blog caliente.

31.7.04

O princípio da escassez

Há uns dias publiquei aqui um pequeno diálogo, real, que se passou entre um adulto e um menino de oito anos. Retirei, da resposta, a densidade própria dos pensamentos lineares, do humanismo caótico, do altruísmo inato e involuntário. De tão genuína, redunda na desconstrução da pergunta e transporta-a ao núcleo básico e fundamental das relações.

Reparo, então, que quando se pergunta ao Médico Explica para que servem os IPOs ele responde assim: “os IPOs existem para diagnosticar e tratar dentro da medida do possível. Enquanto "perdem tempo com a paliação" podem atrasar-se diagnósticos dos quais podem resultar remissões completas com terapêutica atempada”. Quando se confundem princípios com contingências o essencial torna-se, fatalmente, acessório; e com o que é acessório, de facto, não se perde tempo. É tão lógico concluir que, quando alguém está doente, tanto quer ser curado como não quer sofrer - as duas vertentes, repare-se, não totalmente sobrepostas desse estado - como é assustadoramente fácil distorcer esta lógica, de forma aparentemente didáctica e em nome da escassez de recursos.

A incompetência devia pagar imposto!

A incompetência demonstrada pelo anterior e pelo actual governo, liderados, respectivamente, por Durão Barroso e por Santana Lopes, em relação aos concursos de Professores promete continuar e tem tudo para se agravar.
Depois de todos os problemas provocados pelo sistema informático, que depois de corrigido, deu erros incríveis e que revelaram a incompetência dos putos que os fizeram e estavam a trabalhar com eles, eis que surge agora um projecto de decreto-lei, apresentado pelo Ministério da Educação aos sindicatos, onde se pode ler que “os professores candidatos aos concursos de afectação e destacamento terão obrigatoriamente de manifestar as suas preferências por via electrónica.”
Muito bem! Esta ideia “fantástica” surge depois de os mesmos concursos estarem com um ligeiro atraso de, pasme-se, 3 meses! E mais hilariante é verificar que, depois de tanta burrice do governo e da empresa de putos contratada para a elaboração de um sistema informático que desse conta dos concursos, agora, tenta-se, por decreto, impor a utilização de um sistema que já deu mostras de não estar minimamente à altura do que lhe era exigido.
Vamos voltar a ter problemas com os concursos pois o que está na moda é “gozar” com os Professores!

P.S. – Ninguém ainda falou, nem perguntou, como será pago o vencimento do mês de Setembro aos milhares de Professores que vão ser colocados mais tarde… Será esta uma maneira de roubar novamente os funcionários públicos e “meter” mais algum dinheiro ao bolso como já aconteceu noutras alturas?

Insensatez (MPB, claro)

Não sou entendido em florestas, nem em fogos, nem em meteorologias. Mas lembro-me de ter discutido (não aqui, mas pessoalmente) com a Lolita, talvez em Setembro ou Outubro do ano passado, sobre o que estaria a ser delineado, em termos de estratégia, por quem tem o dever de prever, estudar, analisar e decidir. O dever da preocupação e do empenhamento é de todos, evidentemente, mas o poder de decidir é mais restrito. E melhor pago, em regra.

A Lolita tinha razão: não iam fazer rigorosamente nada, em termos de "real-politik", nas coisas da prevenção de incêndios. Eu acreditava que sim.

Seja o que for que, sobre isto, se decidiu, mesmo acreditando que houve maduras e demoradas análises sobre a temática (incêndios, prevenção, combate, etc), revelou-se pífio. Pode, até, ter existido séria análise das questões: quero crer que tenha havido. Mas as análises mais profundas, se desprovidas de síntese (e uma síntese pode não ser correcta, pode não resultar, mas pressupõe o esforço suplementar da decisão fundamentada!) resultam mal, quando não se trata de jornalismo ou filosofia. Ou, conjugando ambos os substantivos (cuidavam que eram só os verbos que se conjugavam?), quando não se trata dum país TVI.

Governar é decidir. Governar bem é, em princípio, decidir bem. Ou, pelo menos, tentar decidir bem. É o mínimo que se pede a um governo: que tente decidir bem, respeitando o processo progressivo e laborioso que costuma levar os homens da análise bem feita à síntese possível. Isto é errado do ponto de vista da lógica estrita, que nos ensina que duma análise bem feita sairá, sempre, logicamente, a única síntese correcta que daí pode brotar. Mas a gente sabe que a lógica é, apenas, uma parte da vida, a parte controlável da vida. Para aí 1/6 dela, meus caros. Apenas.

Não interessa muito: no caso vertente, mesmo tendo havido análise séria (deve ter havido), não se sintetizou grande "espingarda". Está tudo a arder, competentes fogos nos endossam o clima e o resto.

Sobre o clima, estamos conversados: ó São Pedro, vai à merda. Mas há-de ser preciso melhorar qualquer coisa, não?
Aceitem um conselho, ministérios que me lêem em segredo (todos, provavelmente, menos o da cultura; o que se entende): não estejam sempre a mudar de estratégia. Depois de a criarem, à estratégia, pensem-na, repensem-na, limem arestas, melhorem, aprimorem, sublimem. Não arrasem tudo sempre que as coisas correm mal. Mudem, mas só o que for de mudar. Não há arroz de tomate malandro que se faça bem à primeira, pode sempre ser preciso acrescentar água, ou sal, ou aprimorar o vinagre do fim... mas não vamos mudar para arroz branco só pela necessidade de correcções ao arroz de tomate.

Os senhores engenheiros e arquitectos que me lerem sabem da importância dos alicerces seja do que for. Sabemos todos, aliás, do trolha ao jurista. Concentrem-se neles, nos alicerces, senhores que mandam. A gente espera mais algum tempo. Mas mostrem alguma seriedade, não sejam sacaninhas de risota pulha (eu estou sempre a ver-vos, caramba, mais respeito pelos meus olhares!), não desatem a construir um país de "Vilas d'Este" - uma coisa colorida mas mal amanhada, mal pintada, que cedo desbota, precocemente se revela fraca, uma chatice sem nome - só para ganharem eleições enquanto aquela "obra" parece consistente nas suas vivas e caducas cores.
Tudo se desmascara, a História costuma ser justa e implacável... e os senhores, que Deus os guarde, hão-de ter bisnetos.

Para o ano não têm nenhuma desculpa. Este ano têm, apenas, a desculpa da insensatez.

Darfur

Hoje, à hora do almoço, vi expressões de terror nos habitantes de Alportel, que subitamente ficou negro de fumo e alaranjado do fogo e senti o arrepio que se sente quando se sente pelos outros. Em Darfur, o horror continua, invencível como o fogo. As marcas, brutais, também ficam connosco.



P.S. Obrigada ao Nuno Guerreiro, cuja mensagem só hoje vi, traída pelo filtro do mail. Eu sei, nem seria preciso qualquer alerta.

30.7.04

Contributo para a salvação da língua

Associo-me ao protesto do FJV. Acrescento o pequeno pormenor irritante que consiste na sistemática e já inconsciente, até nas mentes mais bem formadas, substituição do verbo "transformar" pelo verbo "virar". Nada tenho contra o português falado no Brasil, mas a semântica portuguesa é forçosa e felizmente diferente da brasileira. O verbo "virar" empobrece e renega o nosso português.

Há outro, mais patético: o "euró", o possidónio "euró".

29.7.04

sol menor

Chateia-me esta coisa dos reféns, impotentes no seu medo, no meu medo de poder vir a estar, um dia, agachado num fatinho laranja, recitando que "salvem-me a vida, que eu não quero morrer".
Hoje não escrevo mais nada, agradeçam aos cobardes de cara tapada que humilham homens de cara ao léu. 

Chá de limão

O copo: alto e largo, de vidro fino, liso e transparente. O gelo: cubos poderosos, pesados, muito sólidos, que estalam (ploc!) em contacto com o líquido. Os melhores, garanto, são aqueles grandes e cilíndricos que se vendem nas estações de serviço. A música: qualquer, desde que combine com o copo e com o gelo. Até os velhinhos do mofo do Oceano Pacífico - Rita Coolidge, Crystal Gayle, Bee Gees (aú dip iz iór luv?), EBTG, Clannad, Nena Cherry, 10CC...Importante são, por esta ordem, o copo, o gelo e a noite - que, felizmente, é de Verão - que refrescam até a última pedra derreter, muito depois do chá acabar e de acabar de escrever este silly season parágrafo.

Há-de poder-se

Gostei de ouvir Manuel Alegre, esta noite. Dou cinco razões, quatro delas meramente formais e uma de princípio. A quinta.

1 - Situou de forma perfeitamente legível a sua candidatura, sem esconder que apoiaria Ferro Rodrigues caso se recandidatasse. Eu também.
2 - Definiu o seu projecto de "governabilidade": na dúvida, à esquerda. A ver se algum dia o PS consegue governar sem ser em minoria parlamentar. Seria uma novidade.
3 - Desmistificou Vitorino. Não quer, não quer. Adeus. Pronto.
4 - Não caiu na esparrela que lhe armaram sobre o mediatismo: Sócrates e Santana são mais mediáticos? Faz parte, que sejam felizes.
5 - Defendeu o sector público. Como Louçã fez, ao seu jeito. Gosto de ouvir estas coisas, acredito nelas, gosto delas, quero-as para os meus filhos e para os filhos dos outros, desculpem a franqueza.

Pode governar-se sendo assim, hoje em dia? Não sei. Sei que sendo como Berlusconi e Santana se pode, pelos vistos. Sendo como Sócrates também deve poder-se.
No fundo, há-de poder-se, sempre. 

A incontornável lógica operatório-concreta

- Quando conversas com alguém, gostas mais de falar de ti ou de ouvir a outra pessoa?
- Acho que prefiro ouvir. Já sei tudo sobre a minha vida...

Brasil-Grécia

Certos tipos, quando estão de férias, gostam de nos enervar.
A resposta certa é: "de acordo com Nélson Rodrigues, todos os gregos satisfazem, embora contrafeitos, as (suas?) mulheres "não-neuróticas".

Não, não sei quem tem razão. Mas as férias de certas pessoas hão-de acabar antes de as minhas começarem, suprema vingança de besugo!

28.7.04

Clap, clap, clap

Da primeira vez, estranhei. Elevou a voz antes dos aplausos que, no entanto, começaram logo a seguir. Da segunda, mantive-me atenta. À terceira, já não tive dúvidas. "... e que permitiu um nível médio de poupança de doze por cento!"
 
Qual maestro, o homem do impecável paletó azul feérico e gorda gravata amarelo dourado gradualmente aumentava os trinados quando anunciava os resultados mais decisivos sobre os obsoletos chaimites e as económicas fragatas. E a maioria, a maioria coligada, obediente e disciplinada - embora displicente, desatava a aplaudir, imediatamente após o primeiro sinal de timbre mais profundo do timoneiro dos mares.
 
Quisesse ele (assim vestido, tal como ontem estava, sem tirar nem pôr)  e poderia ser o ícone publicitário de qualquer hipermercado. A mãe do Jumbo ou, até, a velhinha do Intermarché.

O último doutor da Régua

Gosto de ler outros blogues. Gosto muito.

Há um ano fazia-o à sorte, conforme calhava. Lia os mais conhecidos e, depois, carregava nos links que eles lá tinham e ia descobrindo outros. E outros. Ainda gosto de fazer isso, acho que hei-de gostar sempre, mas há uma centena (pelo menos) de blogues que não passa uma semana que os não espreite.
Não me regulo por dicotomias, nas minhas escolhas. Não estabeleço uma separação entre "escritos de esquerda" e "escritos de direita". Nunca sei muito bem quem são os "bons" e os "maus". Às vezes penso que sei e surpreendo-me, logo a seguir, na negação da minha descoberta. Gosto de ler, sobretudo, ao acaso. Um acaso que é, mesmo, variável.

