartição pública que não conheça, pelo menos, quinhentos utentes que, para começar, não se lavam. E que entram ali com cara de patrão enquanto coçam as virilhas com indolência.

30.5.05

O fio invisível

Quanto à despesa do Estado, Luis Campos e Cunha não pode, com efeito, fazer muito. Ele também se capacitou da triste evidência: os funcionários públicos não podem ser despedidos.

O que me parece bem. Exceptuando os casos de despedimento compulsivo, espera-se que o Estado dê o exemplo no combate à precaridade do emprego. O caminho, portanto, nunca podia ser o do despedimento colectivo, impiedoso e massificado, ainda que isso signifique manter (para não dizer aumentar) o nível da despesa pública.

Para dar mais bons exemplos como aquele, o Estado devia, inversamente, erradicar da função pública os funcionários indolentes. O conceito de indolência, aplicado à função pública, é intuitivo e incontroverso. Não há utente (e esta expressão é tão significante) que não conheça pelo menos um indolente em cada repartição pública. Não há utente que não se lembre, de cada vez que se depara com um indolente, que é ele próprio que lhe paga para ser indolente, embora sereno na sua infinita satisfação de saber que não pode ser despedido.

E não me venham dizer que eu não me lembrei dos outros, dos não-indolentes.

Esguichos de besugo

Cada vez aprecio mais Ana Gomes. É uma senhora muito engraçada e deve ser amiga dos seus amigos. Felizmente há muitas pessoas com estas características, embora nem todas tenham sido eleitas para discutir questões profundas.

A) Das características humorais da euro-deputada e sua relação com a temperatura
1 - Ela é uma optimista.
2 - Os optimistas tendem a levar banhos de água fria.
Conclusão a): ela levou, ontem, um banho de água fria.
Conclusão b): teve sorte, não estamos em Fevereiro.
Conclusão c): andava distraída, já se sabia mais ou menos a temperatura do duchezinho, há alguns dias.

B) Sobre o sentido da História dos franceses
1 - Existe, mas não o expressaram, porque não são inteligentes.
2 - Existe, mas não é temperado pelo bom senso.
3 - Não existe, ou é outro qualquer, eventualmente marcado (estupidamente, claro) pela História de França.
Conclusão a): Ana Gomes há-de acabar por ler, ao menos, uma brochura da História de França, um dia. Para lhe amornar as águas do banho.
Conclusão b): "não leio, não preciso, que eu estive lá a fazer campanha, sou eurodeputada, portanto sei isso tudo, quem és tu, besugo?"

C) Sobre florestas, árvores e encalhamentos.
1 - Os franceses não viram a floresta.
2 - Os franceses encalharam na árvore.
Conclusão única: pelos vistos não se navega assim, à bolina, no caralho duma selva...


D) Sobre falsos problemas e inevitabilidades
1 - Os franceses (corja!!!!) tiveram medo de perder os empregos e das deslocalizações selvagens. Ah! E são xenófobos e detestam Chirac e, ainda pior, há lá o Le Pen!
2 - Mas hão-de foder-se na mesma, que "não amainam a ondulação alterosa da globalização. Nos próximos anos, espera-os mais do mesmo... ou pior...".
Conclusão a): a globalização é inevitável, nem que se arrasem as florestas por onde, agora, ao que parece, se navega. E tem uma ondulação alterosa. Ou seja, isto cheira cada vez mais a botes salva-vidas...
Conclusão b): parece haver,de facto, algo de agoirento em Ana Gomes; qualquer coisa que ela visse nas tripas de um qualquer peixe, um que tivesse pescado no frondoso bosque que navega, que a fizesse assim, dum sopro, tão alterosa e alterada.

E) Da natureza fogosa da eurodeputada
1 ( e único) - Basicamente, eu escrevi isto a quente. Quando for a vez do Reino Unido, vai ser a ferver! E haveis de ouvir-me todos, em Tallin!
Conclusão única: irá ela a Tallin tratar de globalizar mais algumas toneladas de deslocalização, só para enervar os franceses? Tallin é uma cidade que se diz bem, diz-se com graciosidade "fui a Tallin". Soa melhor que "fui a Bruxelas", ou "fui a Paris". Paris tem muitos emigrantes, aliás, e Bruxelas há-de ser nossa (que aquilo há-de invadir-se, com aBélgica inteira, ao mesmo tempo que venderemos a Madeira). Ora Tallin, muito bem. Eis aqui outro centro de decisão que me seduz no projecto de globalização...

F) Da natureza "copo teimoso, porém transparente" da activista senhora
1 - "Ele há Europa para além do referendo em França. Venha o nosso! Só o prazer de discutir a UE com os portugueses, como apesar de tudo os franceses discutiram, já faz o exercício valer a pena".
2 - "É que não pode mesmo haver mais Europa sem ganhar para ela os europeus!"
Conclusão a): tudo vale a pena desde que a gente faça exercício.
Conclusão b): ora aí está, minha senhora, e que Deus a oiça: é que não se pode mesmo, por muito que se arrepie.

As primárias de lolita (10)

- Fugir aos impostos é ilegal!
- O que é ilegal?
- Ora. Ilegal é contra a lei.
- E se a lei for injusta?
- Tu queres é confundir-me. Há leis injustas?
- Bom. Se agora se publicasse uma lei que te obrigasse a entregar sessenta por cento do que ganhas ao Estado, esta lei seria justa ou injusta?
- Depende.
- Depende de quê?
- Se eu fosse empresário, seria justa. Ou se me chamasse Paulo Portas. Ou, em geral, se fosse filiado no CDS-PP.
- Bom. É melhor voltarmos ao referendo na Holanda...
- Não, espera, eu respondo. Achas que eu podia passar ao regime de recibos verdes?

As primárias de besugo (11)

- Fugir aos impostos é um direito.
- É o quê? É mas é ilegal!
- Para quem?
- Para quem paga, para começar. E para quem nem sequer pode pagar.
- Eu nem sequer tenho médico de família! E pago!
- Ao médico de família?
- Se quiseres ir por aí, sim! Também.
- Pagas porque tens de pagar, portanto... Apenas por isso. Senão fazias vigarice. É isso?
- ...
- Responde.
- Isto fica gravado?

As primárias de lolita (9)

- Irrita-me, a estupidez.
- Podes dar um exemplo?
- Dizer mal do Nuno Cardoso é estúpido.
- Porquê?
- Porque ele sabe muito de águas.
- Águas correntes?
- Queres falar a sério?
- O Nuno Cardoso sabe quem é o Van Nistelroy?
- Não sei. Porquê?
- Para saber se ele vota não.

As primárias de lolita (8)

- Tu também emprestavas o carro ao Nuno Cardoso?
- Claro. Sem dúvida.
- E se lhe fizessem outra busca domiciliária e apreendessem o teu carro?
- O Nuno Cardoso é um homem de bem. Tudo será esclarecido.
- E ao Fernando Gomes?
- ...
- Então?
- Desculpa, ouve-se mal. Podes repetir a pergunta?
- Ainda não se fez nenhuma busca domiciliária ao Fernando Gomes.
- Pois.
- O teu carro?
- Está na garagem.

As primárias de besugo (10)

- Acho que a Holanda também não vai querer.
- E ficas contente?
- Eu não!
- Então, ficas triste?
- Também não.
- Ficas igual? É igual, para ti?
- Não.
- Já sei, vais falar do N'Doye. Não é? Confessa lá...
- Também não.
- Então diz qualquer coisa, bolas! Se fosses holandês o que fazias? Votavas sim ou não?
- Se eu fosse holandês?
- Sim, se fosses holandês. Não me irrites!
- Bom, depende... Podia chamar-me Van Nistelrooy?
- Podias.
- Votava não.
- Porquê? Quem é o Niste... isso?
- Bolas, uma pegunta de cada vez, sim?

As primárias de lolita (7)

- Viste o festival da Eurovisão?
- Eu só gosto do Fernando Tordo.
- Mas isso já foi no século passado.
- Estás a chamar-me cota?
- Não. Mas afinal viste ou não viste?
- Não, estive a ler Ortega.
- Eu só vi o fim. Ganhou a Grécia.
- Tinha umas boas coxas, a grega. Ricas coxas.
- Às vezes és um bocado trolha, tu.
- Yo soy yo y mi circunstancia...

As primárias de lolita (6)

- Mas porque é que tu dizes tão mal da Dulce Pontes?
- Não é nada assim. Se ela estiver calada, até a acho boa pequena.
- Mas ela tem uma amplitude vocal invejável!
- Por quem?
- ...
- ...
- ...
- Amuaste?
- Eu nunca amuo, OK?

As primárias de besugo (9)

- Desconfias de advogados, tu. Não negues.
- Não desconfio nada.
- Desconfias. Tu desconfias de tudo.
- Não te percebo, desculpa.
- Estás parvo?
- Não. Queres dizer que desconfio de advogados porque desconfio de tudo? Uma inevitabilidade coerente, quase cartesiana?
- Cartesiano, tu? Não me faças rir.
- ...
- Tu és só metódico! Um metódico com dúvidas não faz uma brochura, quanto mais um compêndio.
- Antes metódico que metodista.
- Essa é boa! Porquê?
- Fiz o crisma. Os metodistas fazem?
- Sei lá...
- E isso não te incomoda?
- Não saber isso? Não!
- E não saberes do N'Doye?
- Tu queres que eu diga foda-se, mas não digo! OK?

As primárias de lolita (5)

- O António Barreto está cada vez mais lúcido.
- Mais do que eu?
- Bom, tu falas muito de futebol, não posso dizer.
- Nesse caso, vou passar a escrever mais sobre cinema.
- Fazes bem. A propósito: o Sean Penn decidiu deixar o cinema para se dedicar à cultura de abelhas.
- Achas que foi por minha causa?
- Bom, não sei se ele gosta de futebol...

As primárias de lolita (4)

- É lixado, ser médico.
- Também é lixado ser advogado, sabes?
- Não mudes de assunto. Ninguém sabe o que nós passamos.
- Pois não. Só vocês. Por isso é que vocês são médicos e nós somos ninguém.
- Eu não quis dizer isso!...
- Eu sei.
- Bom.
- ...
- É lixado, ser médico.

As primárias de lolita (3)

- Numa sociedade justa, todos tinham acesso ao mesmo.
- Define "mesmo".
- Todos seriam igualmente ricos.
- Assim como tu?
- Ora! Tudo o que eu tenho é fruto do meu trabalho!
- Bom, mas para que todos fossem "igualmente ricos", certamente que teriam de tirar-te um bocado do que possuis.
- Tu gostas de irritar-me. Não fui claro?
- Foste, foste. Vamos ver se eu percebi: gostavas que todos fossem igualmente ricos.
- Claro. E não todos igualmente pobres, ora.
- Pois.

As primárias de besugo (8)

- Tu falas em quintais mas tens uma piscina no teu.
- É pequena, ocupa quase o quintal todo. É mais para os putos. E custou menos que um Seat Ibiza em segunda mão...
- A que propósito vem isso do Seat? E logo em segunda mão?
- Não percebes que não se pode enterrar um ratinho num Seat Ibiza, mas pode-se num restinho de quintal?
- A questão não é essa!
- Não?
- Não.
- Então qual é?
- Querias um quintal para toda a gente. Agora já queres um quintal com piscina para toda a gente?
- Sim, desde que lá caiba...

As primárias de besugo (7)

- Vamos falar de cinema, pronto.
- Tu e eu?
- Sim, por que não?
- Pode ser.
- Já sei que vais dizer que o Bardem é muito melhor actor que o Penn. Salta essa parte.
- Não ia dizer isso.
- Ias, ias. E que gostas mais do "Mar Adentro" que da "Vera Drake".
- Não ia dizer isso, também.
- Ias, sim. Não te dás conta do teu primarismo? Até o outro, o que é crítico, te mandou um e-mail a pôr-te no sítio! És primário. Não és profundo.
- Bom, mas não ia dizer nada disso...
- Então ias dizer o quê? Uma merda qualquer sobre os ocres vivos e os verdes "não sei o quê" do "Sideways"?
- Tu queres mesmo falar de cinema comigo?
- De facto, não... Tu não percebes nada de cinema.
- E tu, achas bem o N'Doye no Sporting?
- Tu enervas-me.

