blog caliente.

29.6.06

Retalhos da vida de um escritor anónimo

O caderno é vulgar, pautado, igual a tantos que já usou, mas guardou-o com desvelo desde que a avó, sempre dedicada, lho deu no último aniversário, até ter tempo de se dedicar àquelas linhas em branco e escrever nelas aquelas histórias que escreve ao correr da pena, em que se inspira na primeira palavra que vê escrita para escrever a seguinte, e que depois de afanosamente escritas oferece a quem gosta. Escreveu umas linhas de uma história incompleta há uns momentos atrás e agora dorme a sono solto, como só se dorme até ao final da segunda infância; retomará amanhã a tarefa, assim que se lhe solte a veia em casa da avó - a quem, aposto, há-de deixar uma história autografada.

Os gajos adoram papel de parede estampado!

"England have been warned to expect a dirty-tricks campaign from Portugal in Saturday’s World Cup quarter-final."

Isto também vem naquela porcaria que os britânicos escrevem para, fundamentalmente, depois lerem: acho que têm um problema misto de autofagia e escatologia nutritiva que lhes escorre para o papel em forma de pós-quimo, os britânicos. E lavam-se pouco. E possuem um QI médio de 57, reduziu, peço desculpa, I'm sorry, lamento muito.

A frase de cima, a que está em itálico e em inglês alternativo (mas está certo, England é um substantivo colectivo, um nome próprio, daí a maiúscula inicial que lhe botaram, embora muito comum), é a conclusão que os débeis funcionais extraem das declarações do russo Ivanov, que foram, pelos vistos, as seguintes:

“You would expect dirty tricks from the Portuguese. They are known for time- wasting or hitting from behind. But I was unpleasantly surprised by seeing such things from the Dutch. More so, they were the instigators.”

Que silogismo. Que finura.

Eu disse 57? Enganei-me: 43. Fourty-three. E às dez da manhã.

28.6.06

Brittie

Eriksson said: “I strongly believe we will win. I’ve always believed that..."

O "link" levar-vos-á a um pasquim inenarrável onde, por exemplo, o Rooney é Roo, o Beckham é Becks, uma paneleirice pegada.

Gosto deste gajo. Do Sven. Para já, é, provavelmente, um dos únicos treinadores do mundo que não percebe a ponta dum apêndice calcario-marfinoide de futebol (Carlos Queirós, Artur Jorge e Luís de Campos são apenas mais três do mesmo género, mas em latino). Contudo, mesmo assim, lá vai levando a água ao seu moinho: chegou a seleccionador da Inglaterra, manteve-se uns bons anos no seu posto e - isto é muito engraçado - conseguiu a proeza de ir ser corrido de lá para fora, sim, que vai de vela não tarda nada, mais por não poder ver um rabo de saias sem lhe saltarem as lentes da armação por via da pressão dos globos oculares exorbitados, do que por ser um perfeito inepto para as coisas da bola.

A sério, acho piada ao tipo. Tem aquela polidez dos nabos de topo, que estão sempre com cagaço, a ver se não lhes topam o vazio educadíssimo, não é?, mas percebe bem o meio onde se movimenta. O tipo é esperto.

A Inglaterra tem poucos tipos verdadeiramente inteligentes. Os melhores alunos das universidades inglesas são, geralmente, bolseiros estrangeiros. Toda a gente sabe isso, embora eu não faça a mínima ideia se isso é verdade ou não: fiz esta afirmação, basicamente, porque me apeteceu.
Num país cujo QI médio deve rondar os 65 (mesmo quando fazem os testes psicotécnicos sem estarem bêbados, a guinchar o Rule Brittania, enquanto cozinham borrego estufado ou coisas à base de gordura estranha) o bom do Sven safa-se bem. Diz que vai ganhar, que acredita nisso, que sempre acreditou, essas coisas todas.

Acho que quando foi no Euro 2004 o homem também disse que acreditava de caraças. É um crente. Gosto de crentes. Gosto deste tipo de crentes. Gosto dele.

Gostarei ainda mais se as suas crenças tiverem o mesmo resultado que (quase sempre) tiveram, na maior parte dos clubes por onde passou. Excepto no Gotemburgo e no Benfica, na Lazio não me lembro, mas não vou agora ao google só por causa disso. Mas no Benfica estava o Toni no banco e havia o Chalana, acho eu, e na terra dele já não me lembro muito bem como foi que o tipo ganhou a UEFA, mas há sempre um dia em que os nabos ganham a taluda.

É disso, só disso, que tenho um certo receio. Mas pouco, palavra de honra.

Day by day

Eu sei que metade da população portuguesa que lê este blogue (ou seja, cerca de doze pessoas e meia) vai ficar aborrecida e, provavelmente, com toda a razão, vai desatar a incendiar viaturas estacionadas na via pública. Se bem conheço os nossos inúmeros leitores, aliás, penso que começarão por incendiar os próprios carros, antes de passar aos dos vizinhos. Cuido que arderão, esta noite, para aí vinte e duas carripanas. Algumas anteriores a 1986? Sim, algumas, sim. Talvez seis.

Mas não.
Não, não insistam. Peguem lá fósforos e vão à vidinha. Andor.
Não. Já disse que não. Não falo sobre o episódio de hoje do E.R.
Eu, sobre isto, aliás, só volto a falar quando o Greene morrer. E vai ser em breve. E quando alguém admitir, chorando baba, ranho, outras secreções e, mesmo, insulina - e gratidão, já agora - que "a série sobre médicos que dá às terças-feiras, na 2, e que, afinal, não é só sobre médicos" é muito melhor do que qualquer outra série, sobretudo melhor do que uma que há aí, uma que é sobre gajas que se fingem desesperadas enquanto andam a ver se aproveitam, mas é, o restinho dos ovulozitos todos que ainda produzem, fingindo que não ligam muito a essas merdas.

Nem a merda nenhuma, by the way, day by day, está bem, não sei.

Inclinações

Deu na 2 aquilo da Ana Sousa Dias com o Ney Matogrosso.
O registo estava muito bom.
Ney é um daqueles tipos que, goste-se dele ou não, precisa dum fundo baço para brilhar, sobretudo quando não está em palco . É um tipo esperto, vivido, profissional. É um homem que quase que se basta.
É engraçado pensar que, quando Ana Sousa Dias fazia de palhacinha do professor Marcelo Rebelo de Sousa, o tonto rápido chegou a admitir que aquilo pudesse funcionar, assim, daquela maneira.
Não podia. O trajecto mediático de Marcelo é o decalque - fora de contexto - do percurso de um ratinho de experiências, num laboratório qualquer que o ratinho pensasse possuir, enquanto ia derrapando, ligeirote, no soalho untado da gaiola arrendada.
Olhando bem para Marcelo, ainda bem que não passa dum inquilino.

Allez, les vieux!




... de maneira que, caramba, isto acabou por ser, mais ou menos, como aquela tipa de Alicante que dizia que não percebia nada de russo e que, derivado a essa lacuna, não fazia a mínima ideia dos "grafites" que trazia estampados na t-shirt, os quais, lidos numa espécie de russo, soavam - isto também mais ou menos - mais ou menos assim:

"Içevalove".

Ora, isto deve ser uma alternativa bastante mais faringo-esofágica àquele aforismo - todo feito de oralidade - do "cuspir para o ar".

Eu não sei muito disto, de maneira que façam o favor de desculpar e de manter a vossa higiene diária, apesar de tudo, como melhor vos aprouver.

27.6.06

Eu tenho receio é do Gana

A Inglaterra é a selecção mais fácil de vencer que há.

Logo que ganhámos a Angola e ao Irão (e, depois, ao México - aqueles tipos devem dopar-se com tequilla e muito sal, agora deu-lhes para jogar bem à bola, embora mantenham o Borghetti como ponta-de-lança da equipa adversária sempre que podem) pensei logo que a Holanda já estava, porque a Holanda, connosco, "já está sempre". Ia-me engasgando, estive caladinho desde os 23 minutos. Mas afinal já estava, mesmo. Pensei bem.

A Inglaterra ainda não está, mas é como se já estivesse. Não vai ser, sequer, dramático.
Pode ser é chato, se correr mal. Mas a lolita já esqueceu a desfeita que Scolari lhe fez ao não convocar o Baía (o Quaresma é que ela queria lá, é uma coisa dela, ela viveu entre ciganos na pré-adolescência, talvez quisesse o Quaresma para fazer o lugar do Costinha, não sei...) e também sonha com Portugal na final.
Portanto, só pode correr bem.
Nos últimos 10 anos, não me lembra de nenhuma equipa portuguesa perder com bifes, só o Porto é que perdeu com o Chelsea e, mesmo assim, só lá, mas isso do Chelsea não é uma equipa inglesa, o Chelsea são aqueles tipos que descem de divisão logo que de lá saiam o Ricardo Carvalho (que parece que já tem contrato com o Sporting), o Maniche (que já visitou a Academia de Alcochete e até já escolheu quarto e cacifo) e o Mourinho. Ou antes de sair o Mourinho, em correndo mesmo bem.

Lá está: em correndo bem, a Inglaterra é a selecção mais fácil de vencer que há.
Em correndo mal, também é uma equipa fácil; mas perde-se e é uma chatice, depois, para explicar isto.
Facilitem-me a vida, que eu não ando aqui para desfazer os meus dogmas nem os de ninguém que goste.