Pelo menos dois blogues se referiram a João de Araújo Correia. É meu conterrâneo, conheci-o e frequentei-lhe a casa na minha meninice, fiquei surpreendido pelas referências que lhe foram feitas. Sobretudo porque não são frequentes, essas referências, que eu tenha conhecimento. Não é um autor de "Selectas Literárias", mas era um muito bom escritor. Fico comovido porque conheço grande parte da sua obra e ler sobre o "meu particular autor" é (um bocadito) como se lesse sobre mim. Não é bem, mas pronto.

Era um médico antigo. Foi, talvez , o último doutor da Régua. Um médico que tinha consultório em casa, uma casa recolhida, antiga e cheia de "brique-à-braque", com um pequeno jardim donde se avistava o Douro e muitas árvores e flores em volta duma mesa redonda, de pedra. Havia um silêncio religioso quando ele entrava na sala das lições de piano que a Dona Mariana (a irmã) nos dava, como se os nossos pequeninos corpos sossegassem diante da grandeza que nos vinha ali observar, arguta e amigavelmente.

Usava boina, muitas vezes. E estava muitas vezes de "robe de chambre", daqueles de seda e folhagens estampadas, lembro-me de um que era "bordeaux". Fazia inúmeras consultas de graça. Em casa ou fora dela. Ralhava muito. Noutras vezes, calmava as gentes. Receitava caldos e dava conselhos práticos, entre comprimidos e injecções. Tinha uma maneira de fazer afirmações entremeadas de interrogações que lhe era tão peculiar que a gente brincava com ela, sempre que ele desandava da nossa pequenez. Escrevia as receitas numa máquina de escrever, antecipando (respeitosamente) as dificuldades que letra de médico pode causar nas farmácias.

Foi muito bom ler sobre João de Araújo Correia no Nova Frente e no Último Reduto. Como eu dizia atrás, as coisas que nos tocam lêem-se onde foram escritas, não escolhemos as cores nem os credos de quem escreve o que nos toca. Muitas vezes, nem sequer conseguimos escolher quem nos toca. O que é bom, obriga-nos a ser humildes nos nossos orgulhos, duvidosos nas nossas certezas.
É preciso ler sem medos, independentemente dos rótulos que sabemos apostos às leituras que fazemos, para não perdermos coisas boas. É não ligar aos rótulos, que não colocámos, e ler. Ler é bom. E ouvir também.

Por exemplo: eu também gostei de ouvir o Dr. Louçã, ontem. Isto é assim tão mau? Faz de mim um simplório, em vez de um simples?  

27.7.04

Ai é? Pois então, infinitimaizalém!

Excelente Santana Lopes. Uma moção de apoio ao governo, tungas, para ser votadinha, aí! Cuidavam que era só apresentar moções de censura? Ora tomem.

Que suspense, que bem, que brilhância fosca! Como quem dissesse, desavergonhadamente: "senhores deputados da maioria, eu vou estar atento!...".

Sim, que isto é só com eles, não é? É só entre eles, não? Bagão Félix, que é bom em contas, já deve ter explicado ao primeiro ministro que, por acaso, tem maioria parlamentar. Mas as espingardas que Santana quer contar (e marcar na culatra!) são outras.

Isto não pode querer dizer outra coisa, pois não? Uma espécie de bacoco sufrágio parlamentar com características internas. "E quem quiser que falte... ou vote contra, agora; quando não, que depois se cale". O homem adora sufrágios embora tresande a naufrágios.

Assim se tivessem desbravado os matos florestais, com esta competência. Com esta desfaçatez. O Parlamento serve para muitas coisas, de facto.

O discurso

Ao longo do dia de hoje fui ouvindo retalhos do directo da TSF sobre o debate. Tive a sorte de assistir, pelas onze da manhã, à parte do desinspirado (inseguro?) discurso de Santana Lopes em que este sublinhou a gasta evidência de que este programa assegura a continuidade das políticas do anterior, tentando, muito embora, dar a essa afirmação um tom de profunda e reflectida ponderação. Humilde, pediu aos partidos da oposição que o ajudassem a gerar consensos. Gaguejou e titubeou, quando abordou os temas mais técnicos e menos retóricos. Soa a estranheza, da mesma forma que nos soaria a estranheza se nos deparássemos, digamos, com o José Carlos Malato discorrendo sobre o pensamento de Bento Espinoza, ouvi-lo ler, sem saber, textos de autoria alheia sobre as orientações políticas sociais ou económicas concretas do "seu" programa. É provável, apesar do ar tranquilo que permanentemente ostenta (e que não passará, se calhar, de um casual e involuntário traço de expressão) que ocorra já a Santana Lopes que, afinal, tudo isto é muito mais trabalhoso do que supunha. Até os seus - reconhecidos - dotes de tribuno se viram contra si.

Porque conduzia enquanto ouvia, não pude anotar, antes que me esquecesse, a frase mais circularmente vazia de sempre da demagogia santaniana. Era mais ou menos isto: "... porque o enquadramento jurídico radica na base legislativa, muito embora de um ponto de vista estritamente formal". Acabado o discurso, e faltando ao maior partido da oposição um líder em plenas funções, coube a António José Seguro a resposta ao seu discurso. Suprema humilhação.

Mais uma vez, os fogos.

Se fosse seguro que Durão Barroso é, afinal, estratégico e malicioso e que Santana Lopes é, apenas, um ingénuo voluntarista, seria, agora, cada vez mais evidente que o primeiro teria orquestrado, cuidadosa e pacientemente, a sua vingança pessoal, ao preparar a sua saída voluntária (e para mais altos voos, note-se) para que, em sua substituição, entrasse o segundo, carregado de boas intenções, porém desconhecedor das profundezas menos divulgadas da inoperante governação do seu antecessor. Na realidade, nenhum deles é nem uma coisa nem outra e a triste mas fatal verdade é que Santana Lopes só acidentalmente é inocente da impotência como que, um ano depois, assistimos à fúria das chamas. Bem me apetecia, às vezes, que a arte efectivamente imitasse a vida e que estas anti-manobras pudessem ser aproveitadas para um estóico guião de um filme que não fosse de série B.

Uma questão de pele

Um deputado da maioria, cujo nome me escapa, acabou, há pouco, de tecer as costumeiras loas ao senhor ministro - no caso era Bagão Félix - antes de lhe endereçar aquilo que parece que se chama "pedido de esclarecimento" mas não passa de natural e compreensível "culambismo". Isto é habitual (estive a ver um bocadinho), eles lá fazem o que é suposto fazerem para mostrar serviço. Nada a opor, pronto, é assim.

Contudo, este senhor deputado foi muito engraçado porque, no seu esforço de enviar umas indirectas aos deputados socialistas, afirmou que "eles ficam, perante não sei o quê que a gente lhes explica, com epiderme...!". Foi assim mesmo: epiderme.

Ora, isto é muito bom que aconteça, é até excelente: ficam os senhores deputados socialistas mais protegidos neste estio rigoroso!

O senhor deputado em questão parece jovem, é franzino, trigueirinho e usa óculos. Cabelo curtinho, escuro. Estava nas filas da frente do hemiciclo, pareceu-me. E é dono dum inconfundível ar de "menino Albertinho": um louva-a-deus em ânsias de visibilidade. Lá se mostrou, nisso esteve bem.
Se o revir conheço-o: "olha, o gajo da pele!".

Vergonhoso, no mínimo!

 A vergonha continua! Estou farto disto!
 Depois de toda a polémica com o concurso de Professores, atribuída a falha informática (obviamente mais fácil...), o Ministro da Educação revelou que o erro estava corrigido e que não ocorreriam mais falhas.
  Prolongou-se o prazo de reclamações dos Professores tendo-se verificado coisas nunca pensadas em termos de concursos. Docentes com tempos de serviço monstruosos, docentes que não constavam das listas tendo concorrido, docentes que ficaram excluídos por falta de habilitações para leccionar estando no ensino há anos e com habilitações próprias.
 Pensava eu que os erros iriam parar depois desta falha grave do Ministério da Educação.
 A lista provisória de graduação lançada pelo Ministério da Educação, corrigidos os erros anteriores, deveria estar em condições. Pensei eu e muitos dos que concorreram. Mas mais uma vez as reclamações voltaram a chover e são mais de 30000 segundo Morais Sarmento. Mas as coisas não estão mal! Nesta altura o mesmo senhor Sarmento assegura que as aulas vão começar a 16 de Setembro. E... que as listas definitivas das colocações dos docentes já não estão prontas até dia 15 de Agosto, como foi dito no dia 14 de Julho pelo então secretário de Estado da Administração Educativa, Abílio Morgado, mas sim no dia 28, 29 ou 30 de Agosto. Nesse mesmo dia 14 de Julho, o senhor Abílio Morgado, conhecedor de todo o processo, referiu ainda que "o processo de recrutamento de educadores e Professores estava controlado"...
 “Mas as aulas vão começar a 16 de Setembro”, ouviram bem? Não é grave! Tanta polémica para quê?
  Acresce a isto o facto de, após a saída da lista definitiva (sem erros???), os docentes que não obtiverem colocação na primeira parte (Quadros de Escola - em vias de extinção para estas cores políticas que nos governam), terem que concorrer novamente para os Quadros de Zona Pedagógica e para os lugares que houver, ainda, vagos nas escolas…
  Este acrescento e tudo o que se passou até hoje leva-me a pensar que as aulas vão mesmo começar a 16 de Setembro. Nesta promessa eles não vão falhar, até porque eles nunca falham nem se enganam. Mas será que estão reunidas as condições para que tal aconteça? Ou vamos ver o que se viu o ano passado, turmas com um ou dois Professores colocados e com três semanas de espera pelos restantes?
  Brincar com os Professores já vem sendo habitual, mas o que se tem assistido ultimamente com este governo, considero-o tão grave como uma violação! Incrível, no mínimo, toda esta falta de respeito pelos milhares de docentes que tentam, em vão, alguma estabilidade ao longo da sua carreira profissional.

A D. Mariana

Era uma idosa professora de piano, que já me morreu, há muitos anos.
Era irmã do Dr. João Aráujo Correia, um João Semana dos que havia. Para o fim, já não guiava bem o seu velho volkswagen. Mas guiou sempre bem a sua cabeça, ao ponto de nos deixar toda uma "Enfermaria do Idioma", escorrida de límpida. Também já morreu há muitos anos, o Dr. João Correia. Muitos anos, anos demais.

Ler isto é muito bom. Donde são estes senhores, para se lembrarem assim dele e da Escola dos meus filhos?

Les uns et les autres

- Bom, já lá fui dizer aos tipos que deslocalizava.
- Eu previ isso. Como sabes.
- Não, tu obrigaste-me a isso. Tu e o besugo. Não me faças outra que te fodo! OK?
- Ora, não me estimules...
- Cala-te, as gajas gostam mais de mim que de ti! 
- Óptimo! Que nojo!
- Merda, não se pode discutir contigo. Sai do submarino, veste uma lingerie decente e anda cá ver Portugal a arder.
- Entesoado do caraças! Já arde tudo? Ganda maluco. Estou a ver-te pelo periscópio, ficas bem esbraseado.
- Odeio-te, sabias?
- Claro. Queres casar comigo?
- Não.
- Isso é normal. Queres que te sorria alegremente?
- É melhor. Foda-se. Sempre cerras os dentes.

26.7.04

Não podias explicar-lhes melhor, besugo.

Discordo. Ver o Shrek é como tomar um poderoso fortificante contra os reféns do telejornal: ninguém é capaz de sofrer se antes não tiver sido capaz de ser feliz. E vice-versa. Sobretudo, e mais importante, vice-versa.

Eles e nós

Vivemos um tempo de mudanças. Todos os tempos o são, mas entendam: isso depende muito do "nosso tempo".

