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22.12.07

Coisas que acontecem na Páscoa e voltam depois do Natal

Sou fumador. Gostava de conseguir não ser, mas sabe-me bem fumar, vou continuando.
Fumo demais. Se fumasse apenas os cigarros que me sabem bem, fumaria dez por dia. O meu problema é que fumo também os outros cigarros todos, os que nem sequer aprecio por aí além.
Ultimamente tinha ganho o hábito de ir ao quarto de banho de três em três consultas, o que é o mesmo que dizer "de hora em meia em hora e meia", para fumar. A partir de Janeiro posso continuar a fazer o mesmo, mas duvido que o faça: não ganharia para as multas. Enquanto fumar, irei fumar "lá fora", no sítio que me destinarem os "bufos que querem viver para sempre".
A ASAE, essa competente zeladora do simplex condomínio luso, por mim, pode deixar já de parir mais regras e coimas aplicáveis a restaurantes e hotéis. Eu já não fumo em locais públicos (salvo no quarto de banho do meu consultório, mas só lá vou eu e, como já disse, deixarei em Janeiro de fumar lá), já quase só fumo em casa, no meu carro, em casas amigas, em carros amigos e na rua. E fumava em restaurantes, no fim das refeições e entre pratos. E em quartos de hotel em que ficasse.
Enquanto eu gostar de fumar, comunico à ASAE e à restauração em geral que deixarei de jantar fora de casa, pelo que escusam de se preocupar comigo: não se pode fumar?, eu janto em casa.
O mesmo digo à ASAE e à hotelaria: não posso fumar no quarto que paguei?, já estão esgotados os 30% de aposentos destinados aos pecadores?, não faz mal, eu vou para casa hoje e volto amanhã, guardai o meu quartinho para aquele doutor da "Sábado", aquele Themudo a que se referia noutro dia o Mar Salgado, um doutor da lei que não comparticiparia para uma intervenção às coronárias dum vilão qualquer que fumasse; ou então guardai-o para outro tonto qualquer que também não aprecie, sequer, quaisquer vícios de boca.
Na passada Páscoa, em Évora, fui comer a vários sítios, mas retive dois. Duas merdices.
Num, que era praticamente insalubre, cheirando a fritos como Sócrates deve feder a lavanda marada, o dono veio dizer-nos, no fim da refeição, que não se podia fumar. Tratei-o mal, apeteceu-me foder-lhe os cornos na Praça do Giraldo, ele não quis sair da loja, safámo-nos ambos, já nem sei se lhe queria foder os cornos mais pela má comida do que pela lata final.
No outro, tão "visceral" como o anterior, o dono tinha a mesma ideia sobre a cigarragem, mas pediu de início: "isto é pequeno, peço que não fumem aqui, por favor, tenho ali fora uma coisa engraçada...", e tinha, tinha posto um cinzeiro, daqueles de pé alto, à entrada da tasca, para que os fumadores não lhe fossem fumar para longe demais.
Ora bem. Tendo passado, nessa noite, pela "rua do fumo" todos os clientes da tasca "típica e carucha, bastante carucha mesmo, expensive, foda-se, já agora, para quem me lê em Boston ou em Hong Kong sur Merde", porque os vi lá a todos, excepto a canalha, nunca mais aquele camelo, nem outro nenhum, me leva na cantiga. Nunca mais lá vou, nem a lado nenhum onde se sintam incomodados comigo ao ponto de nem perceberem que se vão foder um bocadinho mais - do que aquilo que já estão - com a minha ausência.
Multiplicai-vos e vivei para sempre, inenarráveis chatos, paneleiros e paneleiras do caralho. Mas a chá e a incenso não ides longe, nessa merda de viverdes saudáveis até se vos entupir a "veia da vida", uma que fica ao lado da inteligência, vós nem sabeis bem onde isso é, que não há bibliografia.
E a ficardes cá só vós, que Deus me leve de vós bem antes disso.

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