Eça e Bulhão Pato
Este escrito, no DN, é interessante.
De facto, o lírico Bulhão Pato, o autor da "Paquita" e doutros suaves trinados, acabará por ficar lembrado - enquanto se não extinguir, ao menos, a fauna bivalve - como o "senhor das amêijoas". Se Tolkien tivesse tido noção disto, às tantas, tinha parido outra trilogia.
Mas deixemos isto, declarando, contudo, que não me parece que Eça penetre o imaginário das novas gerações apenas pela recordação do talento (ia dizer "do cu", mas reparem que não disse, contive-me) da Soraia Chaves.
No
texto que refiro afirma-se que Bulhão Pato se terá sentido ofendido por ter sido caricaturado, nos "Maias", através da figura de Alencar.
Isto é verdade. Que se sentiu ofendido. Pelo menos manifestou-se sobre o assunto, com veemência. Mas não parece que colha a teoria da
intenção da caricatura, como o próprio Eça, em carta a Carlos Lobo d'Ávila, se encarregou de demonstrar.
A história, que aliás tem alguma graça, não foi bem assim.
Alencar era, na história de Eça, um poeta lírico, já entradote na sua antiga juba de velho leão, com grandes bigodes e - como costumavam ser todos os líricos que gemiam, por essa altura, juras de amor entre suspiros - um bocado lúbrico, generoso e arrebatado, devoto adorador de meninas (João da Ega, num momento em que se pegaram ambos por divergências sobre literaturas, patriotismos - e acerca da virtude da irmã "do Craveiro da
Ideia Nova"-, chega a recordar-lhe um epigrama chistoso, em que se dizia que "o Alencar de Alenquer quer cacete!"), mas que se sentia incomodado com as correntes naturalistas. Tinha, portanto, defeitos e qualidades que iam "da carraspana ao cavalheirismo".
Mas não tinha pêra. De facto, Alencar não tinha pêra: só bigodes. E era alto e esgrouviado, ao contrário de Bulhão Pato, um pícnico de pêra.
Eça entreteve-se a desfazer-lhe essa teoria da conspiração - na qual Pato teve o apoio de Pinheiro Chagas (outro alvo predilecto das polémicas do poveiro, "sempre esse homem fatal!") -, na tal carta a Lobo d'Ávila.
Depois de explicar as dissemelhanças físicas, Eça vai mais longe: afirma que Pato não é Alencar porque, em nenhum momento, ao criar Alencar, pensou em Pato; e, ainda mais, afiança que se inspirou, sempre, noutra pessoa. Diz, mesmo, que o personagem Alencar já perpassa no Crime do Padre Amaro, num relance, sob a forma de Carlos Alcoforado, "esse poeta muito olhado na praia da Vieira".
Podia bastar-lhe isto, como desagravo. Mas não.
Eça, além de "torturar o adjectivo", era verrinoso e perdoava mal a quem o vilipendiava. Pelo meio insinuou que nunca lera Pato, embora com imensa pena, certamente.
E pariu ainda isto, agora
ipsis verbis:
Em quais das virtudes ou dos vícios de Alencar se reconheceu o poeta da "Paquita"? Se foi nas virtudes, então aqui vemos um homem que solenemente se adianta, cercado dos seus amigos, e exclama para o público, de fronte alçada: "Apareceu aí um romance em que há um tipo de poeta que tem lealdade, generosidade, uma honradez perfeita!... Ora, com tão esplêndidas qualidades só eu existo, em Portugal. Esse poeta, portanto, sou eu!".Neste caso, nunca nas idades modernas se teria visto um tão burlesco exemplo de pedantismo e de farófia.Mas se o senhor Bulhão Pato se reconheceu nos defeitos, então aqui temos um homem que, em meio dos seus amigos, se acerca do público e declara com serenidade: "Apareceu aí um romance em que há um poeta que é um medíocre, um palrador, um farfante e um piteireiro. Ora, com tão pífias qualidades, só eu existo em Portugal. Esse poeta, portanto, sou eu!"Neste caso, nunca no mundo se teria visto um tão doloroso exemplo de rebaixamento e de aviltamento próprio.Ainda hoje sorri sozinho ao reler isto.
Calhou, pois.
Na
Covilhã, um homem deu alguns tiros de caçadeira, eventualmente dezasseis, ou mesmo só onze, bom, pelo menos sete deve ter dado - a notícia não diz quantos foram - e feriu sete pessoas.
Outras duas pessoas sentiram-se mal durante o evento e engrossaram as hostes dos necessitados de assistência.
É uma excelente proporção: sete feridos, dois flatos. Dois sétimos. Vinte septuagésimos.
Ainda bem que uma caçadeira só admite dois cartuchos de cada vez. Sabemos isto, portanto: o homem carregou a caçadeira pelo menos quatro vezes.
Isto levava-nos longe, sem necessidade nenhuma. E já é tarde.
No precipício, decidiu dar um passo atrás.
Três circulares? Ora aí está. O Porto tem apenas uma, a VCI, que chega à justa para que qualquer portuense iludido possa ter um cheirinho de metrópole nos engarrafamentos de fim de dia. Há a circunvalação, mas essa tecnicamente não é circular - portanto metropolitana - porque tem cruzamentos; por outro lado, não chega a ser variante porque lhe faltam as rotundas.
Remédios (são em Setembro, em Lamego)
Depois de acabar a porrada, há-de aparecer o primeiro de vinte e tal blogues liberais emitidos de Timor.
E, depois, ainda surgirão mais. Hão-de ser mais de trinta e seis. Até aquele tipo que parecia o Sandokan piorado, o Guterres de lá, terá um.
Certo, certo, é que a primeira meia-dúzia há-de acabar por se fundir num só, que se chamará "Lástimas". Depois virá um "Rapapé", antes deste há-de criar-se um "Blogue-de-enfim-ok-sort of-dali-do-leste" e, finalmente, tudo se resolverá num "Ocasional" profundo e laparoto.
Tudo acabará, portanto, em aspirinas e em livrinhos fracos. E em
liberalettes.
Não acredito, contudo, que ela o ame
Tirando a parte do Freitas do Amaral (qualquer dia até àquele tipo do CDS que agora parece que pariu um articulado interno dirigido ao mundo, um que é Almeida, lhe parece que pode bater no vetusto professor e dramaturgo),
isto está bastante bem.
Sobretudo a parte de Cavaco (eu interpretei o escrito de Fernanda Câncio como se ela tivesse dito - e disse, às tantas - que
"na lapela dum asceta parolo qualquer flor definha, se sente mal e, depois, coitada e já muito pouco húmida, lá murcha"), a parte de Pacheco Pereira e Lobo Xavier (estes consistem numa espécie de Rebelo de Sousa e de Paulo Portas, em lento e em "falta-me aqui o Jorge Coelho, ou o José Magalhães, não sei...", mas nesta parte, tirando a velocidade, são
ambos os três parecidos: dois terços dum Tata turbo-diesel, nem sei se há disto em TD, a eles, isso eu sei, há-os, andam sempre aí) e,
delastbatnotdelist, aquela parte em que a Igreja Católica parece começar a admitir que, às sextas feiras, em não chovendo, a Terra se arredonda, uma espécie de metáfora (a Igreja, na dúvida, prefere sempre a
metáfora à
metádentro, não se sabe se por questões de desaconchego se por abominar plastificação de documentos) sobre a utilidade das camisinhas para os
camisards.
Boa crónica. Muito boa, mesmo. Excelente mulher.
É a minha opinião.*
*Frase que, dita por um tipo imbecil, é uma imbecilidade; dita por pessoa de família com um mestrado em "Frases e alusões não justificadas", mesmo que imbecil, vai dar no mesmo, mas ribomba mais. Bum.
Acaba aqui mas é o tanas!
Envio, daqui, o meu forte aplauso a toda a colónia brasileira em Portugal.
Eu sei que eles me amam. E aconselho toda a gente a não ler esta frase muito depressa.
Nutro por eles o maior carinho.
"U mó carim!".Eu, por eles, é como eles por mim: um
xamego pegado.
xamego: lugar onde vive uma espécie de xaraxo, bastante nefasta; cancela pequenita.
Os bois pelos nomes
- Não achas que dizer isso dos brasileiros é um bocado redutor?
- Olha, reduzido é que não é.
Claro, já se sabe, nomes inventados.
Outra coisa (reparem como sou bom a estabelecer discordâncias entre o sujeito, que é singular, e o complemento directo, que é plural: é já a seguir) que eu acho que retive dos brasileiros meus contemporâneos na Faculdade foram estas duas: todos eles pareciam fanáticos da capa e da batina, nas reuniões dos "arturinhos"; e todos eles adoravam, ali sentadinhos, cantar o fado.
Depois, nas horas mortas, apareciam nas tertúlias "anti-queima" - onde havia gajas melhores e eram, relativamente, apoucados por elas - a querer armar "ao Che-pequeno"; e entretinham-se, entre eles, nas catacumbas capoeirentas do Porto, a dizer que
o fado era uma merda de portuga.
Não há quase nada que um brasileiro não faça melhor que toda a gente. Mesmo ser hipócrita.
Um dia conto-vos a história do Cláudio Santos. Mas hoje não.
Claro que os nomes são falsos
Uma vez, no Porto, estava a almoçar com o Pedro e com o Adérito (que tinha levado a namorada, uma tipa feia e bastante parola, que depois, talvez por isso, desposou - aliviando o mundo, ao menos, dessa) numa espécie de tasca de fórmica, daquelas que "também temos vitela assada".
Chegou um tipo, brasileiro, que era meu vago conhecido das aulas. Vago, porque ia lá pouco. Ele. Chamava-se, suponhamos, Juninho Petrolina.
"Posso sentá?".Que sim, que se sentasse.
Ficámos a saber, entre as garfadas babosas dele, que o cromo queria ser piloto de fórmula 1.
"Quiria mêmo".Disparatei logo:
"tá bem, vocês é logo às malgas, há o Fittipaldi, há o Piquet (o Senna ainda era o Senna da Silva, nessa altura, para eles não contava; o Barrichello devia andar nos karts a sonhar com Hondas vermelhos...),
vem agora aí o Juninho Petrolina! Vai pastar!"O imbecil carioca (era carioca, o tipo, já se sabia; aliás, fez Microbiologia a copiar pela Ana Sofia, eu hoje posso dizer isto, andava a papar a Ana Sofia para copiar por ela, o ranhoso!) , em lugar de dizer
"perfeitamente, eu sou apenas um tipo com saudades do sol, percebam isto e desculpem, já agora, isto e o resto inteiro...", começou a cantarolar um samba e a manobrar o prato como se fosse um volante cheio de restos de lombo de porco. Se tivesse começado a dar às beiças num "vrrrrrrruuuuuum! derrapante", eu tinha-lhe dado seis murros na carapinha loira (apenas os brasileiros, o Ibrahim Bá, o Beto do Benfica e, qualquer dia, o Simão Sabrosa, além de alguns suecos que agora há , é que têm carapinhas assim).
Mandei-o foder, evidentemente. Não sei se foi, que estes gajos não cumprem ordens.
Declarações
Tenho de confessar umas coisas. Escusava de ser agora, mas lembrei-me.
Em 1978, na Argentina, o primeiro Mundial de que me lembro a sério, estava pela Holanda.
Em 1982, no Mundial de Espanha, estava pela Itália. Logo que soube que ia jogar com o Brasil, caramba!
No de 1986, torci pela França. Desde o apito inicial do desafio contra os canarinhos.
Em 1990, pela Argentina. Memórias de 1986.
Em 1994, já não me lembro.
Em 1998, seguramente, pela França outra vez. E com azia ao Brasil, desde cedo.
Em 2002 assumi, claramente, a minha opção: todos menos o Brasil. Lixei-me.
