blog caliente.

31.8.08

Mais uma lorinha na lora maior

Que andam a fazer de nós?
Que quer esta gente?
Que nos quer?
Que queremos nós?
Que nos queremos?
Quer-nos alguém?

Calma. "Beurre" é manteiga. É "mantequilla"
"Man-te-quilla". "Homem-te-fode".
Puerto Rico? Habana?
No.
Re menor. Ri, maior.

Calma. Se um tipo se dedica a coleccionar colmeias para depois se vir queixar das abelhas, isto tem de ser lidado com muito lítio. Calma.
Calma.
Calma, que se um comuna fizesse bombas na segunda grande guerra havia de as vender a eito, ao eixo e aos aliados. Havia de as vender a eixo.
Calma.

O Murta é esperto, muito. Anda agora dado ao "sandalame". Dá para quase tudo, o "sandalame". Dá, mesmo, para se ver o dedão gordo do Murta, eu acho que devia haver lipoaspiração para os "àlucses" mais descarados dos Murtas.
Como sempre se sentiu, o Murta nem quer trepar ao damasqueiro nem desce de lá quando lá se cuida: está ali um espantalho de chão montado em alturas. Nem de damascos gosta. Aposto. Quer ir lá, quer estar lá, apenas para mais ninguém lá ir sem ele passar certificado de possibilidade e autorização de estada.
De estado.
Em damasqueiros.

O cansaço, se for permanente, é como se fosse o poço da morte? Sim. E não.
Se fosse assim, o cansaço era às voltas. E não, é de ida e volta.
Bem, então é mesmo às voltas.
Olha, mudando de assunto, agora é só contigo: e se eu me perguntasse, como se fosse a ti, mas era a mim, percebes?, se "é só contigo, esse cansaço?, e é sempre sempre, é quase sempre, é quando? quando é, como é, que é? que foi?, que tens?".
Olha, e se to perguntasse a ti, em lugar de ser a mim, que me dirias? O que eu já me disse? O que o Jaime disse?
Caralho. Que foi?
Que foi, que é tanta fadiga?
Agora por fadiga:
Fadigà, diria Linda de Sousa. Ou Didier Six de Sousa. Ou o filho duma cabra do Domèrgue de Sousa ("autor francês que devia ter sido queimado em lugar de qualquer invejoso de Dante, até porque um invejoso de Dante será sempre um hipocondríaco; há quem também inveje Ernest Borgnine por motivos mais sólidos").
Havia um jogador chamado assim.
Fadiga, não Ernest Borgnine.

Olhem: já beberam perfume? Já? E deu-vos depois, por baixo, uma espécie de "Flatus Versace", após processamento?
Bem me parecia. Que sim e que não.
Ando a ficar muito farto de muitas merdas, mas isso eu sei que é problema meu.
A exposição dele, deste meu problema, é perfeitamente cagativa. Eu sei.
É como o meu problema.
A maior parte dos meus problemas são reconhecidamente cagativos e o meu principal problema é recusar-me a acreditar nisto que acabei de dizer.

Um dia, um problema encontrou outro e disse-lhe "olha, tenho um problema..." e o outro respondeu-lhe "deixa lá, eu tenho quatro, mas por enquanto estão os três em casa, com a mãe".
Freud, que ia a passar, gemeu uma inteligência qualquer psicanalítica - psiu, Canalítica, vem aqui ao teu Salema, vem... - mas foi espancado; por acaso nem era com ele, ainda bem que não era, mesmo assim sovaram-no, dois "rappers" e um "emotional", mas só lhe bateram até chegar o neto (recesso) de dezoito anos de Belmiro, um recesso que agora também ensina sucesso na TV, e que - sem mudar a expressão facial de quem já viveu sessenta e nove primaveras e, lá por isso, também já fez um sessenta e nove, mas por acaso o preto mexia-se muito "de maneira que sou mais novo do que lhe pareceu a ele, ao preto" - se limitou a descalçar os sapatos azeiteiros de bicudos de azeiteiros de bicudos de azeiteiros de bicudos do bisavô.
Isto é tudo mentira, excelente gente, retiro tudo o que disse, excepto a parte dos sapatos. E mesmo essa.
Bis, avô!,
gemeu ele, descalçando-se, o que lhe custou muito (já eram, praticamente, piercings da pedaleira, aqueles sapatos assim são quase como o "sandalame", ele sangrou também de sua pelezinha, ao extraí-los, que um sapato bicudo é como um dente, isto será - quiçá - da peúga, e, já agora, segue chorrilho, segue tuga, beluga, belugamemucho, traz-me o cartucho).
Momento melódico baseado num "mix": entre o heráldico e o erótico antes quero que me faças um carrinho de rolamentos gótico, ou então chupa-me.
Refrão: (ing) - Referee de envergadura; arbitrão.
Sim. Refiro sempre isto.
Outra coisa: o onanismo é mais ou menos como aquele organista. Sem ser o Sérgio.
Lalala... e tal.... lala...

Os ene palhacinhos
Cantando lá vão
Pela estrada fora
Buscando colhão
Batem punhetas
Pois querem-se vir
Vem de lá o sangue
E toca a latir:

Ó espermatorreia: tu viste a gengivorragia?
Chama os UHF, pah!
Já não rima.
Lá está. Não rima, não mima, não insemina, não germina, Josefina. Fina é a tua!
Vou agora à mina.
Toca e foge. Foge. Toca. Toca bem. Toca ao menos no minério e viva o povo sumério, ó Rogério. Vai à mina que te mina e determina.
Ah, bôoo! Avô, que me dirias?

Eu ando muito farto desta merda, de hospitais e de coleguinhas e de sentenças de que "é urgente mudar isto!, mas por quê?, porque é urgente!" e isso.
E de brolhas também ando.
Mesmo.
E ainda tenho de arrancar um dente, um siso. Vou lá amanhã.
Uma lobotomia feita de boca aberta, bolas, onde é que me fica depois mais esta lora?

