blog caliente.

30.12.07

anos de besugo

2007 não foi um bom ano. O facto de 2008 poder vir a ser pior do que 2007 não retira nada a esta verdade: 2007 não foi um bom ano.
Por que é que 2007 foi um ano mau? A pergunta é parva. Eu não disse que 2007 foi um ano mau, disse só que não foi bom.
Se 2008 vier a ser pior do que 2007 também não quererá dizer que 2008 venha a ser um ano mau. Quererá dizer, apenas, que 2007 foi melhor do que 2008.
Eu acho que aguento isto da relatividade submissa, no máximo, até 2010. Mais que isso, acho que não.

28.12.07

Coisas que acontecem todos os dias

Conseguiu poupar cinquenta mil euros e não sabe o que lhes fazer?
Compre um tubo de alumínio, um tubinho fino, e meta lá os cinquenta mil euros, enroladinhos, apertadinhos, para caberem bem lá dentro.

Já está? Agora tem três opções.

Ou vai meter o tubinho de alumínio no largo cu do banco (público ou privado) que lhe emprestou dinheiro para que, agora, você resida na sua casa, amortizando assim a sua dívida e amaciando as suas quase menstruais e monstruosas mensalidades, diminuindo - ainda por cima - o lucro anual dos chulos a quem deve (se puder pagar a dívida toda é melhor, geralmente os chulos tentam felá-lo, nessas alturas, mandam-lhe mesmo as gerentes mais "canhões" de que dispõem, para tentar convencê-lo a deixar-se lamber no prepúcio e no escroto ao mesmo tempo até "se deixar estar"), ou, em alternativa tipo "fantasportosimplex", vá depositar esse dinheiro, a 3%, num oásis plástico qualquer. Ao fim dum ano, terá a fantástica quantia de mil e quinhentos euros (menos os descontos simplex) para pagar o seguro do carro, em Novembro do ano que vem. Mais nada.

A terceira opção? Meta o tubinho de alumínio no cu e, depois disso, sempre que o seu intestino funcionar, abra o tubinho e conte o dinheiro. Vai parecer-lhe sempre que lhe saiu uma espécie de "jackpot", independentemente do cheiro.

27.12.07

Coisas que acontecem quase todos os dias

Um génio sem turbante, um "génio-cabrio", foi abordado por um sabre desembainhado e relativamente estreito e, disfarçando o desconforto, pôs-se logo a tirar cera dos ouvidos.
O sabre, perante tanto cerúmen amarelo-rosa-laranja-azul-acastanhado que dali saía, daquelas orelhas, vomitou-se todo. Esteve nisto muito tempo.
Passaram quase quatro anos.
O génio continuava no exercício de extracção das suas excrescências e ia já na fase das catotas perianais mais húmidas.
O sabre limpou, finalmente, os queixos a uma folha de milho transgénico e indagou o génico, perdão, o génio:
- Então agora a carta de condução revalida-se aos cinquenta anos porquê?
O génio, que coçava agora as virilhas, ufanou-se, fanhoso como sempre:
- Porque é preciso ver se os tipos, aos cinquenta anos, ainda estão capazes de conduzir, pá, porreiro, não? Saúde e segurança!
O sabre começou a baixar-se sobre o magro pescoço do génio, que já se coçava entre os dedos dos pés, com evidente gozo. E fez nova pergunta:
- Nesse caso, diz lá como é que encaixas isso naquela lei que aumenta a idade da reforma dos sessenta para os sessenta e cinco anos, sem mais nada?
O génio começou a enfiar o membro superior no ânus e, quando falou, já quase o ânus lhe escondia o ombro:
- Trabalhar é diferente, pá, eles trabalham sempre, pá, porreiro! Segurança e simplicidade!

O sabre reconverteu-se em tábua de queijos, relativamente estreita.