Em 2006 já não vou a tempo de mudar: que ganhe qualquer um, menos o Brasil. E diz-me a lógica que vou lixar-me outra vez.
O Brasil possui a maior colecção de
contentinhos que conheço. E olhem que conheço muitos, mesmo cá. Têm os melhores jogadores do mundo, mas têm nomes maricas. E (excepto o Emerson e mais dois ou três), trejeitos de maricas. Como o Cristiano Ronaldo. E os adeptos têm, também, peneiras de maricas: Kaká, Ronaldinho, Cafú (e até tiveram um Vampeta!), Pitú e Xipangui (estes dois últimos fui eu que inventei), são nomes estrogénicos. E a massa adepta de Ronaldões e Ricardinhos, que canta "mata, que roubou", que grita "rouba, que tem" que se cala no silêncio do "canta, que disfarça mais", essa massa mole e peganhenta, não ajuda muito aos meus gostares.
Espero fervorosamente que se lixem.
Não me levem a mal. Alguém tem de estar contra eles, assim logo de caras, para isso eu sou bom, que seja eu.
Saudades de areia fina
Follow-up
Muitos julgam que tomam as rédeas da vida com as apostas ganhas. Outros, mais realistas, sustentam a vida sabendo do que ganharam com as apostas perdidas.
O PREC é isto: Podemos Recriar (a) Existência (e o) Car...aças
Façam-me um favor, que eu faço-vos outro, sim?
Não me forcem, não me obriguem, não me violentem, não queiram que seja eu a julgar o caso Casa Pia, nem caso nenhum que seja da competência dum tribunal, sim? Quero saber o que se vai passando, claro que quero ser informado do que se julgar, mas não queiram tranformar-me em jurado "de pantalla".
Eu, em contrapartida, prometo que também não vou à televisão deixar que vos perguntem, por interposto e aplicadote imbecil, o que acham que devo fazer perante uma neutropenia febril pós-quimioterapia, ocorrida em doente jovem e mãe de dois filhos, dona de gato persa.
Pode ser? Ou é pedir demais?
Adubos
A entrevista que a TVI fez ao Bibi mostrou várias coisas.
Uma que mostrou, parece-me, é que o PREC não é (ao menos isso) responsável pela existência de tanto filho da puta a fazer jornalismo.
É que o PREC já foi há muitos anos.
Outra que mostrou é que, na TVI, os sacanas parecem medrar mais.
Deer hunter
O
bombyx-mori (*) citou Vasco Pulido Valente e, depois, disse mais coisas. Leiam.
Fez bem e, mais que isso, fez isso bem.
Esta frase do ex-apoiante do MASP, (actualmente candidato, aparentemente, a um qualquer projecto de zona franca), de facto, é um bocadinho tonta:
"O 25 de Abril devia ser um dia de festa para o patriotismo português. Mas não pode ser. Primeiro, por causa das divisões do PREC e, depois, porque de facto não existe um verdadeiro patriotismo português".VPV pareceu, por momentos, aquele grumete a quem o comandante perguntou, um dia,
"porque raio não disparaste tu a salva de canhões, essa, a que estava combinado disparares em honra da rainha, homem?", ao que o marujo retorquiu, ordenando prioridades e razões, que a omissão ocorrera
"porque não estava sol, por ter havido borrasca, por causa do enjoo e, senhor comandante, por já não haver balas...".(*) departamento Maria Velho da Costa
Faz que não seja assim, por favor, Deus.
Fui vê-lo e parece que a carne toda se lhe sumiu, debaixo do amarelo e da atrofia.
Dorme quase sempre. Acorda, apenas, quando chega alguém que o desperta, para o forçar a um aceno que parece sempre que vai ser o último. Aperta, molemente, as mãos que se lhe estendem, tenta um sorriso que lhe sai mal, esboça um esgar indefinido de submissão que revolta as entranhas e levanta ternuras, e devolve-se, outra vez, àquele torpor de quem já não quer saber de quase nada. De quem sabe tudo.
Sabe-se que ele está ali, nós bem o vemos, mas parece sempre que já não está. Vê-se isso - mais do que nos olhos dele - nos nossos olhos, quando nos miramos, calados, durante o sono dele.
Não volto lá, agora, a menos que me chamem. Se me chamarem (e eu sinto que chamarão, premonições velhas) irei.
Nesse dia, não me acenará. Estará muito quedo e parecer-me-á glauco. Fechar-lhe-ei os olhos, se os tiver abertos, e dar-lhe-ei um beijo impotente na testa. Para ele o levar.
Eles partem?
Discutimos abundantemente, nos primórdios, como se todos andássemos a desbravar terra, a marcar posição, a definir espaços. Esgotado o big-bang e serenadas as hostes, passei a acompanhar com atenção a actividade
Vilacondense. Apreciava-lhe, por exemplo, o orgulhoso
portismo optimista. Lia-lhe os textos de inspiração demasiado liberal para o meu gosto, que por isso renegava de seguida. Por outro lado, descobri no
Dupont um dos melhores
descritores (não te chamo crítico porque, nos tempos que correm, essa qualificação só com muito boa vontade é elogiosa) de (bom) cinema que já li.
Há todas estas razões - até aquele irritante neo-liberalismo - para que este
grand finale não seja definitivo. Pode manter-se um blogue com a serenidade de só o alimentar quando o autor lhe sinta a falta. Pode-se, até, pô-lo a hibernar em sabática. Por tudo, esperemos que eles regressem. Eu acredito que sim.
Um abraço desta colega de curso,
Dupont. E noto que, quando nos reencontramos por causa do
Longe de Manaus, ainda não tinhas o bigode que ostentas na
foto...
Sol alto
A despedida do
Vilacondense despoletou uma espécie de "barrela" aqui em casa.
Já era tempo de retirarmos, da nossa listazinha, os
blogues adiados para a licença sabática (o
Vilacondense é o "pioneiro" deste novo tempo, evidentemente) e de fazer "delete" aos que nem lemos, que só lá estavam por uma espécie de
copy-paste alheio, ou por acaso. E de meter outros, que lemos e que não estão, ainda, lá.
Será esse o nosso único critério: lermos. O único critério que vale a pena, aliás. Por uma razão simples: quem aqui vier, à cata de nos ler ou apenas por engano, há-de poder sair (em querendo) por portas (quase) nossas; nossas por uma coisa ou por outra, ou pelas coisas quase todas.
Isto, certamente, demorará algumas horas, nem todas no mesmo dia.
Mas será feito. Está a ser feito. E quando estiver feito avisaremos. Aqui, claro. Onde mais?
Esguichos de besugo
O Vilacondense acabou.
Tenho pena.
Claro, isto é uma lamechice sem nome, mas pronto, que hei-de fazer?
Eles vão andar aí, eu sei, estão vivos e bem de saúde (e mal de ideias, mas isso é crónico neles...). E eu nem os conheço, nem eles a mim. Que coisa estranha!
Mas já discutimos muito, sobretudo naquele tempo irritante em que eles só eram dois, aqueles dois carecas simpáticos e acintosos, de chapéu de coco.
Tudo isto com o
Trenguices pelo meio. Associo sempre estes dois blogues, que são tão diferentes! O
Peliteiro e eu chegámos a tratar-nos mal, bastas vezes! E eram
os manos Dupond e Dupont que nos faziam peguilhar, quase sempre, sabem? A isto chama-se memória não selectiva. Na altura, isto por alturas do fim de 2003 (seria?), os danados vilacondenses chegavam a "linkar" coisas que eu dizia (para o Peliteiro ler e, depois, "chispar") e textos que o sacana do poveiro escrevia (para eu me "escamar" todo, depois). E assistiam, divertidos, de cadeirinha.
Bons tempos. Digo eu, mas às tantas não: se, nessa altura,
O Vilacondense era tão lido como nós, na hora de acabar era bastante mais, muitíssimo mais. Talvez esses tempos não fossem os "bons tempos", para eles. Não sei, eles, de si, saberão melhor que eu. Mas, para mim, foram bons tempos. Como outros que virão, acredito nisso.
No entanto,
os "biltres" lembraram-se de nós, na hora da despedida. Podiam ter-se esquecido, já não "falamos" há mais de um ano, isto pelas minhas contas, sobre nada. Não me perguntem porquê, não aconteceu. Quero crer que foi isto, apenas. E nunca ninguém se tinha lembrado de
nós na hora de dizer adeus, tantos blogues que já acabaram. Isso comove e enternece, mesmo uma besta como eu, de razão pequena para os desígnios da nação e para a sua própria frontaria, quanto mais para seja o que for.
Enfim: tudo portistas e liberalóides, caramba. Ide lá à vossa vida! Tudo tipos de mau feitio, ainda por cima! Para que me ralo eu? Andor!
Bolas.
Isto chateia um bocadinho. Entristece.
Muitas felicidades e um peito todo aberto, se um dia o quiserem para alguma coisa.
Não, não vou ao cinema, já disse!
Não acho mal - nem bem - que o
hiato entre presidentes da República que agora há (Cavaco Silva, para quem não se lembra) e o
hiato entre o PSD e o nada (o PP) se tenham apresentado em São Bento, hoje, sem cravo na lapela. Não me surpreende, nem me interessa. Usar ou não um cravo na lapela (como usar outro símbolo qualquer, mesmo um lenço marialva) é, apenas, um acto de vontade de quem gosta de flores ou de símbolos. Não é obrigatório.
Prefiro, até, que tenha sido assim. Diz mais a letra com a careta.
A que propósito ostentariam, Cavaco e aqueles meninos com
cara de orifício anal rodeado de bochechitas espinhentas do PP (dos outros não falo), um símbolo que lhes não é grato e a que não estão gratos?
Seria de esperar outra coisa de gente que se realiza na omissão do tempo, na negação das origens, na comodidade correctinha da pantufinha azeitada, sempre (contudo!) cavalgando à babugem dos ventos alheios? De pessoas que têm estampado nas fauces o único voluntarismo de que são capazes, que é, hoje, a extrema e simbólica coragem de "não quererem mais cravos", amanhã a suprema decisão de não quererem bacalhau cozido com todos?, na sexta-feira a brava determinação de não irem, talvez, ao cinema?
Eu não esperava outra coisa de gente que chegou ao seu futuro às cavalitas dum tempo que nem sequer merecia. E que desdenha, ainda por cima.
São gente amuada, fracos montadores de excelente montada.
Uns, simbolizam a geração rasca da falta de vontade e de força nos pulsos, os tristes e frágeis betinhos que se afirmam, apenas, na birrinha mediática.
Ao outro, ao
hirto hiato entre supremos magistrados da Nação que agora aí temos, deve ter-lhe sido sugerido que fizesse assim
("tu não botes isso, Anible!") por quem também põe e dispõe os
naperons pelos sofás e pela mobília de mogno lá de casa.
Ainda bem. Há coisas, há símbolos, há forças imensas, que não são mesmo para toda a gente.
A essa gente resta, apenas, de facto, fingir que rejeita o que lhe não cabe no peito.
Fora de tempo
A grande expectativa é, pelos vistos, se Cavaco vai ralhar aos senhores deputados que faltaram.
Tonterias.
Prefero lembrar-me de si, senhor.
Na sua campa rasa em Castelo de Vide, no canto do fundo, ali, onde mais bate o sol, que alguém lhe deposite um braçado de flores novas em cima da memória. As flores que, há dois anos, quando o vi assim, abandonado, cismei que lhe faltavam.
Olha o lísbio!
Mete língua, já se sabe. O que é banal. Em Lisboa não sei, mas deve ser banal, também.
Aliás, só um lisboeta para dizer "french kissin'". Pelos mesmos motivos que diria, eventualmente, "j 'voudrais être enculé en Angleterre". Não sei, é uma suposição.