27.8.08

Afinal não é um teorema, é só ele a fazer analogias

É só ele a fazer analogias e lá à maneira dele.
Digamos que, nesta nova abordagem que faz ao tema, Rui Cartaxana assume o papel do menino mimado que, perante os reparos de pessoas bondosas (ó homem, olhe que meteu a pata na poça, você não tem razão nenhuma, já viu o disparate pegado que isso é?, já imaginou a quantidade de tipos que iam querer treinar o triplo salto com o Nélson Évora, de maneira a poderem levar uma pantufada a cerca de 17 metros da grande-área para depois irem aterrar lá dentro?), amua e afirma, carrancudo: "Não me interessa nada. É a minha opinião!".
Neste novo artigo, Rui Cartaxana utiliza palavras como "primatas" e "mentecaptos" para classificar os que dele discordaram insultando-o. Acho bem. Eu, como não o insultei - muito embora eu seja, de facto, um primata - acredito que o articulista se referirá a alguns comentários que terá lido no Record e não à minha humilde e pedagógica pessoa. É, aliás, apenas nessa crença que persisto (pela última vez) em contribuir para a iluminação possível de Cartaxana, neste particular assunto.
Vai daí, fui aqui. É onde estão as leis do jogo, actualizadas e com recomendações. As tais recomendações. Li, e deparei com isto, que é exactamente onde se trata daquilo que o nosso persistente analogista acredita - pelos vistos ainda hoje, o que nos remete para o pathos - ter lido bem, interpretado melhor, e adaptado ainda mais excelentemente numa qualquer concavidade do seu encéfalo. Tudo isto antes de sentenciar (aquilo que ele pespega no parágrafo final da sua obra de hoje) que apenas um atrasado mental não vê a luz que emite a sua candeia apagada.
De facto, o parágrafo final de Rui Cartaxana está confusote, de tal forma que, à primeira leitura, me pareceu que o homem se auto-flagelava. Mas depois percebi: aquilo só está mal escrito, deve ter sido feito à pressa e em momento de alguma irritação, afinal percebe-se o que ele quer dizer, que é mesmo só chamar atrasados mentais aos infiéis.
Eu ponho aqui, para vos poupar tempo, o que diz lá no articulado da FIFA.
Holding an opponent
Holding an opponent includes the act of preventing him from moving
past or around using the hands, the arms or the body.
Referees are reminded to make an early intervention and to deal fi rmly
with holding offences especially inside the penalty area at corner kicks
and free kicks.
To deal with these situations:
• the referee must warn any player holding an opponent before the
ball is in play
• caution the player if the holding continues before the ball is in
play
• award a direct free kick or penalty kick and caution the player if it
happens once the ball is in play
If a defender starts holding an attacker outside the penalty area and
continues holding him inside the penalty area, the referee must award
a penalty kick.
Disciplinary sanctions
• A caution for unsporting behaviour must be issued when a player
holds an opponent to prevent him gaining possession of the ball
or taking up an advantageous position
• A player must be sent off if he denies an obvious goal-scoring
opportunity by holding an opponent
• No further disciplinary action must be taken in other situations of
holding an opponent
Restart of play
• Direct free kick from the position where the offence occurred
(see Law 13 – Position of Free Kick) or a penalty kick if the offence
occurred inside the penalty area.
O que está a mais escuro é onde se refere a tal recomendação. Aquela que Rui Cartaxana pensa ser susceptível das analogias que ele quiser, bastando para isso que elas lhe venham à tola.
Eu penso poder contribuir para uma mais adequada compreensão do que está ali escrito por parte do ázimo escriba do Record. Peço perdão pela imodéstia.
Talvez ele tenha alguma dificuldade em perceber que "hold" é "agarrar", "segurar" (como em "hold my hand and I kiss you, tomorrow I miss you..." ou, mesmo, em "hold on your horses"), pode ser outra coisa qualquer que mais alguém se lembre, mas não é, seguramente, "rasteirar", "enfiar uma panada", "empurrar", "estraçalhar", "sodomizar", etc.
Mas dificuldade como? Pois se está ali tão claro!...
Na vida, quase tudo tem uma explicação. Pode ser que eu tenha descoberto, finalmente, a razão (ou, ao menos, uma delas) de ter Rui Cartaxana andado, neste caso, a deslizar do pífio para o valha-lhe Deus. Provavelmente traduziu o texto da FIFA no Google. Se foi isso que ele fez, o que leu foi isto:
Segurar um adversário
Segurando um adversário inclui o ato de movimento o impeça de passado ou seja, cerca de usar as mãos, os braços ou o corpo. Árbitros se lembrou de fazer uma intervenção precoce e para lidar firmly a exploração infracções especialmente dentro da área a pena canto chutes livres e chutes. Para lidar com estas situações:
• o árbitro deverá advertir qualquer jogador titular de um adversário antes de a bola está em jogo
• precaução, o jogador se continua a exploração antes de a bola está no campo brincar
• adjudicação de um pontapé livre directo ou pena kick e prudência, o jogador se ele acontece quando a bola está em jogo Se um defensor exploração inicia um atacante fora da área e de sanção ele continua exploração dentro da zona penalidade, o árbitro deverá adjudicar um pontapé penalidade.
Sanções disciplinares
• Uma cautela para unsporting comportamento deve ser emitido quando um jogador detém um adversário para evitar que ele ganha a posse de bola ou a ocupar uma posição vantajosa
• Um jogador deve ser enviado ao largo se ele nega uma evidente objetivo de pontuar oportunidade, segurando um adversário
• Não existem quaisquer outras medidas disciplinares devem ser tomadas em outras situações de organizando um adversário
Reinicie de jogo
• pontapé livre directo a partir da posição onde o crime ocorreu (cf. Lei 13 - posição do Free Kick) ou um pontapé penalidade se a infracção ocorreram no interior da área pena.
Creio que o reputado cronista pode (ou seja, eu só afirmo aqui uma possibilidade - e, já agora, uma autorização) tender a basear análises e analogias - e, quem sabe, outras coisas - em documentos deste jaez, o que é bem triste, a ser o caso. E relativamente desengraçado.