26.6.06

Sim, eu também quero ver Portugal na final

Uma vez que o mundo conhecido se resume praticamente à vida terrestre e porque sabemos que o mundial de futebol é um evento acompanhado em todas as partidas do planeta e, ainda, porque os mundiais de futebol são, por isso mesmo, uma das escassas oportunidades de que uma nação periférica dispõe, por valentia ou ousadia, para ser notícia, tenho como certo que é inglório e inútil (e, até, algo frustrante) o esforço que alguns têm empreendido em mostrar firme alheamento ao fenómeno demonstrando, ora fastio, ora indignação. Eu tenho seguido com atenção e emoção crescentes os jogos da selecção do obstinado Scolari (a quem, ainda assim, pergunto como seria se tivesse convocado o Quaresma), mas consigo seguir as notícias sobre Timor, a evolução de Darfur, os atentados no Iraque e, até, tomar ciência do prémio atribuído ao FJV com razoável à-vontade, para além de ainda ter tempo de trabalhar e cuidar dos meus afazeres pessoais.

Suponho, por isso, que fazer de conta que os remates do Maniche e os passes do Deco não nos satisfazem há-de redundar numa inevitável e imensa frustração. É como ser barrado numa festa, sabendo que os outros estão a divertir-se. O verdadeiro e próprio síndrome do excluído, que, para evitar segregação, se previne com auto-exclusões, premeditadas e defensivas.

Festejar vitórias difíceis não faz de nós uma nação bacoca. Inversamente, censurar o sonho de vencer um mundial de futebol faz do censor um fastio, que ainda assim mantém milhares de curiosos a alimentar as page views sem que, no entanto, consiga desviar a atenção sobre os quartos de final de, sequer, uma alminha que lá passe (a menos que já se sofra do síndrome dessa soberba estratégica - o que, enfim, não é raro).

24.6.06

Quedar-se

Cada balão que subia era como se me levasse. E cada um que tombava no Douro era como se me trouxesse de volta.
E agora já não é noite e já não há balões. E eu não cheguei a ir e, como não fui, também não pude regressar. Limitei-me a ficar. Quedo-me bem.

23.6.06

Tapem o gajo!



Jean François Larios não foi o melhor médio que a França viu nascer.

Mas tem o seu lugar na minha pequena estória das coisas da bola, quanto mais não seja porque foi, de facto, um dos melhores. E porque acabou por ser punido, na bola, por uma coisa que não tinha nada que ver com ela.

Ils sont fous, les drouides...

É fascinante a teoria de António Pedro de Vasconcelos. Segundo ela, as equipas que vão aos Mundiais devem dar nas vistas, como os pavões, de maneira a amedrontar os adversários. Se não dão nas vistas, se não esmagam na fase de grupos, não são temidas.

Isto era verdade até 1982, em Espanha.
Nessa altura, não acredito que a Itália tivesse empatado com os Camarões só para dar nas vistas. Quem dava nas vistas era o Brasil, que jogava muito bem. Depois, perdeu com a Itália. Eu não digo que a Itália fosse melhor, mas ganhou-lhes 3-2.

Se é para estas merdas, o "trio de ataque" da RTP pode estar descansado: é provável que não cheguemos à final. Terão sempre razão, os três tipos, mesmo Jorge Gabriel (esse sportinguista que me envergonha desde hoje, dia em que se assumiu como crítico enjoado da bola e propôs que Fernando Meira e Ricardo Carvalho trocassem de lugar na zaga, como se isso fosse uma coisa qualquer tipo Praça da Alegria, que dá de qualquer maneira!, então o Meira tem pé esquerdo, ó Jorge Gabriel?, que caralho!), porque haverá sempre, numa equipa imperfeita, por onde se lhe pegue.

Sobretudo no fim dos jogos.

Quando correr mal, se correr mal, eles terão sempre razão. E, se correr bem (o que é difícil, há gajos com o mesmo problema de "analisar" - que é passar as ideias pelo crivo anal - em dezasseis países, neste momento; ainda em mais países que isso, porque a França não bateu, AINDA, o Togo, há bem mais que dezasseis), podem sempre decidir se "foi da sorte, do azar, ou do eu bem vos disse!"

Hoje, o cineasta que lançou Ana Zanatti e aquele repórter penteadinho nas lides da sétima arte (eles, depois, acabaram de cair sozinhos), disse que havia ali quatro jogadores a mais (Ricardo Costa, Hugo Viana, Boa Morte e Postiga), "e que mais valia ter levado outros quatro, em vez deles". Mas não disse quais.

É ridículo falar das coisas assim, sem ser num destempero, ou a brincar. Num destempero, eu digo que o Lampard atraca de pôpa e que o Maradona não jogava a ponta dum corno. A brincar, posso dizer que o Platini era um nabo e que o Sócrates era um tosco da bola. Ou, ainda, que o Eusébio era muito pior do que o Liedson, isto para me ferir ainda mais fundo, que as razões fundas têm de sangrar para o serem, razões e fundas, sempre fundamente.

Podemos perder com a Holanda pelas mesmas razões que podem levar-nos à vitória no Mundial: uma mistura de tradição, de jeito, de acaso, de vontade, de saber, de querer e não querer, é uma mistura mágica que pode dar para tudo.
Até para o que eu quero, quanto mais.

22.6.06

Coisas antigas

Tenho uma lamentável predisposição para a má-criação escrita, eu sei. Na oralidade nem tanto, quase nada. Garanto-vos.
A culpa não é dos meus Pais, ressalvo-os aqui: é coisa minha. Tivera eu tiques e mais um determinado cortejo sintomático e seria candidato a que as senhoras e os senhores pensassem, de mim, o que La Tourette pensaria. Peço desculpa.

No entanto, também sirvo de avivador de memórias. Poucas vezes, mas algumas.

Lembram-se, os portistas que já tinham juízo(?) em 1987, donde lhes chegou o Rabah Madjer? Pois, foi do Matra-Racing de Paris. Exactamente.

Foi a época áurea do futebol magrebino. Onde anda Marrocos, onde pára a Argélia?
Esta Tunísia que aí anda agora não me faz esquecer do tempo.

Allez les bleus

Talvez por ter crescido a ler a "Onze" e por ter assistido ao renascimento do futebol francês, todo ele adubado nas escolas de formação (o Nantes era, nos anos oitenta, o grande exemplo; o La Beaujoire era o estádio dos "jaunes", onde se moldavam os "jeunes", onde se fez Maxime Bossis), gostei sempre dos franciús.

Acompanhei a queda pouco gloriosa do Saint Etiènne, "les verts" de Michel Platini, Jean François Larios e Dominique Rocheteau, o aparecimento de dois clubes em Paris (o Racing, que equipava à Sporting, mas com as riscas em azul e branco, a dada altura patrocinado pela Matra, que desafiou a hegemonia - também recente, que Paris nunca foi uma cidade de futebol - do PSG), o zénite do Bordéus (antes e depois de Chalana, mas sempre com Giresse e Tigana e, depois, Thouvenel), fui acompanhando o Auxerre, sempre com Guy Roux e, até dada altura, com Joel Bats e Basile Boli. E, por essa vaga altura, para quem não se lembra, o Didier Six passou do Metz para o Aston Villa. E o Jean François Domergue, esse mesmo que nunca mais fez nada de jeito, o do livre directo que deu o primeiro golo da França em 84, jogava no Toulouse.

Em 1984, apesar de ter ficado triste com a nossa eliminação, vi uma equipa francesa que nos foi superior. Em 1986, no México "argentino", vi uma França que já vinha de 1982, de Espanha, uma França que jogava bem à bola, já com Jean Pierre Papin na frente (o que andara perdido no Brugges - chegou a eliminar o Boavista, alguém se lembra?, o Diamantino estava a jogar no Bessa, nessa altura, só depois foi para o Benfica, jogador fino, o Diamantino -e, depois, brilhou no Marselha de Tapie), eliminar o Brasil, embora com alguma sorte, mas de igual para igual.

E, de então para cá, o futebol francês impôs-se, tornou-se (na minha opinião) o melhor futebol jogado da Europa, ele que já era considerado o melhor "futebol escrito" do mundo.

Em 1998 foi pela França que torci. Nós não estávamos lá, note-se.
Em 2000, no Euro do Benelux sem Lux, foi duro. Foi aquilo da mão do Abel Xavier e foi aquele discreto pormenor de, mais uma vez, se ter percebido que eles eram melhores e que foi sobretudo por isso que nos ganharam.

Depois de 2000, começou a decadência desta selecção. A França nem sequer precisa de nacionalizar o Porras e o Latapy para ser a equipa mais velha do Mundial. O Platini passou o testemunho ao Zidane, ele pegou nele, mas agora - que estava na altura de o passar ele, o Zidane, a alguém que aí viesse -não se vê quem nele pegue.

No fundo, estou totalmente de acordo com o Rui Baptista. Também vou torcer pela França, contra o Togo. E em todos os outros jogos em que a França ainda entre, excepto se for contra nós. Pelos cotas bons, que já foram muito melhores mas que ainda mexem. Pelo respeito. Por Zidane. Pelo bom futebol e pela memória dele. Mesmo que, por um bambúrrio, isso resultasse, uma vez mais, num Portugal - França em que Zidane fosse, friamente, para a marca do penalty, desfazer-me o sonho outra vez - como Platini fez em 84, de bola corrida, mas a culpa maior foi do Jean Tigana, que "esticou a linha de fundo" como eu nunca vi.

Se jogarmos, um dia, melhor do que eles, juro que lhes ganhamos. Por isso estou tão calmo e tão grato à França. Por nunca ter tido, ao menos, a desfaçatez de nos eliminar sendo pior do que nós, como tantos outros já fizeram. Isso, senhores, ao menos isso, a França nunca nos fez.