29.5.05

As primárias de lolita (2)

- Eu pago impostos porque sou obrigada.
- Não. Tu pagas impostos porque o Estado tem de ter meios de assegurar a tua educação.
- Mas não me sinto moralmente obrigada a pagar. Tu tens de distinguir entre a lei e a moral, e...
- Se eu mandasse, acabava com a iniciativa privada.
- Importas-te de me deixar acabar?
- Nacionalizava tudo! Até o Mourinho!
- Pensei que não gostavas do Mourinho...
- Eu? Nunca me viste a dizer mal do Mourinho, muito menos nos últimos dois anos!
- ...
- Bom. Vou escrever sobre o pensamento de Ortega acerca dos funcionários públicos.

As primárias de besugo (6)

- Quando estás assim não se pode falar contigo.
- Não fales.
- Pareces estúpido, não gosto disso.
- Porquê?
- Porque não és. E pareces.
- A quem?
- Olha, se queres que te diga, mesmo a mim. Que queres tu afinal?
- Muitas coisas.
- Diz uma, que não seja o Sporting ser "uma merda qualquer"! Uma que seja! Irritas-me!
- Sei lá. Queria que toda a gente tivesse uma casa com um bocadinho de quintal onde pudesse enterrar um ratinho que lhe morresse.
- E como é que conseguias isso?
- É simples, faz-se uma cova pequena...
- Não é isso, tu não sabes conversar, tu entendes, diz!!!!
- Referes-te ao facto de nem toda a gente ter um ratinho?
- Não, como é que conseguias que toda a gente tivesse um bocadinho de quintal!? Explica-me isso!!
- Perguntaste-me o que queria. Isso de conseguir é com os engenheiros. Quintais mais pequenos, talvez...

As primárias de lolita (1)

- Se é preciso pagar mais, seja.
- Ah sim? Não te importas?
- Claro que me importo, mas na privada só se rouba e ninguém passa recibo de coisa nenhuma.
- Os ricos que paguem a crise, portanto?...
- Sim! Pronto!
- E na privada só há ricos?
- Tu estás a irritar-me!
- É natural. Isso acontece sempre que metes água e não queres admitir.
- A culpa é do teu amigo Cavaco! Estás satisfeita?
- Mas o que tenho eu a ver com isso?
- Olha, o Sporting joga daqui a nada. Vou andando...

As primárias de besugo (5)

- A Angústias já morreu, sabes?
- Que tem isso que ver com o projecto europeu?
- Nada, só queria que soubesses... Já morreu.
- Tens de aprender a separar as coisas, sabes? Coitada...
- Eu sei. Tens razão. Separar as coisas. Vamos lá ao projecto europeu...
- Foi a enterrar quando?

As primárias de besugo (4)

- Não acredito que não vejas as vantagens do projecto europeu.
- Porquê?
- O Marcelo disse hoje que a economia europeia vai abanar por causa do "não" francês, não ouviste?
- Isso chateia-me, claro.
- Então? Não tiras nada dessa cabeça desprovida?
- Chateia-me que haja "nãos" que façam tanto eco...
- Então diz "sim!".
- ...
- Diz, parvo, que me irritas!
- Pode ser baixinho? O eco é na minha cabeça...

As primárias de besugo (3)

- Embirras com os franceses?
- Não. Gosto deles.
- Então qual é o teu problema?
- Gosto deles, mas não quero ser igual a eles...
- Mas nunca serás sequer parecido, és mesmo estúpido!
- Então qual é o interesse disto?
- Não entendo que não entendas coisas que toda a gente entende! Às vezes queria que morresses e voltasses a nascer, com outro cérebro!!!!
- Francês?
- Não! Zíngaro!
- Queres dançar comigo, confessa...

O fenómeno do neon

A blogosfera está viva, sem qualquer dúvida. Isso nota-se, por exemplo, na polémica, ainda tímida, sobre a estética dos blogues. Já se desdobram as críticas sobre a música ambiente dos blogues ou sobre os efeitos especiais, os coloridos berrantes e o excesso de informação.
Eu, na verdade, prefiro ouvir a música que escolho do que ouvir a que me impõem. E, para além do que escrevo, nunca me daria ao trabalho de publicar nada que não soubesse que outros publicariam melhor do que eu. Seja colorido ou a preto e branco. Seja útil ou inútil.
É este, talvez, o lado mais obscuro, menos conhecido, do pluralismo de expressão.
Sendo assim, adiante. Cada um, na sua casa, faz o que quer e como quer.

As primárias de besugo (2)

- Não acreditas no projecto europeu?
- Não.
- És parvo.
- Vão expulsar a França por ter dito que não?
- Claro que não.
- ...
- Depois calas-te, és mesmo parvo. Não sabes discutir? É um projecto colectivo! Tu, que só falas de futebol, imagina uma selecção europeia!
- Sabes dizer isso em alemão?
- Que importa?
- Quem vai traduzir as ordens do treinador?
- ...
- Contas que o Mourinho retroceda na carreira e regresse às funções que tinha no Sporting?
- És mesmo estúpido!
- Está bem, mas insulta-me em alemão, vá.

As primárias de besugo (1)

- A França disse que não!
- Isso é bom ou mau?
- Para quem?
- Para os franceses...
- É mau e bom, consoante as perspectivas, para todos! Isto não diz respeito só aos franceses!
- ...
- Calas-te? Isto é importante! Estás parvo?
- Não, mas chateia-me que uma merda que os franceses decidam seja importante para mim, só isso...

Daqui, vejo ondas cada vez mais suaves.

Todos experimentamos, de vez em quando, a sensação do contraste. Das coisas que nos sossegam, contrapostas às que nos dão desassossego. Estas, é relativamente fácil suportá-las, se soubermos que, do outro lado, estão sorrisos optimistas e olhares fundos de pura e calorosa crença. São as nossas micro-religiões, individualistas e feitas à medida da nossa fé nos outros, que nos seguram quando nos sentimos dentro de um pesadelo que insiste em ficar. O caminho, o caminho seguro, é acreditar. Sabendo nós, dentro do mais infinitamente linear pensamento, que há gente que gosta de nós.

Roteiros incompletos

Mais vale tarde que nunca. Dizemos isto tantas vezes que já pouco vale.
Mas acreditem que faz bem ir, de passeio, à Presa do Padre Pedro.
Admira-me não os encontrar, à Presa e ao Pedro, em mais roteiros. Por outro lado, não me espanta assim tanto: o blogame mucho só passou a ir lá espairecer há um mês atrás.

Está ali um escritor. Isto se puder ser verdade que eles se deixam identificar assim, com esta facilidade toda, por leigos.
Leiam tudo.
Mas leiam, vão lendo. Para começar, leiam isto e isto. E, não passando um sobretudo dum acessório pessoal, leiam, sobretudo, isto.

Sideways

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As cores quentes. Os ocres vivos e os verdes sonolentos. Uma semana inteira que são quase duas, porque também são quase dois. O golfe porque tem de ser. O adeus. Os adeuses de "eu já volto".

O vinho. A enzima perfeita, feita de todas as enzimas do mundo. Antes e depois.

A química que a cor empresta aos corpos gastos e aos tempos todos. Físico-químicas quentes, sempre.
Os momentos. As vontades dos momentos. As vontades que têm de ser, como a vontade do golfe, as que não têm, como as outras vontades todas.

As lealdades. As traições. O gozo inerente às traições, puta, o sofrimento imposto, auto-imposto, das lealdades, puta. O sangue.
O ir ficando. O ficar indo.
Os olhos. A raríssima oportunidade de voltar atrás. A loucura de querer voltar atrás.

Não é nada disto. Pior: não é só isto. Ainda pior: nem isto é.

28.5.05

Falando a sério

Claro que, se é para ganharmos tudo, é preciso mais qualquer coisa:

- O Sokota. Por que raio há-de ir para o Porto?
- O Fernando do Moreirense. Acho que já o deixámos fugir, a este.
- O Zé Pedro do Belenenses.
- O Edson, do Leiria.
- O Marcos, do Marítimo.
- O Figo.

E basta.

27.5.05

Ganhámos. Não valeu? Ah! Pensei que não.

O Sporting ganhou a Taça Amizade, embora aquilo da amizade tenha ameaçado descambar.

A Taça Amizade não sei bem o que é, mas sei que é uma Taça. E sei que se jogou contra o Hertha de Berlim, num estádio quase vazio. Não somos muitos. E que se ganhou, por pouco que valha. Se calhar a questão é só essa, ganhou-se porque vale pouco. Se valesse muito não ganhávamos. Admito que me digam isto. Embora eu venha aqui levantar outra questão. Já lá vou. A despropósito, diga-se que não jogou o guarda redes que pôs o Ricardo a falar fininho, aquele húngaro que joga sempre com as calças do fato-de-treino, o Kirally, isto passou-se ainda nos tempos do Ricardo no Boavista, "derivado ao facto de lhe ter apertado os...". Enfim, quem se lembra, lembra-se, quem não se lembra que se lembrasse.

A questão que eu venho aqui levantar é, afinal, um punhado delas. E podiam ser mais:

1 - Se o Villareal não quiser o Beto, por que raio não se vende o Beto ao Feirense ou ao Cova da Moura? Ou dava-se ao Valência, para suplente do Caneira (outro que fizémos e deixámos ir), ou ao Hércules de Alicante, fica lá na zona...
2 - Se o Sá Pinto quer ficar, por que raio não se põe o Sá Pinto a fazer de Álvaro Magalhães no banco do Sporting, com a vantagem de o nosso nervoso Ricardo (ao contrário do Álvaro de Cambres) não ser um mero parolo enervadote?
3 - Se o Polga é tão bom, por que raio se há-de deixar o Polga ir embora?
4 - Se o Santamaria joga aquilo, e sempre que joga no Sporting joga aquilo, ou parecido, por que raio se há-de ir buscar o Ávalos? Temos o Enakharire, além disso. Polga-Enakharire-Hugo-Santamaria-Miguel Veloso-o outro puto que agora não me lembra, não sobejam centrais? E o Castro da Académica é um Beto, não tarda. Desistam, deixem-no ir para o Porto. À vontade.
5 -Se eu gosto de ver jogar os putos do Sporting, os que são feitos lá, porque raio se hão-de ir buscar gajos caros e cheios de merdas, que não me fazem vibrar, depois? E que não conseguem resultados melhores do que estes putos? Por que diabo não se há-de fechar, já, a época de contratações? Eu gosto destes jogadores, são nossos, mesmo que não ganhem nada para o ano, no seguinte, no seguinte e, ainda, no outro a seguir.
Caramba: 64% de posse de bola, mesmo os putos! O Hertha está cansado, não ligou pevas ao jogo, mas levou um banho de bola de tal ordem que até o Basturk ficou de olhos em bico!

Viram aquela cena do Hugo Machado, aquele puto novo, a sair do um-contra-um, à Quaresma? Este fica! Ouviram? E quero ver o Paím na pré-época. Só tem dezasseis anos? Quero ver isso! E o Moutinho não sai. E quero que se lixe se ganhamos o campeonato ou não: descer, não descemos.

Eu quero é o Sporting de volta.

A preto e branco

Na Natureza do Mal, o Luis publicou uma série imperdível de textos sobre mulheres que contrariaram os movimentos pró do seu tempo. Parece fácil, assim, saber admirar o Mal do mundo.

reciclagem

Sou, apenas, um homem.
Devolvi a minha circunstância ao velho Ortega. E já arranjei outra.

Ensaio sobre as entrelinhas

Quem lê isto, deve achar que este blogue é uma balda. De vez em quando, o besugo mergulha em tão profunda peregrinação interior que se alheia por completo do tal mundo sensível de que tanto falava Platão. Quando emerge das profundezas banha-se, lascivo, em doses cavalares de informação, intoxicando-se de tal forma que só podia acabar neste lindo serviço.

Provoca o Dupont, chateia o Altino, inquina a minha integridade moral, assedia a Joana qual servente da construção civil do banlieu portuense (vulgo trolha), envenena o Medeiros, enfim. Alguém que lhe dê um calmante!

Mas atentemos na hermenêutica do texto, de onde sobressai um besugo reformista, mas não tanto; um besugo progressista, mas nem por isso. O programa de educação sexual e a iniciação ao onanismo têm-lhe dado más noites, isso pressente-se. Mais progressista se mostra quando, subliminarmente, se congratula com o aumento do imposto para os ricos. Um dia desses peço-lhe que me explique o que são os ricos.
Por outro lado, o défice e o aumento do IVA incomodam-no. Não, não é por isso, por causa do aumento. É por outra razão...

(ó besugo, lembra-me em que partido votaste em Fevereiro, se não te importas...)