Numa crónica antiga, já com alguns anos, lembro-me que Miguel Esteves Cardoso referia, com o desassombro que o caracterizava (ele é alguns anos mais velho do que eu, digo isto nem sei porquê...), que "ó não-sei-quantos, já viste que agora eles somos nós?". Ele referia-se a um tempo de mudança muito seu, muito deles, creio eu. Mencionava a assunção de responsabilidades que, mais dia menos dia, nos cabe a todos. E, no caso deles, naquela altura, tinha-lhes chegado a vez. A ele e ao "não-sei-quantos".

Temos filhos, alguns a adolescer vertiginosamente. A não perceberem bem o que se está a passar, a pensarem que a vida é feita de toques de telemóveis, Disney Channel e jogos de acção. Cuidando que o futebol deixou de ser um jogo, para passar a ser um espectáculo. Há putos que acreditam que o Maniche é mesmo o melhor médio do mundo! Parece-lhes que viver é rápido, e não é, é sempre muito lento, mesmo quando se morre cedo, que há quem diga que mesmo os minutos da morte parecem anos!

Até nos filmes lhes explicamos mal a vida: a vida que lhes ensinamos é mais o Shrek que o Terra Sangrenta. Não podemos explicar-lhes muito sobre aquilo dos reféns do telejornal, para não os impressionarmos, mas sentimo-nos culpados porque gostávamos de lhes confessar que aquilo da exibição do sofrimento alheio é apenas mais um exemplo triste de que andamos aqui a ser cúmplices na construção dum mundo merdoso. Muito merdoso. E que os reféns e os seus algozes são, apenas, mais um espelho da nossa incompetência. Sim, porque "é mesmo connosco", sim, que "eles, agora, somos nós".

O meu irmão veio aí escrever sobre os bombeiros e os incêndios. Ele sabe o respeito que tenho pelos bombeiros, sou amigo (enfim, isto é relativo) de quase todos os da minha terra.  Como sou médico no maior hospital de Trás-os-Montes conheço-os, aliás, a quase todos. E eles a mim.

Na minha terra (e julgo que nas outras todas) os bombeiros fazem o seu desfile de festa em Novembro. Num desses Novembros, de manhã, calhou estar na rua com o meu filho mais velho. Isto há-de ter-se passado há uns 5 ou 6 anos. Na Rua dos Camilos, que é uma rua estreita e central da minha pequena cidade, queríamos atravessar para ir comprar um doce, na pastelaria em frente. Não conseguimos. Durante largos minutos, os vários carros de bombeiros que calha cá termos para nos ajudarem nas nossas vidas, passaram, em cortejo vermelho, por nós, sem sequer abrandar. Mais de metade dos condutores, ao olhar para nós, saudou-nos em continência militar, sorrindo. E eu acenava também, meio encaralhado. O miúdo acenou também, feliz. Sentiu-se orgulhoso, achou que era importante e honroso que saudassem o pai, saudado se sentindo por interposta paternidade.

Eu calei-me, que aquilo soube-me bem (fraquezas de besugo). Mas, depois de ter lido o meu irmão mais novo, confesso-vos que o que eu devia ter ensinado ao meu filho era bem simples: que o orgulho que devíamos ter sentido, o orgulho bom, era o de termos sido cumprimentados por gente assim. Boa, valente, simples e pobre gente. Quantas vezes senti o cansaço dos meus olhos nos olhos dum bombeiro, a meio da noite? Tantas vezes. Ficamos sempre como quem pede desculpa um ao outro, entendem?

Tens razão, mano. Este ano vai ser igual, vai arder o que tiver de arder, a menos que o tempo mude. A menos que os tempos mudem, para o ano vai ser igual. E eu pensava que não, que eles andavam a tratar das coisas, para que fosse diferente, para que fosse melhor. Mas, pelos vistos, não. Andaram aí a assobiar cantigas diferentes.
Continuam a brincar connosco e com os nossos filhos, mano. E o pior, repito, é que "eles, agora, somos nós". Sempre que nos deixam, pelo menos.

Saco roto...

   Há uns tempos atrás, sem o calor apertar, tive uma calma "discussão" com um colega de trabalho por causa da profissionalização, ou não, dos bombeiros. Na altura ele defendia-a com "unhas e dentes" dizendo-me que os Bombeiros Profissionais estavam melhor equipados. Poderá ter razão nesse aspecto, mas também não deixa de ser verdade que na minha região são, regra geral, os Bombeiros Voluntários os que nos valem nas situações de incêndio em florestas.
   Confirmou-se no ano passado, nos graves incêndios que tivemos, que os Bombeiros, pese embora a escassez de recursos que tinham, foram verdadeiros heróis por este país fora. Arriscaram as suas vidas defendendo terras e pessoas das chamas, que me assustaram só de as ver na televisão.
   Mas os episódios do ano passado parece que não serviram de exemplo a quem nos governava. O governo da altura lamentou o sucedido, mas nada fez para que este ano o panorama fosse diferente. Ouvi um “senhor” do governo anterior, engravatado, de cujo nome não me recordo (nem quero!), dizer que este ano os Bombeiros tinham mais meios para o combate aos incêndios. Que o combate às chamas seria eficaz e com meios mais que suficientes para não se passarem situações idênticas às verificadas em Agosto do ano passado. Ouvi eu e muitos de vocês. Em todos os meios de comunicação social.
   Puro engano!
   Este ano, e em Julho, o panorama já começou a ser aterrador. Os meios continuam a ser escassos, mas o senhor engravatado já não faz parte do governo. Saiu e as responsabilidades do que se poderá passar este ano, vão, uma vez mais, cair em saco roto!
   Pobres Bombeiros! O meu muito obrigado a todos eles. Todos!
   Para os senhores engravatados, que nos dizem estas mentiras, só algumas palavrinhas… mentiroso era o Pinóquio e nem ele conseguia mentir tanto! Tenham vergonha!

24.7.04

Presas soltas (dentições difíceis)

1 - O lanzudo que foi para secretário de estado é o que parece o Vítor Hugo, do hóquei em patins, ou foi o outro que, tendo cabeleira quase igual, ostenta um ar mais angelical? Deve ter sido este. O outro, assim mais a atirar para o vivaço, parece que fica a liderar a sua pequena bancada parlamentar. Felicidades a ambos. Hei-de descobrir, um dia, a quem as estou a endereçar, efectivamente, às felicidades. 

2 - Já saiu alguma coisa sobre a deslocalização? Ele, o messias a prazo, já veio cumprir as profecias do senhor a prazo de ontem? Ó Judite: estamos no dia "+1" pós declarações do senhor ministro daquilo tudo e mais do mar... O nadir deste ciclo será quando, em termos de efeitos laterais?

3 - Mais uma vez, não vou fazer greve. Bons tempos, em que havia greves de médicos cujos motivos eu entendia. Sim, muito bem, eu faço um TC e um EEG, não se macem a aconselhar-me.

Desde sempre

Quando penso em música portuguesa, nunca me ocorre o Fado. Ocorre-me, sim, a guitarra portuguesa, que não é Fado, é só a guitarra portuguesa. Quando penso em música portuguesa lembro-me sempre, involuntariamente, de Carlos Paredes.





23.7.04

A consciência empírica

Acabo de ler um artigo que refere, en passant, o juiz José Maria Teixeira de Queiroz que, em meados do sec. XIX, se recusou a julgar Camilo e Ana Plácido, acusados, conforme reza a história, de adultério. Diz-se que Teixeira de Queiroz se recusou a julgá-los por, ele próprio, ser adúltero, já que das suas relações clandestinas com Carolina Augusta Pereira d'Eça terá nascido o próprio Eça. Lui-même, Eça de Queiroz. Porém, o que se sabe com segurança é que Teixeira de Queiroz terá, apenas, afirmado não considerar que o adultério seja um crime, ao justificar a sua recusa em intervir no julgamento. As justificações que apresentou não deixam, contudo, de reflectir as suas experiências pessoais e não será forçada a conclusão de que essas suas vivências determinaram uma subjectiva alteração na sua estruturação moral que o tornou convicto de que, porque ele não se sentiu moralmente condenado ao cometer adultério, não podia condenar outros ao mesmo crime. Melhor: não entendia, sequer, como podia esse acto ser condenável. Donde se conclui, quase intuitivamente, que o cristianismo e o existencialismo de Sartre são sistemas tão diametralmente opostos nos meios como totalmente sobrepostos nos fins. Ambos provam, afinal, por caminhos divergentes e, em larga medida, opostos, que o Inferno são os outros.

Paz

A agonia de Carlos Paredes terminou. O seu talento, de tão bom e bonito, cansou-se, livrou-se das amarras do sofrimento e subiu ao céu.
Desculpem, isto é estúpido, coisas de besugo. Mas ele já merecia a paz.

Agradecer é confessar

O Asilo do Obstinado dá-nos os parabéns por sermos assim, como somos.
Isto é raro. Na minha vida, sempre que me felicitaram (fosse pelo que fosse, não foram muitas as vezes, mas pronto) acabaram sempre por me dar conselhos "no sentido de te tornares melhorzinho". Ele não: elogiou e pronto. Da mesma forma que, seguramente, se não gostasse, ou ignoraria a nossa existência, ou nos viria dizer que fôssemos dar uma curva. Acredito que seria assim. Obrigado, teimoso.

Por ser verdade e por ser justo, confesso três ou quatro coisas (não sei se devia, mas pronto):
1 - Nós ainda tentámos pôr aqui uma espécie de contador de visitantes (pronto, fui eu que tentei), mas não funcionou...
2 - Gostamos de participar em  discussões fora do nosso blogue mas, geralmente, não nos ligam grande coisa. O que, de facto, acaba por nos fazer pouco efeito, mas pronto. Fica a verdade.
3 - Não somos adeptos de clubes diferentes: eu sou do Sporting e os outros, não percebendo patavina de futebol, tentam chatear-me com os clubes alternativos que também há para aí...
4 - O único que expressa tendências políticas sou eu. Os meus companheiros dedicam-se, sobretudo, a achincalhar as minhas tendências políticas expressas. Limitam-se a afirmar o seu desdém (é verdade! leiam!) por mim. Eu sei, eu conheço esta raça do demo que tenho das portas adentro!

Mas eu tenho desculpa: eu estive doente!  Eu tive TODAS as doenças da infância, até o trasorelho! Sim, aquela doença a que os lísbios chamam "papâira" e as outras pessoas que não são rústicas (mas também não são lísbias) conhecem por "papeira"!

Eu tenho desculpa, ora!
E, sim, gostava agora dum bocadinho de mimo!

Hasta siempre

Caríssimos, antes de partir em veraneio, afirmo o meu desprendimento do  poder e penitencio-me de ataques pessois a figuras governativas, lembrando mais uma vez a Sra. D. Agustina, quando preconiza que se pode esperar tudo da virtude, até que redunde em erro...
Tudo compreender é tudo perdoar (sobretudo depois de uns mojitos).
Incapaz de reflectir tão profundamente como Vexas. sobre a desigualdade da distribuição da riqueza em Portugal ( tão óbvia ela é) despeço-me com um novo slogan: BUSH SÓ KATE!

22.7.04

The kick inside?

Chabeli! Do que te foste lembrar! É que, há uns anos atrás, numa festa de Carnaval cá em casa a que compareceu muita gente com a cara pintada flower-power style, aconteceu a dada altura que duas das convivas - adolescentes, claro - estiveram para mais de uma quantidade de tempo a divertir a audiência cantando o "Wuthering Heights" em falsete e "The man with the child in his eyes" em duas vozes.  Sabiam as letras na perfeição, mas uma, de voz mais frágil que a outra, ficou rouca no dia seguinte. Diz, quem esteve nessa festa, que há quem tenha ficado a odiar a Kate Bush depois disso. Eu, por mim, continuo a gostar do "The Kick Inside" e também não me agrada, como a ti, que se associe a Bush (Kate) a eleições em geral ou a popularismos em especial. Já lhe basta o sobrenome, pobre Kate...