21.6.06

Aliás (são as fêmeas dos elefantes)


Aliás, quando se vai ao Google por imagens e se pesquisa "english guy", a segunda merda que aparece logo é esta espécie de utensílio para clisteres (fora de uso), praticamente tão feia como o terceiro milénio, sem sobrancelhas e com a boca típica do gajo que tem costelas a menos.

A primeira "pique" que aparece, e que não ponho aqui para não devassar intimidades, é um instantâneo do casamento dum português de A-Ver-O-Mar com uma brit-piggy, sendo que o "english guy" há-de ser o gajo da direita, aquele que tanto pode ser um deão anglicano, como um guarda-livros, como um mordomo, como um secretário de estado, como o pai do Peter Shilton.
Ou, mesmo, a mãe do Peter Crouch.

Faltava só isto (it only lacked this)

The translation for english must have been done for a british gnomo, therefore.

Spouts of besugo

The English are, surely, the people ugliest of the world. E one of that if it washes little.

However, that english of snout almost so enjoadinho as of the Peter Crouch and of the Vasco Brave Pulido, one that was to dribble itself for inside of the tenth seventh beer overturned after the small lunch and that projecto assexuado of portuguese journalist was interviewed by that one (that had, already now, to be condemned to lick escroto of the Thin Luis during eighteen months, and the corpse of the Andy “Varole” during the entire eternity, because what it must have done was to escacar the microphone whole number, with wires and everything, for the cornos below of that one merdosa sample of súbdito of that one monarchy where it only has ugly dudes to marry prostitutes or, but that is in before, chulos without beiças to marry gajas ugly, and where, however it may be, all people if dresses as if was for entering in one caixola of “concrete of fruits”, somebody remembers this excrement of the “concrete ones”? it was berrante, was not? ai was aberrant, therefore, also it was this), that English, son of great puta full of esmegma in the nails and of a relieved camionista, these, what if entreteve to sing, before the chambers of that Portuguese television that lowered it the pants, with voice of panilas, - yes, that the English with voice of panilas are panilas with more irritating voice of panilas and more panilas that has, over all of the South Pole for top -, this English, ugly imbecile and surrão, that it chose to drink a toast with estribilho “vocês do not pass of a small Spanish city! ”, this monturo British, this face of cu to the civilian who already have-of having been enrabado and completely ragged for cinquenta and six co-adepts its, are the Turks, and this only since that the world-wide one started, this son of a cow and a castrated ferret and a shirt of vénus route, looks at, said ragged and route, this go well, this English excrement yoghurt, said I, therefore, I had to be able to be contracted to pass with me five minutes, were enough five minutes to me, in a small farm from where the son of a mare and a leper could not run away, but where he could singwill what it apetecesse to it, evidently, while it cuspinhava the rotten teeth that I would break to it, in the dot, á murraça. But this, sincerely, in the dot, and to say to it “goes to enjoy with the goat of your mother and asks to it, already now, who is your father and if it does not have, by chance, house in Abambres”.

Already to follow, the version in english “by google”.

But, before this, this:
I have penalty that the Maradona has not marked that one golo to the English surrões that had been in Mexico, in 1986, with the colhões, in place of being with the hand. That, was with the colhões. It was with… soon, already it said with what it was, that with that that ball must have entered in the beacon of the “pevidosos of the I say”, I I know, soon, forgive, I do not come back to say, is one asneirola thick, I do not say more.

It was with the colhões!

I ask for excuse to the lolita for sotaque, to the scarce blogosfera that still gutter to read for manifest the intellectual poverty that, and to the JPP for the clamorous lack of digestion of the information that I disclose here. I know that the life is other things, as, for example, to walk to photograph other dudes to work.

A tradução para inglês deve ter sido feita por um gnomo britânico, pois.

Consanguinidade e delinquência: breves notas

Um príncipe italiano envolvido numa rede de prostituição é notícia, mais notícia do que se tratasse de um ex-presidente da República italiano, sobretudo se se chamasse Silvio Berlusconi.
A questão reside em saber se tal facto é notícia pela linhagem ou, simplesmente, pela anacronia. Isto se se tiver em conta que apenas há duzentos anos atrás qualquer monarca europeu possuía, com maior ou menor recato, o seu concubinato exclusivo, regalia que lhe advinha, sem que tivesse que mover uma palha que fosse, pelo simples exercício de funções. Mas os regimes republicanos vieram extinguir essa e outras regalias ad exhibendum, deixando os herdeiros sem trono ou glória e forçando-os, como qualquer súbdito comum, a fazer pela vida para manter o life-style, ainda que isso implique vender as pratas ou o prestígio nepotista. O Victor Emannuel de Sabóia não é, no fundo, mais desviante do que os seus antepassados na linha recta ou colateral, incluindo os Habsburgo, os Orange, os Bragança, os Winsor ou mesmo os Grandes de España (pense-se na inenarrável duquesa de Alba) ou, note-se, do que a Estefânia do Mónaco a coleccionar domadores de leões ou croupiers de casino. Aliás, ay que decirlo, em geral eles são todos mal azambrados.

20.6.06

Esguichos de besugo

Os ingleses são, seguramente, o povo mais feio do mundo. E um dos que se lava menos.

Contudo, aquele inglês de focinho quase tão enjoadinho como o do Peter Crouch e o do Vasco Pulido Valente, um que estava a babar-se para dentro da décima sétima cerveja emborcada depois do pequeno almoço e que foi entrevistado por aquele projecto assexuado de jornalista português (que devia, já agora, ser condenado a lamber o escroto do Luís Delgado durante dezoito meses, e o cadáver do Andy "Varole" durante a eternidade toda, porque o que ele devia ter feito era escacar o microfone inteiro, com fios e tudo, pelos cornos abaixo daquela amostra merdosa de súbdito daquela monarquia encardida em que só há gajos feios a casar com rameiras ou, mas isto é em antes, chulos sem beiças a casar com gajas feias, e onde, seja como for, toda a gente se veste como se fosse para entrar numa caixola de "concretos de frutas", alguém se lembra desta merda dos "concretos"? era berrante, não era? ai era aberrante, pois, também era isso), aquele inglês, filho duma grande puta cheia de esmegma nas unhas e dum camionista rendido, esse, o que se entreteve a cantar, perante as câmaras daquela televisão portuguesa que lhe baixou as calças à triste figura de rafeiro magro, com voz de panilas, - sim, que os ingleses com voz de panilas são os panilas com voz de panilas mais irritantes e mais panilas que há, sobretudo do pólo sul para cima -, esse imbecil inglês, feio e surrão, que escolheu brindar-nos com o estribilho "vocês não passam duma pequena cidade espanhola!", esse monturo britânico, esse cara de cu à paisana que já há-de ter sido enrabado e completamente roto por cinquenta e seis co-adeptos seus, fora os turcos, e isto apenas desde que começou o mundial, esse filho duma vaca e dum furão capado e duma camisa de vénus rota, olha, disse roto e rota, isto vai bem, esse iogurte de merda inglesa, dizia eu, portanto, devia poder ser contratado para passar comigo cinco minutos, bastavam-me cinco minutos, num sítio donde o filho duma égua e dum leproso não pudesse fugir, mas onde pudesse cantar à vontade o que lhe apetecesse, evidentemente, enquanto cuspinhava os dentes podres que eu lhe quebraria, na pinta, à murraça. Mas isto, sinceramente, na pinta, palavra de honra, à murraça e a dizer-lhe "vai gozar com a cabra da tua mãe e pergunta-lhe, já agora, quem é o teu pai e se não tem, por um acaso, casa em Abambres!"

Já a seguir, a versão em inglês "by google".

Mas, antes disso, isto: tenho pena que o Maradona não tenha marcado aquele golo aos surrões ingleses que estiveram no México, em 1986, com os colhões, em lugar de ser com a mão. Aquilo, era com os colhões. Era com os... pronto, já disse com o que era, já disse aquilo com que aquela bola devia ter sido empurrada para a baliza dos "pevidosos do I say...", está muito bem, perfeitamente, desculpem, não volto a dizer, é uma asneirola grossa, não digo mais.

Era com os colhões!

Peço desculpa à lolita pelo sotaque, à blogosfera escassa que ainda calha ler-nos pela indigência intelectual que manifesto, e ao JPP pela gritante falta de digestão da informação que aqui revelo.
Eu sei que a vida são outras coisas, como, por exemplo, andar a fotografar outros gajos a trabalhar.

Nota: a segunda linha foi revista; é mesmo "enjoadinho" que eu queria ter escrito.

19.6.06

A deriva erudita

Uma das dimensões curiosas da época futebolística em curso consiste no apego que algumas elites intelectuais mostram ter ao seu estatuto esférico-independente. Tanto que, no processo de auto-exclusão do fenómeno, se chega a fingir que existe mais devoção popular às vitórias da selecção do que a que efectivamente existe.