26.5.05

Diz-me quanto ganhas que eu quantifico-te imediatamente o mérito

Anda por aí um curioso conceito de justiça que diz que aqueles que mais se riem, que são também aqueles que mais fazem rir os outros, devem pagar mais impostos, em termos percentuais, que aqueles que menos se riem, e que são também aqueles que menos fazem rir os outros...

Isto aqui em cima tem o mesmo valor absoluto que o exercício de manipulação blasfemo que lhe deu origem. Um silogismo extraído da lógica destes outros três:

1 - "É preciso fazer alguma coisa, isto é alguma coisa, logo, tem de se fazer isto".
2 - "Um gato tem quatro patas, um cão também, logo um gato é um cão".
3 - "Os gajos que ganham mais é porque merecem mais e os gajos que ganham menos é porque merecem menos. Logo, o mérito reside no resultado final, leia-se na simples abrangência salarial. E em mim, Miranda, que agora vi isto".

Um homem não lê...

Andei a ler. Li a blogosfera (que já não lia há alguns dias) e mais algumas coisas. Aviso já que do governo não falo e que já percebi aquilo do IVA.

Já percebi, também, que ninguém tem intenção de ensinar aos putos a ancestral arte do onanismo, já entendi que os professores não se sentem preparados para aplicar o programa "educação sexual aqui e agora", já sabia que havia de aparecer uma lista de indignados, assinando nomes grandes, por debaixo dum manifesto que diria, basicamente, "aos meus filhos ensino eu, às minhas filhas a mãe, que, como calculam, aprendeu comigo aqueles delíquios que sabe, nem lhe admitindo eu outra coisa; pelo menos não me contou...".

Isto era tudo previsível. Eu é que, como não andei a ler, pensei mal.

Por isso corrijo.

1 - Machado Vaz escreveu aquilo do livro, sim, mas foi para pedagogos, não foi para o primeiro ciclo.
2 - Os pedagogos, contudo, não se sentem preparados para aquilo (nem para seja o que for, em 50% dos casos). Não receberam formação. Formação é aquilo de que os pedagogos sentem falta nos breves momentos em que não pensam que sabem tudo.
3 - Nas listas de nomes grandes da petição (ver linque da lolita, por favor), e isto também falta provar, apenas 20% dos assinantes tiveram, na sua vida toda (pelo menos até assinarem), relações sexuais não pagas com mais de dois (ou duas) parceiros (ou parceiras). E sempre separadamente, excepto num caso que lá vejo, um tipo cujo último nome é Panão, aí pela página sete. Eu, deste, desconfio.

Há aqui uma grande guerra, outra vez. A guerra do sexo. Tantos anos de batalhas e agora é que vem a guerra. À portuguesa, ainda por cima: uma guerra de assinaturas. "Atenciosamente e belicamente seu, fulano de tal e tal de tal e tal". Eu defendo, ainda, que em lugar disto se invadisse a Bélgica.

O Dupont, entretanto, que não deve ter reparado naquela coisa de "ter de beijar um colega do mesmo sexo", queria ser norueguês. Ó Dupont! Ó homem!!

E eu, que só agora consegui fazer um trabalho de actualização rápido mas competente das coisas que se têm passado enquanto andei a cismar, recém-chegado duma espécie de "What's up, you silly doc?", gostava de ser capaz de dizer ao Altino:
- Tu estás parvo? Volta mazé, ó boi!
Mas não consigo.

Entretanto, numa fase em que só têm "linques" até ao "d", os novos famosos da blogosfera fizeram o favor de nos "lincar". Isto será sol de pouca dura, não tardará muito que percebam que, tirando a Lolita e o Alonso, nenhum de nós se interessa pela política e, tirando eu, ninguém pesca nada de futebol. Acrescendo, ainda, que nenhum dos três consegue exprimir-se de forma clara, excepto o Alonso (diz ele), a lolita (diz ela) e eu (diz a minha Mãe). E lá iremos nós de vela, na primeira actualização. No entanto, e isto até pode ser um erro transitório do homem (não deve ser uma mulher, digo eu...) que lhes está a tratar do "template", puseram lá blogame mucho/a.

Isto do blogame mucho/a, não sei porquê, a não ser um engano, pode demonstrar que a Lolita se anda a mexer muito bem nos bastidores. E, sendo assim, eu também só vou ler as coisas da Joana Amaral Dias. Que eu também gosto de me mexer. Ora!
Sou vingativo, por um lado, admito. Mas também tenho bom gosto, e é pelo mesmo lado. E é um bom gosto que não se revela, apenas, durante o torpe acto da vingança. Também, em termos estéticos, a alternativa é o Medeiros Ferreira...

Os Lassallettes já estão em campo

Vagueando pela blogosfera, descobri a previsível petição contra a aplicação do programa de educação sexual nas escolas, aquele que pôs os (poucos) cabelos do Alonso em pé. É evidente, claro, que a tal petição teria, forçosamente, de ser promovida pela mesma pandilha dos movimentos pró-vida e pró-família, os da defesa da moral e da família da mais pura tradição ratzingeriana. Muito embora às vezes eles se disfarcem de progressistas e de críticos frontais, de peito aberto e desavergonhado, da esquerda libertária - ou seja, da esquerda que defende, inflamada, aquela ideia peregrina do direito à barriga.

Ora uma pessoa que até acha que o tal programa de educação sexual é, ao que se sabe, muito para além de obtuso, olha para a petição e desiste de qualquer ímpeto participativo, optando quase involuntariamente por se manter quieto.

Por várias razões. Porque a tal pessoa se chateia quando vê que a questão já foi abraçada pelos movimentos pró-vida-família-gatos e respectivos serviçais, que embandeiraram em arco perante mais uma causa importante (!) para juntar à da luta contra o direito à barriga. E porque custa muito, a um bonus pater familias, assinar uma petição em que se tem de meter lá nada mais do que nomes de família banais, como José Manuel da Silva Pereira. A questão, a repressão melhor dizendo, reside no facto de que os movimentos pró contam, conforme se sabe, com gente muito bem nascida. Como podemos nós conviver serenamente com a sombra de um gajo que se chama Bobadilla Lassalette? Ou com um Calça e Pina? Ou com um Paiva e Pona?

Corajoso é aquele corriqueiro Fernandes dos Santos que lá está, entalado entre uma quantidade de Noronhas d'Eça e de Picorellis Santa Martha. Ou então talvez seja um espião, infiltrado, do Júlio. Que é Machado e Vaz.

A minha grande guerra

Fora de brincadeiras. Uma Grande Guerra.

Não cumpríamos o défice, saíamos da Europa (continuávamos na UEFA e na Champion's, só) e, perante sanções, declarávamos guerra à Europa e invadíamos a Bélgica. Passávamos pela Espanha a dizer que éramos um grupo de excursionistas, eles não estranhavam; em França, os gajos nem perguntavam nada, achavam que tínhamos ido ver a família... e tungas! Passávamos e anexávamos a Bélgica. Caramba, a Bélgica é o país mais anexável do mundo!

Os holandeses riam-se dos belgas e deixavam-nos em paz.
Os franceses riam-se de nós e dos belgas... e concentravam-se, outra vez, no problema dos magrebinos. E não invadiam ninguém, acabando por só se rirem dos belgas, como de costume...
Os ingleses, como são nossos aliados antigos, far-nos-iam um ultimato qualquer, a gente desta vez cagava nisso, e os tipos, quando vissem a França a rir-se, não intervinham. Mourinho mediaria essa questão, eventualmente pressionando no sentido de sermos invadidos pela bifalhada, mas depois passava-lhe.
A Alemanha deixava-nos em paz. Mortinha por nos deixar em paz está a Alemanha há anos! A nós e ao resto da Europa! Pela Alemanha, caramba, estávamos nós bem.
A Grécia achava bem esta coisa toda e invadia logo a Turquia.
A Turquia, uma vez invadida pela Europa (a Grécia é Europa, da boa!) podia tornar-se uma espécie de Irão em mais potente, só para chatear. Ou deixar-se estar. Mas, por via das dúvidas, invadia a Alemanha. A ver a família.
A Itália, que vive no pavor de algum dia alguém achar que os italianos não são os gajos mais giros do mundo e, por outro lado, abaixo de Milão e Turim, no pânico de ser confundida com a Líbia... limitar-se-ia a pentear-se, ao espelho.

E nós estaríamos na Bélgica, com José Barroso a comandar o novo governo regional e José Sócrates a mandar plantar cacau, lá, na Bélgica inteira, e a coordenar as tropas.

O Luxemburgo ficaria perplexo perante o novo Pornelux, mas aquilo é pequenino.

No fundo nem seria uma grande guerra. Seria era giro e a gente fazia ginástica.

Desafio

De qualquer forma, o importante é que a Lolita arranje bons bilhetes para dia 12, no concerto do Elvis Costello.
Desta vez traz a banda, por isso pode ser na primeira plateia.
No intervalo falamos do défice e da única maneira de o resolver sem ser pela via dos gajos de visão ampla e ombros estreitinhos: uma Grande Guerra. Ora aí está uma solução, até já telefonei para a China a saber da disponibilidade dos tipos para o evento.

E, já agora,uma Grande Paz.
Sim levo o velho e barbudo Leon comigo, levo sempre.
Arranja é os bilhetes, ó andradezinha teimosa.

Ombros estreitos

Não são precisas provas, besugo. Ele é que teria de provar ser especialista em mais alguma coisa do que caciquismo de aparelho e carreirismo. O que é pena, que ele bem podia ter brilhado mais. Mas ele também tem um défice: na espinha dorsal. Consola-se, porém, se se lembrar que não está só. A política e lusitana tem esta tradição, inultrapassável, da cultura de influências. É da sua essência, o arranjinho fácil.
Tendo bem presente esta tenebrosa realidade, sosseguemos quanto ao aumento de dois por cento no IVA. Que é, convenhamos, bem menos negra e bem mais contingente.

Já agora, o Nuno

A nomeação de Nuno Cardoso para as águas pode não fazer descer o défice. Contudo, Nuno Cardoso é, até prova em contrário, um excelente técnico nessa área.
Conheço melhor um irmão, que é cardiologista e mais velho. Mas Nuno Cardoso está, nas águas, como um besugo no blogame mucho: bem. Isso eu sei.

Passe a imodéstia, mas amanhã é feriado.

25.5.05

O homem

Ora, portanto:

1 - 21% de IVA. Concordo. Podiam ser 23% que eu arranjava-me na mesma. Sou um espartano essencial que se concede alguma (pouca) luxúria ateniense.

2 - Aquilo do tabaco: vou deixar de fumar, de qualquer maneira, por causa da minha saúde e do meu bem estar, a partir de 6 de Junho. Acho bem, acharia sempre, mas agradeço o estímulo.

3 - O aumento para 42% do IRS dos "riquinhos": acho bem. Achava bem 50% para os "ricos" e 55% para os "ricões", também. Vão fugir ao fisco? Os que já fogem agora ou outros novos, a fugir amuadinhos da novidade? Isto dá que pensar.
Eu quero um bocado bom que se lixe. Não quero saber se esta medida (e todas as que se tomarem neste sentido) tem ou não tem impacto no défice. Eu quero é que todos paguemos, pelo simples motivo de que há quem pague e pela singela razão de que já me enerva (e é tão desonesto, meu Deus) "sermos todos" quando é para os direitos (e lá vem a cantilena de que "assim, o Estado é uma merda!") e "só eu" quando é para os deveres. Isto é simplista? Valha-me Deus, o tema é simples.
Há cadeias, meta-se lá quem não paga, na ala das sevícias. Fica caro? Não comem. Que pena tão grande. Quero lá saber do défice: é uma meta, a meta é o fim, interessa-me mais o caminho. E gosto de caminhos limpos.

4 - Chateia-me ser chefe de serviço há 3 anos e, logo agora, não me deixarem progredir na "carreira salarial". Claro que me chateia. Mas percebo. Chateia-me, mas não me ouvirão protestar por isso.

Mais?
Mais nada?
Então foi pouco. Isso é que é pena.
Depois digo qualquer coisa. Que não gosto dele já disse, não já?

Efeitos colaterais do vermelho cueca

O Altino, talvez gasto pela overdose de emoções em jorro depois de onze longos anos de jejum, diz que estacionou e que, para já, fecha o tasco. A vitória do SLB deve tê-lo feito sentir o tremor da obra acabada, apoteótica (o que prova que as apoteoses só existem para quem as quer ver), a que se segue, quase sempre, um contido luto.
Eu aposto que ele volta não tarda nada. É-lhe irresistível a resmunguice, ao mau feitio.

24.5.05

Acordem, rapazes!

