blog caliente.

19.5.05

Os dias eternos de um soldado da GNR no Iraque

Os dias têm começado muito cedo e acabado muito tarde.
Estou tão moído que a fome já se foi há muito. Alimento-me apenas para sobreviver aos dias seguintes, onde se repetem as angústias do dia anterior, que se acumulam às angústias novas. De vez em quando, sobressalto-me. Acordo do torpor e mergulho de cabeça, afogueado, em histórias suaves, de meninos a fazer os deveres, em histórias sofridas, de pessoas no limite de si próprias, ou em histórias doces, de senhoras de vidas já longas que ainda alegram os dias, os seus e os dos seus. Como se me banhasse em afecto.
Depois soçobro e reconduzo-me, de novo, ao peso dos dias intermináveis. Às vezes apetece-me fugir daqui, fazer de conta que não pertenço a nada disto; e sinto-me covarde. Tão covarde que não fujo.
Amanhã acordo cedo outra vez.

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