18.6.06

A República Checa

Eu gosto muito da República Checa, embora o penteado do Nedved já me irrite: o homem já não tem idade para aquelas repas ruças "acachapadas".
Posto isto, que é que aconteceu à República Checa?
1 - Aconteceu que levou só dois pontas de lança e agora estão os dois aleijados - o que jogou hoje, aquele camionista adaptado, é um cepo com olhos.
2- Aconteceu que mamou um golo logo a abrir e abanou. Aganou.
3 - Aconteceu que o Gana perdeu com a Itália e os checos pensaram "ah! estes cromos perderam com os italianos, portanto pfffff", mas perder com a Itália acontece a toda a gente, é fácil, os tipos não jogam, andam ali apenas para lixar os outros: atenção, se for o Brasil a ser lixado por eles eu gosto, mas isso é uma cisma minha.
4 - Aconteceu que, agora, um penalty dá - quase sempre - expulsão. Isto é o problema do amaricamento global da bola. Coisa de "prrrriiiips". E lá ficou a República Checa a jogar com nove, contra doze; sim, que o ponta-de-lança checo parecia o Schevchenko no jogo contra a Espanha: um defesa central adversário e, nesse particular, especialmente eficaz.
5 - Aconteceu que, postas as coisas nestes preparos, a República Checa podia ter levado seis ou sete batatas "sem saber ler nem escrever" e ia ficar com cara de "Sérvia Piorada".
6 - Aconteceu que a República Checa, com isto tudo, acabou por só levar dois tubérculos. E, se o Baros recuperar e Deus estiver para aí virado, a República Checa ainda há-de mandar os "tiffosi" fazer o seu "tifo" em casa deles, deixando por terras alemãs quem sabe jogar à bola, ou seja, o título deste escrito (a República Checa) e os ganeses.
7 - Por hoje era só.

Falar de Portugal não é preciso. Basta ler no Mar Salgado, está lá tudo repenicadinho.

O caso do pasto

Estive entretido a deambular pelos fora da Marca e da Eurosport. Sobre o Mundial. Andei a ler.
É engraçado como esses locais de desabafo são parecidos em toda a parte.
No da Marca, então, há uma "globalização" de tarados que mete impressão.

Começou por se discutir lá futebol, nas várias vertentes. Não que isso seja muito interessante, eu sei, mas analisar Almodôvar também pode ser uma seca do caraças. Depois da vitória da Espanha sobre a Ucrânia, saltaram os "tugas" de lá a bradar alto "campeones". A seguir, vieram os catalães e os argentinos, picar os castelhanos. Mais meia dúzia de galegos e asturianos, que eu já vi uma vez um tipo a berrar que não era espanhol, que era asturiano. Apareceram os italianos, que esta raça de Perrottas aparece sempre a guinchar (embora devam estar de orelha mais murcha, hoje). Pelo meio, foram surgindo os imbecis sem pátria, sem motivo, sem nada que não seja uma mona lisa por dentro e um teclado nas unhas. Nas últimas três páginas daquilo, escorre apenas a insanidade dos pobres de espírito, a "boca", o "chiste". Por vezes fede por lá aquilo que algumas pessoas pouco dotadas chamam "non sense", mas que é apenas o disparate grátis dos tontos pintado de "souplesse".

Agora, os primeiros participantes pedem moderação. Parece que sim, que vai haver um moderador.
Acho bem: sinto muita ternura por um espanhol qualquer que escreveu que Portugal é uma grande equipa. Este tipo deve continuar a poder escrever sem ser chateado por independentistas, tontos murchos, lunáticos, brigadistas do "kapa" e pibes foleiros.

Os outros, os imbecis sem nada, ainda gozam, enquanto podem (depois vão ter de ir avacalhar para outro sítio, e isso não tem mal nenhum, sempre se avacalhou bastante bem onde há vacas e pasto, sobretudo pasto).

É engraçado, isto. Não sei se os blogues não são um bocadinho assim, sobretudo quando vivem do que lhes chega de fora.
Eu disso não sei nada. Ou não quero saber.

16.6.06

Dezassete segundos

No sábado que vem, um electricista encontrou um historiador num centro comercial e perguntou-lhe as horas.
O historiador respondeu-lhe que era uma hora e um quarto, que ainda ia comprar umas coisas na FNAC, que depois ia almoçar qualquer coisa simples e frugal, a seguir escrever duas coisas complicadas num blog (mas boas, mesmo boas) e, por fim, ler sete livros. E, já agora o electricista que se compenetrasse bem disso, que não ia ver o futebol, de maneira nenhuma.

O electricista agradeceu e disse-lhe que havia televisões no centro comercial, que espreitasse.
O historiador enervou-se:
- "Ó senhor: eu só estou aqui porque precisei de vir à FNAC e, já agora, vou aproveitar para me alimentar! Eu não gosto de centros comerciais, não gosto de futebol, tenha juízo!".

O electricista acabou por confessar ao historiador que, embora gostasse muito de electricidade, afinal era, apenas, médico; mas que não estava de serviço e que "muito obrigado pelas horas".

O historiador perorou, dezoito minutos depois, já em frente da sopa de nabos e da sandes de manteiga de alho, contra todos os imbecis deste mundo.
Toda a gente o escutou, porque o historiador falara alto, mesmo mais alto que a televisão do "comedoiro".
Mas o Irão estava ao ataque. De maneira que toda a gente, ali, pensou que o historiador era um dos deles. "Um dos nossos". E que apenas se indignara assim devido aos muçulmanos da bola que estavam na pantalha, como doidos, contra "nós todos". De tal maneira pensaram assim que, quando Meira desfez a jogada de perigo dos iranianos, atrasando para Ricardo Carvalho, toda a gente rodeou o historiador, sorrindo, sugerindo-lhe calma e que "vamos ganhar isto, senhor doutor!".

O historiador, assim acarinhado, sentiu que suava um bocadinho. Mas, curiosamente, lentidões inexplicáveis dos suores estranhos, só dezassete segundos depois lhe veio à ideia que, em suando assim, teria de pagar a conta e recolher ao lar, a fim de se lavar daquilo.

Foram dezassete segundos que acabaram por o fazer sorrir, contudo. Durante o banho.
Mas não foi por ter enganado o electricista nas horas: sim, que o jogo do próximo sábado foi às duas horas, não à uma e trinta e três. Foi doutra coisa qualquer.

15.6.06

Não, a sério, há aqui polidez.

A saga continua



"Eu não pude estar na conferência de imprensa com os outros todos, mas também quero deixar aqui bem claro que, em Portugal, só jogo no Benfica!"
(Mónica Sofia, profissional de SMS e MMS, gestora e gestante)

Assim, sim!

(Se é pitosga, carregue no "coiso" com o botão esquerdo do rato, que o "coiso" fica ampliado; se não sabe ler, acho que não adianta...)

Já não bastava isto:
D'Alessandro: «Quero o Benfica!»
Miccoli: «Prioridade ao Benfica!»

Agora, acabei de ler "O Lampas" e, definitivamente rendido ao futuro esplendor da equipa de Carnide, já telefonei ao Luís Filipe Vieira, a tentar adquirir um kit.
Mãos livres, claro.

O mundial e os figOrinos

Esta é uma admirável crónica de um jogo de futebol. E feminina, claro; acho que não há nenhuma mulher que consiga ver um jogo sem se deter nestes pormenores do show-biz (eu, pelo menos, não consigo). Sobre os calções (demasiado) compridos do Figo, lembrei-me imediatamente dos calções (demasiado) curtos - verdadeiros shorts - que se usavam, por exemplo, no mundial de 1982. Hoje também não há patilhas nem bigodes farfalhudos. Ambos deram lugar às trancinhas e aos piercings (o que explica, julgo eu, Isabela, os pensos rápidos) e às trancinhas, na fashion futebolística.

14.6.06

Vou dar as coordenadas da Suíça a um tsunami especial

A França empatou com a Suíça, mas isso é normal. Quem é que se pode gabar de nunca ter empatado com a Suíça?
A Suíça é um país que foi criado especialmente para isso, para empatar. É o melhor que conseguem, mesmo no ténis. Empatar. Aliás, é evidente que um tipo que se chama Federer está talhado para a desgraça do "empaticídio". A Martina Hingis não é para aqui chamada, porque teve problemas e não se trata dum suíço, trata-se duma suíça.
Coisa mais de barbearias.

Guillermo Villas e Ivan Lendl ainda privaram com princesas.
Está bem, eu sei, isso de privar com a realeza até o Alain Prost, que tinha o nariz torto (acho que ainda tem, aliás), privou.
McEnroe foi o que se sabe, aquilo da Brooke.
Borg, o sueco bexigoso à Fittipaldi, privou mais com a terra batida e deve ter sido o tipo que mais enervou o americano de Detroit, e a mim basta-me isso para imaginar que Bjorn Borg partilhou almôndegas e tâmaras com a monarquia feminina toda, do Dubai para cima.
Agassi, que deve a Deus a enorme benesse de lhe ter fornecido genes para uma alopécia precoce - miraculosa e estética tosquia divina -, ficará eternamemente ligado às coxas tendinosas da Steffi, mesmo que se arme em parvo, a partir de agora, e desate a sonhar com fivesomes que envolvam as manas Williams, a Mary Pierce, a Mauresmo e o Parreira. OK, pronto, um sixsome. Um gang-bang.

E o Federer? O Federer é uma espécie de Pete Sampras, mas em mais parvo e em menos "olha, está ali o meu irmão mais velho!", sim, que o Sampras, mesmo em mais novo, tem aquele aspecto de irmão mais velho de toda a gente e, ao menos, nunca perderia com um gajo como o Nadal, que nem calções usa, parece um espantalho feromónico indumentado de corsários e sapatilhame, lembra uma mistura de Alejandro Sanz e Joaquín Cortez com uma raquete na manápula esquerda, sem a Shakira e sem as botas de vaqueiro, enerva-me, este tipo. Aliás, este tipo há-de enervar mais gente e por motivos parecidos.

Mas o Federer enerva-me mais. Nem sequer é bem um Sampras. Há ali qualquer coisa de Clay Regazzonni, uma coisa qualquer que deprime e que diverte. É qualquer expressão que ele tem no focinho, mesmo sem bigode.