O autor
deste blogue afirma que
"as comemorações de vitória do F.C. Porto são das coisas mais rascas e abjectas que passam na televisão". O autor deste blogue teve, visto à lupa do seu texto, um momento imbecil. Provavelmente raro. Vejo, todos os dias, na televisão, inúmeras coisas mais rascas do que essa. Isto para falar, apenas, das coisas abjectas portuguesas. Passam-se por todo o país, é verdade, mas a maior parte delas ocorre e decorre naquilo a que ele chama "Grande Lisboa". Onde, pelos vistos, ele dorme, se alimenta e, em não sendo um daqueles tipos de tripa obstruída por fecalomas secos, abundantemente defecará.
Aliás, esta expressão, "Grande Lisboa", faz-me supor que existem, simultaneamente (ou de forma intermitente, o que me parece mais natural), uma "Pequena Lisboa" e, mesmo, uma "Lisboa mais ou menos medianazita".
A lolita prefere o Porto. Eu entendo-a. É de lá.
Eu, por exemplo, prefiro o norte quase todo. Prefiro, mesmo, o Minho, que é verde e húmido, às securas amarelosas do Alentejo e ao sotaque parvo das tias de Cascais. Acresce que a maior parte das pessoas pouco asseadas e muito psicóticas que já conheci são de Lisboa. Ou de perto.
Mas não é disso que se trata. Trata-se, aqui, que um tipo qualquer, que teve um instante bacoco, acha que os festejos portistas são uma lástima abjecta.
Eu sei o meu latim e afirmo o seguinte, fodido que ainda estou com o penalty forjado do Ibson e a roubalheira (eu acho que foi uma roubalheira, da mesma forma que já disse que não jogámos a ponta dum corno, ontem) de que fomos alvo: "abjecto" é um objecto nojento. Isto, enfim, a propósito de nada. De facto, esta foi metida a martelo, mas eu não escrevo em nenhum jornal e tenho alma de tanoeiro, essa coisa de cascos de carvalho, naus e pipas.
Os adeptos portistas que foram focados na televisão, etilizados, a ajavardar, ridículos, são os equivalentes etilizados (e tão javardos e ridículos como eles) dos sportinguistas, benfiquistas e belenenses (ah! pois é! a gente não os vê festejar nada, aos de Belém, porque andam sempre sem motivo alternativo para a tristeza, mas em se etilizando, um dia, caramba!, duvidam?) quando toca a rejubilar à base de trotil. Duvidam mesmo? Tontos. É geral, isto! Nos imbecis, claro. Mas há mais imbecis em Lisboa, porque é Grande! Disse o tipo. Que é Grande.
O país é demasiado pequeno, contudo, para termos de suportar meninos em momentos super-estrogénicos a parti-lo, a dividi-lo, num textozinho um bocadito merdoso, por "cores" e por
civilização subjectiva.
Aliás, para terminar de forma desarmante e apaziguadora:
French kissin', sobretudo grafado com apóstrofe em vez do "g" final, é um nome perfeitamente paneleiro e, alternativamente, azeiteiro; para um blogue, para um cão e, mesmo, para um dildo médio.
Era mais lindo se fosse "linguado". Sem espinhas.
Mensagem de legatário
Sobre um jantar comemorativo do 25 de Abril que se realizou hoje na Quarteira, Vasco Lourenço disse à TVI qualquer coisa que pode resumir-se assim:
só não quis vir quem já morreu.
Quantas circulares há à volta de Lisboa?
As gentes do Norte têm a fama da boçalidade, do vernáculo
hard-core, até do propalado ressabiamento face à capital. Mas têm, também, uma boa parte do proveito. No que me diz respeito, agrada-me muito viver numa cidade semi-provinciana, a estourar pelas costuras por não ter (felizmente) mais por onde crescer. De Lisboa, gosta-se com distanciamento, como sucede quando se conhece alguém a quem se encontra particulares virtudes mas que não atrai ao ponto de se desejar intimidades. É assim, com a capital. Habita-a quem nela nasceu, por acaso do destino, ou quem nela investiu para cumprir o sonho da escalada social ou do desafogo financeiro ao estabelecer-se com uma mercearia de bairro. Lisboa é uma cidade de exilados voluntários, que todos os dias, temerários, testam a falta de qualidade com que vivem ao passar duas horas pela manhã mais duas pelo crepúsculo na travessia da tenebrosa segunda circular e de outras monstruosidades rodoviária, mas que, ainda assim, insistem em não se mudar.
Estamos mais perto de tudo. Tudo o quê, ao certo? Ninguém sabe
. Alimenta-se esse assombramento com a macrocefalia. Sustentam-se as vantagens da capital num conceito viciado, e bajulador, do progresso. Não há, na verdade, qualquer vantagem em morar na capital e eu tenho-me esforçado por lembrar essa evidência a todos os lisboetas que conheço (adianto, aliás, que os mais honestos concordam comigo). Quem não sonha ser chefe de gabinete, manequim famoso, estrela da canção, pivot de telejornal, analista político, cronista social, crítico literário, jogador do Benfica ou coqueluche dos lobbies intelectuais vive infinitamente melhor no Porto. É este o meu bairrismo.
"Vou partir a tromba a alguém... hum... este gajo serve... deixa ver... hum... vou partir a tromba a este gajo... vou, vou... hum... "
Não é.
O terceiro a contar da esquerda, de
kispo, não é o Pacheco Pereira. A fotografia é antiga, mas não se ponham com coisas. Ele nem fumava.
Além disso, vê-se perfeitamente que o fulano vai sacar uma arma da algibeira e abater os dois tipos que estão sentados na viatura.
Não, não insistam, não é ele.
E, no fundo, é capaz de estar bem...
Epílogo
Foi um espasmo. Desculpem. A sério, peço desculpa.
Mereço, na língua, toda a pimenta que me quiserem lá pôr. E, mesmo, outras sevícias.
Não se repete.
É.
Ontem, um ataque epiléptico daquele brasileiro com cara de monhé que joga no Porto, o Ibson, deu lugar a um penalty decisivo, assinalado pela congregação. Foi convertido em golo por aquele gajo com cara de macaco que a lolita pôs aí abaixo, o Adriano e, justamente, porque jogou muito mais - embora sem jogar grande merda -, o Porto ganhou.
Já vi isto mais vezes.
Hoje, a congregação não viu duas faltas para penalty (não foram ataques epilépticos, foram mesmo penalties), que poderiam ser decisivos. Nenhum deles, porque nenhum foi assinalado, foi convertido em golo. E o Sporting não ganhou, como seria justo, porque jogou muito mais - embora sem jogar grande merda.
Também já vi isto mais vezes.
Não posso pôr, portanto, nenhuma fotografia. Tenho pena.
E desde já afianço isto: em parecendo vantajoso para o País e para a Europa inteira, mesmo para o mundo! e para
a puta da retoma da puta da economia, que o Porto e o Benfica sejam, sempre, eternamente, pela ordem que ambos entenderem em cada ano, o primeiro e o segundo classificados do campeonato nacional (chame-se ele o que se chamar, consoante os patrocínios, Betandwin ou Betandloose), façam o favor de adoptar essa legislação equitativa e bipolar: fartem-se!
Não me venham é com merdas, assuma-se isto duma vez e pronto.
Os outros, o Sporting incluído, a menos que nem (a) isso nos deixem aspirar, ficamos com as raras migalhas, as vitoriazinhas "por demérito dos outros", naqueles anos em que andrades e lampiões joguem tão mal que se torne vergonhoso demais levá-los à vitória.
Isto aqui é algum clube esotérico?
Não te tenho deixado aqui os meus conselhos, não é, Paulo Bento?
Pois é.
Olha, homem: a primeira parte do Sporting foi uma vergonha. Maricones!
Se ainda fores a tempo, no intervalo diz-lhes só isto (e dá uns calduços no Carlos Martins e vários pontapés no Romagnoli, enquanto dizes isto):
- É para ganhar, ouviram bem?, cambada de adamados!, e não admito aqui mais paneleirices!
Contra ventos e marés (e mesmo contra poderosos grupos de comunicação social)
Ó Xefe!
Pois cá estou, temente de receber um SMS de Vexa!
E tenho que escrever rápido, que eu também li ontem o artigo do JPP e percebi claramente o recado subliminar que ele mandou aqui ao blogamemucho. O Xefe e a Xefa são os bloguistas dos primeiros tempos, que só escrevem à noite, e eu sou o caramelo que anda a roubar o patrão a escrever de dia e do escritório ...
Por isso, só tenho duas coisas para dizer:
1 - Se o Xefe fosse meu filho, só no último mês já se me tinha acabado o stock de pimenta, com inevitáveis consequências para as suas papilas gustativas!
2 - Vi o "Good Bye Lenin" e gostei. Muito. E não foi por ser anticomunista. Foi por outras coisas.
3 - Onde mija um português, mijam logo dois ou três.
PS - A gaja ao menos é boua? O Xefe veja lá, começa-lhe a implicar com os SMS e vai-se a ver, vai-se a ver já lhe anda a desabotoar a bata ...
PS2 - O Xefe sabe distinguir as batas que desabotoam para a esquerda e as que desabotoam para a direita? Então diga-me ... se estiver de frente para a bata em questão, qual é a mão que agarra o botão e qual é a que desaperta a casa?
O Alonso e a maluquinha das teclas (contrapontos)
Ando a estranhar o silêncio do Alonso.
Ou ele escreve qualquer coisa amanhã, em horas de expediente, ou telefono-lhe ao fim da tarde, a insultá-lo. Penso que o telemóvel dele tem caixa de comentários... digo, tem aquela coisa das mensagens.
Eu tenho, agora, a trabalhar comigo, uma interna que tem telemóvel. Bom, isso não é estranho, até eu tenho telemóvel, tenho até agora um com carências de
blutuç, já contei isso ontem.
O que me faz espécie é que ela está, permanentemente, a receber mensagens escritas e a enviar mensagens escritas pelo utensílio. Perguntei-lhe, com descomunal desfaçatez (porque isto é o tipo de perguntas que os
xovens aceitam mal, acham pouco
bués, pronto), se aquilo era sempre a mesma pessoa; ela disse que sim. Não resisti a fazer-lhe um desafio: "olha, porque não vais ali para a sala de reuniões, aí durante uns dez minutos, telefonas à pessoa em questão, podes, até ligar do meu telefone, se estiveres sem saldo e, depois, voltas aliviada? Escusas de estar sempre a maçar-me, durante as consultas, com esse toque parvo, esse
pipipipipi... não?".
"Que não", que não era a mesma coisa. Perfeitamente. "Então desligas essa merda, foda-se, e é já".
Desligou. Amuadita.
Se eu tivesse caixa de comentários tínhamo-la aí, esta noite, a chamar-me cabrão, ou assim.
Como não tenho, limita-se a pensar que sou um cabrão, apenas. Pensar faz bem.
Mas ando a estranhar o silêncio do Alonso, voltando ao "tratante frio". Não passas de amanhã, filho, e mais te vale atenderes do que obrigares-me a vociferar-te o meu protesto para a tua "caixinha" de mensagens. Tu escolhe bem.
Comentários sobre os trabalhos de revisão à Lei de Bases da blogosfera
Como se sabe, aqui no
blogame mucho desconfiamos seriamente da utilidade da instituição "caixa de comentários", da qual, de resto, nunca sentimos grande falta (ou nenhuma). Apesar disso, é preciso reconhecer que, de entre gente aleivosa, invejosa, sabujosa, mal amada e mal nutrida, há comentadores (eventualmente, até, compulsivos, para usar a expressão de
Pacheco Pereira) que não só discutem com basta consistência e seriedade como, não raras vezes, superam em qualidade de análise o
post em que gravitam. Presume-se que Pacheco Pereira não quis deliberadamente incluir este perfil de comentadores no rol de comportamentos viciosos e desviantes que descreve. A ser assim, não se entende como não os menciona, como exemplares de excepção, possíveis párias no
mainstream da psicopatia dominante das caixas de comentários.