O sistema

Admito que Manuel Alegre nunca poderia dar um bom primeiro-ministro. Não tem perfil. Muito menos o perfil altaneiro dum Barroso, dum Santana. Dum Paulo Portas, sobretudo, até porque o perfil de Portas não cabe em sítio nenhum.

Mas pode dar a cara (que é franca, barbuda e leal) e o vozeirão por uma forma qualquer de estar na vida. A dele, evidentemente. Isso pode. Eu preferia que Ferro fizesse isso por ele, de facto. Mas, a não poder ser, prefiro que seja assim, ainda que quixotesco, cheirando um bocadinho às "brumas da memória", que assistir à agonia completa das ideias diferentes embora sempre iguais, mais que discutíveis, todas elas erradas, se quiserem, antiquadas, vetustas, poeirentas... perante o "sistema". O "sistema" vai ganhar, evidentemente, ganha sempre. E, provavelmente, ainda bem que ganha, que os tempos são outros. Mas que se discuta, sempre, o "sistema". Qualquer um.
Era só.

Ah! Afinal não era. Maria de Belém foi a mais lúcida ministra da Saúde que conheci. Conheci mesmo, por acaso. Informem-se sobre o que seriam os C.R.I., que nunca passaram do "diário da república", contraponham-nos à filosofia das S.A. e, se quiserem, depois, digam qualquer coisa.

Ça marche

- Então o senhor acha, sem qualquer dúvida, que ele é mesmo o ministro indicado?
- Eu acho. É serio, competente e trabalhador. Sou eu que o digo! E ele, amanhã ou depois, Judite, vai provar-lho!
- Hein?
- Vai provar que é sério. Um dia destes. Ele ainda está a pensar. Que é que as pessoas querem mais? Ele vai explicar! Nem precisava, uma vez que eu estou a dizer-lho, a si e aos portugueses, agora mesmo. Um homem do ambiente. Do verdadeiro ambiente, claro. Um talento.
- Pois. E a regionalização?
- Hein?
- Desculpe, aquilo, a descentralização...
- Hein?
- A deslocalização, pronto...
- Ah! isso é diferente, cruzes-canhoto, ainda bem que me fala nisso. Eu gosto de respeitar a forma (apesar de tudo, este governo tem um primeiro ministro, que não sou eu, embora eu ache relativamente mal), por isso não devo ser eu a, enfim... Deixe que lhe diga que...
- Desculpe, mas quero fazer-lhe a pergunta: ele sempre vai avante com aquela ideia da deslocalização?
- Como lhe disse, ele é que dirá, que eu gosto de respeitar a forma. Mas não resisto, pronto, é por estas e por outras que há parvos que me julgam um garotelho, mas que se foda, sim, sim, por Deus! Sim, muito em breve, amanhã talvez, ele virá dizer que sim! 

Ça marche! 

Diário secreto de besugo (I)

Querido diário secreto:

A Chabeli vai-se revelando. Admite ser queque mas adora democracias musculadas. E tu sabes, querido diário secreto, qual é o meu conceito duma democracia musculada: exactamente, de Cuba para cima. Gostei de ler e talvez isto seja uma indirecta para irmos passar uns dias a Havana, a breve trecho...

Por outro lado, parece-me que tem a mesma opinião que eu sobre a Lolita: uma prepotente, uma autêntica big-sister, que me desancou aqui no outro dia. Cuido, mesmo, que a Chabeli se ofereceu para partilhar comigo as catacumbas, mas esta parte ainda tenho de ler melhor...estou sem óculos.

Preocupou-me, depois, aquele parágrafo em que enveredou pela crítica velada ao senhor secretário de estado da Justiça. Tu sabes, querido diário secreto, que fico sempre constrangido perante estas asserções verrinosas, que beliscam os nossos governantes, independentemente do penteado e dos antecedentes pios. São coisas que me ficaram da tenra infância, um respeito venerando pelas altas entidades, pronto. No entanto, a Chabeli voltou a marcar pontos quando assumiu gostar da Kate Bush e detestar o CDS. Enfim, admito que é mais uma leitura superficial, esta que faço, mas dá-me jeito agora. E tu sabes, querido diário secreto, que esta minha volubilidade é compensada por uma naturalíssima bondade e uma inenarrável parcimónia.

Finalmente, em código cifrado, fingindo aconselhar leituras e audição de discos à Lolita, a Chabeli atira-me um convite (de esguelha, mas eu topei!) para fumar uns charros. Sim, que eu (ao contrário doutras pessoas que precisam de frequentar cursos para balbuciarem "Madrid me mata!") domino o castelhano com mestria e percebi "muy bien" a quem se dirigiam aquela "hierbabuena" e aquele "hasta siempre"!...

Preocupa-me vislumbrar na nova recruta, contudo, uma despudorada sede de poder, misturada com alguma indefinição: quer, ao fim da força, ser Directora Geral das Alfândegas mas, de facto, não explica se inclui no seu delírio a vetusta Alfândega da Fé... Nunca explicam tudo, estes juristas!

Não sei, ainda, querido diário secreto... mas talvez a Chabeli não venha a dedicar-se a agredir-me por escrito, aqui no blogue, como fazem os outros todos, sobretudo a... tu sabes bem, a Lolita, a big-sister, a que me desancou no outro dia, eu já te disse. Tenhamos fé.

 
Até á vista, querido diário secreto: traga Deus bom tempo e um ponta de lança a sério para o nosso Sporting, que o nosso espírito de sacrifício fará o resto!

Goofy tales

E agora, algo realmente importante:

- Mas este cantinho era meu...
- Desculpa. Eu sou mais antigo, agora é meu.
- E eu vou para onde? Sim, para onde vou eu?
- Vamos arranjar-te um sítio qualquer, "patuispalá". Iac!
- E as papeladas? Onde mandaste pôr as minhas papeladas?
- Foram para a reciclagem! Iac! Estou a brincar, eu sou um ministro bem disposto. Estão nuns caixotes, tu depois organizas aquilo, entreténs-te.
- Bolas! Assim não se pode trabalhar!
- Iac! Gostas do meu penteado?
- Não. Pareces um beatle cabotino, ressequido e hirto!
- E tu? Pareces-te cada vez mais com o Roberto Benigni, de perfil. Já te tinham dito? Andor.


A lógica tratada como se fosse um tubérculo

As premissas blasfemadas (sexos à parte, para não insistirmos no tema recorrente - mas justo - da "discriminação da mulher"), foram estas:

1 - Um funcionário público português ganha mais 37,6% do que um trabalhador "equivalente" no sector privado.
2 - Não se vislumbra, espreitando por blasfemo óculo, nenhuma "anormal eficiência" nos funcionários públicos que justifique a discrepância salarial com os seus "colegas" do sector privado.

Estas duas premissas (a 2 era, de facto, uma premissa; só que aparecia camuflada de "conclusão alternativa ridiculamente falsa" , para fazer brilhar as verdadeiras conclusões blasfemas, que vão já a seguir:

Conclusões blasfemas:
1 - Os funcionários públicos estão a ganhar mais do que merecem.
2 - Isto é, tal e qual, como se pagassem impostos a menos.

Eu tiro outras conclusões (até porque se depreende do artigo do "Público" que se está, ali, a falar dos trabalhadores que auferem salários mais baixos, em ambos os sectores), em alternativa:

Conclusões de besugo:
1 - Os trabalhadores do sector privado parecem ganhar menos do que, se calhar, mereciam.
2 - Provavelmente, ambos os grupos de trabalhadores (do sector público e do sector privado) deveriam ganhar mais, que a vida é difícil para todos. E mais niveladamente.
3 - Os liberais gostam de apontar o dedinho acusador a quem não tem outro remédio senão pagar os impostos "todinhos", logo à cabeça. E não são só os funcionários públicos que entram, religiosamente, "pela madeira adentro": são a maior parte dos trabalhadores por conta de outrem, em ambos os sectores. Como se vê, é um dedinho que não consegue tapar, aos olhos de ninguém, quem é que tem potencial para nos penalizar a todos, trabalhadores do público e do privado, em matéria de não pagamos: são os profissionais liberais (que não são todos ideologicamente liberais, eu sei), as empresas e os empresários. Entre outros.

Há quem lhes chame, às empresas e empresários, a "mola real do país". Se calhar são, mas a verdade é que, pelos vistos (e concluo isto do que li no Blasfémias), pagam mal aos que utilizam para ficarem ricos. Desculpem, lá ia eu: pagam mal aos que utilizam para enriquecerem o país! Eu confundo sempre estes dois conceitos porque sou incrivelmente mal formado.

Ora, tubérculos!

Das Páginas Centrais

Caro Besugo, constato que foste ultrapassado pelos acontecimentos, lamento, mas Big Sister é Big Sister, fico eu com as catacumbas. Adoro democracias musculadas.
Directamente das páginas centrais da «Hola» (assumo o fascínio kitsch, mas antes «Hola» que «Caras»), devo hoje dizer-vos:
1 - Ainda petrificada com a elevação do dr. Paulo Rangel a Secretário de Estado da Justiça, recordo comovidamente o jovem engomadinho e penteadito que emitia programas pios na Renascença do Porto, no século passado, enquanto uma dúvida me assalta: que contributo trarão doutas doutrinações sobre o regime semi-presidencialistas ou a magna questão da eleição por sufrágio directo dos magistrados para a resolução definitiva do pungente problema da adequação dos quadros de funcionários das Comarcas de Ponta do Sol? de Vila Real de Santo António? Quiçá de Paredes de Coura, abençoada terra?...
2 - Prontos (como diz a minha clientela), tenho que confessá-lo, desculpem, não queria começar já a ser chata, mas aquela associação algures neste blog entre votar no CDS e a Kate Bush... não gostei, prontos. Passei a adolescência a decorar as letras do «the Kick Inside», por isso, não gostei! (estou a rosnar)
3 - A ti, cara Lolita, e como chegaremos ao fim do Verão a descobrir, como dizia um poeta, que foi esta  «a única estação», recomendo ouvir muitas vezes o primeiro disco de Lhasa de Sela ( «La Llorona») e ler todos os policiais de Andrea Camilleri, o Montalbán da Sicília, misturado tudo com muitos mojitos. Cuidado com a hierbabuena. Hasta siempre.
P.S.- Após o embróglio de ontem, tenho que afixar um anúncio: sou filha e neta de despachantes oficiais, exijo subir a Directora- Geral das Alfândegas.

21.7.04

Relativizações absolutas

No Blasfémias, o João Miranda comenta um artigo do Público que aborda o tema do peso dos salários dos funcionários públicos no PIB. Usando-se o sector privado como termo de comparação, conclui-se que, no mundo empresarial, se ganha menos do que no sector público, sobretudo em funções menos qualificadas. Por outras palavras: no sector público, ganha-se mais do que no sector privado. Ambas as asserções são objectivas; é preciso, então, contextualizá-las. Falamos da economia portuguesa e não da sueca ou da finlandesa. Repare-se como é interessante notar que, no tal misterioso estudo do Banco de Portugal (de que toda a gente fala mas ninguém leu - nem eu), se refere o facto de haver uma dispersão salarial menor na Função Pública do que no sector privado, o que penaliza o interesse nos cargos mais elevados, enquanto que é altamente atractiva nos restantes; E que, em 2000, com igual escolaridade e experiência, um funcionário público português ganha maios 37,6 por cento do que no sector privado - se for uma funcionária, esta diferença atingia os 64,6 por cento. Já se vê onde quero chegar? Claro que sim. Resume-se no que se segue. 

