Citações sub-blogosféricas
Deixem-se de merdas absolutamente inúteis. Deixemos de perder tempo com essas conversas de caserna, de gente disciplinada. A disciplina é uma coisa terrível. Um soldado, por via da disciplina, é capaz de matar a própria mãe.
Ao que parece,
este senhor rejeita os seguidismos. E faz muito bem. E eu, com estas coisas, estou a mostrar-me seguidista dos anti-seguidistas. Enfim, do mal o menos...
Há formas mais inteligentes de obter protagonismo.
Na Visão desta semana, Freitas do Amaral respondeu a cinco críticas que lhe foram feitas acerca daquilo a que ele próprio chama uma "reflexão em voz alta" sobre o aborto. Como eminente e sabedor jurista que incontornavelmente é, devia ele saber que não devia defender soluções frágeis para resolver problemas difíceis, se o faz com objectivos mais políticos do que sociais. Retirado das luzes da ribalta política sem que, no entanto, logre disfarçar as suas pessoais ambições (se não na participação política activa, ao menos no reconhecimento do seu estadismo conservador), entendeu divulgar uma opinião, ao que diz, reflectida, mas que, contudo, valeu muito mais polémica por ser ele quem a profere do que pelo seu próprio conteúdo, que é pouco mais do que circular.
Freitas do Amaral sabe que ao defender a regulação legal do aborto através da aplicação da figura do estado de necessidade desculpante deixa aos agentes da justiça o pesado fardo da decisão casuística sobre a (in)evitabilidade dessa prática. No entanto, afirma ser
"hipocrisia pretender descarregar para cima dos juízes uma tarefa que é do Poder Político", ao mesmo tempo que recorda que, segundo a sua proposta,
"perante um caso evidente de aborto praticado em "estado de necessidade desculpante, o Ministério Público nem deduzirá acusação -, portanto, não haverá julgamento". Bendita candura. Já agora: o que acontece se o
caso não for evidente?
Apesar da aparência progressista-conciliadora, esta proposta nada resolve, porque nada acrescenta. Tudo se passa dentro e no espírito (hipócrita, como ele próprio refere) da lei constituída. A proposta de Freitas do Amaral é, no fundo, uma
não-proposta que acompanha, no essencial, (talvez intencionalmente, conforme se lê das entrelinhas do artigo) a
não-posição do PSD sobre o aborto. Ora, para isto, mais valia ter dedicado estes esforços de reflexão pseudo-humanista à reforma do sistema prisional, onde se tem saído bastante melhor.
Marão
Não tivesse eu esclarecido a falta que nos fazem os comentários neste blogue e ainda tinha aquela lindíssima foto da neve a aparecer-me à frente dos olhos sempre que abria a página de entrada. Gosto do Marão, sobretudo quando se torna assim sereno como ali aparece, dando-nos uma imensa vontade, como diz o besugo, de querer subi-lo para sempre. Uma irresistível subida, protectora e terna. Tenho saudades de o ver.
Nem sempre o progresso é o melhor rumo
Caro
Dupont: nunca nos ocorreu, sequer, a hipótese de entrar no admirável mundo dos comentários. Por outras palavras: jamais essa possibilidade foi objecto de ponderação. O que deve querer dizer que não nos faz falta. O que, portanto, deve querer dizer que se está bem assim.
Não me lembro exactamente quando nem onde, mas recordo-me de há uns tempos atrás ler, em diversos blogues, sobre um curioso critério de distinção entre blogues de esquerda e blogues de direita através da existência, nos primeiros, de sistemas de comentários. O que nos leva às seguintes e intrigantes questões: Quererá você, Dupont, insinuar que este blogue é de direita? Pretende com isso enfrentar novamente a ira besugal? Poder-se-á afirmar, fazendo uso do mesmo critério, que o
Vilacondense é um blogue de esquerda? Eu sei que não, não se zangue!
E olhe que o besugo não tem aspas. Pelo menos não tinha, da última vez que o vi...
Coisas bonitas
Como
esta, por exemplo.
Eu já subi o Marão a pensar que a subida nunca mais acabava, que ia ser sempre assim, como devia ser, sempre a subir.
Depois o monte acaba-se, cansa-se de nós, mas a gente percebe que o "letreiro do sonho" é o único que está ali para ser lido, no meio da neve. Os outros, o dos "saldos" e o do "trespasse", estão ali, apenas. Envergonhadas necessidades de quem preferiria, mil vezes, ir subindo sempre.
Os extremos tocam-se? Defina extremos e explique tocar.
Pensar a vida como um círculo, com potencial ideativo para uns bons 360 graus, é cómodo. Fazem-se excelentes fritadas de carapaus com esta teoria. Qualquer joaquim consegue fazer isso, esbraseado. Mas, como o
barnabé nos diz, a vida não é assim. E, da vida, se o
barnabé não sabe, parece fartamente que sim.
É de 180 graus que se trata aqui. Não é de 360.
Os extremos não se tocam, em parte nenhuma. Há sempre quem diga o contrário, evidentemente, é confortável pensar nos desalinhados como se todos fossem iguais, como se tivessem pontos de contacto diferentes do simples desalinho. Não têm. Um louco que se imola pelos outros não deixa de ser um louco. Mas é um louco diferente do que se imola só por si, em frente dos outros. Ou do que imola outros em vez de si.
Na minha casa eu sei que a ponta direita da parede esquerda da sala de estar, vista por quem entra, é, de facto, aquela ponta que está mais afastada da ponta esquerda da parede esquerda do compartimento. Abstraindo de hipotenusas, evidentemente.
Eu admito: prefiro paredes e pontas esquerdas desde que me tentaram ensinar a virtude de estar à direita do pai. Os senhores bem vêem: almocei sempre bem à esquerda do meu pai, note-se; e mesmo à direita. Mas é na ponta esquerda da minha parede esquerda, vista por quem entra, que tenho a minha música. E na ponta direita da minha parede esquerda, sempre vista do mesmo sítio, que tenho um cesto vindimo pintado de vermelho velho, com lenha dentro.
Está bem, eu almocei sempre, à esquerda ou à direita do meu pai. E nem sempre preciso de música e, encolhidamente, lá vou à lenha. Mas soube sempre onde estava, de cada vez, em cada precisão.
Nada disto tem a ver com paredes, nem sequer com almoços. Nem sequer com precisões. Isto tem a ver com a justificação do injustificável.
A vida não é circular mas, vista por quem sai (ou por quem apenas vai ficando), empresta-se a perspectivas circulares sobre... linhas. Trajectórias. Com mais ou menos curvas, mas com princípio e fim. Isto não é o carrocel mágico.
Quadratura de círculos? Caramba. Não sei, mas as coisas são o que são, desde que não as "enfeitemos" só porque nos dá jeito ter lenha e música ao mesmo tempo.
Esguichos de besugo (ene)
Caramba, não se ponha para aí com esses exageros,
Dupont!
Além disso, como sabe, a existência de hereges acaba por justificar (quase) qualquer "santa" missão. Deixe-me lá continuar a ser um
herege-apesar-de-tudo-lúcido que eu perdoo-lhe o tom carnavalesco do equipamento alternativo (lilás e verde? sem ser na Mealhada?) do Rio Ave.
Olhe que o Mourinho, creia em mim, não é grande espingarda. Como Fernando Santos, Gilberto Madaíl, Durão Barroso ou o seu alter-ego columbófilo Paulo Portas, Ana Gomes, os Eduardos (Ferro Rodrigues e Prado Coelho), o Carlos de S. Pedro do Sul (e outros) não são. Bom, o primeiro dos Eduardos merece-me credibilidade, sou parcial, gosto dos Tribalistas e tudo. Você já viu coisa mais anti-brasileira, na vertente novelística, que os Tribalistas? Não viu.
Mas repare: não se mede a artilharia pelos resultados, é pelo potencial bélico! Quando não, veja você, estávamos aqui, ainda hoje, a tentar perceber por que carga de água se invadiu o Iraque, essa vileza interna de grande potencial externo. Não, não há por aí grandes espingardas. O que há é ventres. Abundante ventripotência.
E não me venha daí com fáceis "fale por si", que eu sei que
daqui aí é como
daí aqui: um tirinho.
Já agora: desafio-o a explicar-se sobre aquela coisa que você disse sobre o Rio Ave ser uma "montra do Partido Socialista". Eu situo a pergunta: você, Dupont, que até teve (e tem!) excelente gosto musical - sim, pronto, eu confesso que uma das cantigas dos Abba era um hino à minha besugal pessoa - vem aí insinuar, de forma quase "caxineira", que existe melhor montra para o melhor dos produtos?
Tango
Que bem lembrado,
LT! Eu, por mim, aguardo ansiosamente o regresso da Tia Lólita, cuja voz libertária tem vindo a ser despoticamente calada por esse pérfido sobrinho
CMC. Esse
señor que fique ciente de que eu voluntariamente cedi o fotógrafo à
señora no âmbito de um protocolo que ambas subscrevemos e através do qual tencionamos desenvolver uma parceria, blogosférica para já, mas com possibilidades de expansão a todo o mundo hispano-latino. Tire lá a mordaça à Tia Lólita, a ver se ela não confirma o que lhe digo.
Gostei do poste sobre o
cachucho. Faltou só desenvolver a costela nepotista...
FCP ou os clássicos da bola
Acompanhada por um dragãozinho irreversível, assisti aos noventa (e três) minutos de jogo, o que me permitiu obter uma razoável percepção da relação de forças das duas equipas. Os ingleses pagaram caro o excesso de auto-confiança que, no caso deles, é provavelmente inevitável. Suponho que é difícil ser-se humilde quando se tem o mundo aos pés. Já os portistas deslumbraram-me pela
efectiva vontade de ganhar. Hoje, pela primeira vez, pensei no Porto como uma dessas equipas intemporais, cujo prestígio permanece mesmo quando perdem jogos, campeonatos ou taças. Hesito em atribuir ao José Mourinho, parte, ao menos, do mérito deste élan portista, sobretudo porque não lhe vi um pingo de emoção quando o MacCarthy meteu o primeiro golo. Provavelmente é apenas um vaidoso mercenário; provavelmente é, sensatamente, contido e cauteloso. Não sei, e isso nem sequer me parece relevante, porque o brilho épico da equipa Portista transcende qualquer minudência mais ou menos arrogante ou mais ou menos mesquinha de cada um dos seus membros individualmente considerados. Julgo não ser exagero afirmar que, de ora em diante e enquanto houver competições internacionais, o Futebol Clube do Porto inspirará um subliminar e temeroso respeito aos futuros adversários, mesmo quando estiver tão pouco inspirado como hoje estava o ilustre Manchester.