A menos que queira fazer política blogosférica. Quererá, eventualmente, enunciar o seu décimo primeiro mandamento blogosférico, que poderá ser qualquer coisa como "
a validade intrínseca da análise depende de quem a apresenta e em que contexto". Ora, como está bom de ver, este mandamento é valioso e é, sobretudo, estratégico.
Mas, como não podia deixar de ser, até as leis de
Pacheco Pereira são universais; não é de admirar, por isso, que também ele se enrede, e tão apaixonadamente, no preciso vício ancestral que aponta de forma genérica e persecutória aos comentadores de blogues, esse do culto do maldizer inconsequente.
O cinzento, quando é sólido, quase dispensa a luz
Foto do Cidade Surpreendente
Até se acabar o sumo
A tendência para espremer tudo faz de nós, portugueses, uns espremedores.
Esprememos tudo demais.
Espremer é uma coisa que se faz sentado, deve ser por isso que tendemos tanto para a espremedela. Para a "discussão das discussões".
Não me parece vantajoso espremer tanto as coisas. As coisas são uma espécie de citrinos que, espremidas de mais, só dão caroço. Ou pevides.
Dois exemplos? Muito bem.
1 - As faltas dos deputadosAnda quase toda a gente às voltas a dizer o mesmo:
é inaceitável, mas, por outro lado, alto lá!, é preciso ver que... mas é inaceitável, isso sem dúvida, que fique claro, porém, reparem....
Bom. A Ana Drago diz o mesmo mas coloca a tónica todinha no inaceitável. Vai dar no mesmo, é um porém mais pequenino, ela também é mais pequenina e (provavelmente) nem faltou nesse dia, de maneira que está ali à vontade. Pensa ela, porque não está. Ah! E temos o povo, que se diverte com isto. Quantos portugueses regressados da pontezinha não terão dito que
"lá estão os gajos, topaste, Manel?, são como a gente!, cambada!". Chama-se a isto dar um tiro no pé por interposto tiro no pé.
Os portugueses são pides. Somos pides potenciais, a sério. De nós e dos outros.
A questão é esta: pode aquilo que ficou por fazer nesse dia ser recuperado? Podem os senhores deputados compensar, em horas futuras, o que deixaram de realizar naquele dia fatídico? Podem? Então que o façam. Por mim, que não tenho para deputados expectativas maiores do que as que tenho para qualquer cidadão, é isto que espero deles. Não quero que lá estejam todos os dias, não me interessa que façam pontes, não quero saber das suas justificações: quero que, no fim duma legislatura, fique feito tudo (ou quase tudo) o que era suposto eles fazerem. Não sou fanático dos horários, sou fervoroso adepto da realização do trabalho dentro dos prazos e bem feito. Quero lá saber se os tipos, depois, fazem em dez dias o que era para fazer em quinze, desde que fique (bem, de preferência, mas olhando para algumas caras... enfim, isto seria outra conversa) feito?
2 - A questão das velas acesas pelos judeus mortosPareceu-me um acto simbólico, proposto por quem entendeu propô-lo.
Foram questionadas intenções, que geraram fornecimento de explicações relativamente apaixonadas que, por sua vez, desencadearam mais dúvidas candentes, houve amuos. Como se o tema fosse muito grande. Não é.
Não me parece elitista, nem sequer "fracturante", acender velas seja pelo que for, seja por quem for. Nem, mesmo, vestirmo-nos de branco, por Timor, como aqui há uns anos se propôs, ou de azul às riscas por outra causa qualquer.
Parece-me um bocado "de espremedor" esta coisa de discutir
tudo até ficarmos com as
cascas de tudo na mão, tão desprovidas de sumo que já nem para fazer compotas as cascas (de tão espremidas) servem.
Eu, por filosofia simples, acendo velas se me falta a luz. Admito que os outros façam o mesmo e permito-me pensar que, quem não as quer acender, não o fará por outro motivo que não seja ter, naquele momento em que se lhe pede lume no pavio, claridade já suficiente.
Há coisas que, para mim, bondam assim. Há outras que já não. Mas é problema meu, virtude ou defeito de besugo.
Caixinha de comentários não tenho, peço desculpa, isto aqui é o trivial.
Pecados
Hoje disseram-me que o meu mal é explicar-me demais.
Fiquei sentido: um tipo, valha-me Deus, ou se explica, ou não se explica. A explicação nunca é demasiada.
Estrebuchei e disse isto, de esguelha, a quem me atirou a frase irritante. Depois, pensei: é verdade.
Eu conto.
O casal era composto de homem, surdo e doente, e de mulher mais nova, com olhos pequeninos. Boa gente. São boa gente, eu sei que são. Mas também são assim, como eu disse.
Quando ele começou os tratamentos, há três meses, eu expliquei-lhes o plano.
Bom, isto agora merece uma espécie de "parêntesis". Isto de planos é fodido, acreditem, porque mesmo que se diga, antes de expôr o plano, que
"ele - o plano -
está sujeito a alterações que podem depender do doente, da doença, do sucesso ou do insucesso do tratamento, ou, mesmo, da logística" - que é aquilo que mais fode os planos, não sei se sabiam disto, mas é, é a puta da logística -, nunca ninguém está para ligar a essa merda: assumem que
"o tipo disse que o plano é este, não quero saber de mais nada, isto é como cozedura de couves em água, vinte minutos e sai sopa; se não sair, quero lá saber que tenha falhado o gás, que as couves fossem merdosas, que a água fosse choca, a culpa é de quem pôs as couves e a água na panela; e mais nada, não quero saber de mais nada, agora já amuei!".
Aqui é que eu, pelos vistos, faço merda. Quando os conheço, quando se me alapam ali à frente, esqueço-me de enfatizar a problemática da alteração de planos, privilegiando o plano
itself, tal como se espera (eu e os "planeados") que o plano decorra. E limito-me a colocar como possibilidade aquilo que, depois, quando acontece, aos olhos de quem ouve mal e tem olhos pequeninos, parece que tinha sido, logo de início, mais do que possível, muito provável.
E não é verdade. De facto, era apenas possível. Mas, o facto singelo de não ser verdade, não recoloca as coisas na sua devida dimensão. Nunca mais.
Não adianta berrar aos ouvidos moucos, nem acenar com força aos olhos pequeninos, que
"lembram-se, lembram-se que eu disse que isto podia acontecer?" ; não adianta, não resolve nada. Lembram-se, recordam-se, mas nunca mais é a mesma coisa. É como se lhes tivéssemos feito reparar nas letras pequeninas do contrato, que sabem muito bem que existem, que leram, mas que interpretaram como uma espécie de
"isto pode acontecer, perfeitamente, mas a mim não".E a culpa de quem é? É minha.
Eu devia dizer:
"o plano é que você, provavelmente, segundo a literatura (e o que eu já vi nesta vida infame), vai perecer algures entre Maio de 2006 e Agosto de 2014. Se quiser, talvez se aproxime mais de Agosto de 2014 - talvez, repare, talvez!, repare que eu estou a dizer que você está fodido na mesma e, quase de certeza, depois de amanhã, percebe? - se fizer uns tratamentos que podem correr mal ou bem, que isto é mais ou menos ao calhar".
Perante um plano destes, raios me partam, eu dava logo uma cacetada no proponente. Era logo, que isto não é um plano de jeito, é um
"pega lá e embrulha, que isto não é comigo, é contigo: se queres, queres, se não queres, a joder
, vai a outro lado".
Mas há alturas em que eu preferia ter tido este discurso lodoso, logo dirigido a condenados, do que ter assumido com eles (ou por eles?) a esperançosa dúvida. Há momentos longos em que eu preferia levar uma cacetada na pinha, desferida bem no alto da minha caixa córnea, do que assistir, por ser estúpido, a amuos de gajos tristes, moucos e doentes, ladeados de mulher de olhos pequenos e tristes, sempre tristes os olhos, ambos defraudados pela sorte, mas olhando-me e ouvindo-me como se eu fosse a sorte-má, como se fosse o tipo que, verdadeiramente, os defraudou, o sacana que lhes preencheu mal o papelucho do euro-milhões que cuidavam premiado.
Eu peco por não lhes dizer, desde logo, que o jogo está um bocadito viciado. Mas é para eles sentirem vontade de jogar e de tentarem ganhar, em lugar de perderem logo, de se deixarem afundar sem sairem do porto. Eles pecam porque pensam que sou eu que controlo e vicio a puta da roleta, dono de marés.
São maus pensares.
Pecados por bem, que aleijam no pescoço e que derreiam. Amesquinham toda a gente. Isto aprende-se, mas custa.
Da venda de calçado
Havia (e há) um dono de sapataria, na minha terra, que colocou na montra, em lugar de destaque, cuido que entre umas botas de vaqueiro e umas sandálias, uns dizeres que me fizeram sorrir, na altura. E já lá vão uns lustros, pelo menos quatro. Rezavam assim: "aceito críticas de quem faça melhor, não de quem saiba muito".
Claro que isto não passa duma lógica de sapataria. O simpático lojista da minha terra tinha, da crítica, uma ideia de "coisa malévola, de invejosos, arremessada à falsa fé a quem faz pela vida". E não é nada disso, a crítica. A crítica é, pelos vistos,
isto tudo e mais a bibliografia.
Eu não sei é de muitos casos em que uma crítica tenha ganho forma de livro inteiro, empoleirando-se, depois, ufana, nas estantes duma livraria ou dum hipermercado, prateleiras-meias com o produto criticado, como que disputando-lhe primazias de aquisição.
Sei de polémicas violentas, sei de desagravos em artigos de jornais, conheço correspondências de virulência invulgar, sei de Eça e de Pinheiro Chagas (com Bulhão Pato pelo meio, cuidando-se Alencar), sei de Eça e de Camilo ("provavelmente, o homem que mais palavras sabe do dicionário", afirmou, do romântico caceteiro, o dispéptico poveiro), sei mais algumas coisas. Admito que poucas.
O que não sabia - fiquei a saber agora - é que a crítica literária deve, além de (humildemente)
"assentar em bases epistemológicas e metodológicas muito frágeis", elevar-se nos biquinhos dos pés mimosos e sensíveis, deslizando por esses palcos afora, em pontas, armada em vaporosa bailarina sem fragilidades nos artelhos... ostentando preço competitivo no tulezinho da capa.
Pensava eu que a crítica, assim, calçava chanatas e ficava com um ar chula, um bocadito derramada de vergonha. Mas não, pelos vistos não: é assim que a crítica cuida bailar melhor, embora um bocadinho aos tropeções.
Nem quero imaginar o que diria, sobre tudo isto, o meu conhecido da velha sapataria da Rua Serpa Pinto. Provavelmente, encolheria os ombros. Como quem afirmasse "lá está, besugo, que mais queres?, deixa ficar o letreiro na montra: isso que me contas é, apenas, o que já lá está".
Detectado mais um foco de serviço público
Não há estória privada, pensamento íntimo, desejo libidinoso, táctica da bola ou truque de cozinha que, se confessado em ambiente
broadcast, não se transforme imediatamente em regra ou contra-regra universal da conduta alheia. Felizmente, a
intelligentsia não dorme e abre os olhos ao povo, denunciando possíveis marialvismos imprudentes que, certamente, passariam despercebidos ao cidadão comum, se não existissem tais neurónios acima da média.
Da fruta
Queria mostrar-vos aqui umas fotografias do meu damasqueiro, que está carregadinho. Este ano vai ser, talvez, ano de frutas frescas e compotas novas.
