Sim, eu também quero ver Portugal na final
Uma vez que o mundo conhecido se resume praticamente à vida terrestre e porque sabemos que o mundial de futebol é um evento acompanhado em todas as partidas do planeta e, ainda, porque os mundiais de futebol são, por isso mesmo, uma das escassas oportunidades de que uma nação periférica dispõe, por valentia ou ousadia, para ser notícia, tenho como certo que é inglório e inútil (e, até, algo frustrante) o esforço que alguns têm empreendido em mostrar firme alheamento ao fenómeno demonstrando, ora fastio, ora indignação. Eu tenho seguido com atenção e emoção crescentes os jogos da selecção do obstinado Scolari (a quem, ainda assim, pergunto como seria se tivesse convocado o Quaresma), mas consigo seguir as notícias sobre Timor, a evolução de Darfur, os atentados no Iraque e, até, tomar ciência do prémio atribuído ao FJV com razoável à-vontade, para além de ainda ter tempo de trabalhar e cuidar dos meus afazeres pessoais.Suponho, por isso, que fazer de conta que os remates do Maniche e os passes do Deco não nos satisfazem há-de redundar numa inevitável e imensa frustração. É como ser barrado numa festa, sabendo que os outros estão a divertir-se. O verdadeiro e próprio síndrome do excluído, que, para evitar segregação, se previne com auto-exclusões, premeditadas e defensivas.
Festejar vitórias difíceis não faz de nós uma nação bacoca. Inversamente, censurar o sonho de vencer um mundial de futebol faz do censor um fastio, que ainda assim mantém milhares de curiosos a alimentar as page views sem que, no entanto, consiga desviar a atenção sobre os quartos de final de, sequer, uma alminha que lá passe (a menos que já se sofra do síndrome dessa soberba estratégica - o que, enfim, não é raro).
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