OK, isto pode ser tudo um enorme exagero. Mas, que querem, eu percebo pouco de futebol.
Banhos de bola
O Porto deu um banho de bola, hoje, ao Manchester United. Um jogo é só um jogo. Vai haver outro, lá. Mas este já cá está. Já
lá está, melhor dizendo. Não exageremos na apropriação dos êxitos alheios, que eu não sou portista, nem me faço de portista quando me "falta Sporting".
Confesso que não torci pelo Porto. Nem pelos ingleses. Limitei-me a ver o jogo, sem excessos patrioteiros nem mágoas invejosas. E o que vi foi isto: o Porto, hoje, foi muito melhor que o Manchester United. Sem espinhas.
Tentar discutir outras coisas, neste escrito de parabéns e de alguma alegria, não tem cabimento.
Pronto. Assim não convenço ninguém. Eu admito. Confesso, envergonhado. Eu comecei por desejar a vitória dos ingleses, por puro despeito. Mas depois, logo após o golo dos "reds", não sei por que carga de água, por que imbecil e atávico feitio que me há-de perseguir sempre,
eu a fugir dele e ele atrás de mim, virei portista. E vibrei com cada jogada de perigo dos "andrades".
Eu sei que os portistas não precisam de adeptos destes. Eu não os quereria, desta estirpe, no Sporting. Mas que posso eu fazer? É a verdade.
E que foi um banho de bola, isso foi. Olhem, parabéns, continuem a fazer-me ficar baralhado de cada vez que gosto de vos ver jogar, seus sacanas!
Lamentável
Mas perdoa-se, ora. Pelos vistos, estava esfomeado e, possivelmente, pouco oxigenado. Eu é que não sei para que me ponho a ler
estas coisas.
Por falar no Enio Morricone...
Há melodias que prescindem de letra. Sobretudo se a letra é bacoca e explicativa da melodia e, ainda, sobretudo se cantadas em trinados poderosos e, portanto, perfeitamente dispensáveis, oferecidos por
uma das orgulhosas representantes dessa recente e obscura categoria musical a que chamam
world music. Assassina-nos a imaginação. Mata-nos o mistério. Mas ele não tinha obrigação de saber isto?
Cinzento rosado
Sempre que ouço o
Tema d'Amore, uma das faixas da banda sonora do filme
Cinema Paraíso supremamente escrita pelo omnipresente Enio Morricone, vem-me ao pensamento uma espécie de romantismo recreativo que me lembra retalhos de bons momentos, uns que retiro do passado, outros que construo no futuro. Há emoções cuja intensidade aumenta quando, mais tarde, são recordadas, fixando-se, nessa indolente divagação, imagens que, quando aconteceram, não duraram mais do que meros instantes. A música ajuda. A música torna-nos doces, reconciliados com a vida e indiferentes a tudo o que nos pareça criticável, nas nossas fatalmente subjectivas opiniões. Nem sempre afasta a tristeza, mas torna-a mais bonita. Nem sempre nos dá soluções, mas torna-nos optimistas. Eu acredito que o mundo tem uma componente profunda de beleza de que nos esquecemos quando nos deixamos cair na mágoa que nos causam as imposições alheias ou na raiva das pressões que nos ferem a nossa mais íntima liberdade. A maior parte da beleza da existência é, repare-se, fruto da criação humana, seja pública ou anónima, artística ou apenas emocionada. A beleza criada é como uma dádiva: sublime, porque nada se exige em troca. Como a música.
Brahms
Tenho um disco antigo, daqueles de 45 rotações, que ainda toca. Já não tenho é onde o ouvir, há sempre coisas que se perdem nas mudanças e no tempo.
Foi o meu padrinho, que é cego (não de nascença, deixou de ver aos 12 anos, meningites antigas), que mo deu. Ironicamente - e isto eu sei, porque me lembro - deu-mo no dia do meu 12º aniversário.
Foi o meu primeiro disco. O meu pai tinha-me oferecido um daqueles gira-discos que pareciam uma maleta, abria-se e dum lado ficavam o prato e a agulha, sendo a tampa um simples altifalante disfarçado. Recordo-me, até, da marca: era um
Geloso!
É um disco pequeno, de capa amarela-ocre. Tem lá o meu nome, escrito pela minha mão de rapazelho. Escutei-o muitas vezes, naquela altura. Tinha duas músicas, apenas. Dum lado Mozart, do outro Brahms. E eu ouvia, nessa altura, quase só a música de Brahms. Coisas de petiz.
O 3º movimento da 3ª sinfonia de Brahms pareceu-me, desde essa altura, muito bonito. Ainda hoje me parece a sua mais bela e simples melodia, mesmo tendo ganho ciência, com o tempo, da sua restante obra.
Mas eu nem sequer tinha pensado em escrever isto tudo. Muito menos em parecer o que não sou: um conhecedor dos clássicos.
Não, o que me levou a escrever esta curiosidade foi a figura que coloquei ali em cima. Encontrei-a por acaso, esta noite, enquanto evitava pensar na minha falta de vontade para carnavais. Pouca graça terá, como todas as pequenas verdades que pomos cá fora, assim um pedaço "fora de contexto". Mas é aquela estampa que identifica Brahms no meu pequeno disco amarelo.
Provavelmente, a figura rubicunda e barbuda em que se tornou, acabou por tomar conta da maior parte das lembranças dos que gostam de o ouvir. Mas o meu Brahms foi sempre aquele, ali em cima. Achava-o bonito, triste, intenso. Sobretudo triste, como quem se despedisse.
Mas eu só tinha doze anos. E nem sequer sei se digo, agora, o que me pareceu nesse tempo, ou se apenas me recordo de mim, visto de longe.
O Eufrates é, de facto, maior do que o Tigre.
Irreflexão interna
Nunca reflecti profundamente sobre muitas coisas. Não há tempo. Não há vontade. Não há necessidade. De muitas coisas. Não são sempre as mesmas coisas, obviamente. As coisas variam tanto!
Vivo em função da minha precisão de manter inconsciência no respirar e consciência nas atitudes. Essas sim, podem custar-me caro. A consciência do respirar, se involuntária, é uma execrável dispneia. E, claro está, as atitudes podem, também, revelar-se gratificantes. A gratificação é, sempre, uma resposta. Pode vir de dentro, mas não deixa de o ser.
Nunca reflecti muito sobre esta coisa dos blogues. Nunca tinha pensado neles como sendo coisa tão importante, como conceito, como fenómeno. No entanto, tendo entrado neste blogue por benévolo arrasto, cedo percebi que precisava dele. Muito.
Gosto de escrever. Um pouco como um escritor a sério, gosto muito de escrever. No meu caso, seguramente, não viria mal ao mundo se me desse, ao invés, para estar calado. Com os dedos e com a cabeça. Mas façam o favor de me assumir como uma espécie de contraponto estéril dos escritores a sério, uma penitência que suportam, caso queiram, pela simples certeza da existência de mais e melhores talentos.
Por motivos que não vêm ao caso, deu-me, desde há umas (poucas) semanas, para pensar nesta insidiosa e penetrante coisa de escrever num blogue. Em vez de pensar
no que escrevo, pensar
por que escrevo. Em vez de "ir ao blogue", como por vezes dizemos no
blogame mucho, "pensar o blogue".
Pensar o nosso blogue é pensar nos outros blogues. Eu gostava de ter o "design" do Adzivo, do barnabé (que nunca de nós teve ciência), do Aviz (que nos espreita às vezes), do Piscoiso. Mas isso é pura forma. E eu não desdenho a forma. A forma é importante. Mas acresce que muitos dos blogues que leio (e são muitos, bem mais do que aqueles que linkámos) são muito bons. A um escriba ocasional "por gosto" é permitida esta subjectividade. Muito bons. Alguns emocionam, outros perfuram-nos pela acutilância, outros são hilariantes. Uns aparecem-nos voltados para o umbigo, outros devolvem-se todos ao exterior. Outros misturam ambos os ingredientes, numa culinária também apetecível.
No que nunca tinha pensado era na coexistência hierarquizada de
blogues que tratam temas sérios e
blogues que não. Tendo sido re-situado pelas circunstâncias, tive, forçada e esforçadamente, de me repensar. Repensar-nos é pensar-nos de novo, filtrados pela novidade daquilo que pensamos pela primeira vez. Não há aqui qualquer contradição.
E concordo. Concordo mesmo. Sob um certo ponto de vista este blogue não se debruça sobre
temas sérios. É um blogue que, como os outros, é um ponto de vista. Mais: é um cadinho de pontos de vista que tenta encontrar seriedades nos temas que aborda, sem os rotular, de forma dogmática, de sérios ou jocosos. Este blogue tenta rir-se mesmo quando está triste. É um blogue apalhaçado. Mas que tenta não ser chocarreiro, porque não é composto de "peixeiros de faina comprada", dados ao arrasto em mares de pescar à linha. É um blogue de gente séria, ao menos quando não se ri. De gente que tenta, quanto mais não seja, encontrar seriedades alternativas (mas, nem por isso - e, muito menos, apesar disso - menores) fora dos temas eterna e etereamente decorrentes do quotidiano económico-financeiro. Não se reduz, aqui, pelo menos por enquanto, a seriedade a uma carranca.
Nem sempre conseguimos? Provavelmente. Há dias. Mas, pela parte que me toca, prosseguirá neste caminho duvidoso, entre o que "sai bem" e o que "sai mal".
Gostamos que nos leiam, da mesma forma honesta e pueril com que lemos os outros. Mas não encontramos em nós menoridades que se achincalhem perante grandiloquências. Cada vez mais vamos sabendo o nosso lugar. Não no "technorati", que existe e nos acriança em infantis negações do óbvio. Mas na vida: ela prossegue, ela foge-nos, ela é o que vai restando de nós. Para quê deixarmos de ser nós (ou o que resta de nós) só porque gostamos de escrever... e que nos leiam?
Entrelinhas
Pelo conhecimento rigoroso do percurso político do visado e pelo recurso, algo excessivo, à adjectivação quase se diria que
aqui espreita uma invejazita mal disfarçada da ambição de Pedro Santana Lopes. Mas, afinal, se alguém com o perfil do Santana Lopes se pode candidatar à Presidência, não vejo porque o MST não o poderia fazer...
