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17.7.04

Constituindo...

Caro Alonso: sem querer, já me manifestei a favor dos sistemas presidencialistas. Ou, pelo menos, contra as distorções geradas pelos sistemas parlamentaristas e pelos sistemas mistos, em que o executivo não é eleito directamente. No entanto, se é verdade que, nesses sistemas, é possível escolher as pessoas que integrarão o executivo e que existe, portanto uma tendencialmente maior responsabilização directa da acção dos governantes pelo eleitorado, também é verdade que as eleições de pessoas são muito mais permeáveis à promoção de idolatrias do que à defesa de ideologias. O sistema político vigente é, em vários países, um bom indicador do seu grau de desenvolvimento moral. Quanto menor é a capacidade crítica do eleitorado, maior é a probabilidade de se encontrar um sistema político do tipo presidencialista, sustentado mais na pessoa dos seus líderes do que em confrontos de ideologias. É o que se passa nos Estados Unidos, em que a campanha eleitoral das presidenciais é, em vez da preparação do facto político da eleição, o próprio facto político.
 
Se pensar melhor, defendo provavelmente um sistema mitigado do sistema misto, em que o partido ganhador das eleições legislativas se vincularia, perante o Estado e o PR, à manutenção do chefe de governo que tenha proposto na sequência das eleições, salvo motivo de força maior. Evitar-se-iam, assim, movimentações intra-partidárias do partido da maioria, golpes de estado assépticos e chefes de governo que não passaram pelo crivo eleitoral e cujo perfil para o cargo é mais do que duvidoso. Chefes de governo esses que, além do mais, formam os governos possíveis de entre carreiristas, ambiciosos, vigilantes e clientes.
 
Vasco Pulido Valente tem toda a razão: desde Cavaco Silva que temos assistido ao desfile de políticos de carreira que se tornaram governantes, em vez de profissionais de outras áreas que se tornaram políticos. Isto explica as desistências (o caso de Guterres), as promoções (emocionado, o Durão Barroso, viram hoje?...) e as ambições (Santana Lopes, a falar aos jornalistas, mostra o mesmo nível de discurso de um dirigente desportivo de um qualquer clube de futebol da Superliga, o que é dizer muito). Valha-nos Deus.




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