Os suíços
Basicamente, a Suíça é um conjunto de bancos em que se pode pôr e tirar dinheiro pouco limpo sem que se façam grandes perguntas a quem lá o põe ou a quem de lá o tira, situados em ruas limpinhas em que nem sequer se pode deitar uma beata ao chão sem vir de lá um bispo fardado fazer "prriiip!", tudo isto no meio de montanhas verdes demais ou brancas demais, com lagos no meio, num conjunto pictórico que funciona bem para imagens de calendários.Fazem-se lá chocolates, como se fazem chocolates nos outros sítios, e relógios, o que é bom, porque um suíço tem dos relógios a ideia inversa que eu tenho de algumas cuecas: não servem senão para estorvar.
Fora isso, são praticamente sempre neutros (nisso, berrando menos, são quase como os portugueses) e falam várias línguas, conforme os sítios. Lá se entendem. Mas se aquilo fosse um país a sério não se entendiam. E, se fossem um país a sério, também já se sabia. Não se sabe.
Não têm mar, o que lhe faz uma falta imensa. São dados a regras, o que faz deles uma espécie de quarentonas ainda entusiastas da pingadeira.
Imagino-os sempre a contar notas, com os dedos sujos de chocolate e a ver as horas. A ver quanto tempo falta para quase nada, que é aquele esguicho do lago, aquele orgasmo artificial regulado por cronómetro.
Os suíços deviam ser integrados na legião estrangeira e a Suíça invadida pela Turquia. É a minha opinião.
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