26.8.08

Um lustro

A dona disto foi de férias e o faxineiro (eu, que - lá por isso - também veraneio) esqueceu-se.
Contudo, a verdade é esta: este blog fez cinco anos no passado dia 24 de Agosto.
Nada que motive festejos especiais, até porque já se esfumou o tempo dos festejos e, não tarda, temos mas é aí as vindimas. E o São Martinho. E o Natal. E os Jogos Olímpicos de Londres. E outro Papa. E assim.
No entanto, isto é verdade. Fizemos cinco anos. Bem sei que o número de visitas que conseguimos, neste primeiro lustro de existência, é irrelevante. Reconheço que não fomos ungidos com nenhum caralho de nenhum link do Abrupto (link indisponível). O Pedro Mexia, que possui um blog assim mais ou menos ao mesmo nível deste do ponto de vista conceptual (basicamente, anda ali a ver se consegue disfarçar a vontade que tem de dizer caralhadas em cada escrito e, como geralmente consegue, disfarça bem; mas aquilo é estranho), ignora-nos de forma olímpica. Penso que se trata ali de "invidia". Ou daquele síndromo um bocadinho menos complicado que é o "quem é que são aqueles tipos?, esse blogame-coiso existe mesmo?, ide gozar a tia".
Por falar nisso, La Rititi, que anda agora num frenesim de medir a cintura de seis em seis horas, a ver se consegue reenfiar-se na saia travada que comprou em 1973, também só nos visita quando não está a dar de mamar: nunca. O mesmo se passa (salvo seja, valha-nos Deus) com o Francisco (mas isso eu sei porque é, é que não há praticamente gajo nenhum que tenha frequentado o Liceu de Chaves que me perdoe o facto de eu não ter frequentado o Liceu de Chaves), com o João Tunes, os manos Dupont et Dupond (onde andarão estes?), o Altino e o JPT (que, se eu fosse capaz de despertar emoções profundas sem ser à minha mãe, me odiaria pela mesma insuficiência que eu também lhe detecto: não o entendo, bastas vezes, mas neste caso tenho a certeza que a virtude é dele). E com o Senhor Luís, esse barbeiro pré-socrático.
E que dizer da Bomba Inteligente? Uma criatura que nunca nos citou sem ser a pedido meu, não raras vezes de bruços, o rosto na lama? É por essas e por outras que não lhe mudámos ainda o endereço nas páginas amarelas, tem de sofrer - e seguramente sofre, vê-se isso pelas fotografias que tem publicado, sempre coisas em que se pressente uma angústia quase brutal, a gente vai lá ler aquilo e percebe que, em cada texto que publica, o que lhe apetecia escrever era "e a malta do blogame mucho?, que chatice, eu bem sei que fazem cinco anos, sim, mas desta vez népias, eles que corrijam o meu endereço, ora bolas, mas que é chato, é, ando aqui em ânsias de os linkar, sobretudo ao besugo, aquilo é um talento, que chatice, moeda romana".
"Ou grega!", retorquiria Anabela Mota Ribeiro, se ainda se metesse nisto - ou no absinto.
E o Miguel do "Tempo dos Assassinos"? Nós bem sabemos que agora tem outro blog e até sabemos qual é, mas enquanto não parir um escrito em que, explicitamente, diga "ó chumos, eu agora estou aqui e isto é só convosco, vinde cá!", uma coisa pessoal e extremamente rendosa para nós em termos de visitas, também vamos lá à volta, obrigadinho.
O caso Blasfémias é um caso à parte. Reconheço que nem sempre fui agradável com o CAA e que, uma vez, afirmei ser o João Miranda ... hum... algumas coisas. Nada disso, porém justifica a completa ausência de citações a que esse blog alternativo (sim, que eu ainda me lembro do tempo em que iam acabar as noites para o "Pink", há coisas que, de facto, se me não apagam da memória - por enquanto) nos votou. Escrevi, mesmo, alguns textos que, logo que os publiquei, pensei: "Bolas, isto que eu escrevi, catano, amanhã está aqui a Helena Matos a reconhecer que sinceramente, isto aqui é aquilo que eu tenho andado a pensar escrever desde que praticava caligrafia no word, dasse!, mas não, nunca aconteceu (a menos que a Lolita me subtraia alguns e-mails elogiosos, o que é possível, embora aos que aparecem a insultar-me mos mostre todos, ou, se me esconde alguns, então valha-me Deus...).
E o maradona? Bom, deste nem falo. É o caso típico do blog que, tirando certas merdas, odeio profundamente. Um tipo que consegue assistir aos Jogos Olímpicos de madrugada, fazer de conta que lê livros complicados ao lusco-fusco, fotografar pássaros, estabelecer comparações valorativas entre medalhas confeccionadas de vários metais, fingir que percebe de desporto - coisa que, com indivíduos como o aka (eu, aqui, não possuo o link, de maneira que pronto), funciona relativamente bem -, pegar-se com duzentos e dezoito indivíduos ao mesmo tempo (e já nem falo da Fernanda Câncio nem nada) e distribuir mais fruta que a que recebe (excepto da Fernanda Câncio, mas o maradona é altruísta, lá está, ou isso ou outra coisa árabe qualquer) e que não é capaz de, entre duas dentadas numa sandes de "ingredientes", vir dizer "OK, ó malta do blogame mucho, também já estais a ficar vetustos, parabéns, olhai, e ó besugo, por falar nisso, ainda a endireitas?, isto por falar agora em barras de ferro um poucachinho torcidas mas muito rijas...", é profundamente lamentável.
Poderia falar, ainda no Altino. E, como poderia, falo. Fui lá ver se se tinha lembrado desta data de ribomba, mas também não. Além disso, o Altino transformou-se numa espécie de Lolita em versão lampiona: ou o Benfica ganha ao Sporting, ou recolhe-se ao Tom Waits. Isto paga-se em longos meses de silêncio escutativo do velho Tom.
O Boticário, esse, devia penitenciar-se longa e largamente pela sua falta de atenção. Não, isto tem de ser dito. Trata-se ali dum blog que, sem os ensinamentos do blogame mucho - verdadeira estrela polar para desnorteados - nunca teria entrado nos eixos. E agora que fez ele? Por acaso veio dizer "ena, esta malta fez cinco anos e eu só não escrevo mais agora porque vou ali comprar foguetes?". Não. Limitou-se a dizer que foi a São Torpes e (bem feita!) a ter de aturar comentários imbecis escritos por analfabetos funcionais. Tudo se paga, nesta vida.
E o Dragoscópio? Para começar, e eu agora vou tentar dar um exemplo de como o tipo escreve, embora sem o mesmo requinte, aliás, requintes, quem os tinha, dizem, era Torquemada - mas eu acho que não, questiono mesmo a existência desse torcionário porque me parece que não passou dum torcedor, isto no sentido de ser mesmo ele a bestiúncula que torcia os dedos dos infelizes que, com a conivência - reparem que utilizei aqui uma fusão de palavras que proporcionam um efeito vagamente repudiável por causa das três primeiras letras e, sobretudo, da quarta, que parece pressupor uma espécie de iteração que, depois, não acontece - do arquitecto Caguinchas, isto duma forma clara e ofendidamente dita, para começar, dizia eu, também não só nos não cita texto nenhum, como nos inclui num espaço translúcido e praticamente ilegível que ele acha que é a sua lista de endereços, o que é bizantino. Para acabar, basta berrar que estamos ofendidos, o que é lídimo.
Há muitos mais. Os restantes também estão quase todos na lista que mantemos à direita, profundamente desactualizada (aliás, a Carla Bruni já anda ali a meter nojo há mais de seis meses, no caralho da playlist que a Lolita ia actualizar todas as semanas, sim, sim, coração, todas as semanas?, pega lá seis meses!).
De maneira que eu, portanto, é só razões de queixa. Considerai-vos punidos, que a queixa - e olhai que eu sei do que vos falo - pode ser a pior das punições, e ide em paz.
Para o ano, mais cuidadinho, vós todos.
Eu agora tenho de ir porque já não dá para escrever mais nada aqui, que a patroa instalou-me um "palavrómetro" e pago multa sempre que ultrapasso um determinado número de letras por texto, tenho vários em tribunal e muitos deles nem os considero textos, quem diz muitos deles diz cerca de todos.

