Ils sont fous, les drouides...
É fascinante a teoria de António Pedro de Vasconcelos. Segundo ela, as equipas que vão aos Mundiais devem dar nas vistas, como os pavões, de maneira a amedrontar os adversários. Se não dão nas vistas, se não esmagam na fase de grupos, não são temidas.Isto era verdade até 1982, em Espanha.
Nessa altura, não acredito que a Itália tivesse empatado com os Camarões só para dar nas vistas. Quem dava nas vistas era o Brasil, que jogava muito bem. Depois, perdeu com a Itália. Eu não digo que a Itália fosse melhor, mas ganhou-lhes 3-2.
Se é para estas merdas, o "trio de ataque" da RTP pode estar descansado: é provável que não cheguemos à final. Terão sempre razão, os três tipos, mesmo Jorge Gabriel (esse sportinguista que me envergonha desde hoje, dia em que se assumiu como crítico enjoado da bola e propôs que Fernando Meira e Ricardo Carvalho trocassem de lugar na zaga, como se isso fosse uma coisa qualquer tipo Praça da Alegria, que dá de qualquer maneira!, então o Meira tem pé esquerdo, ó Jorge Gabriel?, que caralho!), porque haverá sempre, numa equipa imperfeita, por onde se lhe pegue.
Sobretudo no fim dos jogos.
Quando correr mal, se correr mal, eles terão sempre razão. E, se correr bem (o que é difícil, há gajos com o mesmo problema de "analisar" - que é passar as ideias pelo crivo anal - em dezasseis países, neste momento; ainda em mais países que isso, porque a França não bateu, AINDA, o Togo, há bem mais que dezasseis), podem sempre decidir se "foi da sorte, do azar, ou do eu bem vos disse!"
Hoje, o cineasta que lançou Ana Zanatti e aquele repórter penteadinho nas lides da sétima arte (eles, depois, acabaram de cair sozinhos), disse que havia ali quatro jogadores a mais (Ricardo Costa, Hugo Viana, Boa Morte e Postiga), "e que mais valia ter levado outros quatro, em vez deles". Mas não disse quais.
É ridículo falar das coisas assim, sem ser num destempero, ou a brincar. Num destempero, eu digo que o Lampard atraca de pôpa e que o Maradona não jogava a ponta dum corno. A brincar, posso dizer que o Platini era um nabo e que o Sócrates era um tosco da bola. Ou, ainda, que o Eusébio era muito pior do que o Liedson, isto para me ferir ainda mais fundo, que as razões fundas têm de sangrar para o serem, razões e fundas, sempre fundamente.
Podemos perder com a Holanda pelas mesmas razões que podem levar-nos à vitória no Mundial: uma mistura de tradição, de jeito, de acaso, de vontade, de saber, de querer e não querer, é uma mistura mágica que pode dar para tudo.
Até para o que eu quero, quanto mais.
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