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16.7.04

Visto de fora

Subitamente, hoje dei comigo a pensar que Santana Lopes - rectius, o PSD - pode ganhar as legislativas em 2006. Apercebi-me de que os próximos dois anos de governação serão um longo período de pré-campanha novo-riquista que há-de seduzir o elevadíssimo número de portugueses novo-riquistas que, por tradição ancestral, se deixam enfeitiçar pelo dinheiro fácil de consumo instantâneo. Santana Lopes só não é um Ferreira Torres porque aparenta ser mais polido. Alimenta-se de influências e compadrios, prefere ceder sob qualquer contrapartida do que pôr em perigo a sua estratégia pessoal de ambição política. Santana Lopes não produziu, em décadas de participação política, uma única ideia de relevo, uma proposta credível, uma estratégia consistente. Não conhece nada a fundo; superficialmente fala de tudo. Cultiva o caciquismo de bastidores, movimenta-se e sustenta-se no seio de lobbies e de trocas de favores. Serve-se de qualquer interesse público que lhe sirva os interesses pessoais. Santana Lopes representa o oposto do homem político, do construtor da cidadania, do democrata por convicção. Os próximos anos hão-de testemunhar a profunda e crescente clivagem entre a intelligentzia portuguesa, crítica do Santanismo, e uma maioria anónima de apoiantes demasiado incondicionais do governo de direita. Como diz JPP, será importante, de hoje em diante e até se extinguir esta comédia trágica, manter a liberdade intacta - e descomprometida, acrescento eu.

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