Antes do mais, e sem qualquer comparação, constitui dado objectivo o facto de que os funcionários públicos portugueses ganham mal (exceptuando, claro, o ex-futuro Director-Geral dos Impostos), e esse facto não é desmentido pela existência eventual de um significativo número de funcionários públicos possivelmente relapsos e alegadamente incompetentes (sendo certo que a incompetência profissional nunca é, salvo raras excepções, responsabilidade exclusiva do próprio incompetente, mas igualmente dos (in)competentes que, sobre ele, tenham responsabilidades hierárquicas ou funcionais) .

Já da comparação que se faz no estudo resulta que, genericamente, se ganha mais no sector público do que no privado. Sabendo-se que em Portugal toda a gente ganha mal, sobretudo por comparação com os níveis salariais praticados em outros países europeus e sabendo-se, também, que os funcionários públicos, segundo este estudo, são mais bem pagos do que os trabalhadores do sector privado, onde reside o problema, então? Não será, seguramente, no sector público. É mais justo que os cargos dirigentes sejam menos bem pagos no sector público do que nas empresas, por comparação com os cargos de hierarquias mais baixas. Também é mais justo que, na função pública, as mulheres sejam menos penalizadas face aos homens.

Parece-me, portanto, que a questão é indiscutível do ponto de vista da justiça e da aproximação de desigualdades. Sê-lo-á, então, do ponto de vista da despesa que gera a vasta massa salarial da função pública, para a qual não existe receita suficiente e que, muito embora se trate de um ponto de vista muito menos relevante do que o ético, é, contudo, um ponto de vista bastante mais manipulável. Não existissem grupos económicos com peso e domínio sobre as opções políticas e já há muito que teriam sido implementadas efectivas medidas de controlo e fiscalização das obrigações fiscais que, como todos sabemos, geram receitas substanciais. Mas assim já não estaríamos a falar da economia portuguesa e das suas fragilidades endémicas.

Os dados do estudo são inequívocos; é preciso é lê-los pelo lado certo. Ou alternativo, pelo menos.

Daqui do meio

Aviz escreveu um bonito lamento sobre a despropositada protecção que vamos dedicando à nossa juventude (um mercado) e o tristemente consolidado esquecimento que devotamos aos nossos velhos (um prejuízo).  Nem era preciso o contraponto, para mim. Mas, já que o Francisco o fez, os meus filhos e os meus pais agradecem-no, todos os quatro. E eu também, aqui do meio do tempo.
 
 

20.7.04

Explicações de Lolita

Como bem se nota, o besugo soube antecipadamente da entrada da Chabeli.
 
Como melhor se nota, o besugo negaria, mesmo perante uma beca solene, a autoria de qualquer acto menos lícito que, por mera conveniência, lhe aprouvesse negar. É desta matéria, conforme muitos criminalistas ilustres já o afirmaram, que são feitos os delinquentes que temem as prisões, sobretudo as preventivas - vide, por todos, Lombroso e a sua famosa tese anatomo-criminológica. Não falou em espécies piscícolas, mas também a verdade é que o besugo não é um peixe. Isso eu sei.
 
Conforme ainda mais nitidamente se nota, as ideologias totalitárias de esquerda com que o besugo simpatiza não são compatíveis com as decisões colegiais que aqui gostamos de praticar. É certo que só se decide em segunda convocatória, mas esta malta não comparece! O besugo, porém, queria mandar sozinho aqui; todos lhe dissémos, obviamente, que não, que ainda não chegamos a Cuba e que, para discursos de sete horas, já basta o Fidel. Como era de esperar, passou a esganiçar-se, saltitante, sempre que não é ele o porta-voz do comité.
 
Finalmente, e como se vê à transparência, o besugo lamenta-se. É que a medicina perdeu, aqui, a maioria... simples.

A fuga, a prepotência e o Sporting: valha-me Deus.

1 - O alonso foi de férias mas não teve a delicadeza de nos comunicar para onde. Há contas para pagar, há correspondência, há decisões a tomar... enfim, há uma data de obrigações a manter e ele, aos costumes, disse nada.
Antes de ir, dissertou para aí o que os senhores leram. Eu respondo-lhe depois, quando ele voltar. Para já, limito-me a ficar perplexo e fascinado com a figura que o desgraçado há-de ter feito, lá na mesa de voto da freguesia dele. Valha-me Deus. De facto, depois desta confissão, percebe-se melhor o seu destino incerto. Mais incerto que o de Santana, mantenho. Esse é certinho. (Santana é ali ao pé de Sesimbra, evidentemente. Uma terra de risonho e longo futuro, era isto que eu queria dizer).
 
2 - Chegou agora aí uma Chabeli. Eu não conheço a senhora, mas deve frequentar, também, a Hola. Páginas centrais. Não fui consultado, a propósito. Pelo menos, se fui, não me lembro. Mesmo que me lembre, não há provas disso. E, mesmo que as haja, hei-de destruí-las antes que me acenem com a prisão preventiva! Isto do conselho de administração é uma treta, este blog da lolita (essa espécie de carmela, definição da própria) é uma casa térrea com cave e, qualquer dia, se me não ponho a pau, reservam-me as catacumbas. Ou me explicam isto muito bem ou faço greve ao blog! Pensando melhor: não faço! Há que adoptar formas de luta que chateiem mesmo! Escrevo sem cessar! E sem pensar, como de costume. Agora demoli-vos, hem?
 
Cuidado, juristas residentes e proliferantes! Muito cuidadinho. Reside algures, num recanto escuro desta minha pobre mente recozida , um embrião de "normativismo" que tende a crescer ao ritmo do plantel do Sporting: lenta mas seguramente! (*)
 
3 - O Sporting. Disto é que eu gosto de falar. Vou fazê-lo em posta separada, evidentemente, mas não sei se será hoje. O tema é vasto, apaixonante, difícil e exigente do ponto de vista meníngico, eu estou cansado... e o ar rarefeito da montanha não favorece estas abrangências. Pelo menos todas duma vez só.
 
(*) Bem vinda, Chabeli. Se quiseres eu imito o sotaque do Carvalhas (sacana da lolita!).

Caríssima Chabeli,

Vejo que te inicias no mundo blogosférico imbuída do torpor do estio (que este ano está fraquinho, aliás; mas é sabido que são as vontades que determinam as estações e não o contrário, pelo menos eu acredito que sim) que também me assaltou a mim. Satisfaz-me muito que te tornes membro deste blogue tão plural como... indefinível. Aqui andamos frequentemente à estalada (como desejou o Alonso antes da sabática), não temos orientação editorial ou espiritual e escrevemos até quando "há falta de assunto". À falta de melhor explicação, julgo que este sincretismo caótico nos há-de levar a bom rumo: é do caos que nasce a ordem... embora às vezes demore, pois. Mas, por falar em definições, devo avisar-te: a citação que fazes da Agustina é perigosa. Ou muito me engano ou, ao invés de aproveitarem a riqueza implícita da qualificação agustiniana da Justiça, havemos de ver os comunas residentes, descrentes da judicatura, a aproveitarem as palavras "furtiva" e "ladrão" para... enfim, tu verás para quê.
 
Agora trata de escrever sempre que puderes. Cria polémicas, questiona atitudes, atravessa-te em soluções e contraria dogmáticas. Enfim, fala do que te apetecer: música que vás descobrindo (sabes que conto sempre com as tuas sugestões), Justiça (mesmo estática...), direita, esquerda, centro, golo (pois, futebol, também!), o que quiseres. Eu sei que, para isso, já tens o mais difícil - temas e abundante inspiração. Bem vinda, Chabeli (nome Jet-Set, pá! Lolita é nome de operária, como Carmela...). 


Cara Lolita,

  Como «newcomer» assumidamente tímida e «désuette»(apesar do nome saleroso), dirijo-me a ti, Big Sister, contente com a grande honra do convite... e desde já alinho no teu estado de espírito: está instalado o torpor de Verão, tb só me mexo pq tem que ser... Aliás, como diz a minha guru Sra. Da. Agustina  (e bem): «A Justiça é uma coisa furtiva como um ladrão na noite.» Logo, não convém mexer muito...
 Apenas mais uma coisa: como recém-chegada à blogosfera, estou assombrada com a qualidade e a quantidade das opiniões, visões e perspectivas tão ricas que aqui se cruzam. Se«nós» tb somos assim, porque é que a nossa vida política e mediática é tão miserenta? Tão carente de ideias?  Hasta la vista!  Chabeli

19.7.04

Overdose

E pronto. Não me apetece, por agora, falar mais de política. É muita e rica, mesmo para quem ande distraído ou, pelo contrário, demasiado ocupado, a informação em que se esbarra acerca do governo recém-empossado, sobre o PS em geral e sobre o Sócrates em especial, sobre a palestina, sobre o anti-semitismo em França, sobre Sharon, sobre Kerry, sobre Bush. Mas - helás! - é quase tudo mau e, seguramente, tudo excessivo, para um final de Julho em que o que se espera é que a economia esteja a meio gás e o governo em mera gestão corrente. Os ciclos anuais da produtividade intelectual cumprem-se por esta altura e eu, que faço parte integrante das forças produtivas, não sou excepção. Descobri que esta recente política portuguesa atabalhoada mais o seu modus faciendi vertiginoso me cansam mais em Julho do que em qualquer outro mês do ano. Estas instabilidades acontecem, quando muito, durante as rentrées políticas. Nunca em pleno Verão! Tal como o novo Ministro do novo Ministério do Turismo (lá vou eu de novo...), por agora só consigo pensar em noites quentes e dias de sol, em água azul turquesa de piscina e em ondas curtas no mar. Nem com um gordo prémio de produtividade me Mexia.


Máximas em jeito de "até breve"

Máxima 1 - "não querem lá ver ..."

1 - O besugo que pendeu para a indigitação de novo PM acha que o Governo não se aguenta;

2 - A lolita que queria eleições de repente deu-se conta que o Governo se calhar se aguenta;


Máxima 2 - "assim, de repente, barafundi-me ..."

1 - o besugo se fosse constituinte abstinha-se. Em declaração de voto declarava "O discurso do Sr. deputado Alonso não era para mim, e tenho a mioleira recozida por causa dos 900 faxes que recebi de 150 sindicatos a pedirem-me 450 audiências para discutir a parte social da Constituição"

2 - A lolita acha que a sociedade civil dos EUA é pouco crítica. E quer que o PR (directamente) e o PM (indirectamente) sejam - ambos - objecto de sufrágio. (Ou não, que o PM era vinculativamente indicado apenas depois das eleições ... mas deveria ter legitimidade eleitoral prévia ... pois... )


Máxima 3 - "Como eu não gosto dos gajos eles não prestam." (a ordem dos factores está ao contrário do que costuma ser suposto, mas é assim mesmo)

1 - O besugo acha que o CDS tem uma expressão eleitoral "esganiçadita e saltitante". Confirmo. Votei CDS a cantar como a Kate Bush e entrei na secção de voto aos saltos. São sinais cabalísticos que nós - os da extrema direita intolerante e sectária - julgávamos secretos mas que o besugo descobriu.

2 - A lolita acha que o Santana fez um Governo de: "carreiristas, ambiciosos, vigilantes e clientes". Como diria o Marlon Brando "the horror ... the horror ..."


Máxima 4 - "Eu até costumo ser razoável, mas hoje não consigo"

1 - O besugo, que no Domingo ainda estava a recuperar de sexta-feira e não tendo, manifestamente, ido à missa, disparou em todas direcções, assim: "Afirmo que, não contestando a inteligência de António Vitorino (toda a gente diz que sim, quem sou eu?), me parece ser a direita quem mais lhe sente a falta: contratai-o, nesse caso, senhores. Se bem que tendes, já, no estilo "potencialmente fulgurante, embora pequenote", Marques Mendes... mas o vosso banco dos suplentes é vetusto, bolorento, grande e doirado. Até Leonor Beleza de lá vai saltar, um dia, como se não merecesse recessos escuros até ao fim da sua vida política. Eu estou a ler-vos."

