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30.5.05

O fio invisível

Quanto à despesa do Estado, Luis Campos e Cunha não pode, com efeito, fazer muito. Ele também se capacitou da triste evidência: os funcionários públicos não podem ser despedidos.

O que me parece bem. Exceptuando os casos de despedimento compulsivo, espera-se que o Estado dê o exemplo no combate à precaridade do emprego. O caminho, portanto, nunca podia ser o do despedimento colectivo, impiedoso e massificado, ainda que isso signifique manter (para não dizer aumentar) o nível da despesa pública.

Para dar mais bons exemplos como aquele, o Estado devia, inversamente, erradicar da função pública os funcionários indolentes. O conceito de indolência, aplicado à função pública, é intuitivo e incontroverso. Não há utente (e esta expressão é tão significante) que não conheça pelo menos um indolente em cada repartição pública. Não há utente que não se lembre, de cada vez que se depara com um indolente, que é ele próprio que lhe paga para ser indolente, embora sereno na sua infinita satisfação de saber que não pode ser despedido.

E não me venham dizer que eu não me lembrei dos outros, dos não-indolentes.

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