22.12.07

Coisas que acontecem na Páscoa e voltam depois do Natal

Sou fumador. Gostava de conseguir não ser, mas sabe-me bem fumar, vou continuando.
Fumo demais. Se fumasse apenas os cigarros que me sabem bem, fumaria dez por dia. O meu problema é que fumo também os outros cigarros todos, os que nem sequer aprecio por aí além.
Ultimamente tinha ganho o hábito de ir ao quarto de banho de três em três consultas, o que é o mesmo que dizer "de hora em meia em hora e meia", para fumar. A partir de Janeiro posso continuar a fazer o mesmo, mas duvido que o faça: não ganharia para as multas. Enquanto fumar, irei fumar "lá fora", no sítio que me destinarem os "bufos que querem viver para sempre".
A ASAE, essa competente zeladora do simplex condomínio luso, por mim, pode deixar já de parir mais regras e coimas aplicáveis a restaurantes e hotéis. Eu já não fumo em locais públicos (salvo no quarto de banho do meu consultório, mas só lá vou eu e, como já disse, deixarei em Janeiro de fumar lá), já quase só fumo em casa, no meu carro, em casas amigas, em carros amigos e na rua. E fumava em restaurantes, no fim das refeições e entre pratos. E em quartos de hotel em que ficasse.
Enquanto eu gostar de fumar, comunico à ASAE e à restauração em geral que deixarei de jantar fora de casa, pelo que escusam de se preocupar comigo: não se pode fumar?, eu janto em casa.
O mesmo digo à ASAE e à hotelaria: não posso fumar no quarto que paguei?, já estão esgotados os 30% de aposentos destinados aos pecadores?, não faz mal, eu vou para casa hoje e volto amanhã, guardai o meu quartinho para aquele doutor da "Sábado", aquele Themudo a que se referia noutro dia o Mar Salgado, um doutor da lei que não comparticiparia para uma intervenção às coronárias dum vilão qualquer que fumasse; ou então guardai-o para outro tonto qualquer que também não aprecie, sequer, quaisquer vícios de boca.
Na passada Páscoa, em Évora, fui comer a vários sítios, mas retive dois. Duas merdices.
Num, que era praticamente insalubre, cheirando a fritos como Sócrates deve feder a lavanda marada, o dono veio dizer-nos, no fim da refeição, que não se podia fumar. Tratei-o mal, apeteceu-me foder-lhe os cornos na Praça do Giraldo, ele não quis sair da loja, safámo-nos ambos, já nem sei se lhe queria foder os cornos mais pela má comida do que pela lata final.
No outro, tão "visceral" como o anterior, o dono tinha a mesma ideia sobre a cigarragem, mas pediu de início: "isto é pequeno, peço que não fumem aqui, por favor, tenho ali fora uma coisa engraçada...", e tinha, tinha posto um cinzeiro, daqueles de pé alto, à entrada da tasca, para que os fumadores não lhe fossem fumar para longe demais.
Ora bem. Tendo passado, nessa noite, pela "rua do fumo" todos os clientes da tasca "típica e carucha, bastante carucha mesmo, expensive, foda-se, já agora, para quem me lê em Boston ou em Hong Kong sur Merde", porque os vi lá a todos, excepto a canalha, nunca mais aquele camelo, nem outro nenhum, me leva na cantiga. Nunca mais lá vou, nem a lado nenhum onde se sintam incomodados comigo ao ponto de nem perceberem que se vão foder um bocadinho mais - do que aquilo que já estão - com a minha ausência.
Multiplicai-vos e vivei para sempre, inenarráveis chatos, paneleiros e paneleiras do caralho. Mas a chá e a incenso não ides longe, nessa merda de viverdes saudáveis até se vos entupir a "veia da vida", uma que fica ao lado da inteligência, vós nem sabeis bem onde isso é, que não há bibliografia.
E a ficardes cá só vós, que Deus me leve de vós bem antes disso.

