Vão descansar, miúdos
Alguém tem de falar a sério com o Quaresma.Tem de ser.
Hoje, mais uma vez, esteve bem. Não chegou, mas esteve.
Está diferente, está mais maduro. Quando o guarda redes alemão se pôs a refilar (com alguma razão, mas isso é secundário) e a querer "comê-lo" vivo, Quaresma ficou calado, quieto. Desafiado, a partir daí, mostrou-se calmo e participativo.
Quaresma não fez nenhum grande jogo, nem era suposto que pudesse ter feito: a selecção de sub-21 tem seis ou sete jogadores que não são bons. São razoáveis.
Quaresma tem de ser conversado. Tem de perceber que, embora já seja melhor que os colegas da selecção de sub-21 (mesmo que o Moutinho, mesmo que o Meireles, mesmo que o Nani - e estes são bons, também), não é, ainda, melhor que os que estão na selecção A. Mesmo que falhem, estes que lá estão são, ainda, melhores. Mais completos. Isto nem sequer admite dúvidas, a não ser que descambemos para merdices cartesianas fora do tempo e do lugar.
O que eu quero dizer, abreviando, é que gosto muito de ver jogar o Quaresma. É bonito e bom a jogar. Às vezes. E que quero vê-lo na selecção A em breve. Não agora, mas para a próxima. Ele e outros. Quando forem um bocadinho mais do que bons.
Da selecção de sub-21, na A futura, estarão só quatro ou cinco. Com ele. Não serão mais. E isso é bom.
Ele tem de entender isto: esteve onde mais era preciso, saiu mal, saiu-lhe mal, saiu-nos mal, mas a culpa não foi dele.
Nem de ninguém. Saiu assim.
Gente que nunca jogou à bola e que a vê mal, por nunca ter levado um encosto a sério, nem cabeceado uma bola vinda directamente dum pontapé de baliza, nem ter experimentado a sensação estranha de cheirar (quase tocar!) o suor do outro ali tão perto, o outro a resfolegar contra o nosso propósito, essas coisas que aleijam ou podem aleijar um bocadinho, pode achar que o futebol é um textozinho à base de uma espécie de jogo da playstation. Mas não: nem é um texto nem um jogo de botões. Nem sequer é, "também", isso. Não é nada disso, pelo contrário: pode ser poesia ou prosa, o que quiserem, mas é o oposto dessa poesia e dessa prosa choca dos balofos.
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