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15.2.04

Lost in Translation

Ele é um "middle-aged man" e ela uma pós-adolescente. Encontram-se em Tóquio, onde a solidão, já pré-existente, de cada um deles é mais visível e carregada. Ambos pairam sobre a cidade, sobre as pessoas, sobre as coisas. Ele não se sente imprescindível para ninguém. A família, aos poucos, esquece-o. "Devo preocupar-me contigo?" Pergunta-lhe, ao telefone, a mulher. "Só se tu quiseres". O filme é uma sucessão dos retalhos da vida separada de cada um, em que ambos esporadicamente se encontram e em comunicam mais por olhares, sorrisos e carinhos do que por palavras. Ela pressente que a sua solidão está apenas no início e tem medo que aumente ao longo do tempo. Ele, moído da vida, fascina-a. Ela, como um anjo, purifica-o. E entendem-se, provavelmente porque os dois estão em Tóquio, sózinhos, solitários. No final, ele vai, ela fica. Antes de se separarem, ele segreda-lhe ao ouvido palavras tão íntimas dos dois que nem o espectador as ouve. Na única vez em que falaram dos dois como dois, como ele e ela, juntos. Para que nada ficasse perdido, na tradução.

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