21.12.07

Coisas que acontecem no Natal

Entrou bravo, de olhos mansos. E de esposa a tiracolo. Não reparei logo nela, ainda me engano muito nos reparares, tanto é que reparei só nele.
Disse que sabia que tinha um cancro e que, possuidor dessa ciência, tinha perguntas a fazer-me.
Eu também teria, se fosse ele. E também terei, quando for eu. E nem sequer serão perguntas diferentes das dele, serão perguntas muito semelhantes. Aliás, nos cancros como em quase tudo, há só uma pergunta importante a fazer: pode é a pergunta dividir-se em parcelas, como todas as perguntas, mas a pergunta - a puta da pergunta - é sempre a mesma.
Fui-lhe respondendo muito, porque ele perguntou muito; e a mesma pergunta, feita de muitas maneiras, requer muitas respostas: a mesma resposta, entregue de muitas formas.
Compreendeu e aceitou a quimioterapia. Combinámos datas. Ele sempre bravo e de olhos mansos.
Convém aqui explicar que a mansidão dos olhos não é um pecado do carácter: os nossos olhos são sempre uma espécie de farol filtrado de nós - encurtando distâncias, pareceu-me ter ele, apenas, como todos os homens bons, um bom filtro.
Peguei no papel do "consentimento informado", que é um papel que me enerva sempre. Não gosto dele. Por mim extinguia-o. Eu explico o que diz lá. Diz que fulano, que abaixo se assina, foi informado da necessidade, das prováveis vantagens e das eventuais complicações do tratamento e que, nessa conformidade, aceita o que lhe é proposto por cicrano, que também se assina - mais abaixo ainda.
Antes de voltar ao caso, apetece-me agora explicar por que é que o caralho do papel me enerva. E por que o extinguia.
Enerva-me porque quem o assina o faz como quem assinasse uma espécie de termo de responsabilidade. É isso que pensamos todos, geralmente, mantendo sempre os olhos mansos, perante qualquer assinatura. Mas é falso. Quando vejo que me estão a assinar o papel assim, dessa maneira douda e quase suicida, peço-lhes para pararem e apetece-me logo esganar dezoito gestores e o primeiro-ministro da gestão. Não assinam nada disso, assinam apenas que os informei do tratamento e que concordam com ele. E que assumem, comigo, o que daí nos vier. Não assinam que, se por acaso eu os foder com um erro meu, a responsabilidade é deles: a responsabilidade do tratamento é sempre minha, nesse caso - e, em sucedendo, pedirei sempre desculpa, mesmo que não a mereça.
Extinguia-o por isso mesmo: sendo assim, não é preciso.
Voltando ao caso. Perante o papel, pareceu-me que ele ia assiná-lo firmemente, como se apertássemos as mãos na mansidão dos olhos de ambos.
E ia. Mas uma voz fininha escorreu pela esposa abaixo, quebrando tudo - uma hora inteira de tudo, ou de quase tudo - sem remédio.
Sem remédio, sim, porque conforme digo que só há uma pergunta, embora possa fazer-se de muitas maneiras, também mantenho que só há uma resposta, mesmo que lhe variemos os matizes. Eu conto-vos. Escorreu-lhe assim, por ela abaixo, tipo baba sonora, enquanto eu me espantava, como se fosse virgem desta merda, diante dos olhos malignos, pequeninos, muito juntos e com a vivacidade baça dos baços, que ela tinha muito pouco acima da boca: "e se ele se fosse tratar mas era ao Porto?, hem?, não era?, o Porto sempre é o Porto, não é?, que é que você acha disso?, hem?".
Isto era só comigo?
Ou era só com ele?
Ou era só com ela?
Ou era só com toda a gente e contra a gente toda?
Pedi-lhe o papel de volta, levantei-me e desejei-lhe Bom Natal.
A ele. Só a ele, chamem-me o que quiserem, só a ele, a ela não.
Pedi-lhe, a ele, para voltar para a semana, já depois do "Bom Natal", possuidor de ciência maior - sobre detalhes importantes - do que saber que tem um cancro.
Essa ciência, a ciência da ciência dele, também eu a tenho: o cancro é dele, a ciência é de ambos.
O Natal parece que é de todos, ao menos a quadra, portanto é meu também. E, no meu presépio, a vaquinha não acende rastilhos de pólvora seca, aquece apenas o Menino.
Ele saiu do avesso: saiu manso, de olhos bravos.
Se escolhêssemos agora uma frase que ambos, ele e eu, pudéssemos gritar ao mesmo tempo, num descampado frio com uma ribeira dentro, onde se pescasse noite fora - nem que fossem bogas ou rabecos -, seria uma frase curta e digestiva: imagino que seria qualquer coisa como "grandessíssima puuuuuuuuuuta!".

20.12.07

Não penseis que vou ser eu, como sempre, a ocupar-me da operação de tirar as teias de aranha a este sótão.
Por mim, muito boas festas. Nem o pó lhe limpo.