Teorema de Cartaxana (2)

Se o International Board (e o Conselho de Arbitragem) acabarem mesmo por adoptar o Teorema de Cartaxana - e é fácil, basta Rui Cartaxana demonstrá-lo e Deus é testemunha de quão facilmente ele o fará, em lho pedindo - tenho a impressão que o Bruno Alves já anda a treinar um lance defensivo para aplicar ao Pablo Aimar, no caso de o argentino começar a armar-se em "Danger Man".
Estou mesmo a ver.
Vai o Aimar a entrar na grande área do Porto, ligeiramente descaído para a esquerda; está já, mesmo, dentro dela e a armar o pontapé com que tenciona empatar a partida.
O Bruno Alves, que tinha estado ali em fase de observação atenta, larga o estado de "prontidão" e desfere semelhante empurrão (isto pelas costas, para ser mais "tecnico-táctico"), a mãos ambas, no desgraçado ex-valenciano, que o projecta para uma área situada, digamos, entre a sexta e a oitava fila da bancada dos NoNameBoys, onde acaba por aterrar de forma precária.
Entretanto, o último toque na bola foi dado pelo Aimar, para simplificar a jogada, e o esférico sai pela linha final uns nanossegundos antes da conclusão da falta, que é quando ela deve ser assinalada, ou seja, a bola sai do campo ligeiramente antes da entrada em contacto de Aimar com o grupo de escuteiros do Benfica. Antes da falta, portanto.
Penalti?
Nada disso.
Pontapé de baliza.
E, vá lá, cartão amarelo para o Bruno Alves por comportamento incorrecto (empurrão a um adversário com a bola já fora do terreno de jogo; sim, já fora, eu sei que há teoremas complicados, este do Cartaxana mete o de Carnot e o de Pitágoras no mesmo bolsinho, mas vejam lá isso bem: já fora, sim).

Teorema de Cartaxana


O Sr. Rui Cartaxana, para além de me ensinar o nome do "bandeirinha" que, a partir de sábado passado, seguirei com muita atenção, até para verificar se o atleta é apenas deficitário das vistas ou se padece de patologia mais conotada com, enfim, com outro tipo de órgãos - chama-se Luís Ramos, registei -, tece, no Record, um pequeno número de considerações de carácter normativo, logo seguidas duma conclusão original e veemente, sendo esta, basicamente, que se lhe afigura que "contra o coro de críticas, protestos e até ameaças que começaram em Paulo Bento e se espalharam em rede por comentadores encartados, ex-árbitros-comentadores e outros especialistas, o penálti assinalado pelo juiz-auxiliar Luís Ramos, que o árbitro Paulo Baptista confirmou, foi bem assinalado".

Ora, este é o tipo de conclusão que, mesmo que proviesse - por exemplo - do Luis Delgado, mereceria, ao menos, uma análise descuidada. Agora, quando o emissor se chama Rui Cartaxana, que, apesar de ainda não ser uma figura de proa da wikipedia (ainda não existe lá, por exemplo, uma biografia dele, nem nenhum registo bibliográfico, embora eu tenha ido pesquisar e saiba, por exemplo, que escreveu uma coisa chamada "Iniciação ao Jornalismo", editado pela FAOJ, ou seja, trata-se aqui dum homem que gotejou conselhos para os futuros coleguinhas, e talvez isso até ajude a explicar algumas coisas sobre alguns coleguinhas, de facto) qualquer dia - e, a continuar nesta senda, é que nem ginjas - o será, partindo esta espécie de "eureka!, foi grande penalidade e só eu é que vi essa merda!" do senhor cuja fisionomia decidi dar à estampa e que está ali em cima, Rui Cartaxana, caramba!, exige mesmo que se esturriquem os neurónios para nos penetrarmos (salvo seja) dela (da conclusão). E de seus caminhos.

Rui Cartaxana foi desencantar "uma conhecida recomendação do International Board, a que a FIFA deu seguimento" e que, segundo ele, encerra o assunto e, portanto, foi mesmo penalti e embrulhem - diria ele se estivesse, por exemplo, a dissertar numa esplanada.

E prossegue:

"Que diz a tal recomendação? Que os senhores árbitros, perante um jogador defensivo que inicie uma acção faltosa sobre um atacante fora da grande área (por ex., um agarrão), que venha a terminar dentro da grande área, devem assinalar grande penalidade! Precisamente o que aconteceu (o agarrão do texto da recomendação é apenas um exemplo) no jogo de sábado entre o Sporting e o assustador Trofense."

Repare-se na penetrância interpretativa de Rui Cartaxana. É necessário, de facto, um salto qualitativo de envergadura não desprezável para se produzir um raciocínio tão elaborado. Excepto na parte em que Cartaxana, entre parêntesis, provavelmente colocados já depois de lhe ter aflorado a mente qualquer coisa como "deixa lá meter esta frase antes que se veja muito que estou em rota de colisão com a inteligência, que raio de feitio o meu, vamos lá, Rui, tens de entregar o serviço, põe lá, a ver se cola", afirma que "o agarrão do texto da recomendação era apenas um exemplo". Aqui é a parte em que ele tenta "lançar o filete".

Brilhante. Não, a sério. Fantástico.

