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17.4.06

Cartilha dos inocentes

O homem não pôde evitar um bocado de nojo, um nojo ligeiro, quando soube que a estação de televisão ia transmitir, no dia seguinte, as exéquias do rapaz.

Não foi nada de muito fundo. Nada de que mereça a pena falar.

Não foi, sequer, aquela náusea pequena que às vezes provocam as coisas desajustadas, fora de tempo, vertiginosas, desmedidas, exageradas, desprovidas de razão.
Não foi. O homem tem, aliás, da sua razão e da sua medida, a certeza de encaixarem, apenas, mesmo assim sempre incertas, nos seus próprios exageros; e, calhando mal, em mais parte nenhuma.

Foi, tão só, um desconforto leve: o homem pensou que lhe parecia haver cada vez mais pessoas cuidando que tudo decorre "entre anúncios".
Nada de jeito, passou-lhe quase logo. O homem está melhor, do seu ponto de vista.

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