Receitas de besugo
Já aqui me enervei à conta deste tipo. É um miúdo vaidoso, orgulhoso, bonito, provavelmente mimado.
Mas tem talento. Ou, melhor dizendo, "e tem talento", que nenhuma das características que lhe apontei antes é impeditiva de talentos.
O golo de hoje saiu-lhe; aquilo não sai sempre, sai só às vezes. Mas hoje saiu. Têm é de lhe sair bem as coisas fáceis, também.
Aos garranos falta disciplina e temperança. Falta a liderança calma do bondoso domador.
Com um treinador menos nervoso que Peseiro (caramba, começar a mandar vir para dentro do campo aos dois minutos de jogo e nunca mais parar é uma coisa surrealista!) a cabeça do puto já estaria mais tranquila (e a do Sá Pinto no banco, com vantagem).
Vai ser um grandíssimo jogador, este miúdo. Assim ele queira, mas é preciso ensiná-lo a querer mais do que coisas difíceis, enfeites, glórias só dele.
Vejamos. É uma força da natureza. Tem bons pés. É lutador. É orgulhoso. É mimado. Precisa de jogar e dum treinador calmo que lhe ensine a frieza que não tem, nem pode ter, porque anda ali quase doido, sobre brasas. Jogamos com calma quando sentimos que não temos de estar, constantemente, a provar genialidades. É como na vida toda.
Receita de besugo: seis jogos inteiros seguidos, aconteça o que acontecer. Ganhamos o puto, os jogos não sei, mas acredito que também sim.
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