A mim até o Chapuisat me enervava, pronto. Eu não gosto nada da Suíça, quanto mais de suíços.

Do Hugo Viana nem vale a pena falar

Gostei do Brasil. Parece-me capaz de ir longe, desde que jogue com onze. Para isso basta sair o anafado e entrar outro qualquer, até pode ser o Luisão. Isto é verdade, eu estive a ver, ganharam à Croácia porque calhou assim, mais nada. E porque têm um jogador que não parece brasileiro, como Sócrates, Garrincha, Zico e Pelé não pareciam: Pelé parecia, aliás, nigeriano.
Refiro-me ao irritante, calmo, compensado e talentoso Kaká.

Tem sete jogadores a sério, o Brasil: Roberto Carlos (apesar do nome), Emerson, Kaká (apesar do nome), Cafú (apesar da idade), Lúcio (apesar da focinheira), Ronaldinho (apesar de tudo) e Dida (sem apesar nenhum).

O melhor de todos, o que eu queria no Sporting, era o Kaká, mas teria de mudar de "nick", kaká é panilas.

Das equipas que lá estão, só Portugal tem mais jogadores a sério que o Brasil. O problema é se Ricardo, Ricardo Carvalho, Costinha, Meira, Maniche, Figo, Cristiano, Paulo Ferreira, Nuno Valente, Tiago, Miguel, Pauleta, Petit, Simão, Postiga, Nuno Gomes, Boa Morte e Deco (entre os que faltam) vão conseguir engatar vários jogos, serem jogadores a sério todos ao mesmo tempo e nas alturas exactas.

O resto é treta.

Os iranianos podem fazer estragos, eu sei, mas isso é porque são um povo predisposto para a asneira e para os estragos fora do tempo e do lugar, mais nada. Nada que se não controle num dia normal de bola.
Os mexicanos, coitados, nem isso. Basta pensar que, se não estivessem eles no Mundial, ainda tínhamos de aturar as Honduras, ou assim, para sentirmos alguma ternura - e bastante pena - por esta equipa agitanada, que é cabeça de série por critérios de validade aproximados dos que constituem os EUA na quinta equipa do ranking da FIFA.

Aliás, o ranking da FIFA, hoje em dia, é menos fidedigno (e menos digno) que o "Guiness Book of Records" ("livro das gravações à base de cerveja", em tradução praticamente livre).

O problema dos problemas

O meu tio Zé Roque já morreu. De doença.
Era professor. Por acaso era.

Está enterrado na Póvoa e, se Deus fosse justo e não nos fizesse diminuir em todas as nossas dimensões quando nos chama a contas, ocuparia - e à rasquinha - duas campas rasas.
Assim, ocupa só uma.
É onde está.

Gostava de saber quantos casais de pais, de mães, de alternativas à progenitura e à encarregadoria de educação, quantas pessoas, no fundo, teriam de juntar-se para lhe conseguir bater. Desde que ele decidissse defender-se, claro; mas ele defender-se-ia, ia ser um problema do caraças.

Ia acabar por meter orfãozinhos e tudo, vinha a polícia, o ministério público e o privado, vinha aí um vinte-cinco-de-abril de tal intensidade que eu só tenho pena que o Dupont já aqui não ande para sorrir disto comigo, que ele conheceu-o.

13.6.06

Normas gerais para a escolaridade obrigatória

- Não se bate num professor.
- Ah!, mas eles abusam, eles faltam muito!
- Mas não se bate num professor.
- Mas eles não se aplicam, há muitos que são incompetentes!
- Não se bate num professor.
- Estás a irritar-me! Dos meus filhos, da sua educação, eu é que sei!
- Ainda bem que sabes dos teus filhos. E num tipo irritado bate-se bastante bem. Ora irrita-te mais a ver se me dás vontade.
- Mas o meu filho não aprende nada! Eles faltam muito, os professores!
- Não se bate num professor.
- E num médico? Bate-se? Tu és médico, há gente que bate em médicos! Que dizes a isto?
- Não se bate num professor.
- Fazes-me rir! E num médico, bate-se?
- Sempre se bateu. Não sabias? É bastante fácil bater num médico. Quase tanto como num professor.
- Vá, diz, agora lixei-te!! Diz! Num médico bate-se?
- Não lixaste nada. Não se devia bater em médicos, nem em ninguém. Mas não se bate num professor.
- Não se pode conversar contigo quando estás enervado ao ponto de não colocares pontos de exclamação nas tuas frases!
- É quando sou mais perigoso. Se fosse a ti calava-me já, antes que me dê vontade de te partir a boca toda, e ia beber um balde de caca. Vai beber um balde de caca, a sério. Para atestares isso bem, até à testa - atestares, repara, é mesmo isso, é preencheres o que já te falta no depósito de caca, por evaporação e por solidificação, até essa testa que eu vejo daqui e que não passa do topo do teu excrementário recipiente - e para o dia de amanhã te render o costume.

Suspeito do Quaresma, mas pouco.

Desejo ao sacana (ou ao grupo de sacanas) que me escacou o vidro posterior esquerdo da carrinha, à pedrada (sei que foi à pedrada porque a pedra, a própria pedra, se encontrava, já novamente inanimada, no interior da viatura), uma vida plena de dissabores, uma existência prenhe de longas encrencas, de impagáveis dívidas, de distúrbios gastro-intestinais flutuantes entre a profunda e dolorosa obstipação e a humilhante caganeira e, fundamentalmente, uma vida desprovida de qualquer agradabilidade.

Mais informo que devolverei o calhau a quem provar pertencer-lhe, ou, em alternativa, a quem vier gozar comigo por causa disto. Neste último caso poderei não estar a devolvê-lo, mas do mal o menos.

Não há cá felácios...

Partindo do princípio que Figo, Simão e Ronaldo são os três pontas já utilizados (e que todos conseguem fazer, ainda por cima, de "interiores" ou, mesmo, de "número dez"- Figo fez isso contra Angola, e muito bem), e assumindo que Deco vai entrar e remeter dois dos três que eu disse para as pontas ou para o velhinho lugar de "interiores" (e o outro para o banco), assumindo ele, Deco, o "dez", penso que quem afirmou que levava o Quaresma em lugar de meninas, ao Mundial se estava a referir - por exclusão de partes - ao Boa Morte.
Ora isto parece-me perigoso, sobretudo se quem lhe chamou isso decidir enfrentar o temperamental ex-sportinguista do Fulham de chuteiras calçadas em campo aberto...

Parece-me que apenas resta o Cristiano para safar semelhante e bacoca tese, mas apontar o dedinho ao madeirense seria sempre uma saída de sendeiro e talhada, mais jogo menos jogo, ao insucesso.
A menos que os orixás e a cachaça valham mais que Santa Teresinha, Cristiano também jogará bem, um dia destes. Nem que seja a ponta-de-lança, que é o que ele vai acabar por ser; se não acreditam, aguardem mais dois ou três anos a escutar Wagner.

Bumerangues

Posto isto, gostei bastante da vitória da Austrália. Sobretudo por ter sido contra o Japão, que é o país que, juntamente com a Coreia do Sul, tem mais jogadores ruivos. Isso irrita-me, claro, sobretudo se somos forçados a admitir que continuam a deter esse record de "ruiveza" mesmo num jogo contra a Austrália. Penso que o manteriam mesmo que jogassem contra a Irlanda do Norte, ou contra o Varzim.

Os australianos têm o Kewell, que é um verdadeiro predestinado para a inoperância introspectiva e que, por isso, me provoca espasmos esofágicos, mas também têm um tipo que se chama Aloisi, que é um boi potente, uma espécie de Evandro do Rio Ave em mais novo, e um outro chamado Cahill, que tem um descomplicador dentro da caixa córnea, tipo "Nedved em tosco", e ainda outro, chamado Viduka - esse mesmo, o do Boro - que gosta de fingir que é velho e que já mal se arrasta, enquanto mantém dois defesas adversários colados a ele, em permanência preventiva que liberta os outros de apertos suplementares.

No grupo em questão, que inclui - também - os panilas da bola (os brasileiros), digo-vos já: sou "socceroo". Ou lá o que é que eles dizem que são, "também".

o problema do Wagner sem ser o Tiso

Hoje ouvi de tudo.

Há pessoas engraçadas, tão pataratas que conseguem estar pela Itália num jogo contra o Ghana, sem serem italianos ou vítimas de agressão por um bando de pretos. O segundo golo dos italianos, marcado por aquele tipo abominável de nariz comprido, que joga na hedionda Udinese, desencadeou tanta risota (e tanta tossiqueira asmatico-andradiana) pela sala que lá acabei por ter de me lembrar daquele clube que tem um nome giro, o Artemédia, o que empandeirou os Luchos.

Fiquei a saber que há pessoas que querem que a selecção ganhe (embora estejam sempre de dedinho em riste para apontar as razões que, mais tarde ou mais cedo - como são muitas as razões que apontam com o dedinho, lá acabarão por acertar em algumas - hão-de levá-la à derrota), mas que pretendem que a selecção faça isso, essa coisa de ganhar, maravilhando-as.

Se a selecção ganhar, em não as maravilhando, essas pessoas ficam logo um bocadinho chochas e aborrecidas. É uma coisa que já não lhes dá muito gozo. Esta fatia do eleitorado quer sempre que a mesma boquinha, sinultaneamente, lhes passe a pano o escroto e o falo. Ora, isto, só certas boquinhas conseguem. Boquinhas grandes. A menos que aquilo que se lá mete seja tudo muito pequenino, enfim, eu nem sei mais que vos diga, pronto.