Ele tem razão, durante pouco tempo mas tem: era, de facto, um exemplo - tanto que é seguido de vírgula e etc. E um exemplo que colhe, se descontarmos o etc.
De facto, se um jogador em acção defensiva (vamos imaginar o Carlos Martins, por exemplo, embora seja difícil; ou o Bruno Alves - mas este imagina-se ainda pior, porque com ele, a breve ilustração do "exemplo de Cartaxana" que estou em vias de concretizar não duraria tanto tempo), ali pela entrada do seu meio campo, tenta interceptar um contra-ataque adversário (por exemplo, do Beira Mar, quando ainda lá estava o Juninho Petrolina) começando por agarrar o subversivo condutor da bola (o Juninho, serve perfeitamente, sim) que, apesar de momentaneamente combalido, prossegue a bom ritmo, saltando-lhe depois para cima e encavalitando-se nele, fazendo Petrolina afrouxar mas, tal o embalo que levava e a vontade de desfeitear o Quim, não o impedindo de prosseguir a jogada. Sempre pendurado no outro atleta, vamos ainda supor que Carlos Martins desata a golpear-lhe os flancos com os calcanhares das chuteiras e a apertar-lhe o pescoço com uma chave de braços, ao mesmo tempo que lhe sussurra sugestões sobre futuras ocupações profissionais da mãe do contra-atacante. Com tudo isto, Petrolina acaba por perder o controlo do esférico e por se derramar na relva, já cerca de 3 metros dentro da área. Ora, neste caso, o "exemplo Cartaxana" é sublime: uma falta que começou a ser praticada cerca de 30 metros atrás, é sancionada, apesar disso, dentro da área. E bem. Tratou-se ali duma "acção continuada" cuja consequência deve ser, para o faltoso, a mais grave possível. Sempre no terreno das hipóteses, Carlos Martins começa a fazer a falta cerca de dez segundos antes, persiste nela, entra na área ainda engalfinhado no pobre Petrolina e este, exausto ou não, estatela-se ali. Penalti. Como ginjas.

Agora, a que outros exemplos se referirá Cartaxana? São insondáveis os desígnios de mentes brilhantes como a de Rui Cartaxana e, mesmo, da UEFA (que é, nesse e noutros aspectos, um cerebrão!). Nunca compreenderemos totalmente as suas conclusões, nem como lá chegaram, embora nos palpite que raciocinam utilizando apenas os neurónios pares e em dias santos de guarda. Porque não precisam de mais, evidentemente.

No recente caso Polga, o defesa do Sporting oferta uma rasteira ao jogador do Trofense (que, aliás, ia armado em parvo rumo ao Rui Patrício e com intenções pouco edificantes) cerca de metro e meio fora da área, acabando o desventurado Zé Carlos por estatelar-se dentro dela. Não foi assim? Foi, bem me parecia.
Vamos a ver se esta coisa que eu agora vou escrever, de maneira singela e tosca, enferma de algum vício, alguma tara, susceptível de chocar de frente com o "Eureka!" de Cartaxana e causar-me problemas:

1 - A falta, do meu ponto de vista mal informado: consistiu, vá lá, numa rasteira do Polga ao Zé Carlos, que ocorreu naquele momento preciso em que uma parte do membro inferior direito do sportinguista toca numa parte dos membros inferiores do trofense, causando-lhe desequilíbrio e certo mal estar, começando e acabando ali. Foi, portanto, ali que ocorreu. Aquela falta ocorreu ali. Não ocorreu no trajecto de cerca de três metros seguintes, foi ali, metro e meio fora da área.

2 - A visão do bandeirinha: parece-me que é má, mas pode ser óptima (o que pode ser, bem vistas as coisas, ainda pior). Se, não sendo má, é, bem pelo contrário, óptima, a coisa pode ter-se passado de duas maneiras:

a) Ou Luís Ramos viu muito bem que a sarrafada ("vamos passar a chamar sarrafada àquela pueril entrada do Polga, que é para ninguém poder vir acusar-nos, depois, de parcialidades e merdas assim" - resolvi eu agora) foi fora da área mas, por motivos que não se prenderam com juízos interpretativos baseados na jurisprudência posterior de Cartaxana, decidiu (como em tempos decidiu, no Funchal, um bandeirinha de José Silvano - por acaso a favor do Benfica, refiro isto por se tratar duma raridade, olha!, beneficiaram o Benfica!, que estranho!) que "tá bem, foi fora, mas agora vais mamar que quem manda sou eu, e eu digo que foi dentro e bem dentro, tungas!".

b) Ou Luís Ramos viu muito bem que a sarrafada (lá está, sarrafada) foi fora da área mas, por motivos que se prenderam com um profundo estudo da "conhecida recomendação do International Board, a que a FIFA deu seguimento", decidiu - na linha de Cartaxana et al - que a falta não tinha terminado ali, metro e meio fora da área, mas prosseguira. E que terminara no local, supõe-se, em que o Zé Carlos caiu.

3 - Conclusão, para abreviarmos: segundo o Teorema de Cartaxana, que rezará, mais ou menos, que "uma falta deve ser marcada no local em que acaba, não tendo importância nenhuma se se tratou dum agarrão continuado e persistente ou duma pantufada instantânea; sendo que deve considerar-se que a falta acaba no local em que a vítima se despenha e, por esse motivo, ser nesse local sancionada; se a falta, nestas perspectivas todas - que o agarrão é só um exemplo, foda-se! -, terminar dentro da área, ora aí está, só não vê quem é estúpido: penalti", dizia eu que diante desta inatacável norma de Cartaxana, eu teria preferido que o Zé Carlos estivesse dentro da área do Sporting, cerca de metro e meio, tentando conduzir o esférico para o seu exterior, derivado ao facto de estar a efectuar um drible, por exemplo, mas bem dentro da área ainda, tendo levado nesse instante a sarrafada do Polga. Aí, começaria a falta, de acordo com Cartaxana. O Zé Carlos, depois, sempre com a falta a continuar - de acordo com Cartaxana e, eventualmente, com Luís Ramos e o International Board-, acabaria por tombar na meia-lua. Ou seja, já fora da grande área.

Seria bem melhor para o Sporting:

a) Teríamos um livre directo à entrada da área, em lugar de sermos penalizados com o castigo máximo.

b) Polga não seria expulso, veria talvez um amarelo, uma vez que o Zé Carlos não estaria a encaminhar-se perigosamente para a nossa baliza, bem pelo contrário, afastava-se dela de forma resoluta quando do início da falta - que, relembre-se, terminou fora da área, com o trambolhão do infeliz dianteiro.


Estou curioso para ver como é que Rui Cartaxana, Luís Ramos e outros eventuais fiéis vão fazer a partir de agora. Se ao peculiar talento que revelam para interpretar recomendações do International Board juntarem a posse duma outra peculiaridade (esta do carácter) que se chama coerência, vai ser divertido.

22.8.08

Pequena crónica de besugo (iniciado de primeira semana)


A praia estava boa e, desde ontem, comecei-a cedo. Gosto assim.
Já encontrei o meu ritmo, depois de meia dúzia de dias à deriva. Espero que se mantenha a nortada, até porque, sem ela, a Póvoa não enrijece as carnes. Nem enrijece nada.
O Bar da Praia, aqui à esquerda, é um lugar simpático para o café da manhã e, depois, ao almoço, para uns petiscos. Podia ter mais petiscos, valha a verdade. A bem dizer, não tem nenhuns. Tem o trivial. Podiam pensar nisso.
Já decorei o sítio dos penedos, de maneira que já sei onde se pode andar à bulha com as ondas, de tarde, sem arriscar traumatismos da cabeça.

