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27.7.04

O discurso

Ao longo do dia de hoje fui ouvindo retalhos do directo da TSF sobre o debate. Tive a sorte de assistir, pelas onze da manhã, à parte do desinspirado (inseguro?) discurso de Santana Lopes em que este sublinhou a gasta evidência de que este programa assegura a continuidade das políticas do anterior, tentando, muito embora, dar a essa afirmação um tom de profunda e reflectida ponderação. Humilde, pediu aos partidos da oposição que o ajudassem a gerar consensos. Gaguejou e titubeou, quando abordou os temas mais técnicos e menos retóricos. Soa a estranheza, da mesma forma que nos soaria a estranheza se nos deparássemos, digamos, com o José Carlos Malato discorrendo sobre o pensamento de Bento Espinoza, ouvi-lo ler, sem saber, textos de autoria alheia sobre as orientações políticas sociais ou económicas concretas do "seu" programa. É provável, apesar do ar tranquilo que permanentemente ostenta (e que não passará, se calhar, de um casual e involuntário traço de expressão) que ocorra já a Santana Lopes que, afinal, tudo isto é muito mais trabalhoso do que supunha. Até os seus - reconhecidos - dotes de tribuno se viram contra si.

Porque conduzia enquanto ouvia, não pude anotar, antes que me esquecesse, a frase mais circularmente vazia de sempre da demagogia santaniana. Era mais ou menos isto: "... porque o enquadramento jurídico radica na base legislativa, muito embora de um ponto de vista estritamente formal". Acabado o discurso, e faltando ao maior partido da oposição um líder em plenas funções, coube a António José Seguro a resposta ao seu discurso. Suprema humilhação.

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