Avizinha-se a quarta revolução de mentalidades. A quarta facada certeira no orgulho da espécie humana. Depois do Copérnico ter demonstrado que nós é que giramos à volta de, do Darwin explicar a nossa ascendência simiesca e de Freud nos assustar com os actos falhados, a turbulência civilizacional atacou, agora, a educação sexual da nossa descendência. Comparada com esta nóvel revolução, o amor livre do festival de Woodstock fica parecido com as histórias da Rua Sésamo.

Ó meus amigos! Não vêem que isto é só para nos porem à prova? Querem medir, tão só, o nosso grau de modernidade. O grau de modernidade é, neste caso, inversamente proporcional ao grau de indignação. Ou seja: quanto mais indignado se ficar, mais saloio se é; quanto mais se mostrar naturalidade na matéria, mais modernaço se é. Não há-de faltar gente a dizer que não podemos precipitar-nos e que é preciso contextualizar o modelo educativo da reforma, numa perspectiva da aprendizagem cognitiva do desenvolvimento moral e social da pré-adolescência. Isto, sim, é ser modernaço. E os vossos putos, bolas. Pensem neles. Eles hão-de querer que os respectivos cotas sejam modernos e que não lhes chateiem a carola. Que estejam na crista da onda.

Erradiquem a generation gap das vossas vidas. Esta é uma oportunidade de ouro, uma espécie de elixir da juventude. Melhor do que o Petróleo Olex. Não a desperdiçem.

P.S. É preciso dizer que sou infinitamente mais jovem do que o Alonso e do que o Besugo; é-me, assim, mais fácil entender a reforma sexual educativa. Eles, estou certa, também vão perceber, assim que consigam falar da homossexualidade sem começar o discurso dizendo "Quem me conhece, sabe que eu não sou homofóbico. Porém..."

Se existir esta merda eu mato alguém

Pronto.
Eu sabia que seria ele a vir aqui falar nisto.
Está um blogue sossegado, chega ele. É sempre assim.

Passo como se fosse uma brisa sobre a folhagem das tuas restantes asserções, Alonso. Agora esta? Pelo amor de Deus, tu recolhes pérolas! Ora deixa fazer aqui um ctrl-v.

Um dos livros aconselhados - «Educação Sexual na Escola», de Júlio Machado Vaz e Duarte Vilar, da APF - propõe como conteúdos para o pré-escolar e o 1.º ciclo: aprender a realizar a masturbação, se existir, na privacidade; conhecer diferentes tipos de família; adquirir um papel de género flexível e reconhecer comportamentos sexuais como carícias, beijos e relações coitais.

O que me chateia nem sequer é a questão do primeiro ciclo. Nem mesmo aquela coisa das famílias. Nem, mesmo, aquela paneleirice do "género flexível" (que papel para o Sean Penn, meu Deus, ele e aquela que fez o "bico" ao Gallo a fazerem de "flexíveis"!). Nem, pelo contrário, aquela baboseira de reconhecer comportamentos sexuais, etc, etc, que acaba em relações coitais. Que é a foda. Coito é a foda, pois é? Pois é.
Eu, isso, dou de barato. De borla. À borliú. Dou até, de brinde, uma bisnaga de pasta medicinal Coito.

Não, a sério. É isto que me faz apreensivo: "aprender a realizar a masturbação, se existir, na privacidade".

Depois queixem-se que as novas gerações não têm criatividade. Aprender isso com um Júlio? Se existir e na privacidade? Então isto agora é um colégio interno muito grande, uma espécie de seminário de Júlios que ensinam? E "a existir"? E "em privacidade"? E um ganapo a vir-se da janela do quarto andar, para cima da cabeça dos transeuntes, enquanto os amigos riem do juvenil e excitante "cumshot" colectivo? Já agora...
Está tudo maluco, de facto. Valha-me Santo Heitorzinho.

Ó Júlios: isso da punheta sai, isso faz-se, isso não se ensina, nem se aprende! Isso há-de fazer-se sempre, embora não resolva o problema do Sporting!

Se o senhor professor doutor Júlio participou nisto, meus amigos, isto só se explica da seguinte forma: o Macedo, aquele gajo guedelhudo, seco (e feio) que diz que é do Sporting e faz programas de rádio bacocos, já o transformou (conduziu? deixou-o apenas ir-se?) num mero e educativo enfeitador da punheta alheia. Ainda por cima da punheta dos ganapos, que são criativos e dispensam professores, nessas alturas.
Professoras já não sei, eu tenho ideia duma professora de História que era gira, no primeiro ciclo. Sentava-se na secretária e havia ali vagos reflexos de loiro, entre as coxas, debaixo da minissaia. Mas isto é comigo, Júlios. Topam?

Ó Alonso: francamente! Dá cá um abraço e sorri comigo, que isto anda mesmo tudo doido!

Irreverências de cotas

O besugo e a lolita andam por aqui entretidos a discutir as cuecas do Simão, os metrossexuais os proto-metrossexuais e os proto-metro-homossexuais, passando pelas nostalgias do hotel california, do peter etc e do boygay george.

Como são inocentes ...

Meus amigos, tudo isso é história. Os vossos filhos acharão divertidas estas conversas, e daqui a 20 anos - enquanto fazem zapping no intervalo do "Teste de Bestialidade" (conseguirá a sua cadela resistir aos avanços sexuais do seu melhor amigo?) e enquanto não começa o "A Quinta da Putas", remake do já clássico e datado "Coito Anal em Ambiente Rural" - são capazes de se recordar dos tempos em que os membros das equipas de futebol que ganhavam a primeira liga não celebravam a vitória numa cerimónia de orgulhosa masturbação colectiva no centro do estádio, e se limitavam a aparecer em cuecas.

(lolita: apanha lá a chávena de chá que estavas a segurar quando começaste a ler isto; besugo: já tens um cigarro aceso no cinzeiro, escusas de estar a acender outro ...eheh)

Tudo isto vem a propósito de uma notícia do Expresso sobre o programa de educação sexual para os 5º e 6º anos de escolaridade. Publico de seguida alguns excertos:

"EM EXERCÍCIO de 50 minutos, destinado a turmas do 5.º e do 6.º ano, propõe que, durante a aula, os professores ponham os alunos de 10 a 12 anos a pensarem no maior número possível de sinónimos para palavras como testículos, pénis, vagina ou relação sexual. De acordo com os manuais para os professores é «normal e aceitável utilizar expressões consideradas menos adequadas» e que podem mesmo «causar embaraço ou tornar-se desagradáveis». No final, e esgotadas todas as hipóteses, os estudantes devem afixar num «placard» o resultado deste trabalho."

(Já estou a imaginar o meu filho daqui a dois anos, em plena sala de aula, assim: Deixa cá ver ... tomates, pila, pito, coito. Ahhh ... não chega, setôr??? Quer que eu pense no maior número possível de sinónimos???? Bem, setôr, assim de repente só me estou a lembrar mais destes: bolinhas, pilinha, pitinho e ... fazer amor !!! Ahhh ... não chega???? E as outras palavras posso passar a dizê-las na aula sempre que me apetecer, é? Ou você é um cabrão dum hipócrita, tal como os chulos do conselho directivo e os filhos da puta do ministério? Ahhh ... só posso dizer asneiras neste execício, é? De resto voltamos à linguagem normal? Aaaahhhhh , ok ... desculpe, eu sei que me excedi, mas se o meu Pai vir no placard da escola o que eu escrevi neste exercício e souber que foi o setôr que insistiu que eu usasse estas palavras é capaz de escrever uma carta cheia de caralhadas ao setôr e ao Conselho Directivo. É que o meu Pai sabe montes de sinónimos!)


Adiante, porque a notícia tem mais coisas, não menos interessantes. Como esta:

"Outra proposta de trabalho apresentada nos manuais de apoio aos professores, tendo como destinatários crianças de 10 e 11 anos, consiste em pôr os alunos a colorir uma figura (masculina ou feminina), para depois assinalarem «as partes do corpo que elas gostam, ou não, que sejam tocadas. Estes desenhos podem ser recolhidos de forma a constituírem informação para o professor». Outra sugestão passa por pedir aos alunos que façam «uma lista com todas as manifestações sexuais que venham à ideia, colocando à frente de cada um o tipo de sensações presentes». Como exemplos sugeridos aos professores são elencados: «manipulação dos órgãos genitais, beijos entre namorados, relação sexual».


Ou esta:


Um teatro sugerido para o 2.º e 3.º ciclos: 5 alunos «fazem» uma viagem de avião e chegam a uma terra onde a maioria da população é homossexual. Improvisam-se diálogos entre viajantes e população e o debate deve ser orientado para questões como: um comportamento é saudável ou normal porque é maioritário? Outro exercício, para o 1.º ciclo, é falar sobre os diversos tipos de família a partir deste desenho (o desenho consiste em 3 pares a beijarem-se, um par heterossexual, um par homossexual masculino e um par homossexual feminino)


Ou esta, no que respeita à bibliografia recomendada:

Um dos livros aconselhados - «Educação Sexual na Escola», de Júlio Machado Vaz e Duarte Vilar, da APF - propõe como conteúdos para o pré-escolar e o 1.º ciclo: aprender a realizar a masturbação, se existir, na privacidade; conhecer diferentes tipos de família; adquirir um papel de género flexível e reconhecer comportamentos sexuais como carícias, beijos e relações coitais.


É assim ... adivinha-se um admirável mundo novo, em que as nossas crianças ficarão - finalmente - livres de preconceitos e grilhetas. É sabido que é por causa da educação castradora que todos nós recebemos que há tantos tarados.

E, se não se pode combatê-los ... juntemo-nos a eles! (aqui eu escrevia uma asneira a rematar o parágrafo, mas a educação castradora que recebi impede-me. Vou ali ao psiquiatra e já venho.)

Proto-história dos slips desviantes

Tu concentra-te, besugo. O Boy George não só arranjava as sobrancelhas como usava fio dental*, o que fazia dele uma proto-bichona.

*Tal como o Simão, fora do balneário.

Contextos não contraditórios

O Paco trouxe-me um CD surpreendente. Não conhecia. E ouvi de repente, ainda não o levei para o carro, foi só de esguicho.
Antony and the Johnsons, Lolita. Se prometeres portar-te bem, incluindo deixares as cuecas dos lampiões em paz, essas coisas de portista dorida, até te digo que entra o Boy George. Sim, esse outro proto-metrossexual. Ou seja lá o que for.
Muito bom.

Gostos de kota

Para sermos honestos, temos de reconhecer que o Peter Cetera era, no seu tempo de glória, um proto-metrossexual. Mas ninguém se importava com isso; o mundo masculino ainda não estava tão segmentado como está hoje e os desviantes eram minorias escondidas.
Ora isto gera, como está bom de ver, alguma escassez na oferta. A mulher de bom gosto não gosta de homens penteadinhos e perfumados. Prefere-os desarrumados (contanto que não exalem mau cheiro, bem entendido).
Os Toranja, que eu não conheço (e que o besugo, ao que parece, observa com devoção), devem ser umas ricas prendas. Aparentados com o Simão (esse, o da cueca no balneário).
Coisas de Morangos com Açúcar.

Naranjitos

A Lolita não me liga, mas são os Toranja.
Para quem não sabe, são um grupo de "quase meia-dúzia" de tristonhozitos-fashion. Em sendo mais, colocar-se-iam (com vantagem) no fundo duma pista de bowling, alinhadinhos como é hábito, a emitir a sua sonoridade urbana. Não se concebem aqueles tipos fora dum sítio com prédios, é por isso que lhes chamo urbanos.
E eu seria Fred Flintstone, nesse cartoon que agora me lembrou. "Iabadabadúuuuu"!

Desculpem.

Os gostos são relativos? Não são nada. Relatividade é mais complicado que isso.

Chicago, que boa ideia (Xikagu, ke bués - transleite pá malta ècemèce)

Fui a algumas festas de garagem, mas poucas.
No meu tempo havia mais cocheiras e aquilo levantava muita gramínea seca.
Mas pronto, fui a algumas. E devo dizer que os "slows" são excelentes libertadores da cavalagem. Isto mede-se em HP, decidam os senhores e as senhoras se o H é de "cavalo" ou de "coração". Ou de "halgures mais habaixo".

Mas vou comprar também esse CD dos Chicago. Quanto mais não seja para me desenfastiar dos urbano-depressivos que cantam como se estivessem à espera da certidão de óbito, enquanto tentam imitar a sonoridade do Jorge Palma. Como se chamam esses kromos, Lolita? Esses portugueses que estão nos TOPs, agora? É um grupo, nenhum deles parecendo capaz de pegar num cesto vindimo meio cheio sem lhe sairem as hemorróidas pelo orifício, com o esforço.
Tu sabes, diz-me, anda... um deles até fala...

