blog caliente.

3.6.06

Sossego

Comento aqui, pode ser, Altino?

Como calculas, não sou versado nas coisas da pedagogia. Julgo possuir senso comum, contudo; nestas e noutras coisas. Mas percebo-te perfeitamente, não creio que seja de bom senso (nem sequer de senso comum) o que aí contaste.

Isso já se fez, em tempos, pelos vistos continua a fazer-se. Consistia o caso, no meu tempo - e se calhar no teu - no seguinte: o professor saía um bocadinho e escolhia um dos alunos para ficar a "tomar conta". Esse desgraçado ia para o quadro preto e ficava ali, em pé, a servir de troça aos outros. Quando se enervava (acabava sempre por destrambelhar), anotava um nome a giz, no quadro, depois outro, e ia pondo "pês"(de "pior") à frente do nome dos tipos que o enervavam mais. Quando o professor chegava, o que tivesse mais "pês" à frente do nome levava, geralmente, no focinho. E o "guardador" no focinho levava, depois, lá fora.

Estive dos dois lados da coisa, sei do que falo. É a vida.
Agora, pelos vistos, é com relatórios.

Anda tudo muito complicado. Toda a gente tem medo de toda a gente. Não se pode educar ninguém com medo. Nada se faz, aliás, com medo: nem educar, nem ser educado. Não se faz nada. Faz-se, mas não se faz bem.

Eu mantenho tudo o que disse. Nada do que disse te contraria. Em nada do que disseste me contrariaste.

Os meus filhos andam (e vão continuar a andar) numa escola pública. Julgo-os, apesar disso, normais e equilibrados.
Continuo a acreditar que é melhor tentarmos reparar as coisas do que deitá-las logo fora, destroçá-las, ao primeiro sinal de mau funcionamento ou de ferrugem. Se quero ir a Mérida (isto é para tu te rires e fazeres, se quiseres, um trocadilho) não é por estar o trânsito entupido nos acessos, logo no dia em que lá quero ir, a Mérida (viste que repeti e tudo?) que faço um desvio para... Salamanca.

E vou continuar sem caixa de comentários, evidentemente, até porque espreitei a tua.
Desculpa lá o mau jeito...

Que tudo corra bem, rapaz. Vai contando. Comigo contas sempre, aqui.

Só mais uma coisa, para o choquedo de badalo: funcionário é todo aquele que exerce funções. Se as desempenha mal, é um mau funcionário. Funcionário, "tout-court", com ou sem aspas, ao contrário do que anda agora aí a grunhir a geração "Viva Peretegale, pá frente, Peretegale!", não é sinónimo de fraco, de mau, de relapso. Isto é verdade, tanto nos sistemas públicos como nas variadíssimas nuances do egoísmo iluminado da ganhuça; embora haja sempre quem se deixe penetrar sem vaselina só porque ouviu dizer (da vaselina) que ela tem areia.

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