Sobre os cordeirinhos
Metendo a colherada na questão das obrigações fiscais lançada pelo
Francisco, a mim parece-me claro que a necessidade de justificação do destino das receitas fiscais é tributária da evidência de que pagar impostos envolve um desapossamento forçado do património de cada um de nós. Trata-se, por outras palavras, de uma compressão forçada (embora lícita) dos direitos individuais em favor de interesses colectivos. Pagar impostos não é uma obrigação moral, como afirma o Aviz, porque ninguém se sente obrigado a pagá-los a não ser que, de forma coerciva, esse pagamento lhe seja externamente imposto. Inversamente, todos se sentirão tentados à evasão fiscal enquanto o proveito for maior do que o prejuízo, isto é: enquanto, por inexistirem mecanismos efectivos de fiscalização, a prevaricação for compensadora.
Peixeradas correctas
O LR, do Mata-Mouros, mostrou pouca habilidade para a hermenêutica. A mim,
atribui-me um liberalismo encapotado que não lembra ao diabo (e quase rima); ao besugo,
comunica não pretender continuar a glosa bloguística que o tem (ao LR) ocupado nos últimos dias. Admito, portanto, que seja da sua vontade desertar. Daí que eu me ressinta – se outras razões mais ponderosas não existissem - dessa tentativa insidiosa de me colar ao liberalismo! Ao que parece, os liberais desistem das contendas (mesmo amigáveis, como era o caso) ou, na melhor das hipóteses, remetem-nas para tertúlias politicamente correctas e – suspeito eu, desculpe-me – de temperatura tépida, mas ao abrigo de “peixeiradas decadentes” (?!), apesar dos copos, dos charutos e das sandálias. Ser liberal implicará, ao que parece, desistências inusitadas, discussões de pendor amornado e uma atávica rigidez na selecção dos temas em debate (notei que sustenta a seriedade na linha editorial do seu blogue; no que dependa de mim, este nunca o há-de ser, porque acredito as posturas sérias não passam de constrangimentos pomposos à naturalidade com que se discute). Liberal, eu? Naturalmente que não!
E viva o FCP! Pelo menos nisso, acho que estamos de acordo. Volte lá aos seus temas sérios entremeados de pipizadas.
Esguichos de besugo (XY)
O
LR pressentiu, no meu anterior esguicho, excitações que eu costumo reservar para outros cetins. E chamou-me rapaz e, também,
pixote (ou
pexote, que ele teve na grafia as hesitações que demonstrou estender àquilo que cuida ser a posição ideal para discutir conjunturas... e com sorte andamos, que podia perfeitamente ter-lhe dado para ter dúvidas sobre outras vogais da mesma palavra, vá lá, vá lá...).
Definiu-me, no fundo, como intemporal, o que me agrada. De facto, diz LR, sendo embora
um rapaz, não sou deste tempo. E, por não ser deste tempo (embora não deixando de ser rapaz), tenho forçosamente de ser marquês. E, por uma forçosa razão que assume foros de lógica incontornável (para LR), não sendo eu deste tempo, não entendo o que leio e, de costumes, sou um desentendido cafre. Um rapaz cafre? Apre!
Isto até podia ser tudo verdade, doutra forma não vinha no Matamouros!!
Mas quem hesita entre dois charutos tão diferentes como um Cohiba e um Montecristo, para a mesma discutível conjuntura, é o LR. E essa hesitação, esse titubear que lhe pressinto na fumaça, meu caro, são ambos tão estrogénicos!
E quem pretende reclinar-se em cadeirões e, simultaneamente, colocar os patolins em cima duma mesa, assumindo posição
abandonadamente hormonal, é o LR. E o abandono hormonal, na sua vertente reclinável, mesmo em cadeirão, é coisa que facilmente se associa a biquinis de lantejoulas, embora de três peças (talvez incluindo um colar havaiano), e a cansaços fúteis de dona de casa relaxada na exposição de conjunturas...
Quanto ao "meu" feudalismo, eu próprio o tinha avisado que sou mesquinhamente feudal. Era o que faltava! Na sua rua eu não sei como é, mas aqui nada é maninho! Isto não é uma SA (Santa Aliança), mas anda lá perto! Ora, ao atirar-me o feudalismo às besugais guelras, o LR mostra, mais uma vez, que tem tomado a pílulazinha: como algumas comadres em idade ainda um bocadito fértil, decidiu que "ele já disse, pronto, mas que querem, eu digo também!". Que coisa mais de "XX", valha-lhe Santa Genética!
Fazemos assim: admita duma vez isso das peúgas progestativas e não se fala mais no assunto! Elas vêem-se daqui, com mil raios!
(Insisto no sorriso amigável - mas perfeitamente testosterónico - de brincadeira e agradeço-lhe o silicone: tenho por cá uma banheira que não veda bem as águas periféricas e siliconar-lhe as bordas vai resolver o problema. Bem haja pela sua zelosa lembrança!)
Cordeiros
Li o
Aviz com o habitual prazer que procuro retirar de tudo o que lá leio. Lá e noutros sítios.
Quando o FJV afirma que se deve discutir a
obrigação fiscal (que é uma obrigação contextualizada, evidentemente, que eu também consigo imaginar um mundo sem impostos, até mesmo sem outras coisas...) não consigo deixar de discordar. O que vale, evidentemente, apenas o que vale. Mas não me sentindo, nem "à flor da lã", um cordeirinho de Berlusconi.
Julgo, contudo, que FJV não pretendeu dizer exactamente isso (e, se pretendeu, peço-lhe que explique melhor, caso repare nesta "besugada): parece-me que todo o seu texto aponta, sobretudo, para a necessidade, para o óbvio direito, de questionar a "aplicação das contribuições", mais que a sua "universalidade". E, se for só isto, sai uma "passadeira azul e branca da concordância". Assim discutivelmente colorida por ser para ele.
Aos Mata-Mouros (II)
Ao
LR, que
descreveu ontem a gala de apresentação do Pipi. Ao que vejo, aproveitou para conhecer (quase) toda a blogosfera VIP. Até o
Gabriel lá estava!
Deixe-me dizer-lhe o seguinte: eu nem sonho onde fica o Clube Pink, mas... conheço muitíssimo bem o Largo do Priorado! Forneço croquis a preços competitivos, caso precisem...
Aos Mata-Mouros (I)
Ao
CAA, que
escreveu hoje sobre o julgamento de Aveiro: só lhe queria dizer que anotei a sua generosíssima generalização, quando parte da decisão de absolvição dos arguidos no processo em questão para acabar na ancestral inércia lusitana. Quanto a mim, quando uma lei está em vigor e ninguém a cumpre ou faz cumprir, de duas uma: ou tal sucede porque é socialmente útil para todos, de acordo com o balanço de custos e proveitos na manutenção do
status quo da clandestinidade; ou a sua aplicação é rejeitada por todos (incluindo pelos julgadores) quando, por reforço da consciência moral, se torna obsoleta. No primeiro caso, está o seu exemplo da educação, que muito bem aponta. Apresento-lhe outro, que, até me parece mais ilustrativo - a fuga ao fisco. No segundo, a criminalização do aborto, que, para além de obsoleta, é cruel e estigmatizante. Acrescento-lhe, ainda, que, em tese, me parece muito saudável que uma sociedade não aplique efectivamente todas as leis que estejam em vigor. Quando não é sintoma de oportunismo, será, com certeza, sintoma de que existe massa crítica.
Por falar em obsoleta: golo do Pauleta!!!
Ora vejam lá
Enfim, numa certa perspectiva, e retirando a expressão entre o "sou mau" e o "quero uma gillette" do caricaturado... Enfim, foi só uma ideia.
Separados à nascença
No google, teclar "Mourinho" devolveu-me esta caricatura. Caramba: parece aquele rapaz, o Luís Filipe, que o Sporting emprestou ao Leiria.
Não parece?
Mudar de canal
1 - Eu não vejo a TVI, excepto aos domingos. Exactamente, para apreciar o Maquiavel de Celorico. Apesar de tudo, Celorico por Celorico, ainda prefiro o João da Ega.
2 - Serviço público, também, não se vê muito na TVI. Aliás, não se vê muito. Ponto.
3 - Obrigado pelo teu apoio (embora o Santana Lopes deva ter dito o mesmo ao MRS, aqui há atrasado...com os resultados que se conhecem).
4 - Combinado: eu não imito o penteado do Bettencourt. Nem o do Mourinho, se me permites, já agora.
Nada disso!
Estava apenas a fazer aquilo que todos os dias vês na TVI: serviço público. Tentei apenas que soubesses mais do que eu, neste momento, sei sobre o esternocleidomastoideu. Aproveito este poste para te garantir o meu apoio, se um dia quiseres tornar-te Presidente da SAD Sportinguista. Com uma condição: que não imites o penteado do Bettencourt.
E, contudo...
E, contudo, o título era teu, Lolita: "Inteligentemente descriminalizado". Por quem? Pelo juiz!
Ou estás a colar-me, "de iure", uma etiqueta de paspalho... ou eu, contra todas as expectativas, entendi muito bem e apenas mantive o teu tom.
Topas também?
Ó besugo
É a quem legisla que cabe descriminalizar e ao juiz fazer justiça, ao aplicar a lei ao caso concreto. Mesmo quando decide que a lei não se aplica. Não queiras dar mais poderes aos juízes, que, visto daqui, eles já têm roda livre que sobre. Que lhes sobre o bom senso, espero eu...
Livres-pensadores
Devíamos era libertar os juízes livre-pensadores da carga de trabalhos que é livre-pensar (e, depois, sentenciar) sobre assuntos que a lei devia prever duma forma boavisteira: preto no branco. Livre-pensariam da mesma forma, os que fossem capazes, mas evitar-se-ia que ser justo dependesse (quase) apenas do exercício dessa capacidade, por parte de quem a tem.
Descriminalizou inteligentemente? Sem dúvida. Mas devia bastar-lhe descriminalizar.
Inteligentemente descriminalizado
Felizmente, o juiz que julgou o processo do aborto clandestino em Aveiro mostrou ser um livre pensador. Ao permitir-se, por um lado, apreciar exaustivamente a prova produzida, concluindo pela sua insuficiência para uma condenação; e, por outro, ao acolher a manifestação dos activistas pró-descriminalização com serenidade, sem perder a oportunidade de exortar ao debate político da questão. No fundo, absolvendo-as quase através de um “non liquet” que a lei lhe proíbe mas que soube, habilmente, contornar. Querendo ele, as provas seriam suficientes, digo eu. Se há isso a que chamam "função social da justiça", aqui está um exemplo, na medida perfeita.