Eu entendo-as.
As pessoas sentam-se a ver um jogo da selecção como quem se escarranchasse na poltrona, ou na espreguiçadeira, para escutar Brahms. Eu digo já que, de Wagner, não gosto. Wagner era um gozão de toscos espantados e nunca fez nada de jeito. As pessoas que gostam muito de Wagner são chalupas e aguardarão o juízo final de pantufas, com rolos no cabelo e algaliadas com sondas grossas pela uretra acima.

Pronto.

Portanto, toca o hino, toca Brahms, e essas pessoas lembram-se de coisas que "também". Divergem logo. O pensamento foge-lhes. Escapa-se-lhes. O corpo não, que é pesadote. Não há nada mais engraçado do que observar uma pessoa que raciocina em termos de "também", sobretudo se esperamos o suficiente para essa pessoa se alevantar da poltrona do seu raciocínio para "também" ir cagar.

Mas um jogo é um jogo. A maravilha dum jogo é ser um bocadinho aleatório e não ser assim uma coisa muito importante mas que, mesmo assim, nos empolga. Chama-se a isso "estar por alguém" ou "por alguma coisa". Não é estar pela verdade contra a mentira, pela sodomia selvagem contra a vaselinagem anal profiláctica, pelo sistema de quotas (cotas?) contra o espancamento público de Paulo Portas por doze eunucos. Eu, nisso, defeco.

Não é nada disso. É escolher por quem se está e, depois, estar. O contrário disto remete-nos para aquele tipo de população planetária que, perante os quartos traseiros da Sharon Stone, desata a cismar que a nádega esquerda da senhora é um bocadinho "não sei o quê e, também, não sei que mais".

Eu, quando oiço Brahms (que fabuloso compasso ternário, hem?), não o escuto contra ninguém, nem a favor de ninguém. Eu sei que só tenho acesso a gravações, que aquilo já está tocado, que saiu perfeito, que não há ali qualquer adversário.

Não há o caraças: há o Wagner.
E enquanto Wagner não for completamente apagado da memória de pessoas decentes é necessário mantermos bastante concentração competitiva.

Eu aconselho, a quem afirma que se quer maravilhar com a selecção nacional, umas férias no Egipto, a ver as pirâmides. Ou uma noite no motel Havai, sozinho, com um livro de muitas folhas para ler.

Desculpa isto tudo, lolita, faz de conta que eu tinha um blogue que fosse só meu, pronto.
Eu não torno.

12.6.06

Cumprir

Boa estreia.

8.6.06

Prensas

Ainda está lá, no armazém grande, embora já se não faça lá vinho nenhum há quase vinte anos. Coisas do velho Douro e do novo.

A prensa é um espartilho de tábuas, que se aperta em torno daquilo que se quer espremer, para sair sumo. É uma espécie de compressor arcaico. Faz-se isso com as uvas. Ou fazia-se.

O meu falecido avô gabava-se (com proveito e com verdade, diga-se) de conseguir, depois de vários homens fortes desistirem, dizendo "ó senhor Custódio, já está, já não aperta mais!", dar mais uma volta à prensa. Dava sempre mais uma volta à prensa.

Era seco e muito forte, o meu avô; andou às sacas de café no Brasil e temos fotografias antigas em que ele aparecia seco, magro e alto, todo inteiro, elevando cinquenta quilos de café em cada mão, ambas as mãos bem ao lado da cabeça, longe dela.

Um dia, eu isto sei, porque ele contava, o meu pai viu, e conta muita gente, um dia ele apertou tanto que um "gato" saltou. Um "gato" é uma coisa de ferro que funciona como uma espécie de colchete dum espartilho. Só que pesa mais de um quilo, cada um. E é de ferro, em espartilho de tanoeiro.

O "gato" saltou e acertou-lhe na mão, com a violência das coisas tensas, fazendo-lhe uma ferida funda que ele desinfectou com o fogo dum cigarro. Conta quem viu que cheirava a carne grelhada em todos os lagares, quando ele fez isso. E que nem um ui lhe saiu da garganta, pelo menos que nos lagares se ouvisse.

A prensa era um excelente utensílio e é, ainda hoje, um excelente lugar comum para aplicarmos às coisas quase todas da vida.

Continua, a prensa, a ser um apetrecho que não se pode apertar demais.
E eu, para acabar, confesso que suporto mal que me metam em prensas. Eu não dou vinho nenhum, muito menos generoso. Dou outras coisas, penso eu. Contudo, muito prensado, nem isso gotejo.

Parabéns, miúdo, E tu sabes que é contigo.

6.6.06

Elmos

É estranho.

Como é que se diz a um homem, que conta connosco para o tratarmos dum cancro, que também temos, agora, de o tratar duma retrovirose? Aquilo do coiso, do... isso.

Diz-se. Tem de se dizer.
Fez-me lembrar aquela cena dos bombeiros e do contra-fogo, não sei se estão a par da técnica, mas consiste numa espécie de conflito de terras queimadas que, momentaneamente, se anulam na falta de restolho. E o contra-fogo pacifica o fogo, temporariamente.

Somam-se? Pois, depois, eu sei que depois se potenciam, sim.
Até porque o restolho é demasiado perene para planificações baseadas no seu esgotamento. Seu, do restolho.

Mas eu gostava de ter um capacete dourado muito brilhante que me ensinasse tudo, de maneira que ficasse a saber tanto de tudo como os senhores já sabem, mesmo sem capacete nenhum.

5.6.06

Assim de repente

- Tu és funcionário público?
- Não. Sou assalariado precário duma multinacional e, em consequência disso tudo, produzo imenso e não sou laxo.
- Boa! Eu pedia-te um autógrafo mas tu não deves ter tempo agora... Tenho é aqui um laxante, queres?

Conselho de certas e determinadas pessoas a besugo

besug: tu n prcebs nadix de musik nim d nadex. Per ice kalat.

Agora vamos tirar lerbles.

Bjs.
Kátia, Serge, Bània e Manuel Francisco Sanches de Noronha e Gaio (vulgo, o Noras).



Rcbi ist pr e-mail, tá bu. És.

4.6.06

Conselhos de besugo a certas e determinadas pessoas

Escutei os concertos do Roger Waters e do Santana. Agora está a dar o Sting. Este tem dias, mas pronto, escuta-se.

Agora vós, Sepultura, "Spekelipeknokpete" - este ano estivestes aí, malta?, sim, estivestes?, ai sim?, ai não?, ai que bem! - , aqueles outros, os do gajo gordéfias com os braçalhões flácidos, mas sem ser o Meat Loaf, outros cocós assim: ide mas é fazer-vos empalar por um gnomo murcho até ele atingir plena satisfação seiscentas e sessenta e seis vezes dentro do vosso organismo.

Insisto nas aspas.

Eu li, com muita atenção, tudo o que está escrito aqui. E concluo, antes de mais, que devo agradecer ao besugo o esclarecimento adicional sobre as características mais marcantes do perfil sociológico do funcionário: o voyerismo.

Porquê? Eu explico.

Não está ali uma linha sequer em que se contradiga a indolência, a prepotência, a burocracia ou a incapacidade de reacção tão típicas dos funcionários. O que me permite concluir, socorrendo-me das regras do direito processual, que estão confessados os factos in totum. In totum, viste? Num processo judicial, besugo, estarias próximo de uma condenação, caso fosses réu; ou de uma absolvição do pedido, se fosse eu a vítima das tuas investidas judiciais para desagravo do funcionalismo público.

Porque não tem como negar que a infinitude do emprego público promove o laxismo, que o laxismo gera ineficiência, que a ineficiência redunda em burocracia, que a burocracia gera ineficiência, que a falta de estímulo gera estagnação e que tudo isto, à molhada, gera a tal prepotênciazeca de chefe de repartição, o besugo decidiu fazer notar que não é só no funcionalismo público que isto se passa assim. Pois bem, é verdade. Não é só. Não é só, mas é também. Mas, mais do que também, besugo, é sobretudo.

Donde decorre o tal voyerismo. O funcionário público observa o resto do mundo como se não fizesse parte dele. E, instalado no mundo do papel inútil de que o cidadão comum é refém, acredita que é lá fora, no seio do capitalismo selvagem, que se prevarica. Pasma sempre que se capacita que, lá fora, as regras são diferentes e que, por exemplo, não há empregos eternos nem chefes promovidos por decurso do tempo.

Uma última nota sobre estímulos negativos, que acredito serem, no mínimo, tão eficazes como os positivos. Pelo menos nos casos mais graves, daqueles a quem nunca se explicou que é pago para trabalhar e não para deixar passar o horário do expediente.

Tenta outra vez, besugo. Eu disse-te: prova-me de uma vez que não há laxismo na função pública e eu fico aqui caladinha a ouvir o Éstingue no Róquinriú.

Para saborear o Domingo até ao fim



Los Panchos com "Lo dudo"

N.B. Quanto a ti, precariofóbico besugo, logo falamos.

Tirem-me as aspas, sim?

1 - A indolência

A lolita crê ser a precaridade a mãe de todas as virtudes. "Diz-me se estás em situação precária, dir-te-ei se tendes - ou não - para a indolência".
Curiosamente, não se refere a incentivos à competência. Prefere engraçar com os "incentivos por precaridade".
A lolita, pelos vistos, admira os egípcios e os chineses, que conceberam as pirâmides e a grande muralha – em sítios diferentes - com base na mão de obra escrava. A escravidão encerra, em si, a maior precaridade que há.
A lolita é, portanto, uma egípcia. Uma chinesa de casta. Uma negreira dos tempos modernos.