Esklarecimento

Não sou homofóbico, atenção.
Percebo que um homem passe duas horas ao espelho a pôr cremes, a fazer a sua sobrancelha, a perfumar-se, a escolher a t-shirt que há-de levar, essas coisas normais que alguns homens fazem.
Percebo isto porque também percebi que há gajas que gostam disso, senão não o diziam em várias revistas (como a do Domingos Amaral, por exemplo).

E se isso tudo for para agradar a outro(s) gajo(s)? Hein, besugo? Que dizes tu?

Digo que çim, klaro.
Ke remédio.
E não digo mais nada, guardo para mim esta imensa vontade de metoclopramida.

23.5.05

Música de kota

Os Chicago criaram, seguramente, algumas das mais irresistivelmente lamechas canções de toda a história da música pop.
Acossada pelo preconceito contra os slows de festa de garagem, não conseguia decidir, porém, se são mais lamechas ou mais irresistíveis. Para dissipar as dúvidas, comprei o CD. Podem ser lamechas, mas ouvem-se sem se resistir. É bués. Chicago foreva.

Riskos

O que escrevi ali abaixo leva-me, com a mesma falta de senso, à questão dos valores subjectivos. Há vários, os valores são à vontade do freguês. Por exemplo, eu hoje quando vejo um gajo com ar apaneleirado hesito, já não sei se estou perante um panasca ou perante um metrossexual (que é diferente eu sei, aprendo, mas é uma piada chocha de besugo).

Hoje em dia (e desde há uns anos) verifica-se que a coisa mais horrível que se pode fazer já não é matar alguém. Isso é, aparentemente, subjectivo. Dizem. Há pena de morte, até, em muitos sítios. E públicos defensores dela (como aquele Graça Moura que não toca, o que transpira muito) em lugares em que não a há.

Claro, há a questão do sofrimento. O sofrimento que se causa ao outro. Se me mandarem por aí, eu vou e calo-me. O sofrimento que se causa com dolo, de propósito, independentemente do resultado final do sofrimento, é, cuido eu (que penso pouco), o mais hediondo dos crimes. Mas isto é outra conversa, e eu venho agora da TV-Cabo, desculpem.

Se eu disser aqui, por exemplo, que o homicídio (mesmo por isolada tara) é um crime mais hediondo que a pedofilia (também por isolada tara) corro vários riscos. Até o de me julgarem fora do estrito âmbito da minha discutível declaração. Vem aí a Moura Guedes, eventualmente entre um dos AVCs minor que a acometem durante os noticiários, foder-me a cabeça, apontar-me dedo acusador de "ah! olhem só! o crápula!".
Não sei se me faço entender. Às tantas não.

Um risco não corro. Pelo menos este: receber comentários cheios de "kapas" a chamar-me "fdp", "vai pó kerailho!", e "koizas acim", numa caixa de comentários. Não tenho, ke pena!

A vitória no balneário (3)

- Já foi espreitar o balneário?
- Ai, valha-me Deus, que eles estão todos em cueca, eu nem acredito!
- E o Simão?
- O Simão também, valha-me Deus! Eu nem acredito!
- É Portugal a festejar!
- E todos em cueca, valha-me Deus! Benfiiiiiiiiiica!

A vitória no balneário (2)

- E qual gosta mais de ver em slip?
- O Mant... o Pet... o Sok...
- O Simão?
- Pois, o Simão.

A vitória no balneário

- Eu sou-lhe sincera: não gosto de boxers. Pronto, não gosto.
- Prefere, então, vê-los em cueca?
- Ahhhh, pois. Não há nada que se compare a um slip.

Daki fala o Klaudio! Dd tkls?

Há um canal da TV-Cabo (que, aqui, curiosamente, só se apanha por satélite) que vai dando umas imagens e umas músicas enquanto, do lado esquerdo do écran, vão aparecendo mensagens escritas, uma espécie de "chat by SMS".

Assisti durante alguns minutos àquilo. Com atenção. Os participantes utilizaram, em conjunto, durante os 10 minutos, para comunicarem entre si e interagirem com o mundo, cerca de dezoito palavras, incluindo as abreviaturas.

O tema principal era "dd tkls?". Cuido ser uma espécie moderna da fórmula avoenga "qual é a sua graça?", misturada com "e donde é a(o) menina(o)?".

Até aqui, tudo bem. Não vivo no tempo dos meus avós, que já morreram, mas vivo no meu. E isto até é ternurento, do ponto de vista "deixa-os andar, que ainda são pequeninos".
É bués. "Bué" quer dizer "muito; abundante quantidade de qualquer coisa". Em Portugal, pelo menos, bués é quase um substantivo superlativado, dispensando qualificação adjectiva.

Eu sei perfeitamente que a língua muda. Tudo muda. Esta ganapada vai viver a sua vida, evidentemente, ainda bem que sim. E oxalá que a viva bem. E são pequeninos, evidentemente.
Mas depois crescem. E têm um léxico deficitário. Isto não é um problema, eu sei. Problema é o défice. Os défices, que já percebi que são vários, consoante o Constâncio que está de serviço: e todos por culpa da despesa pública.

Mesmo assim: como serão, elaborados por esta miudagem a crescer, os decretos-lei que hão-de vir, as futuras constituições de Portugal, as sempiternas declarações de amor, as legendas dos próximos filmes (partindo do princípio que os actores vão continuar a falar...), os poemas, as prosas, a coisa escrita?
(Eu, os decretos-lei, é como o outro...)

Serão bués? Ou buédafixes? Ou serão dispensáveis, por não fazerem falta a uma massa crescente de canalha que não pensa porque não pode pensar, uma vez que é impossível (até para os komputadores, pah!) pensar sem memória? Quanto mais expressar um pensamento, a não ser quase grunhindo? Vão cingir-se à expressão corporal? à "arte moderna"? Claro, já vi tanta merda elevada à expoência artística enquanto se bebem copos...

Isto não tem importância nenhuma, evidentemente. Mas acho que esta cambada, mais século menos século, vai ter de descobrir o fogo, novamente. Porque os deixamos andarem, há anos, ceguinhos ambos, nós e eles, eles com melhor desculpa (a da ignorância atrevida, que consiste em não querer saber), a desperdiçar e vituperar as acendalhas e os simplórios amorfos que se raspam numa lixa desde que qualquer um de nós se lembra.

Engraçado...

Ao ler isto lembrei-me dos meus ganapos, há cinco anos atrás. Vinha o Sporting, desvairado, rodopiando num jejum opressivo de três lustros vírgula qualquer coisa... Chamei-lhe opressivo, enfim, para não insultar o jejum, que é boa prática em determinadas ocasiões.

Numa noite qualquer, aí pelo meio desse campeonato, tínhamos acabado de perder mais um jogo qualquer. Eu estava naquele estado de alguma bovinidade adicional que uma derrota sempre me empresta. Estava alapado no sofá, pronto. O Porto era, na altura, penta-campeão, ainda se lembram?

Nisto, chegaram eles, de causa aparentemente combinada, ainda de cachecol (tinham ido lá dentro, aparentemente fazer uma síntese do seu desconsolo):

" Ó pai..."
"Sim?"
"Não te chateias se dissermos uma coisa?"
" Depende."
"Diz lá... Chateias-te?"
"Eu não, digam lá..."
"Ó pai: nós nunca vamos ganhar nada, pois não?"

Não os mandei comer cereais, mas acho que os mandei para a cama, até porque já era tarde.
Curiosamente, vistas bem as coisas, não era...

22.5.05

Ontem à noite, numa pousada alentejana: os balcãs e o festival da Eurovisão. E o Benfica.

O festival da Eurovisão sempre foi, para os portugueses, uma enorme e recorrente humilhação. Mas todos os anos renasce a esperança lusa de uma vitória no festival (tal como sucedeu com o Benfica e com os benfiquistas durante os últimos onze anos) ou, pelo menos, de um lugar menos embaraçoso do que o ante-penúltimo.
Se não me engano, foi a Manuela Bravo que obteve a melhor classificação de sempre, o que se explica, muito provavelmente, pela semelhança evidente com a Marie Miriam (uma das sempre eternas vencedoras do festival, com a Mariel ou a Sandie Shaw). Ou seja: foi a cantante que mais se aproximou da piroseira que sempre pautou a festa da música europeia (tal como sucedeu com o Benfica em relação ao reality-show mais bera que se possa imaginar quando a filha do Nuno Gomes "fez questão" de vir beijar o pai).
Pelo que me apercebi, agora há mais países do que canções e a canção portuguesa, novamente amaldiçoada, ficou pelo caminho nas eliminatórias (tal como o Benfica ficou na UEFA). A Europa ocidental, fundadora da piroseira, deixou-se esmagar pelo compadrio dos novos países de leste. Pelos vistos, os europeus de leste são indefectíveis de festivais e votam todos uns nos outros. A Sérvia-Montenegro na Albania; a Albania na Croácia; a Croácia na Moldávia; a Moldávia na Macedónia; a Macedónia na Bósnia-Erzgovina; A Bósnia-Erzgovina na Polónia; e assim sucessivamente. Os países ocidentais, reduzidos a uma meia dúzia, votaram uns nos outros, claro; o que não os impediu de não sair do fim da tabela (semelhante à classificação do Benfica durante muitos anos).

Agora imagine-se esta coesão, exemplar, dos balcãs e respectiva vizinhança na Europa política dos vinte e muitos. Eles são muitos, como os benfiquistas.

Lá ganharam, vá, parabéns.

É evidente que a vitória do Benfica não vai aumentar a produtividade nacional.
A produtividade nacional é, aliás, uma coisa que aumentaria, estou certo disto, se se falasse menos nela como se fosse um problema dos outros, "dos que não produzem".

Já repararam que quem se queixa da falta de produtividade nacional aparece sempre, quando a ela se refere, com uma das mãos no peito, enfeitando-lhe (ali pela zona do esófago médio) uma expressão facial que varia entre o desdém e a epopeia? Nunca é com eles, eles produzem. E produzem, evidentemente, de forma nacional! Não se perecebe bem o quê, mas eles têm essa certeza, senão não estavam tão chateados. Mas isto é outra história, não interessa hoje. E, a mim, nem me interessa nunca.

Sou funcionário público, pertenço a essa chusma de alarves que, por definição modernaça proferida por indivíduos de variável flacidez, não produz um corno. Vá lá que se reproduz, ao menos, que eu tenho dois filhos. Para os mais dados à anedota fácil, devo dizer que a minha mulher também é funcionária pública. E devo dizer que gosto de esmurrar quem é dado ao anedotário fácil, porque me chateiam os imbecis (por um lado) e porque, ao menos aqui, sou eu que defino quem eles são (isto por outro). Isto não é, de facto, a casa da mãe Joana.

Interessa-me agora que o Benfica ganhou o campeonato. E que os benfiquistas estão felizes. E eu, que não tenho especiais motivos para me sentir contente, percebo-os bem. Como perceberia os portistas, se tivessem sido eles a ganhar. E como os benfiquistas e os portistas, estou certo, entenderiam a minha alegria, se me conhecessem em 2000, quando fizemos a festa em Paranhos. Ou parte deles, enfim...

Era aqui que eu queria chegar.

Que fundas razões poderão determinar aquilo que se passou (ou está a passar-se) na Avenida dos Aliados, no Porto? Lembro-me de ter visto festejos, nesse mesmo local, de milhares de sportinguistas, quando calhou ganharmos. Em 2000 e em 2002. Sem grandes contra-manifestações, que me recorde.
Isto não é só futebol. Este tipo de coisas ultrapassa largamente o jogo da bola. Mas a explicação, julgo conhecê-la. Guardo-a para mim, poupo-vos a ela, porque é tão fácil que se mete pelos olhos dentro, dispensando-vos de "ovos de colombo". E não tem que ver com o antigo regime, com nada dessas coisas que por aí vou lendo, às vezes com surpresa.

É muito mais simples e (visto daqui) triste que isso.

Bom. Como manda a boa praxis, parabéns aos benfiquistas. Sobretudo àqueles que os merecem, que serão aí uns 50%. Admito o mesmo raciocínio percentual para os adeptos do Porto, do Sporting e do Boavista. E mesmo do Paroquial de Fátima
Os restantes 50% devem andar na rua, à porrada ou à procura dela, por causa do futebol ou doutra merda qualquer. Parte deles, admito, terá ficado em casa a escrever alarvidades. Admito piadas fáceis a este respeito.