2 - À lolita, mais concentrada em amores e ódios, sucedeu-lhe que, depois de o carro gripar inopinadamente e de, por o telemóvel não ter bateria, ter passado três horas numa rua do Porto sem vista para o molhe, chegou a casa atrasada, deixou esturricar o jantar e escreveu esta pérola da diabolização alheia: "Santana Lopes só não é um Ferreira Torres porque aparenta ser mais polido. Alimenta-se de influências e compadrios, prefere ceder sob qualquer contrapartida do que pôr em perigo a sua estratégia pessoal de ambição política. Santana Lopes não produziu, em décadas de participação política, uma única ideia de relevo, uma proposta credível, uma estratégia consistente. Não conhece nada a fundo; superficialmente fala de tudo. Cultiva o caciquismo de bastidores, movimenta-se e sustenta-se no seio de lobbies e de trocas de favores. Serve-se de qualquer interesse público que lhe sirva os interesses pessoais. Santana Lopes representa o oposto do homem político, do construtor da cidadania, do democrata por convicção."


Máxima 4 - "A saudade é um sentir português"

1 - de besugo: "Afirmo que Ferro Rodrigues merece mais credibilidade do que qualquer dos seus mais que prováveis sucessores no PS"

2 - de lolita: "desde Cavaco Silva que temos assistido ao desfile de políticos de carreira que se tornaram governantes, em vez de profissionais de outras áreas que se tornaram políticos"


Máxima 5 - "Portugal, estás em perigo!"

1 - O besugo está chocado com tanta ministraria do CDS. Começa por achar curioso, mas logo a seguir já diz que é ridículo. Percebe-se que tanto ministro de extrema direita o perturba. Afinal, ministros eleitos por votantes esganiçados e saltitantes é coisa que não deve acontecer (sobretudo, que não pode acontecer). O coitado do Alverca é que não merecia ser comparado (ainda que para sublinhar a diferença) com essa sinistra e inexplicavelmente existente associação política. Foi ali metido como Pilatos no Credo. Nada a ver.

2 - A lolita está preocupada com a liberdade, nestes tempos de trevas. Mas tem o JPP como farol e reduto de liberdade. Façamos todos votos que a lolita não se comprometa e mantenha a sua liberdade intacta. É dificil, mas aposto que consegues, lolita!


Máxima 6 - "Gosto de vos ver em discórdia"

1 - o besugo acha que eu escrevo para a lolita. E não tem discutido com ela.

2 - A lolita bem tenta chatear a mioleira recozida do besugo. E até lhe chama "tratante". Mas ele não liga e o mais provocatório que escreve (from "lolita's point of view") é que o Sporting vai ser campeão.

3 - O Paco anda desaparecido.

4 - O Manolo ainda deve ter a mioleira mais recozida que o besugo (são colegas, o mal deve ser geral)

5 - O Stkaneko aparece raramente e tem o desplante de não "picar" ninguém.

6 - E eu ... vou de férias "blogo-sabáticas". Espero, quando regressar, ver isto tudo de pernas para o ar porque a lolita e o besugo se pegaram à estalada à conta da gestão hospitalar, dos prémios de produtividade ou de outra coisa qualquer. Nem que seja por causa do próximo líder do PS.

Até breve, cambada de chalados.

"A morte por afogamento é rápida e silenciosa" - APSI

Não me vou perder por aqui a escrever muito, pois o título já diz tudo!
Deixo, contudo, aqui o link da APSI - Associação para a Promoção da Segurança Infantil. A página está muito bem estruturada e com informações de extrema importância para todos nós.
Sem dúvida impressionante o spot televisivo e não menos impressionante o cartaz do ursinho.
Pensemos um pouco sobre isto…

18.7.04

Afirmações de besugo (XXVII)

O novo governo está constituído. Le père noel est une ordure. Digo eu, que cito fracamente fracos filmes.
 
Escuto sempre o que dizem os comentadores cuja velocidade sináptica neuronal respeito, independentemente do que penso deles do ponto de vista ético. Oiço, sempre, portanto, Marcelo Rebelo de Sousa. Como oiço outros. Já percebi que o segundo maior umbigo do PSD (a cicatrícula umbilical mais proeminente do laranjal é, desde há muitos anos, o actual primeiro-ministro) acha o nosso novo governo fraquito. Uma manta de retalhos. Eu já achava isto dos seis anteriores governos, mas não justifico.
 
Eu também acho que este, o novo, o da retoma, é fraquito. Mas nem os senhores me pagam para explicar porquê, que já têm opinião formada, nem querem saber. Por outro lado, isso - a tibieza dos novos mandantes - parece-me tão evidente que, nem desafiado, me maçaria a justificar-me. Haverá quem diga que "tu não te explicas porque não sabes explicar-te, ora essa!" e eu respondo "pois, e tu falas assim porque te encabaram no Colégio Militar". Entendamo-nos: uma afirmação vale, quase só, o que vale a credibilidade de quem afirma. Apenas isso. E, acreditem ou não, eu não peço (nem mereço) mais que isso. Nem percam tempo com mais nada.
 
Passo às afirmações propriamente ditas:
 
Afirmo que este governo não vai concluir a legislatura.
 
Afirmo que Santana Lopes vai amuar, recolhendo-se às capas das revistas mundanas, em menos dum ano.
 
Afirmo que vai haver populismo de direita, mas também de esquerda. Que este governo é mais facilmente derrubável que conservável pela desonestidade intelectual que infiltra a sociedade portuguesa, em todos os seus sectores, pelo que, no confronto bipolarizado das nossas habituais desonestidades globais, já está a perder em casa e vai acabar goleado. E que tudo isto será inteiramente merecido, do ponto de vista da estratégia política, e nojento do ponto de vista ético e da cidadania, mas eu não tenho de ser mais cidadão, nem mais ético, que os outros. Muito menos a esta hora.
 
Afirmo que é curioso ver um partido de expressão eleitoral "esganiçadita e saltitante" fornecendo tanta "ministraria" para a governação. É quase como se o Alverca tivesse 5 titulares na selecção nacional. Nem pensar: é diferente! O Alverca pode ter, o CDS é que é ridículo que tenha. É mesmo diferente!
 
Afirmo que Ferro Rodrigues merece mais credibilidade do que qualquer dos seus mais que prováveis sucessores no PS, independentemente do facto (que careceria de melhor prova) de ser um político inábil. É relativamente suspeito que seja, sobretudo, a direita (e a esquerda cocó, já agora, a esquerda que gostava de ser do centro) a afirmar-lhe a incompetência, num enterro prematuro e imerecido, de escasso acompanhamento. Bastaria isto para me fazer dizer o que digo, mas eu tenho outras razões, que também não forneço.
 
Afirmo que, não contestando a inteligência de António Vitorino (toda a gente diz que sim, quem sou eu?), me parece ser a direita quem mais lhe sente a falta: contratai-o, nesse caso, senhores. Se bem que tendes, já, no estilo "potencialmente fulgurante, embora pequenote", Marques Mendes... mas o vosso banco dos suplentes é vetusto, bolorento, grande e doirado. Até Leonor Beleza de lá vai saltar, um dia, como se não merecesse recessos escuros até ao fim da sua vida política. Eu estou a ler-vos.
 
Afirmo, para terminar, que o Sporting vai ganhar a próxima super-liga. Afirmei isto, apenas, para vos proporcionar uma culminante e ensurdecedora gargalhada, obviamente. Eu gosto de observar os senhores a rirem-se de mim. Encarem isto como um ensaio clínico, ainda em fase II. Qualquer coisa sobre "o apriorismo bacoco na blogosfera: por que não ao alcance de todos?"

17.7.04

Ao ilustre blogue Tunisino

Caro João Tunes: foi com um prazer gostoso (ou com um gosto prazeiroso - leia-se com sotaque carioca) que li isto, que você amavelmente escreveu. Eu acho que nós nos viciamos, desde que nos conhecemos há já algum tempo proto-blogosférico, na discussão acesa, diletante, no prazer puro de discutir. A maior parte das vezes de forma inconclusiva: nunca conseguiremos convencer-nos uns aos outros. Outras vezes, sem acompanhar a agenda política ou a agenda de coisa nenhuma. Não somos disciplinados na leitura da imprensa diária portuguesa e muito menos na leitura da imprensa internacional. Imagine que eu, por exemplo, nunca visitei o site do "Le Monde Diplomatique", publicação de que se diz ser isenta (enfim, mais isenta) e, portanto, recomendável na recolha dos dados necessários para "andar à trolha".

Suponho eu que blogamos e discutimos ao sabor das vontades e das inspirações e tem sido assim que tudo isto nos tem dado gozo. Imenso gozo. Nada disto é muito sério e muito menos é indispensável: a nossa vida está lá fora e é, sempre, ela que, bem ou mal, nos inspira. Obrigada, em nome de todos, pelas suas palavras e obrigada pelo seu apoio (que não espero, nem quero, seja incondicional) às minhas lutas com estes tratantes. O besugo diz que eu tenho mau feitio e, na verdade, o meu não é melhor do que o dele. Nós continuaremos a visitá-lo, que já lhe apanhámos a pista há mais tempo.

P.S. Usei a segunda pessoa do plural em questões que podem ser sensíveis. Se vocês - Besugo, Alonso, Paco e Manolo - lêem, religiosamente, a imprensa diária, podem atirar a primeira pedra.


Sporting regressa às vitórias

Dez a zero(*), besugo!
 
 
 
(*) Contra o galáctico 1º de Maio. Não, não é o Naval, é o... Sarilhense.

Constituindo...

Caro Alonso: sem querer, já me manifestei a favor dos sistemas presidencialistas. Ou, pelo menos, contra as distorções geradas pelos sistemas parlamentaristas e pelos sistemas mistos, em que o executivo não é eleito directamente. No entanto, se é verdade que, nesses sistemas, é possível escolher as pessoas que integrarão o executivo e que existe, portanto uma tendencialmente maior responsabilização directa da acção dos governantes pelo eleitorado, também é verdade que as eleições de pessoas são muito mais permeáveis à promoção de idolatrias do que à defesa de ideologias. O sistema político vigente é, em vários países, um bom indicador do seu grau de desenvolvimento moral. Quanto menor é a capacidade crítica do eleitorado, maior é a probabilidade de se encontrar um sistema político do tipo presidencialista, sustentado mais na pessoa dos seus líderes do que em confrontos de ideologias. É o que se passa nos Estados Unidos, em que a campanha eleitoral das presidenciais é, em vez da preparação do facto político da eleição, o próprio facto político.
 
Se pensar melhor, defendo provavelmente um sistema mitigado do sistema misto, em que o partido ganhador das eleições legislativas se vincularia, perante o Estado e o PR, à manutenção do chefe de governo que tenha proposto na sequência das eleições, salvo motivo de força maior. Evitar-se-iam, assim, movimentações intra-partidárias do partido da maioria, golpes de estado assépticos e chefes de governo que não passaram pelo crivo eleitoral e cujo perfil para o cargo é mais do que duvidoso. Chefes de governo esses que, além do mais, formam os governos possíveis de entre carreiristas, ambiciosos, vigilantes e clientes.
 
Vasco Pulido Valente tem toda a razão: desde Cavaco Silva que temos assistido ao desfile de políticos de carreira que se tornaram governantes, em vez de profissionais de outras áreas que se tornaram políticos. Isto explica as desistências (o caso de Guterres), as promoções (emocionado, o Durão Barroso, viram hoje?...) e as ambições (Santana Lopes, a falar aos jornalistas, mostra o mesmo nível de discurso de um dirigente desportivo de um qualquer clube de futebol da Superliga, o que é dizer muito). Valha-nos Deus.




