Não, não vou ao cinema, já disse!
Não acho mal - nem bem - que o hiato entre presidentes da República que agora há (Cavaco Silva, para quem não se lembra) e o hiato entre o PSD e o nada (o PP) se tenham apresentado em São Bento, hoje, sem cravo na lapela. Não me surpreende, nem me interessa. Usar ou não um cravo na lapela (como usar outro símbolo qualquer, mesmo um lenço marialva) é, apenas, um acto de vontade de quem gosta de flores ou de símbolos. Não é obrigatório.
Prefiro, até, que tenha sido assim. Diz mais a letra com a careta.
A que propósito ostentariam, Cavaco e aqueles meninos com cara de orifício anal rodeado de bochechitas espinhentas do PP (dos outros não falo), um símbolo que lhes não é grato e a que não estão gratos?
Seria de esperar outra coisa de gente que se realiza na omissão do tempo, na negação das origens, na comodidade correctinha da pantufinha azeitada, sempre (contudo!) cavalgando à babugem dos ventos alheios? De pessoas que têm estampado nas fauces o único voluntarismo de que são capazes, que é, hoje, a extrema e simbólica coragem de "não quererem mais cravos", amanhã a suprema decisão de não quererem bacalhau cozido com todos?, na sexta-feira a brava determinação de não irem, talvez, ao cinema?
Eu não esperava outra coisa de gente que chegou ao seu futuro às cavalitas dum tempo que nem sequer merecia. E que desdenha, ainda por cima.
São gente amuada, fracos montadores de excelente montada.
Uns, simbolizam a geração rasca da falta de vontade e de força nos pulsos, os tristes e frágeis betinhos que se afirmam, apenas, na birrinha mediática.
Ao outro, ao hirto hiato entre supremos magistrados da Nação que agora aí temos, deve ter-lhe sido sugerido que fizesse assim ("tu não botes isso, Anible!") por quem também põe e dispõe os naperons pelos sofás e pela mobília de mogno lá de casa.
Ainda bem. Há coisas, há símbolos, há forças imensas, que não são mesmo para toda a gente.
A essa gente resta, apenas, de facto, fingir que rejeita o que lhe não cabe no peito.
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