blog caliente.

9.2.04

Isto é o que eu imagino.

Quando lá se chega atinge-se uma metade da média do tempo de vida. Involuntariamente, regride-se no tempo e olha-se para trás, com uma espécie de calma saudade comovida. Fazem-se incompletos balanços que se deseja que sejam sistemas acabados daquilo que se conhece de si mesmo e daquilo que ainda se quer descobrir. Sai-se do "eu" e observa-se o "eu" como se fosse "outro". Inventaria-se, ansiosamente, tudo aquilo que ainda se deseja conhecer. Reconhecem-se as próprias fragilidades, renasce-se das amarguras. Sustenta-se, solidamente, o resto da vida que está para vir na história de ilusões e de arrependimentos, de alegrias e de glórias. Atenta-se serenamente nas palavras ditas como se fossem escritas, nos gestos como se fossem eternos, nos olhares como se imobilizados em telas. Repete-se, enfim, tudo o que se viveu em todos os anos que já passaram, mas de uma só vez, como uma refrescante e renovadora golfada de ar fresco.

Tudo profundamente perturbador e inquietante. Mas bonito que se farta.

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