16.7.04

Visto de fora

Subitamente, hoje dei comigo a pensar que Santana Lopes - rectius, o PSD - pode ganhar as legislativas em 2006. Apercebi-me de que os próximos dois anos de governação serão um longo período de pré-campanha novo-riquista que há-de seduzir o elevadíssimo número de portugueses novo-riquistas que, por tradição ancestral, se deixam enfeitiçar pelo dinheiro fácil de consumo instantâneo. Santana Lopes só não é um Ferreira Torres porque aparenta ser mais polido. Alimenta-se de influências e compadrios, prefere ceder sob qualquer contrapartida do que pôr em perigo a sua estratégia pessoal de ambição política. Santana Lopes não produziu, em décadas de participação política, uma única ideia de relevo, uma proposta credível, uma estratégia consistente. Não conhece nada a fundo; superficialmente fala de tudo. Cultiva o caciquismo de bastidores, movimenta-se e sustenta-se no seio de lobbies e de trocas de favores. Serve-se de qualquer interesse público que lhe sirva os interesses pessoais. Santana Lopes representa o oposto do homem político, do construtor da cidadania, do democrata por convicção. Os próximos anos hão-de testemunhar a profunda e crescente clivagem entre a intelligentzia portuguesa, crítica do Santanismo, e uma maioria anónima de apoiantes demasiado incondicionais do governo de direita. Como diz JPP, será importante, de hoje em diante e até se extinguir esta comédia trágica, manter a liberdade intacta - e descomprometida, acrescento eu.

La plantilla

Afinal, Bagão Félix não ficou com a pasta dos pobrezinhos. Ficou com o pelouro da "intensificação e alargamento progressivo da fauna pobre, em prol da retoma"
Para o seu lugar foi aquele senhor que estava relacionado com a PJ. Pobrezinhos, agora é com ele que os meus amigos falam, sim? Ele tem bom ar. É social. E os antecedentes recomendam-no para qualquer segurança. Está bem assim.
Questões do ambiente, coisas verdes e azuis, planeta, conservação das espécies, isto tudo passa a ser com aquele senhor loiro de óculos que troca olhares de cumplicidade ternurenta com o carismático ministro da defesa. Com uma t-shirt preta passa bem por um tipo da Quercus, caladinho.
 
Isto é um mero registo factual, soube há uns minutos, nas notícias da 2.  Ainda não tratei toda esta informação.
 
O Alonso esmagou-me a pobre e recozida mioleira com aquela análise comparativa dos sistemas. Como saí de urgência e estou sem cabeça para tudo o que não seja mimo e frivolidades, permito-me pensar, assim de repente, 4 coisas:
1 - Ainda bem que estou cansado, deve ser por isso que não consigo responder-lhe agora.
2 - Ainda bem que aquilo, no fundo, não é comigo.
3 - Ainda bem que saí de urgência e estou cansado: é que, assim, só amanhã terei uma ideia clara sobre a definitiva veracidade de 1 e 2. E, entretanto, descanso.
4 - Pensando bem: ainda bem que aquilo é com a lolita. Que paz!
 
P.S. - O Altino queria oferecer-nos a pasta da saúde. Olha, logo essa! Tu és amigo, não haja dúvidas!

E se eu fosse deputado de uma constituinte 30 anos depois?

A lolita - essa fascinante e distorcida senhora que me chama de retorcido - acha que a hipótese de o líder do partido vencedor morrer na noite eleitoral é diferente da situação que vivemos com a ida do Barroso para a Comissão Europeia. E que pôr essa hipótese é "alterar as premissas" da discussão que a decisão do Sampaio provocou.

Embora retorcido, aceito que são situações diferentes. Que diabo, o Barroso não morreu. Mudou-se.

Aceite a diferença, em que ficamos? De acordo com a lolita, quem votou PSD votou Barroso para PM. Morrendo o Barroso, repetia-se o acto eleitoral ou não?

A questão é simples: de acordo com a Constituição, claramente o Presidente deveria, regressando do funeral, prosseguir como se nada. Ou seja, ouvidos os Partidos e tendo em atenção os resultados das eleições, indigitaria alguém (presumivelmente quem o PSD lhe indicasse) para PM.

Mas a lolita tem razão: a larga maioria das pessoas - e a lolita não é excepção - olham para as eleições legislativas como eleições para o Governo e, mais precisamente, para o PM.

O que impõe um pequeno jogo: Vamos fazer de conta que somos deputados constituintes. Sem os traumas de 1974/75 (ou seja, sem medo de personalizar o poder no Chefe do Governo, que o Salazar já arrefeceu há muito).

O que escolheríamos? De forma (muito) simplificada, as hipóteses são estas (lolita, se eu escrever alguma asneira, farás o favor de me corrigir):

Sistema Americano ou de presidencialismo puro - Votamos directamente o Chefe do Governo (que é o Presidente) e o Parlamento. Ambos (Governo e Parlamento) têm a mesma legitimidade eleitoral (directa) pelo que são poderes separados e paralelos, mas em que nenhum tem supremacia sobre o outro. O Presidente não pode dissolver o Parlamento, o Parlamento não pode destituir o Presidente, salvo em situação absolutamente excepcional de perigo para o regime ou de indignidade manifesta para o cargo. Sem nada que ver, portanto, com a política do Governo, de que o Parlamento pode discordar, mas que não tem poder para mudar (não há moções de censura nem quedas de Governos por iniciativa do Parlamento).
Ambos os orgãos têm poderes legislativos próprios, sendo que o Governo (o Presidente) tem poderes legislativos muito mais alargados do que num sistema como o nosso. Em termos de "necessidade de se entenderem", o momento fundamental é o da aprovação do Orçamento do Estado, que cabe ao Parlamento. O Presidente não está no entanto completamente desarmado face ao poder legislativo do Parlamento: se assim o entender, usa o poder de veto.

Em Portugal, o único paralelo com este tipo de regime é o que se verifica nas eleições para os orgãos municipais, em que votamos em boletins separados o parlamento e o executivo camarários.

Sistema Parlamentar - É o que se vive em Itália, em Inglaterra e o que se viveu em Portugal na Iª República. Só há um orgão eleito directamente (o Parlamento) e dele emanam os restantes (o Governo, no caso inglês; o Governo e o PR, no caso italiano e na nossa Iª República). O PR (ou o Rei, como em Inglaterra) tem funções essencialmente protocolares e pouca (ou nenhuma) influência no funcionamento do regime. Mesmo as "bombas atómicas" (demissão do Governo, dissolução do Parlamento) carecem, em princípio, do acordo do próprio orgão parlamentar, verdadeiro centro de toda a vida política e fonte da legitimidade de todos os restantes orgãos políticos do Estado.

Em Portugal, o único paralelo com este regime encontra-se nas eleições para as freguesias, em que votamos apenas para a Assembleia de freguesia e dela sai a composição da respectiva junta.

Sistema Misto - Com cambiantes várias, que pode fazê-lo pender mais para o Presidente (caso francês) ou para o Parlamento (caso português), caracteriza-se pela legitimidade eleitoral directa (igual, portanto) do Presidente da República e do Parlamento. Todavia, e no que respeita a "bombas atómicas", com supremacia do Presidente. Por exemplo, no caso português, o Presidente pode dissolver a Assembleia da República quando quiser, mas a Assembleia da República a única coisa que pode fazer é "pôr um processo" ao PR por crime cometido no âmbito do seu mandato. O PR é julgado pelo STJ (que dá, por princípio, a garantia de que o processo será judicial e não político) e, se for condenado, é então destituído. A hipótese é de tal modo académica que, no plano político, é irrelevante.

O Governo surge assim (nomeado pelo Presidente, que não é dele parte), como orgão de soberania (político) não-eleito (e por isso, no plano da dignidade constitucional, menos relevante). Depende da aprovação do seu programa na AR para vingar, e depende sobretudo dela para permanecer em funções (uma moção de censura aprovada implica necessariamente a queda do Governo).

O PR é, neste tipo de regimes, fundamentalmente uma "testemunha" do processo político. Um árbitro. O seu único "poder" advém da supremacia estatutária de que goza relativamente à AR. Evita-se a "personalização" do poder porque ele não governa. Evita-se a supremacia absoluta (no regime) dos aparelhos partidários com assento no parlamento porque ele o pode dissolver. Teoricamente, quando quiser. Na prática, fá-lo-á - por sua exclusiva decisão e até contra os partidos - apenas em situações limite.

Teoricamente, este (nosso) sistema é equilibrado. Na prática, é mais complexo do que o presidencial e não permite às pessoas escolher - directamente - quem as governa (que é a queixa que tem quem queria que o Sampaio dissolvesse a Assembleia).

O sistema parlamentar - que é o mais simples e mais "puro"- funciona bem em Inglaterra (mas é praticado com base em eleições por círculos uninominais, o que mitiga a fragmentação dos parlamentos e "personaliza" as eleições), mas foi uma péssima experiência em Portugal e continua a sê-lo em Itália. Neste País, aliás, e por falta de "contra-poderes" (do parlamento) no desenho político do Estado, acabou por ser o poder judicial a assumir essa função. O que não é, nem normal, nem saudável, porque este poder não tem (nem deve ter) legitimidade democrática/política própria.

O sistema presidencial funciona normalmente bem, e quer os USA quer o Brasil (para citar duas realidades diferentes) são disso um bom exemplo. Em condições normais proporcionam estabilidade governativa (ao darem ao Chefe do Governo legitimidade eleitoral directa e não apenas "parlamentar"). Como "contra-indicações" pode dizer-se que em caso de crise grave (entre os dois orgãos políticos) são regimes que - teoricamente - podem chegar a situações de bloqueio constitucional e a que - até que haja novas eleições - falta um "árbitro" mais as suas "bombas atómicas". Melhor, o árbitro é o povo e a "bomba atómica" é o voto, mas que - salvo catástrofe política - pode ser exercido na altura prevista e não a meio de mandatos.

A pior contra-indicação, no entanto, é a de que este regime é potencialmente perigoso quando aplicado em sociedades civis pouco fortes, pouco livres e pouco informadas. Tipo Rússia.

Concluindo: desconfio que a lolita simpatiza com o modelo presidencialista de regime. E que o besugo simpatiza com o que temos ( Não faço ideia do que pensam o Manolo e o Paco sobre isto). Eu hesito ... se o Guterres tivesse sido "eleito" PM e não houvesse PR (aliás, se PM e PR fossem a mesma coisa), ter-se-ia ele demitido a meio do mandato? E o Barroso, teria aceite este convite? (outra questão: no sistema presidencial, o candidato a PR concorre com um Vice, que obrigatoriamente o substitui em caso de vacatura do cargo. Será que o Barroso se teria candidatado com o Santana Lopes como substituto? E teria os mesmos, melhores, ou piores resultados?)

Francamente, não consigo desligar-me da "nossa" realidade" e dos nossos políticos quando penso nisto. E acho que, se me fosse dado poder constituinte, olhava primeiro à minha volta e depois é que decidia. Provavelmente, foi o que aconteceu em 1975.

Mas como vos convidei para este "jogo", acho que devo optar. E - tudo ponderado - opto pelo sistema presidencialista.

Porquê? Nem é tanto por querer a prerrogativa de escolher directamente a pessoa que tem a responsabilidade de governar.

No plano dos princípios, aliás, eu deveria bastar-me com o voto num determinado programa ideológico-político (sei do que falo. O meu voto foi sempre um voto ideológico e nunca "escolhi" - para usar a expressão da lolita - um primeiro ministro).

Sucede, porém, que só o "centrão" tem a possibilidade de escolher primeiros ministros. Eles vêm - e não há volta a dar-lhe - dos chamados "catch-all parties", ou seja, dos partidos suficientemente abrangentes e indefinidos em que cabem:

No PS:
O Guterres e o Sousa Pinto
O João Soares e o José Sócrates
O Jaime Gama e o Ferro Rodrigues
A Ana Gomes e o Jorge Sampaio
O António Costa e o Jorge Coelho

No PSD:
O Santana Lopes e o Pacheco Pereira
O Mota Amaral e o Isaltino Morais
O Dias Loureiro e a Teresa Patrício Gouveia
O Cavaco Silva e o Pinto Balsemão
O João de Deus Pinheiro e o Arménio Santos

Há de tudo, como se vê. E teoricamente, todos pensam o mesmo (todos mesmo, já que ambos os partidos se reivindicam da social-democracia)

Por isto, e só por isto, o regime presidencialista acabaria - a meu ver - por ser melhor, mais transparente e mais directo. É que eles são todos sociais-democratas, mas nenhum deles governou, governará ou governaria da mesma maneira.

