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21.6.06

Consanguinidade e delinquência: breves notas

Um príncipe italiano envolvido numa rede de prostituição é notícia, mais notícia do que se tratasse de um ex-presidente da República italiano, sobretudo se se chamasse Silvio Berlusconi.
A questão reside em saber se tal facto é notícia pela linhagem ou, simplesmente, pela anacronia. Isto se se tiver em conta que apenas há duzentos anos atrás qualquer monarca europeu possuía, com maior ou menor recato, o seu concubinato exclusivo, regalia que lhe advinha, sem que tivesse que mover uma palha que fosse, pelo simples exercício de funções. Mas os regimes republicanos vieram extinguir essa e outras regalias ad exhibendum, deixando os herdeiros sem trono ou glória e forçando-os, como qualquer súbdito comum, a fazer pela vida para manter o life-style, ainda que isso implique vender as pratas ou o prestígio nepotista. O Victor Emannuel de Sabóia não é, no fundo, mais desviante do que os seus antepassados na linha recta ou colateral, incluindo os Habsburgo, os Orange, os Bragança, os Winsor ou mesmo os Grandes de España (pense-se na inenarrável duquesa de Alba) ou, note-se, do que a Estefânia do Mónaco a coleccionar domadores de leões ou croupiers de casino. Aliás, ay que decirlo, em geral eles são todos mal azambrados.

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