Esguichos de besugo (VIII) ... eu acho que é VIII...
Os
nossos amigos neo-liberais comunicaram à blogosfera que se foram penetrar de pink. Mais gravata, menos penteado, lá foram a um sítio que tiveram dificuldade em encontrar. O que sucede a muito homem inexperiente, mesmo doutros quadrantes. É quase normal, eu li sobre isto. Um deles foi, mesmo, "galado" por uma pêssega qualquer, o que registou com um misto de assombro e baba, esquecendo que há muita fruta míope neste Portugal de arcaica tradição agrícola.
Por lá apareceram outros senhores conhecidos, mais careca, menos óculos. Aparentemente, por lá deambularam em relativa paz, tendo-se percebido que tudo aquilo se devia a mais uma apresentação do livro do blogueiro pipi, que terá surgido disfarçado de etarra. O que prova que um etarra disfarçado é a coisa mais identificável do mundo.
A promotora do evento parece ter sido uma senhora chamada
Charlotte, que muito caiu no goto do LR, ao ponto de este gabirú (passe a familiaridade, pronto) lhe ter tecido encómios, por várias vezes, na mesma crónica. Não se entendendo bem se a achou "pêssega", ficou ainda menos claro se ela (Charlotte) o "galou". Ficou claro, isso sim, que LR se acha "galável", o que sucede com grande parte das galinhas em fase poedeira... e com muito boa gente, também, evidentemente.
Ora bem. Da restante prosa retiro que:
1 - Quase tudo aquilo pareceu (a LR) bastante "de roto". Mas dedicou-lhe, ainda assim, bastantes linhas. E, ainda por cima, não carecendo de se meter com o
barnabé para se estender! O que é notável! Eu também estou a teclar abundantemente, mas os meus motivos são nobres e quase feudais, como se verá.
2 - Que, apesar de tudo, acabaram por sair dali e ir discutir a conjuntura para um qualquer Ateneu, enquanto bebiam copos. O que me leva a dizer o seguinte: coisa mais "de rotos" não podia haver. Discutir a conjuntura a beber copos, sentadinhos, a mostrar as peúgas com bonequinhos da Disney? Isto em Boticas dava direito a lapidação excrementária! Ó senhores neoliberais, então!?
3 - Que
os neoliberais (e amigos) acabaram por ter uma noite razoavelmente divertida, sentindo muito a falta de
JPP (o que não se entende)
e da nossa Lolita. O que percebo perfeitamente, mas não ficará sem resposta. Agora é que vai ser "o cabo dos trabalhos"! Você acha mesmo, ó LR, que a nossa menina é dada a frequentar espaços esconsos, que não se encontram facilmente e que ficam nas encruzilhadas da vida? E frequentados por tipos que usam fatinhos de 3 peças, como você admitiu usar? Meu Deus! Tudo isto em ambiente "pink"? Para depois ir alapar a peidola num qualquer Ateneu a discutir a conjuntura com uns maduros entre o careca, o penteadinho e o "cá estamos, então, galem-me lá"?
Isto é uma brincadeira, obviamente, senhores. Ainda para mais provinda da sub-blogosfera sub-citadora*, olha logo quem! Os senhores nem se incomodem em zurzir o besugo, por favor, até porque já todos sabemos no que acaba por resultar zurzi-lo... Olha, bom título!
(Sirva-se com um sorriso amigável, em pratos ladeiros)
:)
* - OK, eu hoje citei largueiro, para um sub-citador...
Precisa-se
Durão Barroso já tem uma lista de ministros e secretários de estado que "
pediram para sair na próxima oportunidade". Curiosamente, parece que a Celeste ainda não se inscreveu.
Esguichos de besugo (VII)
Caro
Boticário:
Desavenças à parte (e havemos de ter mais, que você tem um feitio levado da breca), agradeço-lhe a avaliação simpática que me faz. Gostava de a merecer mais, mas enfim... quem dá o que tem, etc.
Eu já disse, aí para baixo (e não encare isto como "troca de galhardetes", que não me parece que nenhum de nós tenha bestunto para isso), eu já disse aí para baixo, repito, que gosto bastante de o ler. E olhe que a pancadaria panfletário-virtual que a gente já deu um no outro é notável! Isto reforça, sobremaneira, a veracidade desinteressada com que eu disse o que disse. E mantenho o que disse.
Você está um bocado farto de falar em Farmácias. Olhe, eu é em Hospitais e na "problemática da saúde". Com a agravante de ter descoberto, recentemente, que ninguém me liga.
Sabe o que lhe digo? Mesmo discordando de mim tantas vezes, ligou-me você. Quem diria? E eu agradeço-lhe, sinceramente.
Por mim (e pela restante tripulação desta frágil piroga - você não se esqueça que a lolita também rema!), o nosso gravíssimo problema de discordância tanto se pode resolver com um rodovalho grelhado, como com uma posta maronesa.... como com ambos! Que me palpita que ainda temos estômagos capazes de esmoer fauna variada, desde que bem condimentada com flora apetecível.
E viva a sub-blogosfera generalista (e sub-citadora).
Mudando de assunto, e para não perder o treino: você é portista.
Ou seja, esta asserção merece-me, desde já, duas questões:
1 - Grande leiteira, hem? Ontem, na lampionagem. Aqui há uns dias em Alvalade. Grande leiteira, pois. O Mourinho ainda calcifica!
2 - Acha viável a utilização da relva do estádio do Dragão ainda esta temporada? Pelo menos na próxima? Ou encaram, como já ouvi dizer, a reciclagem do velho campo da Constituição?
Pronto, era só isto.
Lost in Translation
Ele é um "middle-aged man" e ela uma pós-adolescente. Encontram-se em Tóquio, onde a solidão, já pré-existente, de cada um deles é mais visível e carregada. Ambos pairam sobre a cidade, sobre as pessoas, sobre as coisas. Ele não se sente imprescindível para ninguém. A família, aos poucos, esquece-o. "Devo preocupar-me contigo?" Pergunta-lhe, ao telefone, a mulher. "Só se tu quiseres". O filme é uma sucessão dos retalhos da vida separada de cada um, em que ambos esporadicamente se encontram e em comunicam mais por olhares, sorrisos e carinhos do que por palavras. Ela pressente que a sua solidão está apenas no início e tem medo que aumente ao longo do tempo. Ele, moído da vida, fascina-a. Ela, como um anjo, purifica-o. E entendem-se, provavelmente porque os dois estão em Tóquio, sózinhos, solitários. No final, ele vai, ela fica. Antes de se separarem, ele segreda-lhe ao ouvido palavras tão íntimas dos dois que nem o espectador as ouve. Na única vez em que falaram dos dois como dois, como ele e ela, juntos. Para que nada ficasse perdido, na tradução.
Decisão
Um ministro ignorante e uma administração hospitalar bacoca e contentinha, em conluio com um jornaleco obsequioso e irrelevante (mas regionalmente lido) fizeram-me decidir. Vou mudar de vida.
O hospital onde trabalho trata doentes com cancro há dez anos, pelo menos. E eu julgo ter contibuído para isso, porque o faço há sete anos, com o melhor do meu saber e do meu esforço.
O ministro da saúde veio cá, de secretário atrelado. Anunciou que vai passar a fazer-se, em 2005, o que eu já faço desde 1997. A douta e alarve administração que me margina (sem me ver, estranha margem que não se limita a ser acessório dum rio fundamental!) sorriu e deixou que um jornal sancionasse, definitivamente, a mentira torpe.
Meus senhores: os senhores acabam de assistir à minha decisão de mandar à merda quem não me respeita. À minha decisão de desistir de ser um fantasma que ninguém vê.
Ala Arriba II
O
Terras do Ave, jornal atento, citou-nos por acréscimo. O tema era a fusão das duas cidades mais bonitas do Norte de Portugal, a Póvoa e Vila do Conde. Isto nem sequer é discutível. Por mim.
Agradecemos. Ser defensor anónimo da Póvoa do Conde ou da Póvoa do Ave por empréstimo é melhor que não ser senão de onde somos. É sermos mais completos, ainda que só nos reconheçam isso por ternura.
Devices
- Eu sou o deputado
fulano de tal e sou eu que estou a tratar deste caso. Isto resume-se tudo à comunicação. Isto é tudo como as estradas: há auto-estradas, IPs, estradas nacionais, mas o que importa é uma excelente articulação disto tudo, não sei se está a ver.
- Pois...
- Você usa a vídeo-conferência para discutir os seus doentes com o IPO. Isso é bom.
- Bom, tem funcionado, discutimos cerca de 300 doentes por ano e tratamos aqui a maioria deles. Evita-lhes deslocações, despes....
- O que é aquilo?
- Aquilo é um "negatoscópio"... enfim, serve para ver radiografias e assim...
- Curioso. E qual é o
device que o liga ao sistema de vídeo-conferência?
- Diga?
- É fabuloso, tudo ligado, assim! Pergunto eu, que
device liga aquilo, aquele fabuloso aparelho, ao sistema de vídeo-conf...
- Aquilo são duas lâmpadas de néon atrás duma placa translúcida, senhor! E o
device que liga aquilo à vídeo-conferência é o ar, a perfeitíssima e azotada atmosfera!!! Aponta-se para lá a câmara e vê-se do outro lado!
- Assim, sem mais?
- Pois, assim, sem mais. Já há disto desde antes do Egas Moniz!
- Não me faça rir! Eh, eh! Já fui ao castelo de Guimarães e não vi lá nada. Não desconverse, mil raios! Estamos aqui a falar de auto-estradas da comunicação, não é de quelhos!
Frases feitas 2
- ...e por isso lhe afirmo, meu rapaz: se você não faz parte da solução, faz parte do problema.
- Acha mesmo?
- Evidentemente.
- Eu posso não fazer parte é da SUA solução, que me parece, aliás, uma valente merda.
- Sendo assim, você faz parte do problema. Quem determina as soluções sou eu. Aliás, você passou, não só, a fazer parte do problema, como acaba de arranjar, para si próprio, um grande problema...
- E se eu lhe partir os cornos imediatamente?