Tenham ou não lido este interminável arrazoado (gralhas incluídas), queiram ou não fazer de conta que são constituintes ... bom fim de semana

Cerveja à borla, futebol e gajas para todos nos próximos dois anos

PSD e CDS Querem Governo Que Atraia Votos para 2006. 
  
  
 
P.S. Não percebo como é que esta escapou aos Barnabés.

15.7.04

A competição

O Ricardo Gross diz que não falou de Marlon Brando porque, ao olhar para o espelho depois de vestir uma T-shirt branca, deixou de se impressionar pela sua bestialidade. E eu acredito. Nada do que o Ricardo escreve me sugere o mais pequeno resquício de desonestidade. O Babugem transpira bem estar.
 
Don Corleone, porém, esse bebé chorão, parece ter impressionado o AG de forma tão avassaladora que, embargado de emoção, só lhe ocorreu a palavra "patético" para descrever o actor, a que fez preceder um sugestivo pontinho de interrogação. A prova do algodão (do espelho, aliás), deve ter-lhe corrido mal.

Prosa concreta

Acabo de descobrir que o blogger
se tornou parecido
com uma máquina de escrever. 


Eu já volto.

Cigarros

Estou a ouvir "Bela Praia", de Rão Kyao. Ouve-se muito bem, na véspera da urgência.
Eu desligo, sempre, as reservas mentais, quando me disponho a ouvir. Só assim se ouve bem: quando só se ouve. Não é "ouvir só", é "só ouvir". É diferente.
 
Para ouvir bem os outros temos, sempre, de deixar de nos ouvir a nós, ao menos por momentos. Com o tempo aprende-se que os uníssonos e os cânones são particularidades treinadas, combinadas, reflectidas, do canto. Um canto forçado, forçado de bonito, mas bonito de forçado, não me fazem sair disto.
Rão Kyao não canta, sequer. Que fazes aqui, Rão? Sai da minha posta!
 
Isto não faz sentido, razão tem o Alonso: tenho de pensar seriamente em mudar de marca de cigarros. Isto de fumar sempre a mesma coisa torna-nos, de certa maneira, conservadores.  É, no fundo, o que sou: um besugo predisposto a morder, sempre, o anzol do costume.
 
Há estudantes universitários, trolhas, serralheiros, secretários gerais, publicitários, candidatos a cantores e a modelos, embaixadores e recém-licenciados na arte de contestar tudo o que (ainda) não fizeram, que (ainda) não aprenderam que a evolução se vai fazendo, se for sólida, sobre os terrenos sólidos do que se conserva.
 
As pessoas de quem mais gosto, na minha vida, são todas conservadoras. Porque pensam longe e limpidamente sem largar a âncora do que já tinham pensado. De livre pensamento ou de ensinamento prestado. A gente sabe lá, muitas vezes, donde lhe vem o que sabe! O que não pode é renegar-se em cada novidade.
 
Isto, afinal, não tinha nada a ver com o Rão Kyao. Era só para dizer ao Alonso que ainda fumo os cigarros do costume. O que é mau, mas ele gosta: sempre lhe posso valer em alturas de carência, embora as carências dele sejam, conservadoramente, poucas..

Também de passagem...

Nada disso, Alonso, nada disso.

Indigitado por Eanes em Dezembro de 1980, Pinto Balsemão acabou por demitir-se em Setembro de 1981, tendo, embora, sido re-empossado pouco depois. Aliás, dois anos mais tarde e a meio dessa legislatura, acabaram por ser convocadas eleições antecipadas. Eu sou temporalmente distorcida, admito; já tu, és historicamente retorcido...

de passagem ...

... para corrigir a lolita.


O Sá Carneiro morreu em 1980. O Pinto Balsemão foi PM até 1983.

Lolita, eu cá vou dando umas gralhas, mas não sou romântico como tu, que conheceste uma mulher que lutou décadas na guerra colonial, viste um glaciar ENORME e nem deste pelo tempo a passar quando o Balsemão foi Primeiro Ministro.

Aposto que quando nos reencontrarmos vamos estar DIAS a discutir estes e outros assuntos ainda mais importantes (por exemplo, o que é que o besugo fuma antes de escrever aqui no blog :)

Este não!

A noite vai caindo, naquela coisa morna das acácias, tudo no cheiro da cidade. Cansei, do cansaço que vai cansando. Também não tinha mais por onde não ser assim...

Caramba, tivesse eu mais talento e enganava-os, mas não és tu, sou só eu...

Ouve, JPT: eu até já consigo escrever quase tão bem como tu, tu não te vás agora embora, assim sozinho, ainda é só quase! É mais por mim que por ti, homem! Política está nos jornais, esses querem ir, vão, boa viagem, tu só estás aqui!

Sobre blogues

Há links novos na lista ao lado (agora, curiosamente, à direita...), a maior parte deles para blogues de criação recente. A falta de motivação Vitoriana parece, porém, ter servido de exemplo a diversos blogues que, entretanto, anunciaram a sua extinção. Assim fez o Ma-Schamba, cuja despedida - calorosa, como é seu timbre - me surpreendeu. JPT não é só um bom pensador - o que, como quase sempre acontece, faz dele um bom blogger; é, também, um atento e crítico leitor de blogues. Espero, por isso, que JPT tenha hoje acordado no lado errado do dia e que, amanhã, decida no sentido da sua desextinção.

Clint, realiza isto em sépia, anda!...

"- Portuguesas e Portugueses: eis-me de volta. Por motivos que se prendem com o caraças da imponderabilidade da política (sim, que não há gravidade nenhuma na esfera política!), melhor dizendo, da euro-política (vocês não entendem, eleitores, limitem-se a acreditar em mim, foi uma cabala, pronto), não fui eleito para ser aquela coisa que vocês queriam que eu fosse, lá fora. Sim, porque seria uma honra, sobretudo para as Portuguesas e os Portugueses, que eu tivesse chegado a ser aquilo que os senhores, de facto, queriam que eu tivesse chegado a ser. Ó Nogueira Pinto, versão esposa: estou a ficar com um discurso parecido com o teu! Notaste? Tás boa? E o feio dos óculos com quem casaste? Pois, esse não...
Bom. A verdade é que cá estou. E, que eu saiba, eu sou o primeiro ministro verdadeiramente eleito pelos portugueses. Aquilo que os senhores despoletaram, duma forma que me parece variar entre o generosa e o egoísta (sim, a honra que seria para vocências, não se esqueçam disso!), a crise que os senhores arranjaram com a vossa mania de me quererem ver a representar-vos nas mais altas instâncias da estância europeia, essa crise, transforma-se, de imediato, numa não crise. Estou aqui, senhor Presidente da República, Povo! Suspendei tudo. Eis-me entre vós, valsando, pleno da minha habitual pujança de estadista experiente e experimentado. Experimentei, de facto, mas não deu. Correu-me mal. Mas agora estou aqui, rejubilemos.
Uma não crise resolve-se como se fosse uma crise: um País devolvido ao seu líder, Lisboa ao seu destino, Bagão Félix na pasta dos pobrezinhos e Morais Sarmento à direita do Pai (voltei, filho!), tudo isto decidido pelo Senhor Presidente da República, após ouvir os sobreviventes. Aliás, eu só voltei porque intuí, generosamente, que Vossa Excelência decidirá como eu imaginei.
Ó, imaginação! Ó, temperança! Ó, recordações de mim, lá em Valpaços! Que bem me sinto, apesar de tudo, grosso talento eu tenho para a reequação de mim!

Considerem-se abençoados: não há como a nossa casinha comigo dentro, de pantufas."

14.7.04

Jardins da Babilónia



No fim da tarde de sexta-feira passada, lembro-me que me sentia exausta. Impunha-se, porém, que, à noite, fosse ao Coliseu ver a Rita Lee. E fui.

Rita Lee não é uma diva da MPB, como o foram (ou são) Elis Regina, Bethânia, Gal Costa ou a malograda Nara Leão, cuja voz era a Bossa Nova. Rita Lee é brasileira de empréstimo, uma outsider americana de raça tornada impura, uma paulista sem bunda, como ela própria diz. Enquanto a via no palco, ocorreu-me que provavelmente lhe falta um dos chips do amadurecimento que fazem com que, à medida que envelhecem, as pessoas se tornem mais contidas, mais conformistas e mais pudoradas. Rita Lee tem cinquenta e seis anos e cultiva a postura inconsciente e exibicionista tipica de uma adolescente a que acrescenta diversos mimetismos de palhaço de circo. O que não é, note-se, censurável. Longe disso. Sobra-lhe talento musical e expressividade. Eu gosto daquele boss’n’roll inspirado, feito de melodias atraentes e letras inteligentes, embora leves. Homenageou Cássia Eller e Cazuza, falou demoradamente com o público, ironizou com inteligente subtileza sobre brasileiros e portugueses em doses iguais e gostou, visivelmente, que lhe conhecessem as canções. Tudo agradavelmente saboroso. Minha saúde não é de ferro, não/Mas meus nervos são de aço/Pra pedir silêncio eu berro/Pra fazer barulho eu mesma faço/Ou não! Trabalho limpinho. Na foto, os Mutantes, a banda de que fazia parte em 1830, como ela disse a dada altura.

Aqui estou eu, a pensar duas vezes:

"...que duma delas penses que estás a eleger deputados, propostos por partidos políticos ... que têm programas."

É por me meter a pensar nisso que, ultimamente, me tenho remetido à abstenção. No entanto, deixa-me sugerir-te alguns temas de reflexão: as escolhas políticas feitas em contexto democrático não são irreversíveis; as legislaturas em Portugal duram, em princípio, quatro anos; não se sacrificam plebiscitos, quando prementes, em função de estabilidades quadrienais; as medidas de excepção que a CRP atribui ao PR foram pensadas justamente para casos como este.


"...da outra penses que se o líder do partido mais votado morrer na noite das eleições, é à oligarquia desse partido que cabe escolher quem indica ao PR para chefiar o Governo."

Não alteres as premissas, Alonso, que não chegas à mesma conclusão. Durão Barroso não morreu: felizmente para ele, só foi voluntariamente promovido e, nota bem, acreditava tão profundamente no programa de governo que propôs aos eleitores que, ao mais leve aceno vindo de fora, o abandonou. Repara: se tivesse morrido, morreria, presumivelmente, a preferir não ter morrido, a desejar permanecer no cargo caso não morresse e, sobretudo, sem qualquer contribuição voluntária para toda esta insólita confusão. Tratar-se-ia, na verdade, de um triste imponderável, de uma típica situação de força maior (que também estudaste, que eu sei) que alteraria, como tu bem sabes, todos os dados da questão.

Lembra-te, porém, do que sucedeu quando morreu Sá Carneiro: poucos meses depois, o Governo de Pinto Balsemão caiu. Espero, daqui a uns meses, poder acrescentar um "também" a esta última frase...

A deriva plebiscitária ...

... a que o Sampaio se referiu está esplendorosamente sintetizada nesta tua frase, lolita:

"Quem votou PSD (not me) votou em Durão Barroso para Chefe do Governo"

Pode ser que nas próximas legislativas penses duas vezes. E que duma delas penses que estás a eleger deputados, propostos por partidos políticos ... que têm programas. E que da outra penses que se o líder do partido mais votado morrer na noite das eleições, é à oligarquia desse partido que cabe escolher quem indica ao PR para chefiar o Governo.

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