Faz que não seja assim, por favor, Deus.
Fui vê-lo e parece que a carne toda se lhe sumiu, debaixo do amarelo e da atrofia.Dorme quase sempre. Acorda, apenas, quando chega alguém que o desperta, para o forçar a um aceno que parece sempre que vai ser o último. Aperta, molemente, as mãos que se lhe estendem, tenta um sorriso que lhe sai mal, esboça um esgar indefinido de submissão que revolta as entranhas e levanta ternuras, e devolve-se, outra vez, àquele torpor de quem já não quer saber de quase nada. De quem sabe tudo.
Sabe-se que ele está ali, nós bem o vemos, mas parece sempre que já não está. Vê-se isso - mais do que nos olhos dele - nos nossos olhos, quando nos miramos, calados, durante o sono dele.
Não volto lá, agora, a menos que me chamem. Se me chamarem (e eu sinto que chamarão, premonições velhas) irei.
Nesse dia, não me acenará. Estará muito quedo e parecer-me-á glauco. Fechar-lhe-ei os olhos, se os tiver abertos, e dar-lhe-ei um beijo impotente na testa. Para ele o levar.
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