É de respeito que se trata. Pois. E o respeito é muito simples e bonito. Devia, até, ser natural. Embora fresco não caia mal, também. Mesmo a quente. E quando não o há, impõe-se que se imponha. Não é violação de direitos: é respeito. Não é sisudez de telhudo, é saber sorrir de verdade.

19.5.05

Os dias eternos de um soldado da GNR no Iraque

Os dias têm começado muito cedo e acabado muito tarde.
Estou tão moído que a fome já se foi há muito. Alimento-me apenas para sobreviver aos dias seguintes, onde se repetem as angústias do dia anterior, que se acumulam às angústias novas. De vez em quando, sobressalto-me. Acordo do torpor e mergulho de cabeça, afogueado, em histórias suaves, de meninos a fazer os deveres, em histórias sofridas, de pessoas no limite de si próprias, ou em histórias doces, de senhoras de vidas já longas que ainda alegram os dias, os seus e os dos seus. Como se me banhasse em afecto.
Depois soçobro e reconduzo-me, de novo, ao peso dos dias intermináveis. Às vezes apetece-me fugir daqui, fazer de conta que não pertenço a nada disto; e sinto-me covarde. Tão covarde que não fujo.
Amanhã acordo cedo outra vez.

Carta a Peseiro (última)

Caro José:

O dia correu-nos mal, outra vez. Tu só sabes parte, nem interessa.
Só pude ver o segundo tempo. Vi os golos deles...
Correu mal. Perdemos outra vez. Analisa lá isso e corrige. Falta-nos qualquer coisa, não é?
É. Então vê lá. Hoje não é dia de conselhos: não se dão conselhos depois, não é? Depois, é fácil.
Não te chateies, falta-nos a todos qualquer coisa. Vê o que é que nos falta, aí, e trabalha com calma e com firmeza. Acho que tu ainda não és muito bom no banco, mas penso que és competente a preparar equipas. Melhora isso: a equipa e a tua maneira de a comandar do banco.

E obrigado, na mesma: eu nunca tinha visto o Sporting numa final europeia, vi hoje o Sporting em metade duma. E vi o Sporting jogar bem, algumas vezes, durante este ano inteiro. Chega-me. Tem de me chegar, não é?

Vá, boa sorte. Bom trabalho.
E um abraço.

Por motivos de tristeza, que não se prendem, apenas, com a bola, o besugo vai sossegar as guelras durante uns dias. Vai trabalhar, vai pensar, vai descansar o que conseguir. Tem sido muita porrada junta, dentro e fora do campo.

18.5.05

Declaração de princípio, com os pontos nos "i".

Vai correr bem, claro que vai correr bem. Apesar do teu notório preconceito anti-portista (em que não estás só, besugo) que é, afinal, a causa e a raiz do trauma draconiano.
O Porto não ganha contra o mundo. O Porto fica é muito feliz quando ganha. Visto de fora, confunde-se.
Importante é, portanto, não ver de fora. Tem sido puxado, mas vai correr bem.
Um Wagner Love é apenas um Wagner Love. E o Porto, sabemos, venceu os moscovitas.

Carta a Peseiro (penúltima)

Caro José:

Ainda é cedo para hoje, mas amanhã não tenho tempo. Mau português? Não. Simples separação dos dias pelos sonos, singela geometria do futuro que está próximo: não vamos ter tempo, nem tu nem eu, para mais do que isto.

Não te dou conselhos. Tu sabes mais, disso da bola, que eu, embora às vezes não me pareça. Tenho dias de alta penetrância, outros que nem tanto.

Olha: que tudo nos corra bem. E obrigado, aconteça o que acontecer.
Vai correr bem, não vai, Lolita?

Um abraço apertado.

17.5.05

Van Gogh não usava a risca ao meio.

Nunca deixarei de pasmar perante um penteado de risca ao meio emoldurando um crâneo masculino, que, de resto, quando tinha o sucesso que se conhece há uns vinte anos atrás, já transbordava azeitice. Vinte anos depois há povos que o adoptaram, ao que parece, para sempre. Passando, digamos, a ser um sub-produto do folclore nacional.
Os holandeses, por exemplo. Os holandeses, não sei se sabiam, ostentam com frequência orgulhosas riscas ao meio nos loiros cabelinhos. Os holandeses têm, de resto, feições muito típicas, apropriadas para a risca ao meio. São loiros e maciços como os alemães, mas sorriem muito mais. Sorriem muito. Quando se pensa no protótipo de um holandês, é forçoso imaginá-lo muito loiro e muito sorridente, olhando em volta satisfeito enquando trinca uma panqueca ou faz publicidade ao queijo da vache qui rie (que não é holandesa mas também sorri). Sorriem demais, os holandeses, sorriem como sorria o Richard Clayderman (que, todos sabemos, usava a risca ao meio) ao piano ou como o Piet-Hein, aquele loiro holandês (que usa a risca quase ao meio) que está empregado na Endemol desde que um caça-talentos o descobriu, pobre servente de trolha, numa obra de viadutos sobre os diques da Bélgica flamenga.
Aposto que em Curacao ainda hoje há nativos, descendentes de holandeses colonos, que herdaram aquele sorriso bovino e indelével. E a risca ao meio, claro, por causa do intercâmbio cultural.
É difícil, com estes dados e se fosse o caso, glorificar a diáspora holandesa. Há-de vir-nos sempre à memória o anúncio à pasta medicinal Couto.

Coisas da blogosfera

O Altino perguntou, eu respondo. Por mim. Os outros companheiros responderão se entenderem, como entenderem, quando entenderem.

1 - Na tua opinião a blogosfera lusa tem impacto na sociedade portuguesa?
Não sei, Altino. Penso que não. A maior parte dos portugueses não lê blogues. A blogosfera como que se auto-impacta. Oxalá se resolva o caso sem cirurgia.

2 - Quem aconselharias a criar um blog e porquê?
Bom, eu já tenho dificuldade em manter os "bloggers" residentes que convido... A maior parte chateia-se comigo... Acho que ninguém. Sinceramente.

3 - Qual a tua opinião sobre os livros que nasceram dos blogs?
Não li nenhum. Não sei dizer. Se me perguntas se acho bem que se façam livros a partir de textos de blogues, acho que sim, por que não?

4 - Qual a tua opinião sobre blogs pagos?
Há disso? Acho bem, desde que eu não tenha de passar a pagar para os poder ler...

5 - No caso de já conheceres o Blog " Abrupto" qual a tua opinião sobre a carta à mãe que Pacheco Pereira lá colocou.
Achei bonita e terna, a carta. Já tinha dito ontem, curiosamente. E é. Sobretudo bonita e terna.

6 - Se o teu blog não fosse esse mesmo que blog gostarias de ter? Porquê?
Eu gosto muito de escrever neste e de ler os outros. Gosto deste, se não o tivesse acho que gostaria de ter este.

7 - Alguma vez um blog te influenciou politicamente?
Não. E também não acredito que o meu tenha influenciado quem quer que seja, seja no que for.

8 - Que celebridade "blogosférica" gostarias de conhecer e porquê?
Gostaria de conhecer muitos dos bloggers que leio, mas não me parece fundamental. Chega-me continuar a lê-los. Célebres ou não.
Isto é uma questão de escrita e de leitura, para mim, não acredito em sessões de autógrafos, se me entendes. Uma vez fui a uma coisa dessas, do Lobo Antunes, e estive para lhe tirar os livros das patorras, o tipo era (não sei se ainda é) uma espécie de visco vermelho arruivado, quase a explodir de si enquanto assinava, desdenhoso. Deixei de poder lê-lo, porque passei a associar os textos ao indivíduo, e como não gostei dele colei-lhe aos livros a fronha e a atitude que lhe vi: "jarrão cabotino, pascácio tonto, para ti bastas tu". Isto foi assim, garanto.
Acrescento, aliás, que duvido que alguém quisesse mesmo conhecer-me. Para quê? Que credibilidade (ou que falta dela) acrescentariam, ao que escrevo, a minha cara de besugo, as minhas iniciais, mesmo o meu nome completo?

9 - Qual a tua opinião sobre os blogs anónimos?
Depende dos blogues anónimos. Há poucos assim. Mesmo este, vê bem, tu que o lês às vezes: achas que é anónimo? Não é, pois não?
O anonimato é o quê, além do nosso estado natural de desconhecidos que se vão revelando, em tendo oportunidade para isso? Claro, amigo, claro: depende sempre dos outros, se te lêem ou não te lêem, se não te vão lendo (e, a ti, até vão) não te vão conhecendo. Mas podes sempre escrever para ti, que mal faz isso? Não é tão bom, mas sabe razoavelmente. Se não soubesse não andávamos aqui. Ora pensa.

10 - Qual a tua opinião sobre os encontros de bloggers?
Olha, não sei, nunca fui a nenhum. Mas já fui a congressos, deve ser parecido, uns mais chatos, outros mais interessantes. Repara que escolho os congressos a que vou de acordo com os temas. Não vou, simplesmente, a congressos, percebes? Irei, se puder (e se me convidarem) a um encontro de bloggers cujo(s) tema(s) me interesse(m). Doutra forma, a minha blogosfera é aqui.
Mas vou almoçar contigo um dia destes, é questão de ambos podermos e de nos dar para aí! Combinamos e vamos, isso é diferente! Vamos ao Nordeste Trasmontano, na Rasa, até te entalas só de me ver a desbastar uma posta mirandesa (se é que ainda lá se fazem boas).
Entendes? Espero que sim, que tu às vezes és torto e treslês conforme te dá..

Vê lá se te aguentas com o teu Benfica, rapaz. E não me agoires a quarta-feira, pelo amor de Deus! E hás-de mandar-me informações sobre uma dessas camas que aí mostras no "fudidu" : parecem-me arranjadinhas para esta carcaça que, às vezes, ao fim dos dias, já me dói... devem ser é caras, não?

Esguichos de besugo

Se há alguém, por essas léguas imensas de mundo, que não tem mau perder, esse alguém sou eu. Sim, eu, este esguichador besugo, amigo LNT.

Eu tenho bom perder e bom ganhar. Quando ganho fico contente, quando perco... enfim, admito ser propenso a deixar-me ornamentar de certa telha. Mas isto é normal, não é? Asseguro tratar-se, aqui, de verdadeira telha portuguesa ornamentando besugal melão!

Ora bem. Eu ganho e perco assim, mas os outros senhores não.

Os portistas, desculpem a generalização, quando ganham "parece sempre que é contra os outros todos, o mundo inteiro". E não é. Coitada da Lolita? O caraças, encaixa aqui nos portistas com toda a pinta!
Os benfiquistas... bom, já não me lembro muito bem como são os benfiquistas quando ganham, mas espero que não exibam a soberba do "naturalmente ganhámos!", porque não há muito de natural nesta vossa (eventual) vitória a não ser a vossa própria sede dela... Não é verdade?
Pega lá aguinha, vá, LNT, a ver se deglutes o "eventual" que aqui te deixo, anda!

Quanto aos russos do CSKA: os russos do CSKA, que têm uma equipa jeitosa, tipo Braga, estão atravessados na vossa goela estreita de benfiquistas, qual grosso torrão, porque se atreveram a empandeirar-vos da UEFA, tudo isto em tempo competente. E, agora, ei-los na final. Eu entendo: sois quase vós! Faltou-vos pouca coisita! Faltou-vos, nomeadamente, passar da primeira eliminatória da segunda fase.

Eu admito que o CSKA é ligeiramente superior ao Benfica, o que me faz prever um jogo renhido e uma vitória tangencial do Sporting. Não sei agora, assim de repente, mas talvez por 4-1. Ou ainda menos.

(De facto, o JPT tem muito pior perder que eu. Mas havemos de ter ganhar igual, depois comparamos isso).

Lolita

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Copiei do Abrupto. Peço desculpa, mas tinha de ser. Desculpe, senhor. Mas foi a coisa mais bonita que li hoje a seguir àquilo da Lolita, ali abaixo. Teve de ser. Não se repete, juro-lhe.

Que o esternocleidomastoideu do teu doente mais querido se fortaleça, Lolita. Sim, é contigo. Nunca te sintas culpada de estares aí para os teus. Os teus são os que precisam de ti, esse é mais teu e precisa igual, estamos entendidos.
E que o teu pequenino, aquele que embalas orgulhosa, aprenda a escrever-te coisas destas. Quando, um dia, quando já fores muito velhinha, precisares de conselhos de sopa quentinha e muita fruta. Que te farão bem.
Até lá, embala-o. Enquanto o deixas crecser.

