blog caliente.

14.7.04

Aqui estou eu, a pensar duas vezes:

"...que duma delas penses que estás a eleger deputados, propostos por partidos políticos ... que têm programas."

É por me meter a pensar nisso que, ultimamente, me tenho remetido à abstenção. No entanto, deixa-me sugerir-te alguns temas de reflexão: as escolhas políticas feitas em contexto democrático não são irreversíveis; as legislaturas em Portugal duram, em princípio, quatro anos; não se sacrificam plebiscitos, quando prementes, em função de estabilidades quadrienais; as medidas de excepção que a CRP atribui ao PR foram pensadas justamente para casos como este.


"...da outra penses que se o líder do partido mais votado morrer na noite das eleições, é à oligarquia desse partido que cabe escolher quem indica ao PR para chefiar o Governo."

Não alteres as premissas, Alonso, que não chegas à mesma conclusão. Durão Barroso não morreu: felizmente para ele, só foi voluntariamente promovido e, nota bem, acreditava tão profundamente no programa de governo que propôs aos eleitores que, ao mais leve aceno vindo de fora, o abandonou. Repara: se tivesse morrido, morreria, presumivelmente, a preferir não ter morrido, a desejar permanecer no cargo caso não morresse e, sobretudo, sem qualquer contribuição voluntária para toda esta insólita confusão. Tratar-se-ia, na verdade, de um triste imponderável, de uma típica situação de força maior (que também estudaste, que eu sei) que alteraria, como tu bem sabes, todos os dados da questão.

Lembra-te, porém, do que sucedeu quando morreu Sá Carneiro: poucos meses depois, o Governo de Pinto Balsemão caiu. Espero, daqui a uns meses, poder acrescentar um "também" a esta última frase...

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