- ...
- É a minha solução para os meus problemas. Também é o senhor que determina a solução para os meus problemas?
- Quanto é que você pesa?
Não fumarás
A novidade do dia é a de que Durão Barroso tem um sonho: um dia desses, será proibido fumar no local de trabalho. O que o Durão Barroso não sabe é que, com isso, estará a precipitar centenas de milhares (para não dizer milhões) de portugueses para a delinquência. Eu, por exemplo, já me imagino uma futura fora-da-lei, fumando às escondidas, premeditando mentalmente o delito que praticarei, escondida e atenta aos delatores, nos WC do local de trabalho. Durão Barroso quer tirar-me o prazer de fumar ostensivamente, perante anti-fumadores e/ou pró-tabagistas, suscitando discussões, polémicas, posições extremadas ou simples indiferenças. Durão Barroso pretende que os portugueses se unam num esotérico consenso nacional contra os malefícios do tabaco e que, definitivamente, morra toda a polémica, a discussão, a capacidade crítica. Eu, como sou muitas vezes acusada de ser constantemente do contra, espero ter a lucidez suficiente para reunir todas os meus recursos antitéticos, de forma a que só deixe de fumar quando eu decidir assim. Até lá, serei, provavelmente a curto prazo, tida como uma delinquo-dependente, merecedora da pena alheia dos iluminados conhecedores do segredo da felicidade terrena. É sabido, além do mais, que a natureza humana tende, de forma vertiginosa, a entregar-se aos prazeres proibidos; proibir o fumo do tabaco será, assim, um convite ao crime e ao pecado. Se eu, um dia desses, quando Durão Barroso cumprir o seu desígnio onírico, for apanhada em flagrante delito, pensem nisto e ajuízem, moderadamente, sobre a minha...imputabilidade.
Frases feitas 1
- Ninguém é insubstituível!!!
- Não?
- Não!
- E se a senhora sua mãe disser o mesmo do senhor seu pai?
- ...
- Ou se...
- Cale-se. Já se soube, foi?
Categoria
- É com extrema satisfação que aqui venho hoje. Entre outras coisas, para vos dizer, categoricamente, que o governo está a trabalhar no sentido de remediar as previsíveis complicações, actuais e futuras, decorrentes dos inevitáveis erros de quem, antes de nós, governou. E para vos deixar uma mensagem de esperança: estamos atentos e a trabalhar.
- Sim, senhor ministro. Quer explicar-nos, concretamente, mesmo rodeado de alarves sorridentes como está, uns que o senhor trouxe, outros que já cá estavam à sua espera, que medidas concretas pretende tomar o seu ministério? Que papel reserva aos técnicos que, embora todos saibamos serem parasitas do sistema, o sustentam? E que estudos foram feitos (e onde estão) demonstrando a bondade das medidas que preconiza em detrimento de outras? Enfim, este tipo de coisas assim meio parvas que nos ocorrem?
- Ainda bem que me faz essa pergunta!...
- Eram duas perguntas, senhor ministro...
- Tanto vale. Ainda bem que mas faz, em todo o caso, porque me possibilita esclarecer, de vez absoluta, certo tipo de atoardas que vicejam por aí, numa nítida tentativa de apoucar a exemplar actividade do governo. O que é fundamental explicar é o seguinte: é com extrema satisfação que aqui venho hoje. Entre outras coisas, para vos dizer, categoricamente, que o governo está a trabalhar no sentido de remediar as previsíveis complicações, actuais e futuras, decorrentes dos inevitáveis erros...
Boticas
Em Boticas não é muito difícil encontrar um médico ou um enfermeiro. Você,
boticário, que até escreve coisas bonitas, aqui esteve mal. Você conhece de boticas e não de Boticas.
Profundamente influenciado pelo seu pueril engano, sou tentado a estendê-lo ao resto do seu texto e a dar plena razão ao Prof. Vital Moreira. E a sorrir-lhe (a si) amigavelmente. Vá lá, admita que ao atacar os médicos com a poderosa indústria farmacêutica e ao defender-se (como um dos 3.000 farmacêuticos privados que é, esquecendo os outros - só no meu Hospital há sete!) com ela - que engraçado -está a fazer o que os caçadores furtivos fazem todos os dias: ludibriar as regras da caça.
Não me leve a mal, ainda havemos de tomar um café no Enseada, ou assim. E não me venha com a história dos genéricos outra vez. Eu já lhe garanti que os receito. Nem com a Ordem, que eu nem gosto de Ordens, lembram-me dogmas. Irmandades sacrossantas do pecado. Você entende-me, também deve estar filiado numa coisa dessas.
E, contudo, eu mudava-lho
O título, em português. Para "Herói incidental". Há uma subtil diferença entre o acidente e o incidente, que os senhores reconhecem facilmente. Há uma componente humana mais vincada num incidente do que num banal acidente. A vida dum homem ou duma mulher é uma linha polvilhada de incidentes. Os acidentes, na vida dum homem ou duma mulher levam, geralmente, ao hospital. Os incidentes ensinam mais, com menos suturas e menos recursos exauridos. Isto, num tempo de poupança, nem sequer é apenas lógico. Devia ser citrinamente obrigatório.
Incidental era melhor.
Digo eu.
Herói acidental
Parece-me, apesar de tudo, mais bonito do que qualquer filme de António Pedro de Vasconcelos, Fonseca e Costa, Manoel de Oliveira, César Monteiro (paz à sua alma). Mesmo mais belo do que qualquer dos filmes da dupla Botelho-Pinhão. Se me pedirem, também sou capaz de citar alguns cineastas estrangeiros e defender o mesmo. Em relação a alguns, pelo menos.
É evidente que não percebo nada de cinema. Se pensarmos nesta coisa de ver filmes como uma actividade intelectual altamente estimulante e a puxar à cagança, é mesmo assim. Não percebo mesmo nada de cinema. E o Dustin Hoffman, às tantas, nem é tão bom como este pobre besugo pensa, mais vale qualquer António José Sequeira, o contraponto "camiliano-oliveiresco" do que acabo de dizer... Agora se a bitola para ver filmes for a mesma da vida, façam o favor de carimbar o que eu disse com o selo da verdade absoluta dos seres vivos adeptos do movimento. Para naturezas mortas prefiro Cézanne.
Futsal
Pode ler-se no
Mata-Mouros, pela assertiva pena do L.R., esta divertida asserção:
"Nova modalidade
O futesal é a modalidade emergente! Está aqui, está a destronar o futebol. O Benfica é campeão, o Sporting também compete, o Porto não existe. Querem melhor harmonia?"
Tudo verdade! E eu pretendo, apenas, reforçar a poderosa razão do L.R.! Caso tenham dúvidas de que o Sporting também compete, vão ler
aqui!
Teste de espanhol
- Entonces, que tal? Facil, no?
- Hum… mais ou menos, enfim. Inventei um bocadito nas respostas de interpretação do texto, e assim…
- Qué?
- Falo das respostas ao texto da última página.
- Qué?
- Las respuestas al texto de la ultima pagina.
- Ah, si! No te preocupes. Nosotros solo queremos saber de tus bases de la lengua.
- Pois. A ideia é começar a aprender do zero, não?
- Qué?
- Do zero. Aprender do zero.
- No te entiendo…
- Vosotros queréis enseñarme la lengua como si yo no comprendese nada de lo que tu dices. Entiendes?
- Si! Eso!
Sentidiov prátikus dos empresariesvky da Direitioska
A revolução de quarenta
Admito, sem qualquer problema, que me repugna qualquer questão que envolva "superioridades morais". Ainda por cima, lateralizar ou "bipolarizar" superioridades (e logo morais!), é um exercício de geometria duvidosamente útil. Prefiro rótulos nas farmácias e nas mercearias, parecem-me mais úteis aí.
Gosto é de pessoas. Sempre gostei de as observar, de lhes sentir a presença, a falta. De lhes saber cheiros, gestos, recorrências. Sou um profundo crente na falibilidade, na imensa capacidade de nos enganarmos e de não aprendermos grande coisa com os erros, ao contrário do que gostamos de acreditar.
Desconfio, duma forma plácida e, se calhar quase atávica, de todas as teorias redentoras e absolutas. Detesto dogmas, embora pressinta os meus.
Repugnaram-me, sempre, o individualismo bárbaro dos espertos e o colectivismo massificante dos imbecis. Sinto-lhes uma perigosa sinergia, um exercício de potenciação mútua (e alternativa) profundamente nefasto.
No fundo, acho que nunca me darei bem com gente que brada alto razões de baixa estatura. Um bradar tão alto que quase nos faz desatentos da parcialidade e da feição torpemente incompleta daquelas razões. Desde pequeno que dou por mim a pensar "se tivesses razão não gritavas tão alto...". O que me diminui, reconheço, realçando a minha parcial e escassa competência analítica.
Esquerda, direita, volver. Que é isto, de facto?
Eu gosto é de pessoas. Acredito nas reviravoltas do tempo, com o tempo. Como uma inevitabilidade cíclica. Não se brinca todo o tempo com uma panela de pressão sem que, um dia, a tampa salte. Derramando-se de energia potencial. O PREC foi isto, simplesmente. Uma tampa que saltou, revelando, aos borbotões, "nervosos colectivos" a berrar alto demais. Os tempos de hoje são diferentes. De retoma. Retoma-se o necessário, equilibrador (e tão frágil) conceito da prevalência individual, do privado, do "meu" sobre o "nosso". Canta-se a competência, a capacidade, a rendibilidade, sobre a campa da solidariedade. Que solidariedade cheira a social, social cheira a PREC...É normal. Prepara-se, lenta e estouvadamente, o cadinho para nova ebulição que resultará na recriação do mesmo PREC, em tempo diferente. Um PREC diferente, obviamente, de contornos formais (o caixilho) diversos, sendo a essência, o fundamento (a pintura)... sobreponíveis. Também é normal.
Isto não tem a ver com lateralizações. É mesmo circular.
Acredito, mesmo, é na procura eterna do que parece justo. E mesmo nas injustiças que, em nome dessa procura, podem cometer-se. Desconheço perfeições fora dum contexto emocional. Emociono-me, pois, duma forma que é quase paliativa para uma dor. A dor desse desconhecimento de perfeições, que me incomoda.
Desculpem, mas depois dos quarenta parece-nos que sabemos como são as coisas. Não sabemos, mas parece-nos mais.
Isto é o que eu imagino.