Como tenho, agora, um telemóvel daqueles que "também" são máquinas fotográficas, usei-o: andei ali, ao fim da tarde, às voltas da árvore, a ver-lhe as cores, os frutos, as folhas e as humidades.E, garanto-vos, os meus inocentes e futuros damascos estão ali todos, no meu telefone. Para aqui é que se recusam a vir. Teimosa fruta.
Carreguei naquela porcaria que diz "enviar", pensando que o raio do telefone me ia pedir um endereço electrónico, ou qualquer coisa assim, eu escrevia o meu, premia outra coisa qualquer e, por umas artes quaisquer, todos os meus damascos se transfeririam para aqui, causando-vos cataratas de inveja e gula.
Mas não. O apetrecho informou-me, por escrito, que "não encontrei não sei o quê, por isso fica assim".
Perguntei aos meus filhos se tinham alguma explicação para o sucedido. Tinham. E deram-ma, aquilo soou-me mais ou menos a "já sei! tu tens o
blutuç activado?".
Eu disse que sim, que tinha, "claro!, pensais que sou parvo?!", e mandei-os deitar, "amanhã tendes aulas, andor!", antes que algum deles tivesse o desplante de me confirmar que "um bocadinho, sim, desculpa lá...".
Tenho, portanto, de activar essa merda. O que farei logo que descubra o que é o tal
blutuç, não vá apodrecer-me a frutinha antes de vos fazer babar por ela.
Temperança
Em tempos bem próximos (mas que já me parecem remotos, são as saudades) eu costumava responder, a quem me chateava com a lentidão do Pedro Barbosa, que "se ele fosse rápido, já não estava no Sporting, estava no Milan".
Agora, sem ninguém me ter perguntado nada, afirmo, sobre Carlos Martins, o seguinte: "se ele tivesse um cérebro, escusávamos de estar sempre com a impressão de que não passa dum gajo para emprestarmos - ou oferecermos! -, urgentemente, ao Odivelas, ou ao Sacavenense, ou ao Moscavide, ou, mesmo, ao Gençlerbirligi".
O Irão
O Irão, embora pareça (em português) o futuro alheio e colectivo dum verbo carregado de energia cinética, não é nada disso.
É um país que fica areias-meias com o Iraque e com outros sítios que há por ali, num equilíbrio precário de crenças, semi-crenças, meias-verdades, duplas-mentiras e bastante raiva. Nesse aspecto, o Irão não difere muito da Alemanha, da Inglaterra, de Israel, dos EUA, da Rússia, da China e da França, por exemplo. Ao menos por enquanto.
Mas tudo depende da energia potencial de que se conseguir carregar, entretanto. Se conseguir carregar-se muito dela, e se decidir desatar a transformá-la em acção, em movimento, corre o risco de ficar, mesmo, quase igualzinho. E isso pode fazer, evidentemente, muita diferença.
Eu, para já, afinal, não falo deste país. Até apagava isto, se não fosse ter gostado - parvamente - da primeira frase.
Suspensa por um sinal da Santa Sé
Não porque simplesmente se trata da Santa Sé, mas porque a Santa Sé dá pontuais contribuições para o desenvolvimento, não só da mensagem ecuménica, mas também da economia portuguesa. O perturbador desvio em relação à regular gestão dos negócios acontece, impiedoso, quando a Igreja nos esmaga com a abordagem sacrossanta do debate, a impor-nos uma reverência que não escolhemos mas que se instala como o discurso possível; ou uma culpa pelo receio da heresia, que só com alguma disciplina mental se evita. Como se, lembrando-nos do divino omnisciente, nos forçassem a reconhecê-los, aos prelados que o representam, como a parte mais fraca num ambiente agnóstico, longínquo dos ditames cristãos.
Até que, nessa escalada do transcendental, se desiste (por mero pragmatismo ou por crise de consciência moral) dos habituais meios de negociação para aguardar, com irritada paciência, o tal sinal, que seguramente há-de vir com marcada inspiração teológica, para nos arrasar de vez com a argumentação que, de simplesmente laica, passará a profana.
Cartilha dos inocentes
O homem não pôde evitar um bocado de nojo, um nojo ligeiro, quando soube que a estação de televisão ia transmitir, no dia seguinte, as exéquias do rapaz.
Não foi nada de muito fundo. Nada de que mereça a pena falar.
Não foi, sequer, aquela náusea pequena que às vezes provocam as coisas desajustadas, fora de tempo, vertiginosas, desmedidas, exageradas, desprovidas de razão.
Não foi. O homem tem, aliás, da sua razão e da sua medida, a certeza de encaixarem, apenas, mesmo assim sempre incertas, nos seus próprios exageros; e, calhando mal, em mais parte nenhuma.
Foi, tão só, um desconforto leve: o homem pensou que lhe parecia haver cada vez mais pessoas cuidando que tudo decorre "entre anúncios".
Nada de jeito, passou-lhe quase logo. O homem está melhor, do seu ponto de vista.
A única coisa que eu gostava que retivessem da lição de hoje (sim, é contigo, Pilar!)
O problema do filme do Mel Gibson, para mim, neste preciso momento, reside no facto de eu estar a escutar aquela música dos Bee Gees, o "How deep is your throat", enquanto escrevo isto.
Os meus filhos disseram que queriam ver o filme, na sexta feira, mas eu não vou deixar.
Prefiro que eles continuem a pensar que
os maus bateram um bocadito em Cristo e que, depois, tudo se passou duma maneira muito sofrida, claro, isso sim, mas que as pessoas hesitavam, ali, entre dar-lhe uma lançada na ilharga, chegar-lhe vinagre à boca e, atenção que isto é mesmo assim, "tirá-lo dali, ele é que não queria nem por nada, e por isso ficou ali e morreu!". E que havia música - e coisas mais ou menos cósmicas - ali à volta.
Não me parece conveniente que fiquem a saber que fizeram a Cristo, mais ou menos, o que fizeram os tipos de Quebradas ao débil mental, o que fizeram os
skins ao cabo-verdiano, os tipos do Congo aos belgas que caçaram, os palestinianos ao piloto israelita que caiu desamparado, os gajos da Libéria ao presidente que lá tinham, os irlandeses católicos aos dois polícias ingleses que apanharam, no funeral de 1988.
Essa coisa toda de linchar um homem é sempre igual. Seja ali abandonado, sozinho, ou com a mãe (e a namorada e os amigos) a assistir.
Essa perfídia de transformar, lentamente, um homem numa papa exposta de sangue e medo, é sempre igual e não serve para nada.
As Ilhas Comoros
Bom, eu devia ter pensado nisto antes.
Vou voltar à antiga fórmula: primeiro escrevo uma coisa qualquer e depois escolho o título.
Deixo aqui um
link e volto depois.
Exactamente:
"I'm currently experiencing a problem. A neuro-surgeon has been notified and will investigate".Chateiem o gajo, que ainda estamos na quaresma.
A Áustria
Basicamente, a Áustria é um país que não se percebe bem porque é que existe.
Depois pensa-se um bocadito e verifica-se que tem de existir. Existe para que haja selecções nacionais de futebol na Europa que percam quase sempre, sem serem do Luxemburgo e do Li...tein, isso.
Também se justifica que haja a Áustria para fazer confusão nos tipos como eu, que nem sempre acertam na nacionalidade dos grandes autores clássicos e românticos: Wagner era alemão, mas o caraças do outro, que também era daquele tempo? Ai! Pois, vai-se a ver e alguns eram dali. Palavra que eram. Não, o Brahms não era.
E, sobretudo - e, se calhar, se tenho começado por aqui, cansava-me menos -, a Áustria existe para que os portugueses que viajam bastante possam dizer, com ar de "imenso jet-lag", que acabaram de chegar de "Viena de Áustria", isto para evitarem confusões com as excursões minhotas dos parolos como eu.
A Espanha
A Espanha é aquele bocadão de terra amarela que fica à volta de Portugal.
É um país em que as pessoas chamam
movida (lê-se "mobida") àquela merda de se andarem a emborrachar como tordos e a ver se arranjam, depois, já aos bordos, com quem praticar o coito.
Os espanhóis têm a particularidade de fazer algumas pessoas doutros países pensarem que isto é original porque, como são incapazes de falar outras línguas, parecem exóticos mesmo a explicar que são iguais aos outros. Isto é verdade. Os espanhóis têm um problema de dicção que, nos outros países, só os bebés e os belfos têm. Isto não é grave, mas é apenas por não ser agudo: é crónico. Basta ver como dizem, por exemplo, Alain Prost e Waterloo. Ou George Washington. Ou "pido baloraçau medicina interna"...
A Espanha é o país que os portugueses mais gostam de usar como comparação quando estão a discutir uma merda qualquer. Não é por acaso que se diz, frequentemente, que "esta merda nem em Espanha" ou, numa linguagem mais amestrada, que os gestores e os economistas gostam muito, "a Espanha, que está aqui ao lado, tal e tal".
A Espanha é um país povoado por pessoas que, quando calhar lerem isto (nós, às tantas por causa do nome, somos lidos, inclusivamente, por pessoas de Lanzarote, isto vi eu!, o que pode querer dizer que penetramos fundo o mercado blogosférico espanhol, ou, em alternativa, que só fazemos a Pilar Saramago mijar-se de riso, mas isso agora não importa para o caso), vão pensar que isto são tudo comparações depreciativas para nós. Mas não. É a gozar com eles. É lixado, mas é para eles.
Por exemplo, quando se diz por cá que "isto, caramba, nem em Espanha!", é para ser lido como "esta merda, caramba, este acidente nosso, nem aqueles lorpas!". E quando nos apontam aquilo de "a Espanha, que está aqui ao lado, tal e tal", não é para elogiar os tipos, não é para dizer que "apesar de estarem perto de nós, fazem melhor", nada disso, é apenas para gozar com os gajos, aquilo deve ler-se "olha se eles não nos tivessem por perto!...".
É claro que a Espanha tem coisas muito boas, mas isto aqui não é a wikipedia. É favor circularem. Podem acampar na rotunda da lolita, que é a da Boavista, aquela em que o leão está a fazer uma colonoscopia à águia, no alto dum pinoco...
Notícias frescas
Aproveito para informar os tipos como eu que o Acidental encerrou. Está lá, agora, uma estampa com gajas a dançar can-can.
Também fechou outro, o Espectro.
O Acidental era divertido. Proponho à lolita que o transfira para os que estão de licença sabática e sugiro aos tipos como eu que procurem os gajos que faziam aquilo, que eles andam aí a escrever noutros sítios, nomeadamente em blogues onde já escreviam antes.
O Espectro, que durou bastantes dias, quase cem, não era divertido. Era sério. Embora misto. Proponho à lolita que o mantenha no local que sempre ocupou na nossa lista e sugiro aos tipos como eu que não procurem os ex-autores, eles que nos encontrem.
Ideias para uma descentralização mais eficaz
Não se percebe a indignação. Toda a gente critica o excesso dos privilégios dos deputados e, quando eles se portam exactamente como qualquer outro anónimo português que, na semana da Páscoa, parte com a família para a terra, toda a gente se vira contra eles.
Razão tinha o Santana Lopes, quando quis descentralizar os serviços. Na Semana Santa, o plenário devia funcionar, por exemplo, em Sernancelhe, cujo Centro Cultural só dispõe, porém, de 120 lugares. Os deputados com assento na assembleia seriam os que chegassem primeiro; os restantes traziam um banquinho de casa.
Em cada ano, mudava-se de localidade. Nas que não disponham de Centro Cultural, o plenário reuniria na maior rotunda.
Esguichos de besugo
This server is currently experiencing a problem. An engineer has been notified and will investigate.Disse o blogger.
Ok, foda-se, investiga lá isso duma vez, pá! Mas não me chateies!
Alguém te perguntou alguma coisa?