2 - A prepotência

Há gente assim, prepotente. Em todo o lado. Encontra-se muito disso no patronato liberalóide, por exemplo.
No entanto, o que irrita a lolita, é mais aquela coisa do “trabalho eterno”.
Por acaso, o trabalho pode ser irritante só por si. A ideia de “trabalho eterno” motiva-me maior desconsolo, por exemplo, que a ideia de “férias eternas”: isto é certinho.
Mas há gente assim, de facto.
Há os que chegam a um sítio público e encontram pessoas que cuidam ser donas daquilo e de quem lá chega, há os que chegam a um sítio e já vão convencidos que são patrões daquilo e de quem já lá está.
Há gente para tudo.
Mas já se percebeu, logo em 1, que a lolita resolve este problema global com uma coisa que se chama precaridade, que ela implementaria logo que pudesse. Calculo que aplicada às populações prisionais a ideia da “precária” lhe não pareça tão boa, mas isso deve ser outra conversa.

3 – A burocracia

É uma chatice. A burocracia, que mais não é que uma espécie de império dos procedimentos, é uma chatice. A burocracia não facilita. Não serve senão para complicar.
Claro que isto é verdade.
Também é verdade que conheço muitos fanáticos anti-burocracia que, berrando lá no seu coro diário “que é preciso facilitar, pá!”, estão a cantar apenas isto: “ó pá, facilitar as coisas quando é para mim, sempre; quando é para os outros, devagar; isto porque nós queremos, sempre!, que se tenham cumprido as regrinhas todas, sim?, que nós estamos muito atentos, se não, caramba!, saltamos logo a chamar nomes a esses relapsos que facilitam!, que a burocracia é uma das coisas que, para nós, é consoante, é como quase tudo na nossa cabeça!, e não toleramos o laxismo!”.

4 – A natureza humana

Bom, a natureza humana, entendida como aquela carga de contradições - mais ou menos estanques - que a nossa espécie carrega (e faz carregar, em quantidades variáveis, claro está, a cada um dos seus indivíduos), é uma coisa inenarrável.
A natureza humana é aquele conjunto de auto-conceptualizações que, raras vezes, tem mais de “evolutivamente humano” do que de natureza e, em tocando a reunir (quando toca a reunir, a natureza humana desune-se por clãs, já repararam?), passa a ser constituído quase só por natureza, indo o resto, imediatamente, às malvas.

De facto, lolita, a maior parte das pessoas tende a reagir apenas a estímulos externos. Nada de interno e verdadeiramente inovador desabrocha de mentes assim, meramente reactivas.
E, claro está, por definição, a maior fatia destes imbecis encontra-se na função pública: são os funcionários.
É claro. Basta pensarmos: todos os dias se observam grosas de quadros de empresas privadas a passear cismando, pelos hipermercados, carregadinhos de precaridade, a mente fumegando de tamanho fervilhar de ideias férteis para “o país ir para a frente”! Não, a sério, tu estás coberta de razão. Com aspas ou sem aspas, dependendo de darem jeito casaquinhos ou não, os “pavlovianos” são funcionários públicos. Somos nós.
E porquê?
Porque não temos, ainda, precaridade. Em nos fornecendo precaridade, a nós, a estes indolentes, a estes prepotentes, a estes burocratas, a nossa natureza humana melhora logo e o mundo também. É que é logo de esguicho.

Quase te bastava teres escrito só o ponto 1, viste?

3.6.06

Das franjas

Este artigo é interessante.
Não fica clara uma coisa que devia ser cristalina: a elevada média necessária para entrar em Medicina, em Portugal, deve-se, apenas, à escassez de vagas abertas: convém explicar, a quem cuida ser a vida uma coisa mais ou menos trolaró, que não se estipula uma média de entrada para curso nenhum: abrem-se é "x" vagas nas faculdades de Medicina, elas têm procura... e esgotam-se cedo, muito cedo, esgotam-se ainda na franja das "notaças muito altas".

Depois, todos sabemos que em Espanha há desemprego (ou sub-emprego) médico. Mas formam-se lá bons profissionais, tal como cá. É aliciante, portanto, para quem quer ser médico, ir tirar o curso a Espanha. Não para ficar a trabalhar lá, depois (há, neste momento, em Espanha, repito, pouco mercado), mas para regressar a Portugal no fim, já montado no canudo.

Eu não digo, disto, sendo assim, mais que o seguinte: por que não abrem mais vagas cá?
Se o nosso mercado de trabalho vai acabar por absorver estes novos profissionais, quase todos estes portugueses"estrangeirados" (ele, mercado, que, já agora, é obrigado a admitir alguns dos rejeitados do sistema espanhol), caramba, isto parece evidente: não os formar cá é uma perda de tempo, de recursos, de visão estratégica.
E, sobretudo, é bastante parvo.

Ora, ainda bem que não sou só eu...

É que, realmente, por acaso, nem sequer fui eu que escrevi isto. Foi uma senhora que faz lembrar (pelo menos na fotografia publicada no DN) a Tânia, a miúda da novela do "Rodrigues"... e que se chama Ana Sá Lopes.
Muito prazer, minha senhora: eu sou o besugo e digo-lhe desde já que muito bem e que sim, senhora.

Funcionários com aspas

Não resisto a deixar aqui umas notas soltas sobre a mais recente bandeira do besugo - a fulanização do termo funcionário, associado, por tradição de décadas, com o colaborador da causa pública.

Percebo porque é que isso te incomoda, besugo. Mas tu também sabes muito bem daquilo que passo a descrever. Do meu humilde ponto de vista, claro, aquilo a que se poderia chamar "as regras de funcionamento do serviço público":

1. A indolência. O serviço público, por essência, estimula o laxismo. Promove estatutos de impunidade, consequência directa da inexistência de precaridade do emprego. Sabemos que ainda hoje é anseio de muita gente uma colocação num serviço público, com vínculo permanente, que lhe permita respirar de alívio e projectar, para um futuro longínquo, a velhice confortável que gozará com o (parco) pé-de-meia que se amealha num posto sem ambições, mas sólido e seguro.

2. A prepotência. Trabalhar num serviço público suscita, para muita gente, uma inebriante sensação de domínio. O freguês nunca falta; o utente há-de sempre aparecer, a mostrar a sua incontornável dependência. Há quem se faça valer desse pseudo-estatuto dominante para dificultar a pretensão, porque os procedimentos só se engrandecem se forem complexos e demorados. E há quem descaradamente não se incomode em parecer relapso, acavalitado na doce sensação de nunca poder ser incluído num qualquer processo de reestruturação de empresa por diminuição de postos de trabalho. Trabalho público ainda é trabalho eterno.

3. A burocracia. Há burocracia que se instala por si e há quem a recrie. A gestão pública, por força da garantia da legalidade, da imparcialidade, da transparência, enreda-se em rodriguinhos tão infindos que o resultado tanto tarda que perde utilidade.

4. A natureza humana. Há poucas pessoas que agem. Que tomam iniciativas ou suscitam mudanças. A maior parte de nós apenas reage a estímulos externos. Sem estímulos, pouco se reage. Sem o temor, o mais embaraçoso dos estímulos, sossegamos.

Se não for assim, besugo, se lograres demonstrar que nada disto é assim e que tudo não passa, afinal, de preconceito anacrónico e/ou injusto, este teclado calar-se-á para sempre sobre o tema.

Pensa em ti, por exemplo, como... ótente.

Num outro ponto de vista...

Não é só pela (irrecusável) dificuldade em aceder a cargos públicos (ou quaisquer outros que possam ser exercidos por homens, com as vantagens que eles acham estar inerentes). Falemos claro: raras são as mulheres que se interessam por pescas, obras públicas, modernização administrativa, reflorestamento ou negociação dos fundos de coesão, matérias sobre as quais há muitos e sabedores especialistas masculinos. It's a dirty job, but someone has got to do it.

A questão é: haveria mulheres suficientes para preencher as quotas?

Eram nove da noite quando soube, pela TSF, que Cavaco Silva tinha vetado a lei das paridades nos cargos públicos. Poucos minutos depois assistia a uma longa troca de mimos entre duas mães, que só por um fio não acabou em insulto, empenhadas em discutir se a T-shirt a usar na festa de finalistas do 1º ciclo deveria ser branca ou azul.

Sossego

Comento aqui, pode ser, Altino?

Como calculas, não sou versado nas coisas da pedagogia. Julgo possuir senso comum, contudo; nestas e noutras coisas. Mas percebo-te perfeitamente, não creio que seja de bom senso (nem sequer de senso comum) o que aí contaste.

Isso já se fez, em tempos, pelos vistos continua a fazer-se. Consistia o caso, no meu tempo - e se calhar no teu - no seguinte: o professor saía um bocadinho e escolhia um dos alunos para ficar a "tomar conta". Esse desgraçado ia para o quadro preto e ficava ali, em pé, a servir de troça aos outros. Quando se enervava (acabava sempre por destrambelhar), anotava um nome a giz, no quadro, depois outro, e ia pondo "pês"(de "pior") à frente do nome dos tipos que o enervavam mais. Quando o professor chegava, o que tivesse mais "pês" à frente do nome levava, geralmente, no focinho. E o "guardador" no focinho levava, depois, lá fora.

Estive dos dois lados da coisa, sei do que falo. É a vida.
Agora, pelos vistos, é com relatórios.