Quando lá se chega atinge-se uma metade da média do tempo de vida. Involuntariamente, regride-se no tempo e olha-se para trás, com uma espécie de calma saudade comovida. Fazem-se incompletos balanços que se deseja que sejam sistemas acabados daquilo que se conhece de si mesmo e daquilo que ainda se quer descobrir. Sai-se do "eu" e observa-se o "eu" como se fosse "outro". Inventaria-se, ansiosamente, tudo aquilo que ainda se deseja conhecer. Reconhecem-se as próprias fragilidades, renasce-se das amarguras. Sustenta-se, solidamente, o resto da vida que está para vir na história de ilusões e de arrependimentos, de alegrias e de glórias. Atenta-se serenamente nas palavras ditas como se fossem escritas, nos gestos como se fossem eternos, nos olhares como se imobilizados em telas. Repete-se, enfim, tudo o que se viveu em todos os anos que já passaram, mas de uma só vez, como uma refrescante e renovadora golfada de ar fresco.
Tudo profundamente perturbador e inquietante. Mas bonito que se farta.
Gajas...
A selecção nacional de futebol feminino bateu-se com a sua congénere (sim, sou primo direito de Gabriel Alves) alemã e acabou por perder por 12-0. Ou 11, não me lembro. Lembro-me, de relance, que as alemãs eram mais rápidas, mais fortes, menos belas. Apesar de tudo menos belas.
Isto passou-se no Algarve.
Ibéria, Alemanha, Moiraria.
Pois, o cosmopolitismo (viram a diagonal geográfica?) pode doer, mas dói menos desde que o sol nos brilhe (e creste) a pele. Sim, a pele pode brilhar-se-nos.
Brahms
O homem morreu-me e, apesar disso, deixou-me beleza.
O homem que morreu com as duas pernas, em testamento, deixou-me música.
Caramba. Deixou-me.
A 3ª de Brahms foi o primeiro disco que tive, aos doze anos. Juro. É certo que era uma adaptação de Waldo de los Rios, mas não perdia demasiada beleza por isso. Hoje, por coisas que nunca contarei aqui, tornou-se um requiem.
Paco: vou fazer uma cópia para dar ao Francisco, o pavão da UCIP que é nosso amigo comum. Tu sabes porquê.
Alonso: ao contrário do que pensas bastava que nos tivessem emprestado a bola 8. Era infinitamente mais fácil do que aturar um beto. E todos sabemos que de beto nada tens. Sacana retorcido és, mas nem todos somos simples.
Eu, à Lolita, nem digo nada. Leiam o que ela diz, mesmo torcendo o nariz à temporária benevolência que me dedica.
O resto é verdade.
Aos blogamemuchos
Eu ontem já tinha comentado isto: eu sabia, Alonso, que não nos desiludirias e que havias de regressar com renovada obstinação para te defenderes. Melhor: para contra-atacares, que tu não és pessoa de ouvir impropérios (amistosos...) e de se ficar, sombriamente, a cismar sobre eles. E muito menos de não conhecer o puro gozo que dá que alguém se lembre de criticar aquilo que antes desabafamos num poste de intenções catárticas (com perfeita noção de que se está a dar o flanco....) no final de um dia de trabalho, que é, afinal, condição necessária para podermos refrescar conceitos já dados por assentes e para se saltar fora dos entediantes clichés. O pózinho que falta, depois, é deixar passar um dia ou dois. E cá temos o Alonso, perfeitamente picado. Que é como quem diz, bem munido de boa e farta argumentação.
Estou muito pouco interessada, neste momento, em defender o comunismo ou em atacar o fascismo. Estou mais virada para enunciar um dos príncípio basilares da retórica, segundo o qual se sabe que quem pensa bem escreve sempre bem e - corolário do princípio - tem perfeita consciência de que tudo o que diz é atacável; e pensa bem porque pensa sózinho, não por colagem de pensamentos alheios. Eu gosto de ver quando o Alonso se deixa provocar e volta, agerridamente, para se demarcar no seu terreno ideológico
("sim, sou de direita! há azar?"). Gosto quando o Paco escreve o que lhe
dá na mioleira, apenas porque lhe deu para ali naquele momento, sem compromissos que excedam o mero, mas visível, prazer que tem em escrever. E gosto quando o Besugo escreve sobre o que lhe
vai na mioleira e se declara inconsequente, sabendo que, eventualmente, amanhã vai pensar de forma diferente da que hoje confessou. Confissão só permitida em quem, como é o caso, tem convicções fortes.
Este blogue é alimentado por um bando de latinos sanguinários, defensores incondicionais das suas bandeiras, mesmo que sejam minoritários a defendê-las e com muito pouca disposição para abrir mão delas. A não ser que alguma marcante desilusão os fizesse queimá-las, caso em que as rejeitariam, seguramente, com a mesma impetuosidade com que as afirmam. Se tivesse de fazer um elogio colectivo, apropriado para os três, eu diria assim: não imagino nenhum deles ministro de um governo PSD. Muito menos do PP.
P.S.: Deste também não.
contrariando ...
... o besugo, que se queixava da minha ausência, aqui estou, sem nada para lhe responder. Ou apenas para lhe dizer que ele devia era ter no carro um "betinho" qualquer que tivesse mesa de snooker em casa. Esta malta de esquerda é mesmo pindérica, sei lá ...
... a lolita para lhe dizer que não sou espécime da direita a que aludes (a tal que esteve complexada vinte anos). Aliás, recordo com particular gozo os meus tempos de estudante liceal e depois universitário em que fazia questão de participar em debates e colóquios para testar a tolerância da esquerda. Que era pouca a esse tempo para quem questionava a "mundividência" esquerdista.
Essa mundividência transformou mentiras atrozes em dogmas indiscutíveis, e não era fácil demonstrá-lo (não por ser difícil em si, mas porque não era fácil falar até ao fim sem se ser envolvido por um coro de protestos).
Dou três exemplos:
a) O Conselho Directivo do meu liceu colocou no seu placard um cartaz "pacifista", no qual se comparavam os custos do material bélico da NATO com os dos bens de utilidade pública que os mesmos "roubaram" aos povos deste mundo.
Por exemplo: Um submarino americano custava tanto como 5000 hospitais, um tanque inglês tanto como 5000 escolas, um caça francês tanto como 5000 universidades. A ideia era esta, os números não.
Aqui o vosso amigo, cheio da sua fobia pelo comunismo (lolita "dixit"), colocou no mesmo placard um cartaz artesanal com o quadro comparativo dos efectivos da NATO com os do Pacto de Varsóvia. Estilo "NATO - 50 submarinos nucleares; Pacto de Varsóvia - 100 submarinos nucleares. NATO - 5.000 tanques; Pacto de Varsóvia - 13.000 tanques. NATO - 1.500 caças; Pacto de Varsóvia - 2.700 caças.
No fim esclarecia que não era possível saber quantos hospitais, escolas e universidades valia cada submarino soviético porque não se sabia quanto custava um submarino soviético.
A tolerância do CD lá da minha escola durou uma manhã. À hora do almoço já tinham mandado tirar o meu cartaz. Parece que eu estava a "fazer política" de um apelo à paz. Eu era o falcão e os gajos as pombas, não sei se me faço entender.
b) Esta foi ainda no liceu. Colóquio sobre o direito à greve. Depois de ouvir diversos intervenientes a vociferar contra o capitalismo e a exaltar as conquistas proletárias, perguntei com o ar mais inocente que consegui arranjar como é que se encontrava regulado o direito à greve nos países comunistas.
O primeiro a responder ainda deve ter acreditado que eu não sabia a resposta por isso lá respondeu cuidadosamente que nesses países, como as empresas eram detidas pelo Estado e não por capitalistas, as questões laborais eram dirimidas internamente, com a colaboração das estruturas sindicais, que tinham muitos poderes no âmbito da própria gestão da empresa, pelo que a questão da greve nem se punha, etc., etc.
O segundo era lá da minha escola, já me conhecia e nem se deu ao trabalho de responder, disse só que a minha pergunta era provocatória e além disso fora do contexto em debate.
Ainda tentei que me esclarecessem se a greve estava de facto proibida e se era ou não crime nesses países, mas já não foi possível ...
c) Já na universidade, quando o comunismo já se aproximava do estertor final: Colóquio sobre o então incipiente "Direito do Ambiente". A certa altura um dos oradores resolve politizar a coisa, e dissertou sobre a incompatibilidade genética entre o capitalismo e a defesa do ambiente. Vai daí, o vosso irrequieto e "comunistofóbico" colega de blog resolve perguntar sobre o desaparecimento de um mar inteiro no seio da URSS, sobre o manto de segredo que envolveu o desastre de Chernobyl e mais umas coisas assim (é evidente que a esse tempo ainda não se conhecia a verdadeira dimensão do desastre ambiental criado pelos regimes comunistas na Europa Central e na Ásia), e conclui a pergunta colocando a questão de "poder haver também" incompatibilidade genética da defesa do ambiente com o comunismo, agravada nas suas consequências pelas características policiais e de ausência de liberdade, até informativa, nesses regimes.
Tungas ... levantou-se um coro de protestos por parte dos meus colegas "ambientalistas" (adorável eufemismo) e o debate prosseguiu sem que eu tivesse merecido resposta.
Concluindo: a lolita jogou - e bem, eu até gosto desses jogos - com as palavras ao sugerir que eu tenho "fobia" do comunismo, e misturou com maestria a Elsa Raposo e os dirigentes desportivos numa apreciação, ou depreciação, do que deixei escrito. É uma técnica mais subtil e porventura mais eficaz de não-responder do que aquelas que acima recordei.
Elsa Raposo e dirigentes desportivos à parte, eu hoje já nem me preocupo em demonstrar a essência profundamente hipócrita dos regimes comunistas. Para todos os efeitos e tirando o geronte de Cuba (Sendo que a China é um caso à parte, que pouco tem que ver com a cultura ocidental de que o comunismo é tributário) seria malhar em mortos ou, no mínimo, humilhados. A mim preocupa-me apenas a duplicidade de análise que ficou desses tempos, como resíduo no fundo de uma garrafa já vazia.
E agrada-me pensar, como já nesses tempos pensava, que pôr em causa essa "mundividência" que nos fala da "superioridade moral da esquerda" (esta expressão é, salvo erro, do Soares) obriga, no mínimo, as pessoas a não darem por adquiridos factos que não são verdadeiros ou que, pelo menos, são muito, muito discutíveis.