Que coisa bonita me foi arranjar hoje o seco mais seco da blogosfera. Tão bonito.

16.5.05

Coisas verdadeiramente sérias

Sendo este um blogue de referência (por exemplo, ai dos meus filhos que não o leiam, sempre que falo de andebol, ou escrevo "dispareunia" em vez de "dor na ... enfim, onde as senhoras sabem..." , isto por exemplo!), devemos manter uma certa percentagem de escritos sérios e interessantes. Devemos isso à blogosfera. Assim uma espécie de 1/275 das coisas que escrevemos devem interessar à blogosfera. É uma meta. Ambiciosa, mas pronto. Nós somos filhos de Deus.

É nesse sentido que vos digo o seguinte e, creiam-me, faço-o com uma expressão preocupada nas fauces e um tremor ligeiro nos dedos, que os dedos são as comportas do antebraço e não servem só para fazer carícias e piretes, coisas assim pueris:

"Isto do défice é preocupante. Olha, agora, isto do défice! Pensemos nisso com muita força, que o défice, ... sacana, hem? Ora o raio do défice, que coisa! A ver se controlamos o défice, todos, eu amanhã vou começar!"

Saudades

Este post vai ser escrito ao som de um oboé. O som apaziguador de um oboé a sinuar por entre violinos.
Vi-o na escola, entre os outros meninos. Olhava-me envergonhado, como se quisesse que o mimo que me mostra em privado se mantenha privado. Vi-o crescido, bem distante de quando era o meu pequenino. Vi-lhe os olhos ladinos, de onde sei que, nos silêncios, guarda bem mais do que o que diz. Cresce. Cresce tanto todos os dias que fiquei quase em pânico de não ter a certeza de quando cresce. E vai crescer mais, até só eu reconhecer o meu pequenino.
Todas as noites retenho, no fundo da minha memória, aquele pequenino rosto, enfim sossegado no sono que eu, orgulhosa, embalo. Há-de ser um homem, e há-de ser tão forte como frágil. Tão triste como feliz.
Por enquanto abraça-me, abraça-me todos os dias. E eu abençoo-o. Das profundezas. As minhas e as dele.

Prazeres

A Angústias não se chama assim, mas eu também não me chamo besugo. Estamos quites.
A Angústias é uma mulher de 58 anos, viva e caprina. Caprina porque saltitou na vida enquanto pôde. Viva porque, por enquanto, ainda sim.

Há quatro anos ficou sem mama, porque teve de ser. Depois ficou sem cabelo, por falta de alternativas. E, depois, foi "à rádio". "Emissão oncológica, antena esperança!". Às vezes brinco com elas assim, e elas comigo. Ficamos parvos. E, depois, ambos convencidos da cura, começou a tomar o comprimido dos cinco anos. Esse, o Tamoxifeno.
E andou bem. Um longo ano.

Há dois anos, o cancro "foi-lhe para os pulmões". Os dois. Com líquidos à mistura. Drenagem, pleurodese (mete-se uma droga, pelo dreno, que bloqueia a pleura e impede novos líquidos que nos abafem) e novamente a alopécia (queda do cabelo) por via do Transtuzumab e do Paclitaxel. São drogas, não liguem.
E ficou bem.

Agora, maldita cor para se ter nos olhos, amareleceu. Bolas à solta no fígado. E respira mal, os pulmões recarregaram-se de líquido e de linhas de morte, a linfangite carcinomatosa. Sim, que a gente pode não saber curar, mas sabe escrever coisas difíceis nos epitáfios.

A filha diz "a Angústias, a nossa Angústias, vai-se desta...". O marido insiste que aquilo é uma infecçãozita, "o nosso doutor vai tratá-la". Como se bate a um animal destes sem nos aleijarmos nele? Coitado do homem, sacana do teimoso, que me julga merda de jeito.
E ela, na cama, a respirar mal com oxigénio a 50%, seis litros por minuto, inchada da cortisona, ainda me disse, ontem e hoje: "Grite lá agora pelo Sporting, ande!!!"

Cabrita benfiquista, parola tão querida, que me vais fugir, puta!

Quase filha

Na quinta-feira estava bem, passou a manhã a receber e a enviar SMSs. Sentada na cama. Doida, maluca, alevantada, renascida, com a morfina que lhe amainou as dores e lhe deu aquela euforia calma do alívio. A mãe, ao lado, olhava para ela com a devoção com que se mira uma campa bonita e adiada. Porque eu tinha-lhe dito, à mãe, minutos antes, o destino.
No domingo telefonou-me o irmão, de longe. Num desespero gemido, entoou a cantiga de amigo que todos sabemos de cor.

"Eu não quero que ela morra, ai não.
Eu sou irmão
Morrer não, por favor, ai não
Que mesmo que não fosse irmão, não, não
Não quereria."

Sou fraco em canções de amigo, mas estou habituado às impotências, às disfunções erécteis do músculo da coragem. Eu mesmo a perco toda se me suplicam cobardias. Lá lhe disse "que sim e que não; que talvez não, mas que não sabia mesmo". Aquelas coisas que quem já sabe diz a quem também já sabe mas pode fingir que não, quando a sabedoria incomoda tanto que se torna num jogo de escondidas. Gato escondido com rabo de fora? Não. É mais gato à vista e a gente a fechar os olhos, gato a miar e a gente a fingir que não o ouve. É assim um jogo estúpido e mau. Doloroso.

Ela tinha os olhos azuis, na quinta-feira. Reparei nisso logo. Porque uns olhos com medo são uns olhos com medo, mas se calha serem azuis é um medo mais raro. O medo meridional assume qualquer coisa de nórdico, nessa raridade.
Reparem: nórdico no sentido de "elevado e frio". Foi do monte mais alto e mais frio que ela conseguiu subir que me perguntou, na quinta-feira, se ia morrer.

Eu disse-lhe que não. Pensem o que quiserem. Ela tem vinte e seis anos e um filho de cinco. Quem sou eu para lhe tirar o filho numa quinta-feira qualquer? Um filho da puta? Não sou. Não me fodam, não sou.

Hoje voltou, fora de tempo, o combinado era que viesse quinta. Veio hoje. Com dores, outra vez, porque decidira reduzir à morfina. Somos poupados: "se não me dói com três, pode ser que isto tenha passado e vou tirar a prova: não tomo, a ver". E viu.

Vê-se, também, com os olhos. Os olhos dela pareceram-me logo mais verdes que azuis e demorei pouco a perceber porquê. A bilirrubina é uma inocente criatura, se tivermos um fígado capaz. Se tivermos um fígado carregado de morte às bolinhas, ainda por cima uma morte vinda do estômago, a nossa víscera mais prostituta, porque se vende à facilidade do seu destino de "entreposto da comida", se tivermos um fígado desses a bilirrubina pinta-nos do amarelo da morte com brocha lépida e grosseira.

E esverdeia olhos azuis. Se virmos os olhos azuis como se fossem um todo colorido, esverdeia.

O Festival

Fico sempre arrepiado.
Calvário cantou bem, uma letra de merda. Depois Simone, vozeirão bonito. Depois, o melhor de todos, Tordo toureou. Que classe. Que faena. Cantou o Paulo de Carvalho, depois, a cantiga do Salgueiro Maia. Veio o Duarte Mendes, com a cantiga mais bonita de todas. A Lúcia Moniz, com as coisas do pai e da mãe. E dela.

Agora (e pelo meio também já houve disto) vem aí a cantiguinha que podia ser da Estónia, ou da Finlândia. Não é a mesma coisa. Não telefonem, círculos da emigração: deixem estes putos ganhar a vida decentemente, conforme puderem. Não telefonem.

A vida não depende da quantidade de SMS (Sempre Muito Sri-Lanka). Depende doutras coisas, mais compridas. A nossa língua nem tem muitos "kapas". Tem é "sh" no fim. Ninguém consegue dizer "Sagres", em lado nenhum, excepto na Checoslováquia, na Polónia, na URSS e na Jugoslávia de Tito. Já não é assim? Olha, que "espertosh"! Leiam e oiçam, bois. Boish.

"Eu kero ke ganhem bués"! Quero o karalho! Percam largueiro, putos, que ganhar é mais difícil "ke essa merda" anormal que vos propõem e em que embarcais por serdes estúpidos.


Era só isto. De festivais era só isto. Cuidavam que era mais? Bolas, não é. Agora já não é. "Dantesh" é que sim.

Alternativas (paneleiros, gajos e gajas feios, fraquinhos, etc)

Ainda antes do festival, uma coisa sobre paneleiros.
Desculpem, sobre homossexuais. Olá Viseu, aprendam que há gajos que gostam de levar na anilha e deixem-nos andar (embora com dificuldade, eu até me arrepio) em paz. É assim tão difícil?

OK, vou falar mas é sobre a falta que a minha sopeira me faz (não, não é isso, é que faz mesmo) porque está doente. E eu pago-lhe, não a obriguei a "ir para a caixa", porque ela está mesmo doente e eu gosto dela e os meus filhos também.
Isto é uma péssima medida de gestão? OK. Eu quero que quem achar que sim sinta uma violenta algia testicular, ou mesmo uma excruciante dispareunia, e me deixe em paz. A rapariga está doente e eu pago-lhe na mesma, porque ela não tem culpa de estar doente. E ela é minha empregada. Percebeis o que há aqui de responsabilidade, de bonito? Não? Sois bois. Europeus, mas bois. No bom sentido.

Aquele gajo com ar de quem não pode com uma lambada na focinheira, o bebé do CDS que foi hoje a um programa apresentado por um boçal, é tão boçal como o apresentador: para que quero eu gajos destes na minha vida? Para bidé? Logo dois bidés? O bebé e o bubú? Olha, logo eu, que até sou de duches inteiros.

A seguir é mesmo o festival.

(editado por besugo no que respeita à "anilha" e à "excruciante dispareunia"; estava lá escrita outra coisa, mas a verdade é que, embora não dominando mal de todo o léxico, nem sempre ele me sai filtrado pela polidez mais inatacável...)

Antes do festival vai isto

Não gosto de Sócrates. É um meias-tintas.
Não acredito nesta forma de viver embora viva, nela, bem. Mas não vivo sozinho.
A Europa não existe. Existe quando se joga o Campeonato da Europa, o holandês a querer ganhar ao francês, o português ao inglês. Ganha o grego, geralmente.
Quando há guerras, existe também a Europa: costuma ser a Europa, enfim, assim uma espécie de "divas" a pedir auxílio aos EU; e nós a dizer (como sempre dissemos e diremos) que não é connosco. Ora aí está, sejamos coerentes: o défice não é connosco. Assumamos isto. O Sócrates vai lá e diz, para pasmo de Zé Barroso: "Rapaziada, estamos a cagar-nos para o défice. Escravos da Europa é que não somos porque a Europa até já admite a Eslovénia, que é a terra do Zahovic, esse boi do Minho!"
Far-se-á um silêncio sepulcral, um silêncio reprovador de Europeus gordos e cagões. E Sócrates, se eu fosse a ele, diria: "Cagões? Caguei!". Guerra já! Às armas. Venha daí a GNR!
Sim, eu aqui recuperava Portas, esse desenganado!

A sério: as consequências más hão-de ser para os tipos dos jipes ("são uma espécie de tractores, tão a ver?"), os do turismo de habitação ("eu agora fiz obras pagas e tenho uma casa que parece um chalé e é só pra mim e pós meuzamigos") e para o povo que lavas no rio. Esse preocupa-me, mas vai deixar de me preocupar, que é mais antigo do que eu, que se amanhe e que opte entre ser uma Albânia digna (em mais bonito e forte, quase uma espécie de Noruega) ou uma Bélgica (em ainda mais feio, uma espécie de moiraria liberal, de chinela estilizada).

15.5.05

De pé, ó vítimas...

Aquele partido que, durante as eleições, dizia que era diferente do PSD porque tem como prioridade absoluta a justiça social, aquele partido cujo líder dizia que não descansaria enquanto houvesse um português que fosse a morrer de fome, aquele partido que veio, então, a ganhar as eleições, acordou de repente e vai acabar com a anestesia. Há pânico, no Governo: o défice vai aos seis ou sete por cento.
Esqueçam, portugueses, tudo o que vos disseram e tratem de arregaçar as mangas: portagens nas SCUT's, aumento da idade de reforma, seguro de saúde obrigatório e menos subsídios de desemprego, entre outras medidas tão socialmente justas como estas.
Era tudo inevitável, afinal. Apostar no combate à fuga ao fisco fica mais caro, demora muito mais tempo e compromete amizades convenientes. Certo, mesmo, é que são sempre os mesmos que pagam. Os mesmos que fazem as maiorias absolutas.