Depois de ter levado comigo, para o areal ainda frio e molhado das marés vivas e do cacimbo da véspera, sucessivamente, Luís Sepúlveda e Woody Allen, hoje, já com nortada que me parece firme, comecei Steiner.
Quando digo que comecei Steiner quero dizer isso mesmo: comecei-o eu. E quando afirmo que o comecei apenas hoje também é exacatamente isso que quero afirmar: "apenas" hoje, já com nortada. E não antes.
E comecei-o logo pelo fim, pelos livros que nunca escreveu, os tais que marcham paralelamente aos já escritos, fazendo-lhes hipotética e probabilíssima sombra, dependendo do sol (sendo de dia).

No primeiro "livro", muitas citações, por interposta e leonina pessoa: Needham. Até Max Planck e Goethe ali convivem, na viagem pela cabeça do Joseph, passando por Santa Teresa, Juliana de Norwich e - pasme-se - Santillana. Estranhei a referência ao antigo ponta-de-lança do Real Madrid, mas depois passou-me. Refiro aqui a estranheza apenas para ver se recebo algum e-mail pedagógico a explicar-me que há mais Santillanas que Cristianos Ronaldos e a chamar-me, por exemplo, "elemento básico duma cáfila".

Há contudo, por entre o fio acessório das citações - completamente acessório, aliás -, um discurso fluido e cristalino. Steiner é, realmente, acessível a quem o lê de boa fé. É, aliás, acessível a quem, depois de lê-lo assim, reflecte e desata a extrapolar (ou, mesmo, a disparatar) sobre o que ele escreve: não encaixa dificilmente no que já está dentro da cabeça antes de o termos começado, nem escavaca brutalmente, fracturantemente, nenhuma das construções mentais que já lá tínhamos. Isto é bom, nem eu nem ele esperávamos, seguramente, um do outro, o contrário.

Percebo, contudo, neste Steiner começado apenas hoje - e logo pelo fim (penso que ficou claro que nada tinha lido, de Steiner, até hoje, senão alguns excertos escolhidos por outrem, e não se trata aqui de admitir isto contritamente, sequer, não admito humildades que não sinto, é que nunca me deu para aí, nem sentia, até estas férias, nenhuma vontade especial de "que me desse") - uma dificuldade suplementar, eventualmente aflitiva para "não leigos". Refiro-me às citações, sobretudo. Posso tentar explicar assim: se, para um iniciado, o discurso de Steiner é ágil e facilmente penetrável, mesmo que não se esteja a ver muito bem quem é, por exemplo, Juliana de Norwich, ou Haldane, ou, mesmo, Lysenko (que, pelos vistos, se interessou pela biologia vegetal duma forma praticamente assassina de tão demencial, ou vice-versa), já para quem tem de ler Steiner para o ensinar depois, embora queira lê-lo mesmo, independentemente de ter de o ensinar depois, mas, lá está, acaba por ter de o ler assim - eu, a isto, chamaria "sobreleitura angustiada pelo objectivo secundário dela" - deve ser um relativo suplício.

Reconheço que, se quisesse, ou se pudesse, ou, melhor ainda, se tivesse de o ler assim, não o leria. Ficaria por aqui, pela página 30, farto de consultar o google sobre as muletas de Steiner, encalhado no Lysenko.
Não se lê Steiner assim? É claro que se lê.

Entretanto, tudo isto me distraiu de coisas essenciais. Começando, uma vez mais, pelo fim, o Sporting já começou a ser vítima da onda de furtos que anima o país. Não tendo fixado o nome do bandeirinha que marcou o golo do Trofense, memorizei-lhe a fronha e vou manter-me atento ao seu percurso: para ver se lhe indico um oftalmologista ou se o apelido, definitivamente, de patife.

Prosseguindo, agora e sempre ao acaso, afloro os Jogos Olímpicos - mas, neste momento, apenas para apoiar sem reservas a escolha de Londres para os próximos, derivado ao facto de estar farto de ver, em directo, sobretudo - e quase só - canoagem e saltos para a água (vá lá, o atletismo teve bom horário; mas o andebol, por exemplo, valha-nos Deus). Os Jogos Olímpicos deviam ser, sempre, em países que regulassem bem dos relógios. Sim, mesmo a Suíça, podia ser.

O acidente no aeroporto de Madrid pregou-me um susto duplo. Um, o maior, deveu-se à minha ignorância geográfica: confundi as Canárias com as Baleares e só sosseguei depois de me gastar em mapas. O segundo, menor mas mais duradouro, atribuo-o à minha incapacidade inata para o optimismo, mesmo ciente dessa espécie de empirismo estatístico que ensina que - isto mal comparado - nunca caem duas bombas (nem dois raios) no mesmo lugar; ou que a probabilidade de isso acontecer é muito pequena.

Morreu aqui, no mar, um miúdo. Foi muito triste. Apareceu-lhe o corpo já depois da meia-noite, nos penedos. Muito triste.

Da Volta falo amanhã, ou depois. Mas já tivemos, recentemente, uma pequena amostra do carácter do famigerado e azeiteiro "Càundido". Anda, agora, escondido no Benfica. Ontem não resistiu: foi, uma vez mais, igual a ele próprio. Excrementário. Há quem diga que se trata dum homem com um baixo limiar para "os nervos", um mero e meritório exemplar de "tuga" com o coração ao pé da boca.
Penso que indivíduos assim, com esta anatomia particular, correm o risco de terem sempre um naco de vitela (ou meia dúzia de sardinhas) na circulação - e isto, evidentemente, com avultada possibilidade de embolia - e, também, de vomitarem sangue "podre", porque misturado com os mais variados produtos duma digestão mal feita: mal começada, pior acabada, a digestão.

Gostava de saber como é que se entuba um tipo destes, em caso de necessidade, mas sugiro que se lhe aplique, de preferência e sempre, em caso de dúvida, o colonoscópio. A um tipo destes e ao bandeirinha do Baptista, que eu não me esqueci dessa alheira.

19.8.08

esguichos de besugo

O mar anda bravo.
Aqui em frente, ontem, lambeu a estrada, quase, chegou ao muro. Hoje nem tanto.
Dantes, no meu tempo, as marés vivas eram mais para o fim do mês. Lembro-me bem disso.
Comentei isso com o meu mais velho e ele informou-me: "olha que no telejornal disseram que há marés vivas mesmo no Algarve, por isso não estranhes...".
Mirei-o, ele nem estava a olhar para mim, estava naquilo do namoro por éssèmièsses.
E perguntei-lhe "que queres tu dizer com isso?, eu também vi, houve marés vivas no Alvor, e isso... mas que tem uma coisa que ver com a outra?".
Eles vêem muitos filmes e têm lata: "pois, pai, isto é o aquecimento global, as calotes, aquilo da água doce a derreter em água salgada, tu já viste o frio que está à sombra e o calor estranho que está ao sol?, olha, vamos rever O dia depois de amanhã?". Olhou para mim, nesta parte final, interrogativo.
Fiquei calado uns segundos. Depois arrisquei: "eu só disse que, no meu tempo, as marés vivas eram mais para o fim do mês...".