Tudo, sem me chegar a arrogar da "superioridade moral da direita". Até podia admitir que era assim, mas conheço também os fantasmas desse sotão, pelo que me fico pelo cepticismo e relativismo de quem acha que o perigo não está no que cada um pensa. O perigo está em qualquer "mundividência" achar que é a única verdadeira e boa, e por isso amordaçar as outras. É a chamada "tentação totalitária", que à direita e à esquerda se fazem sentir com igual intensidade.
O problema das prioridades
Vou, finalmente, falar do primeiro rally-paper que organizei. Nunca mais organizei nenhum, mas não deixa de ser verdade que foi, efectivamente, o primeiro. Admito que Saramago, nestas circunstâncias, preferiria falar sobre "o último rally..." e Lobo Antunes sobre "organizei mas, mesmo assim, de Nobel,
neribi...". Pacheco Pereira preferiria mostrar-nos mais uma pintura, pressentindo-nos a óbvia ausência de museus. Mas eles podem! Estar no Olimpo é estar mais alto! É pairar. É... valha-me Deus, é ..."faça favor, Senhor! É o que quiser!".
Eu, que sou assim uma pessoa simples, franca e directa (embora nunca tenha participado em nenhum reality show), resolvi colocar este título. E esta instituição (viram que me lembrei?) é democrática, presumo eu. E, portanto, posso. E poder é bom, reparem neste impecável domínio da ortografia que a blogosfera já permite! Corroborando a ideia de que já se pode!
Bom, é evidente que não vou alongar-me sobre o primeiro rally-paper que organizei. Não porque não tenha sido divertido, educativo, pedagógico, bizantino, chocarreiro, felliniano! Basta revelar que foi ganho por uma senhora deficiente motora e que houve 4 concorrentes que fizeram a prova em menos de 35 minutos, cortando a meta em "quarto de pião", mas sem responder a uma única pergunta... porque não tinham percebido as regras.
Não. Não vou falar mais, pelo menos hoje, sobre esse marcante rally-paper. Porque prefiro penetrar-me do que a Lolita disse sobre os dias menos bons, esperando (como ela) que sejam "apenas vésperas infindas de dias felizes". "Infindas" é, nesta instituição, sinónimo de "prolongadas". Apenas isso. Não é, Lolita?
É, pois.
A teimosa bolinha de snooker
Parece, então, que vos faltou foi cabecita. O rapaz do compêndio foi mais esperto: esperou pacientemente no carro que vocês percebessem, se calhar pela primeira vez na vida, que há bolas de snooker que não se dão a qualquer desocupado estudante, muito menos para fins exclusivamente lúdicos. Grande lição de vida!
As escolhas vocacionais não surgem, efectivamente, do acaso. Suspeito que exista um qualquer "stream" que determina, por exemplo, que os mais estratégicos escolham o Direito e que os mais estourados escolham a Medicina. Só não decidi, porém, se é a estratégia ou a falta de estratégia que define o melhor caminho para uma virtuosa e duradoura vida feliz, de sorrisos rasgados e sonoras gargalhadas, como se mesmo os dias menos bons fossem apenas vésperas infindas de dias felizes, mesmo que aqueles existam em maior quantidade do que estes.
Eu assim gosto
Gosto, porque o meu sonho de hoje é transformar este blogue numa espécie de "chat". Amanhã não sei, confesso, mas hoje é este. E o sonho comanda a vida (excepto na urgência, ou se formos obrigados a ver e ouvir o Paulo Portas; e, se for ao mesmo tempo, o suicídio assume foros de alternativa viável).
Bom, Lolita: não ganhámos o rally-paper por muito pouco: por culpa de "3 donos 3" de "3 cafés 3" do Porto. Nem mais.
Eu explico, que sei o suficiente sobre as experiências de Pavlov para vos pressentir um desconforto que tenderá a aumentar com o meu silêncio.
Tínhamos de decifrar a seguinte charada, mais ou menos:
"a preta, que encerra a função, terá de ser enfiada, desta vez sem ajuda do pau". O colega de Direito mandou zarpar a toda a brida para o
Pérola Negra. Nós, cientes do que ali estava em questão, decidimos correr os cafés a pedir que nos emprestassem a bola preta, a "8" do "snooker". Que era a resposta óbvia, mesmo para cientistas em embrião. O colega de Direito amuou, disse que "para outra vez não venho", e tivemos de lhe dar mais meio Guronsan para o entreter. Lembro-me que também o deixámos cantar alto o hino da faculdade dele durante 17 segundos e ele pareceu recomposto.
Fomos a 3 cafés. No primeiro "que não, já lá tinham ido". No segundo, que foi o Estrela, que "fôssemos trabalhar" (premonitória praga!). O dono do terceiro era afável, simpático, limpinho. Pensámos: "é este!". Não foi. O homem armou-se de expressão pedagógica e endereçou-nos a sua opinião sobre "estas rapaziadas inúteis que não levam a nada". Nós dissemos "ó senhor, mas empreste lá!" e ele "não!". E não emprestou mesmo, perdemos o rally!
O nosso colega de Direito, que tinha ficado no carro a matutar numa coisa qualquer da "História do Direito", que é uma disciplina perturbadora para petizes ansiosos por "causidicar", resolveu assomar à porta e interpelar o homem, tão alta como infrutiferamente: "Ó Pai, colabore!".
Como vês, Lolita, não foi
apesar de. Foi
por causa de. Que um Pai é sempre um Pai, para o melhor e para o pior.
O charme discreto da Católica
Ó besugo: por segundos, pensei que ias mentir e explicar - com esforço hercúleo - que tinhas ganho o rally paper
apesar dos estudantes de Direito. Coragem. Relata o evento com veracidade, que isso só abona em favor da tua classe. Aguardo e câmbio. Ou change, que é mais internacional e bilingue...
O primeiro rally-paper que organizei
Eu acabei de ler os votos de fim-de-semana do Alonso e apetecia-me conversar com ele. O problema é que ele acaba sempre por nos desejar bom fim-de-semana e a gente sabe que não vai ter interlocutor nos dias mais próximos, ficando-nos a impressão de que tudo o que dissermos fará um tonitruante eco de silêncio na blogosfera interna que é esta instituição. Sim, que eu decidi chamar "instituição"a este blogue durante as próximas, digamos, 18 horas.
Optei, numa linha de raciocínio linear, por falar doutra coisa: do primeiro rally-paper que organizei. Será dum interesse transcendente, este naco de prosa, palpita-me. Não posso saber com certeza porque só agora me deu para o escrever e, a bem dizer, vai ser uma espécie de "directo" em TV. Ora vamos lá então.
Eu já organizei um rally-paper, quando tinha dezassete anos. Depois disso entrei noutros, na faculdade, o que me serviu para conhecer o Porto inteiro de dentro dum Renault 5 e para constatar que é prejudicial admitir estudantes de Direito numa equipa deste género porque insistem em ir não sei aonde ver a hora que marca o relógio da torre "x", sendo insensato tentar explicar-lhes que não vale a pena... porque ninguém vai poder confirmar a hora a que, de facto lá passámos. Sabendo nós (evidentemente, que pensamos em tudo) que o referido relógio funcionava, não estava parado!
Agora, que me lembrei disto, até já nem sei se me apetece falar do primeiro rally-paper que organizei. Fá-lo-ei (e reparem quão impecável me saiu a hifenização) se para tal for estimulado.
Aguardo e câmbio.
"É bem..."
Existe, hoje, uma "nova direita" que submergiu, historicamente, de duas décadas em que, complexados com os efeitos "precianos" que ainda perduravam, os partidos de direita se disfarçavam de partidos do centro e, em alguns casos, de centro-esquerda. Duas décadas em que os militantes e simpatizantes direitistas se sentiam envergonhados por militarem ou simpatizarem com tais ideologias que, até a eles, lhes causava algum embaraço. Hoje não. Hoje quem é de direita afirma-se com frontalidade, com orgulho. Exalta as virtudes de Salazar e dita, de forma bem pronunciada, provocações quase fóbicas sobre o comunismo. Passou a ser "bem" imitar a frontalidade "bem posta na vida" dos Pires de Lima e dos Portas do exemplo maior da direita portuguesa, e há, até, um feliz espécime surgido deste fenómeno aqui mesmo, na blogosfera. Menor, porém, nas sondagens: parece que até o BE tem mais intenções de voto do que os míseros 2% a que o PP se reduziu.
O Alonso não é assim, porém. O Alonso é pessoa para, no meio daquele sincretismo todo, confundir comunistas com dirigentes desportivos, imaginar a Elsa Raposo com umas botas da tropa ou desculpar, cheio de tolerância, as bananices do Soares no processo de descolonização.
Para o Alonso aparecer aqui assim, cheio de pica, das duas uma:
1. Ou, imaginando-se Rommell, conquistou não só o Norte de África como a África toda, incluindo a Ilha de Bazaruto;
2. Ou estará - hipótese mais provável - atacado de uma fortíssima TPM.
Em todo o caso, que fique sossegado. Escreva ele as aleivosias que quiser, terá sempre em mim (em nós, se o Besugo e o Paco concordarem) um ombro amigo e tolerante. E, nesse caso, terá três ombros amigos. Avante, camarada Alonso!
soltas ...
1 - Do PP e da extrema direita: só tenho lido disparates. Eu conheço a direita. Devia dizer "as direitas", porque há várias. Eu, por exemplo, pertenço a uma delas, e se o PP é de extrema direita, nem sei de faço parte do espectro político a que se costuma chamar pomposamente o "arco constitucional" emergente do pós 74.
2 - Aliás e para que não restem dúvidas de que num Estado à imagem do Louçã eu seria internado numa clínica de reeducação de doentes mentais (ou fuzilado) eu, Alonso, me confesso:
a) sou anti-comunista primário e tenho do comunismo (melhor, da sua aplicação prática) a noção de que foi a maior tragédia que se abateu sobre a humanidade no séc. XX;
b) acho que o Salazar foi - de muito, muito longe - o melhor estadista português do mesmo séc. XX, até que a senilidade o atacou, lá pelos anos 50;
c) Acho que o PREC foi um desastre nacional;
d) Acho que o 25 de Novembro, não o 25 de Abril, foi a data - se é que um dia significa alguma coisa - fundadora do regime democrático em Portugal;
e) Acho que se tivesse 20 anos no verão quente de 1975 provavelmente arranjava uma arma para o que desse e viesse e, designadamente, para lutar - se necessário - contra a instauração da "República Popular de Portugal";
... (momento de silêncio para gozar a estupefacção dos milhões de leitores deste blog, habituados às esquerdices que por aqui se vão publicando) ...