13.12.07

da potência

Um homem estava saboreando uma truta que pescara - e que, depois da grelha, estava bastante boa -, quando lhe surgiu pelas costas uma betoneira arrotando a enguias fritas:
- Onde pescaste esse peixe que não é uma truta, homem?
- Este peixe é uma truta, betoneira; e pesquei-a aqui mesmo, neste rio.
- Não acredito, homem. Não há trutas neste rio. Nem trutas, nem quase nada.
- És estranha, betoneira. Tu própria vens aqui incomodar-me a refeição e chegas-me arrotando a enguias fritas. Ora bem, não terás tu devorado alegremente enguias "garfadas" deste mesmo rio?
- Não, homem. Neste rio também não há enguias. Vê-se que não estudas. Neste rio há uma coisa que dantes se chamava "água" e que agora se denomina "líquido de elevado potencial". E, além disso, não posso estar a arrotar a enguias, uma vez que almocei lombo de porco assado.
- Está bem, betoneira. Vai em paz. Hás-de um dia experimentar comer desse lombo de porco, mas de escabeche. Diz que também é bom.


Isto não interessa nada.
Se querem mesmo ler coisa de jeito sobre trutas, enguias, rios e betão, entre outras coisas, vão ao Negrilho.

11.12.07

A Lucinda e o internamento do mimo

É provavel que amanhã tenha de internar a Lucinda.
Está pior, piora a olhos vistos, embora não tenha dores que se meçam: tem, contudo, aquela dor que lhe vem da fraqueza e daquela impressão - que se lhe pressente cada vez mais forte - de que está no fim.
Na semana passada iludi-lhe o cansaço com oxigénio: pode mitigar-se a falta de ar em casa. Arranjei-lhe, mesmo, um "tubinho" comprido que lhe levasse o oxigénio, da botija às aletas nasais, enquanto cirandasse.
As coisas mudam rapidamente. Na semana passada, a Lucinda ainda deambulava. Agora já não.
Vou ter de a internar porque o internamento é o último dado novo que ainda tenho para a ajudar a encravar, por mais alguns dias, o programa do fim.

Eu sei muito bem que não são as camas, nem as enfermarias, nem a flora hospitalar, que tratam os doentes. Gostaria que os senhores, que são ciosos destas coisas dos gastos desnecessários com gente necessária, sossegassem a este respeito: eu não interno, não desencadeio a cascata das despesas de hotelaria e afins, no hospital, sem um motivo. Apreciava, contudo, que me entendessem. E ao meu motivo.
O "internamento de misericórdia", a "admissão para algum sossego temporário da família" e, sobretudo, o "vou dar-te agora um leito branco e limpo donde possas ver, ainda que deitada, algum alento nos olhos que te olham", não são despesas: são mimos.

10.12.07

6.12.07

Hum...



Querem ver que, às tantas, existe alguma relação merecedora de investigação judiciária entre esta estranha ocorrência e esta admissão de práticas torcionárias?

3.12.07

Pica-miolos

É. Eu enfio agulhas pelo crânio das pessoas adentro, a ver se lhes acabo com o Parkinson que lá se encontra alojado ou, em alternativa, se lhes rebento de vez com o aneurisma ...

E não sou profissional de saúde, porque se fosse ...

A verdade...

...é que o novo penteado(?) do filho do António Veloso, esse Miguelito, não acarretou mais valias para o Sporting. Mais valia, aliás, que ele cortasse o cabelo à homem e tentasse jogar à bola, em lugar de rodopiar como uma barata tonta e de fazer fosquinhas "playstation-like".
Ainda por cima rodopia lentamente, o que pode ser muito bom de vários pontos de vista, sobretudo numa perspectiva "slow-motion", mas do meu ponto de vista, que é o que me interessa agora aqui dizer, não é.
Pião chinado, é o que ele é, coisa de baraças. Não vale nada. Ou vale pouco. Vamos trocá-lo pelo O'Shea - e ainda damos o Djaló de contrapeso - enquanto podemos.
Ou então, por dez mil euros, vende-se o projecto de qualquer coisa menos jogar à chincha ao Sacavenense, antes que nem mesmo eles o queiram. Saldos de Natal, andor.

Por falar nisso dos saldos, o Moutinho e o Romagnoli também jogaram muito bem, dentro do género "onde andas tu e o que estás aí a fazer, meu passarinho?".
E o jovem guarda(?)-redes suplente da selecção de sub-21 idem, caramba, raio de talento: cada tiro cada melro.

Eu tenho de mandar recado ao Paulo Bento, explicar-lhe umas coisas. Fica para depois de perdermos com o Dínamo de Kiev.