18.8.08

Gosto disto

17.8.08

O mar nas adenóides

Estou na Póvoa. Melhor dizendo, em A-Ver-O-Mar.
Cheira a mar aqui, está a trinta metros de mim.
Caramba, isto há dez anos era um descampado, agora já não, andam ali em baixo, na rua, onde não passam carros, quatro maduros a fazer corridas de bicicletas esquisitas, de 3 rodas. E passam moças roliças e magras.
Está muita humidade.
Podem dizer-me que cheira mas é a salmonellas, mas eu amanhã tiro a prova, cheguei só hoje, hoje é a mar que me cheira.
Amanhã, eu, de xampô, chinelas e calções, às oito e meia da manhã, tenciono lavar-me no mar vazio e gelado que me viu crescer (e que, se estiver tão gelado como costumava estar há muitos anos, me há-de ver minguar das partes, como nesse tempo também acontecia, sempre saí do mar da Póvoa com a impressão de que tinha lá deixado qualquer coisa, mas não, depois normalizava sempre, vamos ver se ainda é assim). Se me der a desinteria, a autarquia está lixada: processo-os. É que está bandeira verde e eu sigo sempre as regras. Bandeira verde é à Lagardère.
Sigo regras, sim. Por exemplo, neste blogue não se diz caralho, já sabem.
É uma regra, bandeira amarela.
Entretanto, como é costume, o Sporting ganhou a Supertaça. E ao cliente do costume. Mas continuo a dizer: tem um futebol muito esquisto, o Sporting. Muito alternativo. Mas pronto, esta já está. Foi ganha na base do "bola para a frente e fé em Deus", mas Deus permita que nos baste a sua fé nele para ganharmos ao Trofense e ao Benfica.
Dos Jogos Olímpicos falo amanhã ou depois. Também vi a final dos 100 m, sobejamente descrita, e é impressionante aquele jamaicano que não me lembra agora o nome mas que hei-de decorar: acabou a prova como se montasse um cavalo e cortasse a meta a fazê-lo "ladear".
Comecei só hoje a ver os Jogos, aliás. Cuido ter chegado a tempo de ainda os ver.
Entretanto, amanhã, fecha a feira do livro, disse-me a minha Mãe. Tenho de lá ir abastecer-me, da Régua só trouxe "oncologias". Preciso de dois ou três livros diferentes. Mais digeridos, mais mastigados, menos doridos. A ver se os compro.
Está-se bem aqui. Bastava o título para vos explicar e, por agora, tem de bastar a explicação do título, desde que tenham lido aquele livro antigo, da Verbo, em que se falava do Boyd Adenoyd, que andava sempre a snifar efedrina. Não me lembra agora o nome do livro, também não admira, li-o há 30 anos.
A este mar conheço-o há 47 anos. É quase meu.

16.8.08

esguichar de novo o velho (uma nova rubrica de besugo sobre reciclagem)

Aqueles tipos que põem música nas discotecas e danceterias chamam-se várias coisas, de Zed Pointer a Bermuda Gin, passando por Jahmal Laevolac. Eventualmente.
Não sei os nomes deles, sei que são uma caganeira. E que, se formassem um sindicato, seria o sindicato dos D.J. Isto lê-se "didjei".
Eu não sabia, mas aprendi hoje: nunca se pede a um "didjei" para pôr uma música qualquer que nos apeteça ouvir. Um "didjei" é um "criativo", não admite intromissões na sua arte de criar misturas do que os outros já fizeram.
Um "didjei" põe aquilo que lhe dá na telha, é um artista do "mix", da miscelânea, do "e o resto que se foda". O "didjei" é uma importante inutilidade. Um "reformatador". Um "re-marceneiro" tosco de madeirame alheio.
Eu não sabia.
Pensava que os tipos não tinham essa importância toda, que eram uma espécie de indigentes que se colocavam a botar música porque, desde sempre, desde os bailaricos de liceu, havia sempre aqueles tipos que ficavam de serviço ao gira-discos, porque as gajas não queriam dançar com eles e, já agora, em lugar de irem beber cervejas e emborrachar-se (e, depois, virem estorvar), tornavam-se úteis.
Mas estes têm mais importância. Pelos vistos.
Muitos parabéns. A sério.
Gosto cada vez mais de chulos: sabendo quem são os chulos acabamos por conhecer o putedo todo. De acordo com algumas abróteas que ouvi hoje, conhecer um "didjei" pode ter o mesmo efeito. A maior parte dos gajos e das gajas que vão aos "botequins" não vão para se misturarem nos seus suores e nos seus sorrisos "de quem vai junto". Não. Vão ver e ouvir o "didjei" e cheirar a catinga do "didjei".
O "didjei" é o "vai mas é mudar os discos e fica lá!" do meu tempo. Com uma diferença: em vez de nos deixar esquecermo-nos dele para nos concentrarmos em nós, não admite passar despercebido. Gosta que acreditemos que sem ele não há festa. É um intermediário da sonoridade, mas cuida-se "O DONO DO SOM".
Não é. É perfeitamente dispensável. Claro, como qualquer intermediário das emoções dos outros, ganirá que não é assim. Olha logo quem, um "mixer de ganidos" a ganir da sua utilidade e do seu talento!
Mas é. É dispensável. Lixeira electrotécnica.
E fará sempre menos falta (e aqui nem sequer admito discussão) que qualquer par de namorados que se beije até à xerostomia, mesmo sem música nenhuma: só com aquele som húmido da saliva mútua enquanto não seca.

