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3.6.06

Das franjas

Este artigo é interessante.
Não fica clara uma coisa que devia ser cristalina: a elevada média necessária para entrar em Medicina, em Portugal, deve-se, apenas, à escassez de vagas abertas: convém explicar, a quem cuida ser a vida uma coisa mais ou menos trolaró, que não se estipula uma média de entrada para curso nenhum: abrem-se é "x" vagas nas faculdades de Medicina, elas têm procura... e esgotam-se cedo, muito cedo, esgotam-se ainda na franja das "notaças muito altas".

Depois, todos sabemos que em Espanha há desemprego (ou sub-emprego) médico. Mas formam-se lá bons profissionais, tal como cá. É aliciante, portanto, para quem quer ser médico, ir tirar o curso a Espanha. Não para ficar a trabalhar lá, depois (há, neste momento, em Espanha, repito, pouco mercado), mas para regressar a Portugal no fim, já montado no canudo.

Eu não digo, disto, sendo assim, mais que o seguinte: por que não abrem mais vagas cá?
Se o nosso mercado de trabalho vai acabar por absorver estes novos profissionais, quase todos estes portugueses"estrangeirados" (ele, mercado, que, já agora, é obrigado a admitir alguns dos rejeitados do sistema espanhol), caramba, isto parece evidente: não os formar cá é uma perda de tempo, de recursos, de visão estratégica.
E, sobretudo, é bastante parvo.

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