Fico chateado com isto, pronto. Não dá, não dá, agora não dar e virem-me com explicações cheira-me a instruções do
Joint Committee, afigura-se-me aquela espécie de nova-Pide do controle de qualidade, enfim, aquela paneleirice para histéricos do "estamos a tratar do assuntozinho, sim?".
Que merda de mundo é este em que parece que se tem de dar explicações de tudo e sobre tudo? Que parvoeira! Que paneleiragem!
Eu quando alguma coisa avaria presumo sempre que sim, que já estão a tratar disso, e espero sentadinho, ora.
Já percebi: os tipos dizem aquilo de o engenheiro ter sido notificado por dois motivos. O primeiro é mostrarem competência e atenção. O segundo é descarregarem nas costas do desgraçado do técnico a ira dos revoltosos pelo facto de se estarem, de facto, a cagar para o assunto.
Estás desculpado, engenheiro Infante Santo. Mas se puderes vai-lhes à tromba, que eles estão a fazer-te o que fizeram, em tempos, a Cristo...
O discurso do autoritarismo
Ou:
como um hooligan é previsível.
Pára no peito (ok, ok, recebe no pé) e cola na relva, lolita
O futebol é um jogo para homens. E lá fora joga-se assim. E é por estas e outras que os árbitros portugueses não são convocados pela FIFA. E
tu vês pouco futebol.
Se tivesse visto seria mais útil, mas a mim serve-me assim.
Hoje debateu-se o futuro da Europa, parece que a fundo, na Casa do Artista.
Retive pouca coisa, que sou pouco dado a retenções: só as que me fazem "na fonte".
A sério, não esperem nada de mim. Não, a sério.
Esta notícia que aqui dou do sucedido, aliás, destina-se apenas a quem nem sequer sabia que o debate ocorreu. Ocorreu mesmo. Quem assistiu e esteve atento, faça favor de parar de ler. Para não termos de nos chatear. Obrigado.
Agora que fiquei sozinho, estou à vontade.
Estavam lá, num palco defronte de cerca de 500 pessoas (ou menos), a apresentadora do costume, um cardeal com um sotaque misto entre o beirão e o romano, que é aquele padre que diz quem é santo e quem (ainda) não é, o João César das Neves, a Fátima Bonifácio e o António Barreto.
O António Barreto, qualquer dia, tem de pôr gel nas sobrancelhas: praticamente, aquilo já toca nas pálpebras inferiores. Não quer constiuição europeia, nem eu, ora, e reafirmou-se séptico. Eu percebi séptico. Era céptico? Bom, não acedi ao teletexto...
A Fátima Bonifácio começou bem, até se atreveu a proferir, em 2006, aqui, neste cantinho da barrosiana Europa (que, agora, de acordo com alguns euro-deputados portugueses - e alguns outros euro-deputados que também gostam de copos-, deve lisbonizar-se, não é?), que "qualquer dia acordamos e já não nos parece que estamos na Europa", o que nem sequer é original - o MEC escreveu uma vez, em tempos, que um tipo que fosse a Londres para ver nativos se arriscava a regressar com a impressão que os ingleses andam todos de turbante - mas estava bem visto e era simples -, mas agachou-se logo, a Fátima, "que não era bem isso que queria dizer", porque o António Barreto pressentiu que ela ia por mau caminho e pô-la logo no trilho ("olhe lá, ó Fátima, já viu a quantidade de monhés que estão a olhar para si com cara de quem a quer empalar, ali na assistência"?).
O cardeal esteve bem. Dentro do género "eu não mudo esta expressão facial a menos que me fustiguem". Percebeu-se que o perturba aquela coisa de a constituição europeia não consagrar, nos princípios fundamentais, que a Europa é judaico-cristã "porque a História existe". Foi lá, basicamente, dizer isto e, a seguir, concordar com os ateus que lá estavam, desde que os ateus admitissem (e admitiram) que o ateísmo europeu e o judaico-cristianismo europeu são mais ou menos a mesma coisa europeia: há ali, segundo eles, apenas uma questão de birra de nomenclatura em torno duma elevação comum, e pode continuar a jantar-se bem depois destes debates, na mesma.
O João César das Neves tem um problema, que é a testa baixa. Nota-se que lê muito e que absorve os pensamentos que quer de maneira elogiável e competente. Mas não me lembro de quase nada do que disse, embora eu tenha uma testa alta. O problema de saber se ter testa alta ou baixa é importante, bom, é um problema que deixo aos meus netos.
Devo absorver menos, no entanto. Proclamo, daqui, que as pessoas de testa alta absorvem menos. Donde, presumo, podem revelar-se menos úteis para usar como esfregona. Boa, João!
Bom. Parece que, apesar de tudo, ainda há Europa. Essa Europa antiga. Para já, parece que ainda podemos dizer que há "A Europa", entendida (de forma básica) como um "muito menos que tudo económico", embora quase toda com moeda única (acho que é a octana).
E ainda se pode dizer isto: que os italianos são um bando de panascas feios com fama de garanhões bonitos, essa fama toda feita por portugueses e líbios, que gostam de passar por italianos, não se sabe bem porquê; os gregos, enfim, é basicamente azeitonas e queijos e, concedo, ilhas fixes... para quem consegue lá ir com a gaja que gosta, o que é raro; e que os espanhóis são malcriados mas baixam a bola sempre que lhes arregalamos os olhos (tenho experiência disso, li a história de Portugal dos Pequeninos e a minha Mãe era professora primária); que os franceses têm quase todos qualquer coisa de cabeleireiros; que os ingleses são o povo mais feio do mundo (melhoraram, é verdade, quando apareceram os tipos de turbante); e que os eslavos são para o que nasceram, penso mesmo que a palavra "eslavo" é uma derivação tristemente adaptada por espanhóis do anglo-saxónico "slave".
Ah! E que ainda não vamos, todos em conjunto, com José Barroso (com a máscara do velho Jacques) empunhando um estandarte híbrido, jogar o Mundial da Bola. Quando não, o sacana do europeu Sven Goran Ericksson - ia ser este tipo o seleccionador europeu, duvidam disto?- ainda se atrevia a pôr a titular o Beckham, em lugar do Ronaldo. Ou o Lampard, em lugar do Totti.
A Europa é muito mais que isto? Claro que é.
Mas não me fodam, não a deitem num sofá, toda encolhida (debaixo dum edredão fatela e colorido demais) a dormir o seu sono descansado "entre guerras", enquanto a debatem, fingindo ser ela, a Europa, a falar durante o sono, que se debate.
Era o que nos faltava: a Europa, agora, a fazer psicanálise! Pela mão pia dum padre, sob o olhar "complicadote" dum gajo de sobrancelhas adubadas, às directrizes duma tipa que, se diz duas coisas, a segunda é para atenuar a primeira... ah! e a beber fel duma
esponja avinagrada que gostava de ser Cristo, desde que fosse sem aquelas complicações de pregos, cruzes e chicote.
Variações sobre biqueiros
E aqui estou eu, em tempo, para falar do Sporting-Porto.
Não me lembro do nome do árbitro, mas lembro-me da fisionomia, de polícia de esquadra. Interventivo, ciente do dever "et por cause" e empenhado em manter a lei e a ordem. Em suma: o executor perfeito das medidas estratégicas para a erradicação da sarrafada no futebol. Não sei se por timbre individual ou por ordem superior, mas o certo é que distribuiu amarelos em abundância e de forma paritária.
Há, pelo menos, dois tipos de sarrafada futebolística: a sarrafada instrumental e a sarrafada gratuita. A sarrafada instrumental é uma inevitabilidade, em situações de crise. Quase consubstancia a figura jurídica da acção directa: o recurso à força com o fim de realizar ou assegurar o próprio direito, quando for indispensável, pela impossibilidade de recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais, para evitar a inutilização prática desse direito. Será, neste contexto, aceitável que um defesa cioso mande uma boa biqueirada a um extremo teimoso que desata a correr com a bola, em velocidade de cruzeiro, a caminho do golo. É assim que o
mister ensina e é para isto que lhe pagam (ou pelo menos foi assim que ele percebeu). Inversamente, a sarrafada gratuita não serve para coisa nenhuma. Cansa, chateia. Quando demasiado recorrente, sobrepõe-se ao jogo, que acaba por ser uma modalidade inovadora, situada algures entre o wrestling e o bowling. De sarrafada em sarrafada, caiem como tordos. De forma fraterna, que é como quem diz "agora cais tu e depois hei-de cair eu".
Como está bom de ver, à sarrafada gratuita responde-se com muitos amarelos, punitivos e moralizadores amarelos. Eles aprendem devagar, mas aprendem, mais tarde ou mais cedo, que os seus mimosos (e, aliás, viris) pézinhos são comandados pela cabeça, que é aquela parte do corpo onde costumam colocar
piercings.
Para contrapor tudo isto, hão-de dizer que o futebol é um jogo para homens. E que lá fora joga-se assim, e que é por estas e outras que os árbitros portugueses não são convocados pela FIFA. E, até, imagine-se, que eu vejo pouco futebol. Imagine-se.
Sem espinhas
OK, perfeitamente, já sei. Perdemos.
Já sei, já sei: andei a armar-me e lerpei. Tungas para mim. Amoleci, amoleceram-me, fiquei sem espinhas, comeram-me inteiro. Já sei isso tudo. Parabéns.
Acontece, isto de lerpar.
Claro que lerparmos depois de nos armarmos é pior, mas é lerparmos na mesma. Ora!
Eu sei que não é só isso, está bem, eu sei. É pior.
Para que botei eu aqui, ontem à noite, aquele peixe com um boné verde e um sorriso que, hoje, me parece estúpido? Para agora ficar encurralado no meu armanço?
Tá bem, besugo! Grande besta, tu.
Pensando bem, já me aconteceu isto mais vezes.
Devo ser um lerpa, eu. Por isso, já agora, que se feda.
"Ide todos para o caralho", podia eu dizer. Mas não. Não digo isso. Não, foda-se, isso nunca.
Boa noite!
A República Checa
A República Checa é um sítio para onde apetece mandar aquelas pessoas que nos chateiam:
"Olha, tu vai mas é pá República Checa!".Não é?
Além disso, o Porto tem um jogador que é de lá, que é o Marèquexé.
Antes disso acho que os andrades tiveram lá o Vlk, mas este nome não se consegue dizer bem. Pode ser eslovaco, às tantas é, mas isto não desculpa tudo.
Suécia 2
Claro, eu sei que também há o Ingmar (o dos morangos, o daquela miúda, a Fanny, mais o seu rapaz Alexandre, o Ingmar, esse sueco quase tão chato como o nosso Oliveira, mas mais), e há o Rosemberg e o Rosemborg (este é mais na Noruega, no entanto).
E há a Volvo e há o salmão fumado. E há alguns
Saabs que andam bem. E temos o Keke Rosberg, mas não se sabe bem para quê. E o Thern.
E temos, finalmente, uma tipa que conheci em Benidorm, aqui há atrasado, que parecia sueca mas não era, era belga. Sei que era belga porque tinha as sapatilhas amarelas e discutimos pouco sobre Portalegre.
Este tipo de escrita é um nojo, decididamente. Vou emendar-me. Parece que não se diz nada e, bem vistas as coisas, diz-se uma data de frases muito significativas. Sem importância nenhuma.
A partir de agora, está decidido: cada país só tem direito a um
poste.
Ao menos, escusam as sapatilhas do país em questão de ficar amarelas. Só se a falta de jeito for muita...
A Suécia
A Suécia é um país azul e amarelo onde neva muito em alguns sítios e, avulsamente disto, há muitos suicídios.
Há quem diga que há mais suícídios lá, na Suécia, que em Portalegre, mas eu não sei, falta-me o "p" desse estudo.