Anda tudo muito complicado. Toda a gente tem medo de toda a gente. Não se pode educar ninguém com medo. Nada se faz, aliás, com medo: nem educar, nem ser educado. Não se faz nada. Faz-se, mas não se faz bem.

Eu mantenho tudo o que disse. Nada do que disse te contraria. Em nada do que disseste me contrariaste.

Os meus filhos andam (e vão continuar a andar) numa escola pública. Julgo-os, apesar disso, normais e equilibrados.
Continuo a acreditar que é melhor tentarmos reparar as coisas do que deitá-las logo fora, destroçá-las, ao primeiro sinal de mau funcionamento ou de ferrugem. Se quero ir a Mérida (isto é para tu te rires e fazeres, se quiseres, um trocadilho) não é por estar o trânsito entupido nos acessos, logo no dia em que lá quero ir, a Mérida (viste que repeti e tudo?) que faço um desvio para... Salamanca.

E vou continuar sem caixa de comentários, evidentemente, até porque espreitei a tua.
Desculpa lá o mau jeito...

Que tudo corra bem, rapaz. Vai contando. Comigo contas sempre, aqui.

Só mais uma coisa, para o choquedo de badalo: funcionário é todo aquele que exerce funções. Se as desempenha mal, é um mau funcionário. Funcionário, "tout-court", com ou sem aspas, ao contrário do que anda agora aí a grunhir a geração "Viva Peretegale, pá frente, Peretegale!", não é sinónimo de fraco, de mau, de relapso. Isto é verdade, tanto nos sistemas públicos como nas variadíssimas nuances do egoísmo iluminado da ganhuça; embora haja sempre quem se deixe penetrar sem vaselina só porque ouviu dizer (da vaselina) que ela tem areia.

2.6.06

Lados. Porque ainda os há.

As preocupações do Altino são legítimas. Eu também tenho filhos. E quero ouvi-lo, sim. Quero sempre.

Mas acontece que também sou familiar e amigo de alguns professores e sei que essa assertividade toda que era necessária, esse espírito de missão que parece sempre faltar, esse delegar de competências "em toda a gente", tem uma génese em que os pais (e restantes encarregados de educação) não ficam lá muito bem na fotografia.

Para começar, o Altino refere-se à directora de turma como "a funcionária".
É evidente que ela é isso. Mas é, antes de mais nada, professora. E, por um motivo que não consigo dissociar do que vou dizer a seguir, o Altino decidiu escrever "funcionária" em lugar de "professora".
A palavra "funcionário" é um dos novos deleites da escrevinhação escroque da cadeia neo-liberal (isto existe sem ser em hipermercados?), que caminha - sob face angelical e gorda - de mãos dadas com a delinquência, cadeia essa em que o Altino, em boa verdade, nem sequer encaixa. Por isso, sei que o Altino usou a palavra maldita apenas por irritação de bom pai irritado; não por convicção globalizante, que eu não acredito que ele alinhe na onda generalizadora e apoucadora que algumas centenas de cismadores só de si andam aí a bufar contra quase tudo o que esteja mais de dois metros afastado da sua pança liberta de tudo menos dos intestinos.

Interlúdio que não é com o Altino, nem com ninguém, é só comigo.
Eu aviso, desde já, contudo, que se alguém - um dia, na minha frente - se referir a mim nesses termos, tipo "lá fui eu à consulta do meu funcionário", o mandarei de imediato para a aleivosa que o desovou. Porquê? Porque um tipo que diz isto não está doente. Está é profundamente irritado consigo próprio e a alimentar a sua ânsia de patronato; e, sobretudo, a tentar meter-me num saco de plástico "daqueles onde cabe o que se quiser!", aberto por mãozinhas moles de pregadores murchos.
Nunca se esqueçam, portanto, ao falarem comigo sobre problemas vossos, que quem me consulta são os senhores: eu não os chamei, os senhores é que vieram consultar-me, e eu estou ali para vos ajudar, se puder e souber, mas os senhores mandam tanto em mim como mandam na roupa de baixo do Cavaco Silva ou nas ânsias esotéricas do David Fonseca. Isto é básico, embora não entre na cabeça de quase ninguém, porque as cabeças andam pouco dispostas a que lá entre seja o que for - a não ser pela boca, bastas vezes.
Eu sou médico, é o que sou. Tenho nome e profissão. Como qualquer outro funcionário do estado, por muito complicado que seja dizer isso em momentos nefastos de sublevação da raiva, eu tenho uma profissão que tem uma designação específica e é essa a que melhor me cabe no bestunto. E isto vale para toda a gente. Eu não chamo "funcionário" do Senhor Engenheiro Belmiro a nenhum chefe de gabinete que ele tenha, a nenhum gestor que ele mantenha, a nenhuma secretária do conselho de administração que ele detenha, a nenhum consultor jurídico que ele sustente! Os bois pelos nomes. Em francês, "les hirondelles, tiens, les hirondelles!...".
Fim do interlúdio que não foi com o Altino, nem com ninguém, foi só comigo.

Voltando à educação, e agora é novamente com o Altino, acrescento o seguinte: os pais portugueses estão a ficar como os filhos portugueses, os avós portugueses, as tias portuguesas, os empresários portugueses (lembrei-me deles por falar em tias), as primas e os primos portugueses. Estão a ficar reivindicativos por devoção, por compulsão, por imperativos do seu desgosto, por estarem a ficar incapazes de compor seja o que for.
É típico dos conservadores insistirem em mandar arranjar os canos da casa, reparar a televisão que avariou, botar telhas no telhado que está um bocadinho mal (em lugar de mudar de casa), pôr uma cambota nova no carro velho em lugar de comprar um novo, que há-de vir armado em virgem, essa estupidez de estrear a vida de maneira artificiosa em lugar de a conservar conforme é, o mais possível, melhorando-a.
Eu sou conservador. Uma espécie de conserveiro que dispensa os óleos quase todos sem ser entre cetins.
Pelo contrário, os liberais apostam na destruição do que já há, em estando mal, para fazer de novo. São apaixonados da terraplanagem, o que é característico dos empreiteiros (da desconstrução e da construção, civil ou militar; ou militante).

Não há nada mais criador de delinquência e insatisfação (tirando o nosso clube não ganhar e, mesmo isso, já se vê que vai dar no mesmo), mesmo entre a miudagem, que a competitividade desenfreada parida pelos novos darwins. Com letra pequena, como convém aos substantivos comuns, mesmo que os novos darwins se julguem outra coisa qualquer.

O Altino tem razão: primeiro os nossos filhos. Claro. Não há nenhuma necessidade de professores se não existir ninguém para eles ensinarem seja o que for.
É como a necessidade de médicos: se ninguém adoecer, lá vou eu para as obras (e, às tantas, o capataz da obra será o meu bastonário).
E não é inteligente apoucar lugares comuns como estes dois que acabei de usar, por um motivo simples: as verdades não passam disso mesmo, de lugares comuns, sobretudo depois de estabelecidas e aceites por via da sua própria demonstração.

Mas o respeito pelos professores, se não for demonstrado e exercido em permanência por nós, os pais, enfraquece a nobre arte da docência. Desmotiva. Assusta os artistas. Fá-los "querer ir embora". É natural: num país de heróis antigos é cada vez mais difícil ser herói entre os cobardes da modernidade, que se limitam a berrar (ou a suspirar...) "isto tá tudo mal e ninguém faz nada!".

Tu e eu (e, espero eu, ainda muita gente) não somos nada disso, Altino. Pois não?
Por isso este pequeno texto te não contradiz em nada, sabes? Muito pelo contrário. Apenas te tenta devolver ao lado certo da calma, nesse teu momento de pressentida revolta.
O lado bom ainda é este, não é?

1.6.06

Quer ganhar mesmo?

Tenho aqui cerca de 120.000 miniaturas de dinossuros a que os meus filhos já não ligam, mas que estão em estado de quase novas. Vendo-as à razão de 5 euros por unidade.
Se Portugal for campeão do mundo na Alemanha, devolvo o dinheiro a quem me comprar o caralho dos répteis. E ainda ofereço uma miniatura da Matchbox, um bocadinho esmurrada de muitas corridas na areia da Póvoa entre 1972 e 1976, a cada apostador.
Aposte.
Ajude Portugal.
Ajude-me.

Vai indo que eu vou lá ter

Morreu o Bastos, com 55 anos, muito novo.
Era um zagueirão duro. Não encontrei nenhuma fotografia no google, senão punha aqui. Face dura, beiça fina, olhos de sobrancelha.

O meu Pai é que me disse, uma vez, em Guimarães, eu ali perdido no meio daquilo tudo: "Este é o Peres, aquele é o Yazalde, estás a ver? O Dé está no banco. Olha agora o Bastos: por este é que eles não podem passar".
E não passaram.

A minha lembrança desse jogo é vaga, muito aparvalhada. Estava com o meu Pai.

E, desses que eu vi, já morreram o Yazalde, o Damas e, agora, o Bastos. Não sei se morreu mais algum, não me lembra agora.

Eu sei que se morre todos os dias, eu sei disso tudo, mas deixem-me sentir um bocadinho mais a morte das pessoas que vi. Nem que fosse só uma vez na minha vida e ao longe, da bancada, ao pé do meu Pai, sempre preocupado em saber se eu e o meu irmão (que era ainda mais miúdo do que eu) víamos bem a bola e as jogadas todas, por detrás de quem estava à nossa frente, e está sempre alguém à nossa frente, geralmente de pé, para ver melhor do que veria se estivesse doutra forma.
De facto, acho que ninguém está de pé, à nossa frente, para ver melhor que nós. Não é por isso, não é por mal.

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