Este texto, para começar pelo fim dele, devia chamar-se "puta que pariu o Toñito". Mas não.
Não, porque, dos gajos todos que já jogaram no Sporting e que depois de sairem quase que se vieram por marcarem golos ao Sporting, o Toñito foi o que disfarçou melhor o gozo.

2.12.07

A ilusão de não estarmos sós

O melhor da existência, na verdade, é percebermos que alguém já escreveu exactamente aquilo que nesse momento estamos a sentir.

P.S. Isto soa melhor com o Dies Ire de Mozart como fundo.

o Sporting a jogar

parece cocó.




Isto da blogosfera é engraçado.

Quando este blogue começou, vai agora para 4,25 anos, a lolita quase que já não queria que eu entrasse. Tinha-me dito algumas vezes (também não foram muitas, não te ponhas agora com coisas, lola!) "olha, criei um blogue, vai lá ver, entra, escreves lá as tuas coisas e eu as minhas..." e eu, burro da merda, ainda andei uns largos dias naquela ruminação de "não vou e pronto!, mas apetece-me, bolas..., mas não vou e pronto!, ela é que o fez sozinha, vai agora o apêndice epiploico entrar!, não, não vou!". Mas fui. Vim. E ela já nem queria, já estava um bocado "espasmodico-vaipóacaraças-e-andor", ainda andei 2 dias a penar e a ter de aturar sucessivos "não quiseste antes, agora faz tu um". Lá cedeu.

Este blogue pode não ter outro mérito, mas tem este: foi a lolita que o fez, que o imaginou, que o fez medrar.

A lolita, que precisa de espaço para respirar como se tivesse quatro pulmões a mais que as outras gentes, arranjou-me espaço. A mim e a alguns outros, que o foram aproveitando ou não, cada um sabe de si.

Este espaço, que é meu apenas porque o agarrei logo que pude, logo que a birra "de não ter sido mesmo eu a fazê-lo" me passou - sem deixar de ter presente quem o fez, porque senão ainda hoje estaria a bater à porta dele e ela, ela, a lolita, não ma abriria -, e que é e será sempre dela (porque o fez, porque o partilhou com quem quis ou lho pediu e, sobretudo, porque, digam o que disserem e pensem o que pensarem, é ela, a lolita, quem melhor e mais certeira e sentidamente escreve nele, mesmo nos longos silêncios ocupados a que se dedica entre escrevinhações), não é um "blogue dum profissional da saúde". Desculpa lá, Mário, isso não é.

É apenas um blogue de pessoas, como o teu. Só isso.

E ser isso é tanto, não é, Mário? Tu cala-te, sossega o mau feitio que te conheço desde 2003, tu ainda noutro dia vieste aí falar da merda dos genéricos (e de como achavas que me fodias com isso, e não fodias nada, sabes que não), tu cala-te, que eu vejo as fotografias que tiras da tua janela ao mar da Póvoa e sei muito bem que, se não fossem elas - e mais outras coisas - tu já nem escrevias trenguice nenhuma. Tu cala-te agora, Mário Peliteiro, meu amigo que não conheço sem ser de voz escutada e agora isso não interessa.

Eu pus ali em cima a estampa. Mas não é por isto ser um blogue "dum profissional da saúde". Isto é um blogue duma advogada dada ao humanismo personalista de dez em dez minutos, dum médico que gostava de ser jogador da bola ou outra coisa qualquer, doutro advogado - que não gosta da bola e é um pica-miolos dum raio - e dum professor de educação física que quase só paira. Também já foi doutro médico, que se chateou comigo (e com a lolita, porque a lolita me defendeu) porque se julgava Cristo sem lhe sentir os pregos, duma jurista que não era advogada e que nem sequer conheço, veio pela mão da lolita - e veio bem, lá vir veio -, dum engenheiro que partiu, dum poeta sem talento para a prosa - e para a poesia dele e doutros, ao contrário do que pensam, basta um dicionário de rimas que já está - e dum colaborador de jornal da terra que nunca percebeu lá muito bem onde escrevia, nem o que escrevia, porque escrevia sempre a mesma coisa, acho que ainda faz o mesmo a dois euros por linha e, aqui, azar, não havia muitos cus para lamber sem lhe ficar a língua a saber ao que escrevia.
Pessoas, levam-no-las e trazem-no-las o vento.

Por tudo isto, duas coisas:
Um abraço ao Mário. E eu também acredito que isto até não é um mau blogue.

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