blog caliente.

4.6.06

Insisto nas aspas.

Eu li, com muita atenção, tudo o que está escrito aqui. E concluo, antes de mais, que devo agradecer ao besugo o esclarecimento adicional sobre as características mais marcantes do perfil sociológico do funcionário: o voyerismo.

Porquê? Eu explico.

Não está ali uma linha sequer em que se contradiga a indolência, a prepotência, a burocracia ou a incapacidade de reacção tão típicas dos funcionários. O que me permite concluir, socorrendo-me das regras do direito processual, que estão confessados os factos in totum. In totum, viste? Num processo judicial, besugo, estarias próximo de uma condenação, caso fosses réu; ou de uma absolvição do pedido, se fosse eu a vítima das tuas investidas judiciais para desagravo do funcionalismo público.

Porque não tem como negar que a infinitude do emprego público promove o laxismo, que o laxismo gera ineficiência, que a ineficiência redunda em burocracia, que a burocracia gera ineficiência, que a falta de estímulo gera estagnação e que tudo isto, à molhada, gera a tal prepotênciazeca de chefe de repartição, o besugo decidiu fazer notar que não é só no funcionalismo público que isto se passa assim. Pois bem, é verdade. Não é só. Não é só, mas é também. Mas, mais do que também, besugo, é sobretudo.

Donde decorre o tal voyerismo. O funcionário público observa o resto do mundo como se não fizesse parte dele. E, instalado no mundo do papel inútil de que o cidadão comum é refém, acredita que é lá fora, no seio do capitalismo selvagem, que se prevarica. Pasma sempre que se capacita que, lá fora, as regras são diferentes e que, por exemplo, não há empregos eternos nem chefes promovidos por decurso do tempo.

Uma última nota sobre estímulos negativos, que acredito serem, no mínimo, tão eficazes como os positivos. Pelo menos nos casos mais graves, daqueles a quem nunca se explicou que é pago para trabalhar e não para deixar passar o horário do expediente.

Tenta outra vez, besugo. Eu disse-te: prova-me de uma vez que não há laxismo na função pública e eu fico aqui caladinha a ouvir o Éstingue no Róquinriú.

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