3 - Em todo o caso, sosseguem-se os meus esquerdistas amigos e colegas de blog, eu acrescento mais algumas alíneas aos horrores acima elencados:
f) Defendo ser a democracia política o melhor modo de governo, o que faço prgamaticamente e apenas pelo facto de que evita que só pela revolução seja possível remover um governo;
g) sou contra que alguém possa ser preso pelo que pensa (daí o meu anti-comunismo primário, a que agora acrescento o meu anti-fascismo primário)
h) não tenho sobre as pessoas a visão maniqueísta de que os de direita são bons e os de esquerda são maus. Procuro avaliá-las, e gosto delas ou não pelo que são e não pelo que pensam;
i) Tenho prazer em discutir e ainda mais em provocar discussão;
j) Não tenho o cabelo rapado;
k) Acho que o Hitler era louco;
l) Não uso botas de tropa;
4 - Voltando à descolonização: Acho o Soares um banana, mas nem por isso lhe imputo a título de dolo o que se passou na descolonização. O tipo foi e é um incapaz, que sobretudo os povos das ex-colónias tiveram a infelicidade de ter como Ministro no período crítico da descolonização;
5 - Na verdade, que podia ele fazer na altura... dizer que o KGB, a CIA, a África do Sul conspiravam lá, que os movimentos de descolonização já eram incontroláveis salvo pelos que os abasteciam de armas? Isso era o que ele deveria ter dito, mas faltou-lhe a coragem no que lhe sobrou de instinto de sobrevivência política.
6 - Adiante, que o que se fez já não tem remédio. Sobra-me, no entanto, a satisfação de saber que o Soares não passará à história com um estatuto que não merece. A sombra dos momentos em que revelou a sua incapacidade (estou a ser simpático) acompanhará a descrição histórica do seu trânsito pela sua vida terrena (como ele nem acredita que haja outra, também isso não lhe interessará para nada).
7 - MOMENTO CULTURAL - Hoje li a VIP outra vez. Notícias relevantes: o Beto do Sporting maiza mulher dele são um casal perfeito; a Elsa Raposo foi "deslumbrantemente decotada" a uma festa (impressionante é como certas mulheres e os jornalistas da VIP acham que dois montes de silicone são coisa que deslumbre); a não-sei-quantas Albarran (ou ex-Albarran, não percebi bem) aparece na capa com uma blusa fruticores e uma gravata preta a dizer "Estou preparada para ter os meus filhos de volta". Estarão os filhos? Acho que a VIP não trata dessas miudezas. Os guarda-costas da Victoria Spice foram despedidos e agora estão a negociar com o casal uns milhões para não revelarem os segredos domésticos.
8 - Havia mais coisas, mas eu entretanto já tinha tinha tomado o meu café e já tinha concluído que certa gente só lá vai à bomba ... (ops, lá despertei o neonazi que há em mim ... daqui a pouco rapo o cabelo).
9 - O pessoal do futebol anda histérico outra vez, com cortes de relações e tudo. Dá vontade de terraplanar os estádios todos do 2004 e proibir a prática do futebol profissional por 20 anos.
10 - Já agora podiam-se terraplanar também os dirigentes. Eu até sugeria a posterior incineração dos ditos por razões de saúde pública, mas aí ainda diziam com particular malevolência que isso é um método nazi.
11 - Antes que me expulsem deste blog ...
12 - ... um bom fim de semana.
Epílogo
Os remadores do barco afogaram-se, o barco naufragou e as "batatinhas", que entretanto se transformaram nuns admiráveis tubérculos, foram, afinal, entregues a quem remou contra a corrente. Noutro barco.
Não seja timoneiro de barco amotinado
Nunca queira estar no meio de duas vontades, de duas correntes antagónicas. Sobretudo se tiver a certeza de que o antagonismo se justifica por si próprio, não se baseando na saudável convivência de ideias diferentes, nem na discussão honesta de convicções legitimadas por objectivos confessáveis.
Creia-me: dirimir conflitos entre quem quer o mesmo, leia-se "batatinhas", apenas colorindo de forma diferente o seu querer para parecer querer diverso, é inútil. Nunca entre num barco em que metade dos remadores rema ao contrário da outra metade apenas para que o barco se afunde... e não por estar convencido de ter melhor remar. Você nunca vai conseguir convencê-los a acertar o ritmo, nem a amplitude da remada, porque eles não querem levar barco nenhum a bom porto. Querem apenas que ele se afunde e, se você reparar, já estão de colete salva-vidas. E você, que ainda nem pensou em afivelar o seu, corre o sério risco de afundar com eles, de morrer afogado e, supremo epitáfio, de vir a ser culpado por isso.
Magmas
- Achas-te o centro do mundo?
- Claro.
- Fazes bem. Alguém tinha de achar isso de ti.
Mais blogues à esquerda
O
food-i-do. Espontâneo, sobretudo.
O
dicionário do diabo.
Este poste fez-me aumentar a vontade de ver o "Lost in Translation", excepto nas dispensáveis referências cinematográfico-distanciadas.
O Bem
Pode demorar muito tempo a ser encontrado. Meses, anos, uma boa parte de uma vida, até. Pode não ser de fácil apreensão, para quem for distraído ou desatento e, em qualquer caso, é sempre árduo o caminho para o descobrir. Essencial é que seja docemente conservado, para que não se gaste. Mas existe. Existe, pois.
A evidência
Nervos IV
- Achas mesmo que és o melhor treinador da Europa?
- Vai à merda.
- Eu? Porquê?
- Limitas tudo, pá.
Nervos III
- E aquilo de quereres sair?
- O quê?
- De ires embora, para Inglaterra, ou assim...
- Eu não disse isso!
- Deu na televisão...
- E era eu a falar?
- Bem... Parecias...
- Ah! Então cala-te.
Nervos II
- Querias que ele morresse em campo?
- Não.
- Mas disseste que sim?
- Queres conversa?
- Eu não... desculpa...
- Até te digo mais!
- Diz...
- Pela vida do outro dava uma vitória!
- Isso é bom?
- É. Pela deste dava só um empate.
- Pois...
- Mas dava!
Nervos I
- Rasgaste a camisola?
- Rasguei, pois.
- Porquê?
- Nervos...
- Toma xanax...Não?
- Porquê? Rasgo melhor?
- Não...
- Então?
- Pois...
Caro besugo
O amuo do Mourinho e o melodrama do Bettencourt, entre os quais o meu coração balança, fizeram-me esquecer a orientação espiritual que me pediste há dois dias atrás. Parecendo-me, porém, que com o teu feitio, possuis um enorme potencial para te engalinhares numa qualquer traulitada violenta, devo dizer-te isto, para que reflictas bem antes de te desviares das teias da lei:
1. Chamar "sável frito" a um besugo não será uma injúria, mas antes um descarado elogio. O sável é um peixe nobre, mesmo frito e com o rabinho na boca...
2. Tu não te metas a governar, pela tua saúde! Não te estou a ver a seguir o comportamento exemplarmente digno da Ministra Celeste que, apesar da notória vontade de iniciar logo ali uma sonora peixerada, se limitou a lançar um quase imperceptível olhar de peixe morto ao Louçã. Mesmo correndo o risco de que os restantes convivas confirmassem,
in loco, a inimputabilidade...
3. Se, ainda assim, persistires nessa vontade de governar, contacta o cherne e conta-lhe aquelas tuas histórias da tropa que fizeste nos rangers de Lamego, para que ele saiba que tu percebes de defesa e de maçaricos. Vai ensaiando, entretanto, ao espelho, um sorrisinho matreiro e um olhar sacaninha. O bocadinho que te faltará, então, para seres nomeado Ministro de Estado consiste mais ou menos nisto: apanhas o Portas de costas. Espera, ouve e não te precipites! Aí, dás-lhe com um cachalote açoriano na cabeça até ele próprio implorar que o... inimputem.
Olha, desviei-me do tema. Mas descansa, vou mandar-te uma colecção de acordãos do STJ sobre o tema "sável injuriado", para desenjoares da enriquecedora leitura dessa referência cultural conhecida por
O Record.
Googlices...
A lolita digitou "pernas" e o google devolveu-lhe uma imagem duma bola a entrar na baliza do Baía. Isso é o que ela quer fazer crer, evidentemente.
No entanto, como eu conheço bem a mentalidade um bocadito "retorcida" da Lolita, decidi dedicar mais atenção à (supostamente) pequena diatribe da
uruguaia portista. Pensei com os meus botões: "então por que raio é que ela bota aqui esta confrangedora fotografia?" E lá está, o que dá a gente observar para além das evidências:
reparem que o emblema na camisola do tipo é o da selecção nacional!
Ou seja: ou a Lolita é uma portista muito mais
doente do que parece, ou então é muito bem paga pelo Scolari... ou, então, ambas!
«JOHN Q»
Já tinha visto, mas revi.
É uma história comovente, embora os senhores possam dizer que é fácil comover besugos. Eu sei, há uma indústria que se dedica, exactamente, a isso: a ganhar dinheiro fazendo filmes destinados a despertar as emoções fáceis de milhões de besugos patéticos.
Muito bem, que seja.
O filme destapa uma realidade americana: eles deram, mesmo, cabo do Sistema Nacional de Saúde que tinham. E, pelos vistos, há, 40 milhões de americanos que podem ter algumas saudades dele. Caramba. Quatro Portugais de pobres.
Façam o que quiserem, arrasem tudo, arranjem complicados sistemas "em que toda a gente ganha", privilegiem o lucro, pintem o caraças da cor que quiserem, eu estou cada vez mais cheio disto, sinto-me cada vez mais só a defender coisas que, pelos vistos, todos os seres bem pensantes acham ridículas.
Momento lolita
Fui ao google e digitei "
pernas". Et voilá...
O rasgão
Com admirável coragem, este rapaz denunciou-o, ontem à noite. Na expressão, contida mas firme, lia-se a revolta pela atitude, gratuita e negatória do mais elementar desportivismo, tomada pelo mais arrogante treinador da Europa civilizada. Rejubilemos: José Eduardo Bettencourt existe e, ainda por cima, tem um belíssimo penteado.