Teimosias

1 - Se eu fosse um copo, era um copo teimoso. Ainda ontem caí, já hoje me apetece briga. Há aí um blogue que pôs uma fotografia daquele brasileiro que adoptou o nome da irmã, o Wagner Love, de boné da tropa, afirmando (o blogue) que vai ser o "camarada brazuca" a derrotar o Sporting. Eu agora não me lembro qual é o blogue, mas descubro. E depois insulto-os (ao blogue e ao brasileiro apaneleirado) convenientemente.

Vamos ganhar ao CSKA, vencer a Taça UEFA e exorcizar o último fantasma.
O último fantasma é o "cantinho do Morais". Ora, disso, eu não me lembro. Isso fode-me, eu lembro-me de coisas muito antigas. Lembro-me da aposta do Ivkovic com o Maradona, do jogo do Inter, do regresso adiado de Magdeburgo, depois de termos levado tareia nas meias-finais, a 24 de Abril dum ano que 2/3 da blogosfera não aprecia, mas dessa vitória na Taça das Taças (que era importante, na altura, excepto para quem nunca a ganhou) não me recordo.

Vamos ganhar aos russos, sim? A ver se eu me lembro de tudo. Um porradão na cabeça pode ter um efeito anti-amnésico surpreendente.
Vou escrever sobre isto mais vezes, até quarta-feira. Por quê? Porque não me apetece falar de sobreiros, nem sobre Nobre Guedes (que é uma versão piorada de Begninni), nem sobre Portas (o triste foi-se e ainda não se convenceu que "olha, foste, adeus miúda"), nem sobre Cavaco (ainda nem se veio, este hirto personagem, tanto tempo e tanta gente a agitá-lo e ele, nada...), nem sobre Sócrates (passa demasiado tempo a pentear-se à "britt-pop", coisa antiga, já), nem sobre os incêndios (já entendi que vai depender de os haver ou não, em os havendo, ei-los aí), nem sobre o Iraque (democracia consolidada em atentados, o sangue seca e consolida tudo), nem sobre as evidentes parecenças entre Rice e Castelo Branco (com desvantagem para ambos, que são ambos feios para mulher, acho eu), nem sobre a derrota de ontem, que foi ontem. Nem sobre mais nada.

Só sobre o Sporting que vai ganhar a Taça UEFA e sobre o ponto 2, que é o Festival da Canção.

2 - Vai noutra posta. Esta vai longa. E eu vou ali e já volto. Sim, é uma ameaça.

Separados à nascença

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Kumba Yalá


Saci Pereré

Eu também não tenho nada a ver com os sobreiros

O fundamentalismo do direito à informação (de que decorre o direito, dos reporterzitos estagiários, a fucinhar atrás de notícias gordas) derivou, agora, numa abordagem grotesca do segredo de justiça: não se pode dizer quem é arguido, mas pode dizer-se quem não é. Deve ser assim que querem traçar os limites negativos da acção penal.

Há dias assim e há-de haver sempre

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Há dias assim.
Perde-se. Derrotam-nos, a gente perde.
Não retiro uma vírgula ao que tenho aqui dito, nem sequer ao que tenho dito a minha vida toda.
Gosto muito do Sporting. Quem me conhece, sabe isto.
O golo deles foi limpo. O Ricardo falhou, aquelas coisas que calham. Conforme calham outras.
Gosto do Ricardo. Grande Ricardo, que hoje falhaste e me fazes chorar contigo.

Hoje perdemos o campeonato. Eu também o perdi e estou muito triste, porque também gosto de ficar contente quando é caso disso. E só tenho direito de abraçar os meus nas vitórias se chorar com eles as derrotas. O meu filho veio de Braga desfeito por ter perdido duas vezes: com o ABC em andebol, a outra já sabem. Não viu. Sentiu, só.

Que me desculpem os benfiquistas e portistas que possam ter-se sentido irritados comigo, até hoje, com coisas que eu tenha dito. Eu acreditava, que querem?

Agora é convosco, senhores. Eu saio pela direita-baixa, até me arrebitar outra vez, quando me sentir, de novo, com hipóteses de ganhar seja o que for. Isto dói.
Mas nada que não se cure com o tempo.

14.5.05

Vitória com a Académica

E derrota no Bessa.
Preciso de alguém que escreva ao Couceiro.

O resto do mundo contra o SLB

Desabituamo-nos, todos, de ficar irritados com a vitória do Benfica numa competição. E o efeito surpresa ainda irrita mais. Até agora, ninguém acreditava. Nem sequer eles acreditavam.

'kaneko

Tu sabes que, aconteça o que acontecer, diga eu o que disser e cales tu o que calares (que tu és mais assim, às vezes), eu espero de ti apenas o que tu esperas de mim, não sabes?
Nunca a tua tristeza me servirá de alegria. Nunca a minha alegria te servirá de tristeza.
Antes do jogo, meu irmão mais querido e mais caçula, não escrevo mais nada.
E depois, veremos.

Um abraço.

Sofismas do italo-galinhola, a ver se cola

O treinador do Benfica veio aí derramar-se de "agora é que se vai ver quem merece ganhar o campeonato!".
Isto é um sofisma.
Isto só se vê, com clareza, se ganhar o Sporting. Reparem, ele lança esta merda desta sentença para o ar antes dum jogo em casa, diante de quinhentos e sessenta e sete milhões de lampiões. Depois dum campeonato quase inteiro em que não provou coisa nenhuma, quer provar hoje, em casa, de pantufas!

É aí que se vai ver? É nesse jogo? Para o cota, o campeonato é uma espécie de final da Taça que se disputa em casa? Este discurso colhe onde? Onde calha? Pois, mas não devia colher. Isto é um sofisma. Até por respeito com o Porto, que ainda aí anda. E pela inteligência dos outros, que percebem a aleivosia! Este jogo é só um jogo decisivo, não é o jogo da prova, que já está provada há muito tempo. É preciso dizer isto! Ó algarvios "de empréstimo"!

Mas queres assim, Trap?
Pois então, seja: vamos lá a ver então, caralho. Tenho um medo do Benfica, eu, pfffffff!

Afinal não vai haver jogo

Do escrito de Cavaco Silva, publicado em 11 de Maio, algures no Universo Inteiro, retira-se o seguinte:

1 - É de todo o interesse difundir e cimentar...
2 - ...uma ideia-chave
3 - Há hoje um acordo muito generalizado entre os economistas...
4 - ... motivo de grande preocupação.
5 - Só há uma via segura
6 - Como conseguir cimentar na mente dos portugueses a ideia-chave?
7 - ...objectivo prioritário e estratégico da política nacional
8 - Cabe aqui um papel decisivo ao ministro das Finanças...
9 - ...rumo claro e sustentável da política económica
10 - ...contenção e rigor nas despesas públicas...
11 - ...relação custo-eficácia dos serviços públicos...
12 - reforço da capacidade competitiva das empresas medidas visando a melhoria do funcionamento do sistema de justiça (que é esta merda?)
13 - ...do reforço da concorrência nos mercados e de muitas outras medidas... (que agora me esquecem...)
14 - ...ênfase do discurso político na ideia-chave...
15 - ...adiando a construção de algumas estruturas físicas menos necessárias à competitividade...
16 - ...sector tão importante para o desenvolvimento do país como é o turismo...
17 - ...Algarve apontado como um destino turístico que "está a ficar feio"...
18 - O esforço visando difundir e cimentar na sociedade portuguesa a ideia-chave...
19 - ...explicar aos trabalhadores
20 - ...explicar aos portugueses em geral
21 - ...desenvolvimento de redes de distribuição, no design, na marca, no marketing (que é esta merda?)
22 - ... a verdadeira prioridade, a ideia-chave...
23 - ...os agentes políticos, económicos, sociais, científicos e culturais, as elites profissionais, os líderes de opinião, os portugueses em geral interiorizem...
24 - Há já algum tempo que isso é reconhecido por governantes, economistas e analistas económicos. (Falta só ser reconhecido por pouca gente, portanto...não é?)

Cavaco, que queres tu? Ser primeiro-ministro? Ser o ministro das finanças? Queres emprego numa cimenteira? Queres ser a lanterna? Ou a mão que pega nela? Na lanterna, sim. Queres talvez ser a chave? Tens aí a ideia, é? E é só essa? E tu és a chave, só a ideia, ou a ideia-chave?
Que queres tu, Cavaco?
Queres ir a votos para Presidente?
Alguém que te escreva os textos, então. E não os leias tu. Quando não, lerpas mesmo. E ainda bem. És tão profundamente incompleto, se és só aquilo que mostras quando escreves e falas, que dás ideia de não deter da dimensão humana senão aquela parte fácil e grunha da tabuada e das continhas.
Pobre simplório, se pensas que eu quero um presidente assim. Eu, assim, quero um mecânico, percebes? Ou um professor de matemática. Ou um lentezinho. Mesmo um barbeiro, que assim adormeço enquanto ele explica as suas ideias-chave. Enquanto me tonsura.

Tanta chave, homem. Tanto cimento. É um chaveiro ou um chavão, o que tu tens à mão?
Tu queres é um jazigo em betão, confessa lá?... "Aqui jaz o Bitaites de Boliqueime".

O carisma de um músculo

Todos os dias levanta a cabeça do travesseiro e força-se a olhar para a esquerda. Desabituou-se, de olhar para a esquerda. Mas insiste, até que consiga reanimar o esternocleidomastoideo. Esse mesmo.

Memorando

Outra coisa: quero ir ver o Elvis Costello e o Pat Metheny ao Coliseu. Estão para breve.
Lolita, já que não actualizas os linques, trata ao menos disto. Frisas e camarotes não, certo? Quero que se lixe o fosso da orquestra.

E marca também o Paju, ou arranja quem marque, que eu adoro refeições ligeiras, depois. Caem-me bem, não sei...

A rotina do operário em construção

Pense muito. Movimente-se, manipule, influencie. Faça lobby. Sustente-se. Defenda-se. Ataque antes de ser atacado. Queixe-se. Mostre dedicação. Sacrifique-se. Marque posição. Discorde. Concorde, desde que acabe em "mas" e acrescente uma ideia sua. Observe. Junte-se aos poderosos. Esteja atento. Sorria sempre. Tome iniciativas. Seja discreto. Seja marcante, mas discreto. Não fale antes do tempo. Ouça muito. Registe. Catalogue. Proponha. Opine. Aconselhe. Não adoeça. Não mostre fragilidade. Não erre. Não erre. Não erre.

13.5.05

Espantar os males

Não acredito que exista algum portista que esteja genuinamente a torcer pela vitória do Benfica. Não há memória de qualquer dragão, gozando de perfeita saúde e sanidade mental, que torça pelo Benfica, ainda que uma vitória do Benfica beneficie o Porto. Pode, até, afirmar que é melhor para as vagas aspirações do Porto; mas desejar que ganhem os lampiões? Impossível, besugo. A dimensão hooligan do ser portista é esta e é inultrapassável: no íntimo de qualquer portista reside um desejo, expresso ou envergonhado, que o Benfica perca. Isto tem, de resto, um contexto histórico-filosófico preciso. O Benfica carrega o peso de Clube do Regime. Um portista é, por essência, contestatário e saboreia as vitórias como revoluções bolcheviques, apesar de as festejar sózinho e apesar dos maus angúrios dos seis milhões.

Quanto ao Sporting. Se fosse uma evidência, o Sporting estar a jogar com "superior qualidade", não seria preciso discutir a evidência. Isso não interessa nada, portanto. Basta-te que o Sporting jogue bem, o que é o mesmo que jogar melhor do que o Benfica. Não? Concentrado e certinho. Tal como dizes ao Peseiro. Sem euforia.

Quanto ao Cavaco Silva. Esse, vai ganhar por desistência dos adversários e por isso está calado. Evidentemente. Se falasse do jogo de amanhã, diria qualquer coisa profundamente tecnocrata, do tipo "é preciso que o Sporting ganhe, para que o país se renove. Dever-se-ia pensar em reestruturar o Benfica, reconvertendo o clube numa actividade lucrativa. Estou a pensar, por exemplo, numa indústria de produção de coiratos com fornecimentos diários para o Centro Comercial Colombo."

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