Fora isso, parece que se vive lá bem, mas parece que se vive lá mal. Confusote? Porquê?
Ora, porque aquilo, lá, é quase tudo público e pagam-se muitos impostos, o que chateia de caraças os tipos dos outros países (pelo menos chateia a malta do Blasfémias, menos o CAA, que está sempre chateado e não conta) e não chateia muito os suecos; aliás, cá para mim, isso só chateia os suecos que se suicidam, ou seja, os suecos que são portalegrenses. Mas falta o tal "p", que validaria isto e disto faria (quase) lei.
Houve uma vez um sueco que jogou no Sporting e que se chamava Eskilsson, ou seja, isto levado à letra, o tipo era filho do Eskils. E saltava mais ou menos, o tal Eskilsson, abanava a cabeleira e tudo! Parecia aquele projecto de macho nórdico dos "Europe", uns tipos que também eram suecos. A cauda não sei se abanava, o Eskilsson, já não me lembro. Sei que as tipas dos
Abba (como é que se vira a barriga dum "b" para a esquerda?) abanavam, isto também mais ou menos, sobretudo a Frida.
Outros suecos? OK.
Sem ser o Nobel? O Alfredo?
Bom. Havia o Olof Palme, o Stromberg, o Magnusson (filho do Magnus) e havia também aquele que tinha um nome alemão, o Schwartz. O Stefan. E o outro Stefan, o Johansson, filho do Johan. E há, ainda, o Larsson (filho do Lars), esse, o que agora rapou o cabelo e está a jogar no Barcelona. E a Greta, belo nome, era a namorada do Alves Reis, eu sei muitas coisas! Suponham agora, para desenjoar, que a Greta tinha uma amiga chamada Bertha e que o Alves Reis, entre falsificações, dizia para o Arnaldo, ou para o Bandeira, "ah!, vem agora aí a Greta, mais a Bertha...".
Isto é um nojo, evidentemente, até porque falta aqui o "p" estatístico: isto não é só dizer, é preciso provar!
Gulosos!!! Malvados!!!! É por estas e por outras que eu não permito aqui comentários!!!! Eu bem sei no que pensais!!!!! Biltres.
E havia a Pipillotta! Aquele pau de virar tripas sardento, uma que era filha dum pirata! (Tem piada, a miúda devia chamar-se Piratasson... isto há cada gramática, hem?)
Ah! E há, por fim, a Jutta (lê-se "Iúta"), que às tantas é finlandesa.
E não, não digo de quem é filha, não insistam.
Eu gosto muito do "p", mas fui educado num lar decente.
A Bulgária
A Bulgária é um país em que não se pensa todos os dias. Há pessoas, poucas mas há, que passam semanas sem pensarem na Bulgária. Isto é torpe.
Eu penso muito na Bulgária.
Bulgária, se me estás a ler, ficas a saber isto.
Obrigado. Eu sabia. Mesmo assim, obrigado.
Besugo, meu caro besugo...
Ainda bem que notaste.
Explica tu, por favor, ao Ricardo, que o cão que ele gostava de ser é, afinal, um Dobberman. Sempre fica a saber quarenta palavras ao todo, números redondos (com esta nova entrada, passa a saber duas em estrangeiro e, pelo menos, três designativas de animais).
Ai, lolita...
O Ricardo fala português escorreito, exprime-se melhor do que 75% da população portuguesa em dia de eleições, e do que 92% dessa interessante amostra quando retirada dessa situação catárctica. Não, não sei em quem vota, nem quero saber.
O Ricardo defende melhor que o suplente do Porto ( o Vítor) e que o titular (é aquele que era do Leiria, o Elton com agá) juntos. De mão dada. E joga melhor com os pés do que toda a bancada do CDS-PP com os pulsinhos.
Queres mais?
Bom.
Esqueci-me de dizer que não distinguir um
dobberman dum
rottweiler é típico do Pedro Emanuel mas, como me esqueci, também já não digo. Escusavas bem disto, tu e o zarolhinho central que lá tendes às deixas do Pepe (que são muitas).
Reflexões idiomáticas
Bom.
Pelo menos Adriaanse tem uma desculpa: não é nativo.
Já o Ricardo nasceu no Montijo (Montije, em dialecto lxboeta) e só sabe, vejamos... mais umas vinte (sem excluir a expressão "Rotweiller", que se não é holandês anda lá perto).
E agora vamos ao que interessa
Não me passa pela cabeça outra ideia, para sábado, que não seja ganharmos ao Porto.
O Miguel Sousa Tavares, que faz crónicas ao despique com a Leonor Pinhão - para quem não sabe, o trombudo é portista, a filha do Carlos Pinhão é uma "lampa" possuída, pegam-se largueiro - já veio dizer que o jogo do Sporting é insípido, e até deixou ao
holandês que fala português utilizando apenas dezanove palavras algumas regras de conduta, a ver se lhes calha
bem a vida. Passou-lhe isto pela cabeça, portanto. Isto e que o Pepe é bom jogador, aquilo só lido.
Vamos ver se o que me passa pela cabeça é melhor que o que passa pela cabeça do Miguel Sousa Tavares (ou, mesmo, pela cabeça da Leonor Pinhão).Vamos ver.
Entretanto, faço notar que insípida (entre outras coisas) é a água. E que a água é boa.
Eu gosto muito da água.
Os Estados Unidos
Os Estados Unidos são, basicamente, a América, lê-se "Améurikea". O resto da América é como se fosse a bibliografia, aquelas coisas pequeninas.
Há lá muitas terras, que são a "land". Lê-se "lênd" e tem de se ler isto com olhos nostálgicos e poderosos. E gado (que são as putas e outras manadas), que é o "cattle", lê-se "cadl". O "cadl" tende a atravessar rios porque naquele sítio nunca estão bem. Os americanos são uma espécie de António Variações, se tentarmos forçadamente um paralelismo: este último, o falecido barbeiro, é considerado
buédabom depois de morrer, mas, de facto, não era bom, nem antes, nem agora, a não ser, eventualmente, como barbeiro, e isso era mais antes; os americanos têm lá petróleo.
Eu disse que o paralelismo era forçado, por isso calem-se e escutem até ao fim.
São o único povo do mundo que consegue fazer filmes de "cowboys" decentes (alguém tem dúvidas que a Sharon Stone e a Lauren Bacall são umas grandes vaqueiras?) e ter uma rua com o nome estúpido de "Rua da Parede", onde só há gajos de supensórios a tomar Prozac, numa cidade a que chamam "Grande Maçã" , provavelmente porque há lá muitos bichos.
Agora, com a exportação de derivados da China (das Chinas), já fazem películas com vaqueiros panilas, porque como matam pessoas em cadeiras "féxen" e com injecções (desinfectam sempre, antes, o sítio, a veia, isto é engraçado, não é?), têm de mostrar que são sensíveis e não há maneira melhor para isso do que pôr
cowboys a fazerem um comboiinho, com música ternurenta.
É um país interessante do ponto de vista geo-estratégico. Os açorianos vão lá muito. Fazem bem.
Há lá o Bush. Há lá o pai dele, também: que nem a morte os separe.
Exportam-se menos que os chineses, mas é apenas porque receiam ir parar fora do sítio. Para eles, Michigan é Michigan, a Croácia é "out there". São bastante bons naquilo que fazem bem. E os piores do mundo no resto.
Eu gostava muito de ser americano.
Já passou.
A China
Bom, a China agora não se sabe bem o que é.
Parece ser o maior exportador de chineses que há, mas também aquilo é grande.
Eu não gostava de ser chinês.
Só digo isto porque também nunca acabei nenhuma redacção sobre "a vaca" a afirmar que gostava de ser uma.
Embora talvez gostasse. Preferia ser vaca que besugo, às tantas. Boi, não. Mas vaca...
Para repor a verdade histórica
Ó Besugo: deixa-me apontar alguns indicadores decisivos do progresso civilizacional helvético aos quais não serás, certamente, insensível:
1. O voto das mulheres só foi consagrado em meados dos anos setenta (1976, se não me engano);
2. Ao que me dizem, há lugares de estacionamento (mais largos, em baía, de modo a permitir estacionar de frente) exclusivos para mulheres condutoras.
3. Não se pode fumar em lado nenhum, a não ser, talvez, no meio do lago de Genebra.
4. Desconfio que, enquanto o Sócrates estava na Finlândia a admirar a Nokia, o Correia de Campos fez uma visita oficial à Suiça.
Quem é amiga?
Os suíços
Basicamente, a Suíça é um conjunto de bancos em que se pode pôr e tirar dinheiro pouco limpo sem que se façam grandes perguntas a quem lá o põe ou a quem de lá o tira, situados em ruas limpinhas em que nem sequer se pode deitar uma beata ao chão sem vir de lá um bispo fardado fazer "prriiip!", tudo isto no meio de montanhas verdes demais ou brancas demais, com lagos no meio, num conjunto pictórico que funciona bem para imagens de calendários.
Fazem-se lá chocolates, como se fazem chocolates nos outros sítios, e relógios, o que é bom, porque um suíço tem dos relógios a ideia inversa que eu tenho de algumas cuecas: não servem senão para estorvar.
Fora isso, são praticamente sempre neutros (nisso, berrando menos, são quase como os portugueses) e falam várias línguas, conforme os sítios. Lá se entendem. Mas se aquilo fosse um país a sério não se entendiam. E, se fossem um país a sério, também já se sabia. Não se sabe.
Não têm mar, o que lhe faz uma falta imensa. São dados a regras, o que faz deles uma espécie de quarentonas ainda entusiastas da pingadeira.
Imagino-os sempre a contar notas, com os dedos sujos de chocolate e a ver as horas. A ver quanto tempo falta para quase nada, que é aquele esguicho do lago, aquele orgasmo artificial regulado por cronómetro.
Os suíços deviam ser integrados na legião estrangeira e a Suíça invadida pela Turquia. É a minha opinião.
O armistício está próximo, mas eu conto render-me antes disso.
Há muito tempo que não me lembrava do Macário Correia e daquela famosa tirada erótico-moralista que envolvia "lamber cinzeiros".
Façamos justiça, enfim: Macário foi o percursor da
Jihad contra o tabaco e o último passo a caminho da vitória está agora em curso. Sem esquecer que, do lado dos vencidos (e sobretudo das vencidas), todos prefeririam ter de lamber vinte cinzeiros a beijar o Correia de Campos nas
fauces rosadas.
Middlesbrough go!
Gostei da vitória do
Boro. Palpitou-me que iam passar a eliminatória desde o golo dos suíços, que eu não tenho grande impressão dos suíços, nem grande nem pequena, parecem-me um povo que faz bem em andar aí, já que anda, mas mais nada.
Fez-me lembrar o Sporting - Newcastle, também não se podia sofrer um golo, sofreu-se o golo que não se podia e, depois, marcámos quatro. Tive esse palpite e calhou, podia não ter calhado, mas calhou. Conforme calhou termos perdido na final com o CSKA, eu sei porque perdemos essa final, não posso dizer, mas sei. Mas não digo, é a minha verdade, fica só comigo e com mais meia dúzia de pessoas que sabem o que eu sei, conforme sei.
Não tem nada que ver com o Rochemback, isto. Nem jogou, vistas bem as coisas, grande espingardaria. Está mais magro. Corre mais, anda para ali mais activo, mas, já se percebeu, joga menos. Muito menos. Mais atrás, menos dono do jogo. É a vida. É o jogo. Está um Petit maior, basicamente.
O Boro ganhou e reparei que os adeptos, ainda a perderem por 0-1, com 0-3 para recuperar, cantavam alto o
"You´ll never walk alone". Arrepia. Faz bem. Faz lembrar aquilo das penínsulas que a lolita pôs ali abaixo.
Crescer não é fugir, é ficar. Sempre em andamento, velocidade controlada fora as acelerações. E as travagens.
E assim se tornam penínsulas.
Com que idade se descobre que se ama, sem apenas deixar-se ser amado? Ainda que sem se perder do sonho e sem abandonar a crença de que aquela palavrinha, por ser
dita por quem diz, acalmará a dor a alguém. Há dias em que, silenciosos, crescem mais depressa do que somos capazes de ver, à vista desarmada.
Estão atentos e são sábios, mesmo sem quererem sê-lo. Quando nos damos conta já sabem que papel lhes cabe e que, a partir desse momento, deixaram de ser apenas pequenos rapazinhos. Com isso, outras dores virão. Mas não maiores.
Fugir para a frente, o que é?
É ir de passo acertado com o destino até um dia, ali certinhos e, de repente, desatarmos a correr sem saber muito bem onde pomos os pés, tentando ultrapassá-lo ou chegar a ele (ao destino) mais cedo. E chegar-lhe melhor, nem que seja só por ser mais cedo.
É julgar mal e, depois disso, fazer tudo bem, julgar sempre bem, tentando não pensar que se começou mal por causa do original julgamento. É atropelar o sossego da demissão.
Nunca se consegue isto em paz. Correr cansa. De passo trocado com o destino, partindo do princípio que ele existe (o destino), cansa ainda mais. E para nada, geralmente. Cansaço fútil de cansado é cansaço, sim, mas é fútil. Inútil, quase sempre.
Mesmo que ele (o destino) não exista, correr cansa. Correr para ele, contra ele, ao lado dele, apesar dele.
Cansa sempre.
Há três anos a acordar a blogosfera
O
Bomba Inteligente é um blogue com estatuto. Não, não é por ser um
blogue de referência. É porque as palavras da Carla não têm filtro de aumento. O Bomba lê-se suavemente (*), com o mesmo gozo que, ao acordar, se descobre que o céu está limpo. E, claro, porque também
acordamos todos assim. Parabéns, Carla, merecidos parabéns de todos nós.
(*) Mesmo quando invoca aquele execrável sapo.
Eu sabia...
Eu ia responder à provocação do Alonso mas depois percebi que aquilo não era nada comigo.
Depois, pensei melhor e vi que era.
Mas, a seguir, agora mesmo, li a resposta da lolita à provocação do Alonso e, caramba, voltei atrás: não era.
De qualquer maneira, quero que isto fique bem claro para os meus companheiros de blogue: nas próximas horas, na dúvida, estou amuado com ambos.
Não me telefonem.
Já não bastavam os comentários do Marcelo (cada elogio que dirige ao Marques Mendes é mais uma forcinha que faz para assentar o pequeno líder minhoto no lugar da puta), já não bondavam as ânsias editoriais dos simulacros modernos de Pinheiro Chagas (peço desculpa? peço, está bem, mas é ao Eça!), ainda me achincalham os amigos, agora, na nossa própria casa?! Sim, aqui mesmo!
Veio um, todo lampeiro, no outro dia, a pespegar aí que me fumou meio maço antes de eu ir a um concerto alternativo quando, de facto, me fumou maço e meio, sem me deixar, sequer, alternativa!
Outra, que veio aí agora, acusa-me de falar de bola, futebol e, nos dias bons, de bola! E eu nem me meti com ela! Eu estava caladinho!
Vocês não me telefonem! Eu ligo-vos, ok?
Agora vou tirar a roupa da máquina, sim, que eu sou multifacetado, um diamante cada vez menos bruto do ponto de vista estrutural.
Saberia Bell que o telefone viria, muito tempo depois, a ser útil para a contra-revolução?
Sabe-se que as recentes medidas
trendy sobre quotas são muito menos reivindicações das bafientas organizações feministas e muito mais manifestações do temor do domínio masculino face àquilo a que se pode chamar a
ameaça das saias. Por outras palavras, são a expressão prática do velho adágio que ensina que "se não podes vencer o teu inimigo, junta-te a ele".
Leio, por isso, a história do blogamemucho explicada pelo Alonso (e em discurso directo, para imprimir maior realismo) como um desbafo sobre o seu drama pessoal, sobre a sua estigmatizante vivência diária num mundo cada vez mais repressor das liberdades individuais masculinas. A família, pilar supremo da sociedade, está, para inquietação de todos os homens de bem, notoriamente em crise. As esposas insistem em não passajar os soquetes dos seus esposos, a chegar-lhes as chanatas quando eles regressam a casa, a não se manter silenciosas perante as opiniões decisivas dos seus amantíssimos maridos sobre política, geo-estratégia e relações bilaterais. Há, até - imagine-se!-, casos reais de famílias em que o próprio chefe de família passou a ter o encargo de pôr a louça suja na máquina.
É por isso que eu me orgulho de ser membro deste blogue misto, em que ao Besugo e ao Alonso é assegurada total liberdade de expressão. Usada por ambos, de resto, na maior amplitude temática de que há memória: o Besugo escreve sobre futebol, jogadores, árbitros, futebol, lances, tácticas, dirigentes, futebol, FIFA, UEFA, mundial, europeu, africano, futebol, resultados, previsões, golos e, até, sobre futebol. Já o Alonso, igualmente eclético, disserta sobre carros, viaturas automóveis, motociclos, rodas, jantes, aillerons, carros, acelerações, camiões, corridas, carros, faróis, pilotos, santinhos de Fátima e, pasme-se, até de automóveis!
Percebo, portanto, que o Alonso queira pôr os pontos nos ii. Mostrar quem manda aqui. Esclarecer a blogosfera e o mundo, para que não paire nenhuma dúvida, que aqui os homens - ainda - são a maioria.
No passarán!
Concluo com um "descubra você mesmo": como o Besugo fez ao Alonso nos primórdios deste blogue, também o Alonso me telefonou há uns dias (embora com alguma pressa, que ainda tinha um cesto de roupa para dar a ferro). Quando desliguei, perguntaram-me assim: "
mamã: era o Pinto da Costa?"
Sábado é que é, lolita. Hoje ainda vamos estando de acordo.
Provavelmente, o
senhor professor João Pedro está feliz.
Não me parece que o seu livrinho - que devia chamar-se, para realçar a vileza do tema e da chupice,
"Ah! cá está, viram que eu topei a gaja?" - venda muito; pelo menos, nada que o sustente. Venderá aos indefectíveis de MRP (que pagarão uns
euritos para
"deixa lá ver o que diz este boi da nossa magrinha fofa" ) e aos amigos dele, que os deve ter, iguais a ele ou ainda mais franzinos, embora ele já seja um "picuínhas de merda", de tal forma que, em se sendo mais picuínhas que aquilo, não cabem, lá dentro daquilo, sequer os intestinos, mas enfim, "os amigos", aquelas alimárias que, entre outras coisas que acham, acham, "também", que ele é um cérebro cintilante.
Bom. É possível que ele possua um cérebro desses, assim cintilante e fosfo-reactivo e, praticamente, tudo. Um desses cérebros, todos feitos de gelatina luminosa, que os há aí, desses que, mesmo em se apagando as luzes todas das casas todas e, até - ó treva tenebrosa e assustadora! -, as estrelas todas de todo o céu e, desgraça total e incomparável, mesmo a iluminação pública inteirinha!, conseguem, pela sua aura cheirosa, que continue a pairar sobre nós (evidentemente, todos) uma espécie de centelha mágica, um "gás azulado", que nos concede continuar a ver, em sépia esborratada, a silhueta da vida. Que é o que esta gente vê, não vê mais nada de jeito, vê só toscas silhuetas. Borrõezitos. Com luz ou sem luz.
Ou, pior ainda, vêem mais, mas se vêem mais que isso, omitem o que vêem. Farsantes. Bois.
Mú.
Mas não me parece. Nãnãnãnãnã. Pelo que fez agora, não me parece nada disso.
Parece-me, isto com as letras todas, apenas mais um lambão em ânsias de notoriedade. Um Rui Teixeira qualquer. Um badalinho persistente.
Dão pouca luz, estes seres. Mais depressa são confundidos com
very-lights que com estrelas. São sacatrapos fugazes. Mas têm direito a um pequeno rasto, a uma poalha de estrelitas, têm, sim senhores: "olha, lá ia ele... catrapum, que bem caiu! Tilintou, pois... era um badalo, era o super-badalinho!!"
Parasitas de parasitas são como os chatos dos chatos. São chitos. São kikis. Kikis são os chatos dos chitos, ninguém soube responder correctamente ao caralho do gordéfias do
maradona e a pergunta dele era bem simples. Kikis é isto.
Temos agora aí, portanto, um kiki publicado (mais um).
E a MRP que se rape bem à volta da saquinha, é um aviso. Aquilo é comichoso.
E quem lhe vier a seguir também, que os capados estão sempre atentos aos colhões dos outros: "que fracos colhões, hem!?", costumam gemer, fino.
Ou, em alternativa vantajosa, quem ele escolher a seguir para chupar as virilhas, que lhe afinfe logo quatro murros nas ventas.
Famous light words
Pode alguém que não nasceu bafejado pelo talento da criação artística criticá-la como se dela tivesse sido autor? Quem não sabe criar arte também vê, naturalmente, diminuída a sua capacidade de a conhecer no próprio acto de criação, de nela encontrar os motivos e o seu
iter criativo. Ora, um crítico de arte é, neste contexto, uma fraude: apresenta-se como profundo "connaisseur" de um ofício que não sabe, afinal, exercer. Um crítico de arte não possui, na verdade, mais habilidade para criticar do que qualquer outro mortal para contemplar o produto, o que o reduz àquilo que ele, na verdade, não pode deixar de ser - um contemplador. Mas nunca um criador. Mas pode, claro, fazer de o Criador, autodivinizar-se pela expressão (livre, claro) da distrinça entre boa escrita e má escrita segundo o insondável, mas ao que parece infalível, critério de fabrico exclusivo, mas para uso universal.
Escapam-me as razões que motivaram o
João Pedro George a dedicar-se, com fervor suficiente para encher de letras umas centenas de páginas, à demonstração pretensamente inilidível do auto-plágio perpretado pela Margarida Rebelo Pinto. Não se percebe: não veio, a bem dizer, revelar nada de asssombroso, nenhum escândalo, nenhum podre que nos matasse a ilusão quanto à MRP. Provado que está (graças ao
João Pedro George) que ela se auto-plagia, as nossas vidas continuam exactamente iguais ao que eram antes da revelação. Quem não lia a MRP continuará sem a ler; quem a lia, está-se nas tintas para o auto-plágio, porque um leitor, como o leitor-tipo da MRP, só deixa de ler um qualquer autor se se desiludir com o que lê - não por aquilo que terceiros declaram sobre quaisquer vírgulas mal colocadas. O que nos leva, aliás, à outra prova de inutilidade da crítica de arte: achem bem ou achem mal, o certo é que há-de haver sempre quem ache o contrário. O consumidor de arte julga, as mais das vezes, pelo seu próprio senso, e só não é assim quem não sabe muito bem o que lê ou vê, ou sequer ao quem vem, caso em que se suporta em muleta alheia apenas para aparentar erudição.
Daí que pareça bem visto, o enfurecido (mas sibilino) desabafo da Margarida sobre o tal livrinho no prelo:
alguém anda a querer ser famoso à custa da fama alheia. Este há-de ser, talvez, o caso mais bem sucedido de migração blogosférica, o que mais contrariará o mito da intransponibilidade da típica escrita de blogue, até porque um livrinho de escândalos, ainda que se trate de
escandalozinhos, vende sempre uma boa porção de exemplares. Enfim, pelo menos para quem aprecia o género
MRP e, agora, o género
JPG. Ambos, também,
very light, com a única - mas decisiva - diferença de que só a primeira o confessa - ou pelo menos não desmente.