15.8.08

Sim

Tenho escrito e, depois, apagado alguns textos.
Tenho-me é calado muito. É isso.
Mas, a partir de hoje, nem que seja para mal dos meus pecados, ficam os escritos todos ao léu.
Se eu apagar mais algum, podem chamar-me nomes.
Sim, podem.
Mais nomes ainda, sim.

para que não conste

Espreitei os minutos finais do Braga - Equipa Qualquer da Bósnia. Estavam a jogar, ainda, o Alan e o Leandro Lima (1). Pelo Braga.
Ficou 1-0, o Linz nem sequer é titular da Áustria, não admira. É titular do Braga, mas é fajuto: fogo fátuo de mãozinha e medo. Eu, isto, nem retenho. Não vale mais do que o que vale, o Linz.
Mas retenho isto: "o que se emprestou ao Guimarães empresta-se agora ao Braga. É tudo Minho e quem não se sente...não é portista, às tantas".
Nem sportinguista.
Eu fazia o mesmo que fez o Pinto da Costa, "ai é?, então agora sais daí ,ó Alan, e vais para ali".
Fazia.
Fazia mesmo.
(1) Afinal não era o Leandro Lima, era outro tipo qualquer.

ordens do cimo

Tenho trabalhado como um burro. E, provavelmente, com a mesma eficácia: espero que sim.
Há festa no Peso. Não vou conseguir descansar, as festas no Peso são feitas dum barulho especial, eu devia era estar mas era lá, a bater em testos de panelas, como eles, "é o Peso, é o Peso!", e a assistir ao gozo do Quim Barreiros. Gosto dele, sem o conhecer, aliás: parece-me um tipo simpático, emprestava-lhe o carro. Mas preferia que ele me desse o dele.
Mas está muito barulho, muita bulha. Há sempre facadas em ventres, nestas festas do Peso. Há facadas no ventre em todas as festas, sobretudo nas festas requintadas, mesmo nas que são muito diferentes desta do Peso, embora a faca raras vezes se veja, nessas ocasiões "fora do Peso": nessas, a naifa está enrolada na língua do faquista e não reluz, só ensanguenta a alma.
A Marta vai-se, isso é seguro. Que se vá em paz, na paz de ir-se "de bem", porque nunca se saberá mais que quase nada sobre a paz do fim. Sabe-se quando é o fim, mas não se sabe como se atravessa a meta da morte, a meta que não dá direito a medalha nenhuma, nem sequer de bronze.
Não ganhámos, ainda, nenhuma medalha. Lá na China. Pode ser que não ganhemos nenhuma, mesmo. Seria bom. Demonstraria isso que, nem Naide Gomes, nem Obikwelu - escreve-se assim, o nome do trintão? - nem Évora, esse benfiquista de pernas finas, nem mais nenhum dos nossos desportistas de elite, nenhum deles, por muito que fosse "porreiro, pá! diz tu também porreiro, ó hiato!", vale mais do que a sua presença. E a presença deles é porreira, pá! Bateram-se records nacionais na natação. Porreiro, pá, faz de conta que aquela merda é o campeonato nacional de natação, pá!
Resta a filha do Lau. Essa vai lá.
Não. Isto não me interessa nada. Oxalá lhes corra bem. Por eles.
Entretanto, Carlos Queirós regressou à FPF. Espero que tenham limpo a porcaria que o ex-treinador adjunto do Manchester United detectou, na sua última passagem por lá, pela FPF. Foi a seguir a um jogo em que lerpámos (como sempre) com a Itália. É sabido que quando dissertou sobre "porcaria", Carlos não podia estar a referir-se a Scolari: nem sequer estava lá perto, o odiado brasileiro.
Aliás, o curriculum de Carlos (fora as questões de aproveitar Figos, Pintos e Ruis Costas em selecções jovens) é impressionante.
Conseguiu levar 6-3 do Benfica, em Alvalade, quando treinava o Sporting de Figo, Balakov e Juskoviak. Ainda hoje essa merda me não passa pelo piloro sem me fazer azia baixa.
Conseguiu treinar o Real Madrid e fazer o mesmo que Del Bosque: ir à vida adjunta.
Conseguiu saltaricar à volta de Ferguson, no United, fazendo contas e tratando de papelada.
Conseguiu fazer contas e tratar da papelada na selecção dos EUA, também, mesmo sendo discutível que essas contas e essa papelada tenham melhorado a selecção dos EUA e, mesmo, o "soccer lá deles".
Para já, retenham estas duas ideias: está muito barulho - viva o Peso, pronto! - e eu já não estou em idade de vir a gostar de quem já nao gosto. Nem de barulhentos, nem de "vultos".
Da Marta gosto, mas não me adianta nada essa merda, já lhe disse adeus e vai ser adeus mesmo, nunca mais a vejo, está muito mal, mal demais para esperar por mim dois dias, quanto mais quinze.

13.8.08

Para não deixar que o vazio se esvazie mais

Amanhã, falta só amanhã, depois talvez ainda falte uma passagem - breve - pelo hospital, na sexta-feira, isto se tudo correr bem.
E, depois, férias. Quinze dias.
Isto tem andado amarelado.
Este blogue feneceu - em dia ainda por determinar - e foi-se, determinadamente. Por exaustão.
A exaustão é amarela. Não é? É.
Dizem-nos "andas um bocadinho amarelo, desculpa que te diga" e respondemos sempre "é que ando cansado, exausto, e desculpa não te desculpar que mo digas". E vamos ver se estamos amarelos, no espelho. Num susto.
A exaustão estende-se, pega-se. E é determinante.
E determinada.
Entretanto, o Guimarães empatou com o Basileia e demonstrou que, com "massa associativa especial de corrida" e tudo (a massa associativa "especial de corrida" do Guimarães é como as outras todas, mas criou-se ali uma espécie de "maravilha minhota de empolgamento", à volta do Guimarães, que não existe fora do contexto de bairro nacional; aquilo não é nada, é só berros de vilanagem, eles só querem que o clube esteja na primeira divisão, ficam um bocado chateados se não eliminarem os suíços, "está bem, já agora marchavam", mas pouco mais que isso, antes querem ganhar ao Sporting, ainda vão aí), não tem lugar na Liga dos Campeões. Não jogaram nada, nada mesmo; e o Basileia andou ali a fazer horas para as papas de sarrabulho da segunda mão.
Pode ser que calhe, o Guimarães passar, se o Guimarães tiver sorte - ou se eu tiver visto mal a parte do jogo que vi -, mas só se for assim é que, se calhar, calha.
Entretanto, na Geórgia, as coisas vão como de costume.
Por cá, também.
Tambemkarashvilli.
Talvez escreva mais nas férias, mas isto é só uma ameaça. Não se preocupem, não se matem já. O mais provável é que se cumpra aquele parágrafo sobre as variantes da determinação, ou da falta dela. Estou um bocado farto disto, aliás como os senhores: os senhores nem sequer vão ler textos antigos, tantos que há aqui nos arquivos, excelentes, eu é que agora não me lembro de nenhum assim excelente, senão punha aqui um "linque". O mais provável é que vos dê férias duradoiras, mesmo.
Acrescento que pouco ou nada tenho podido ver dos Jogos Olímpicos. Começam muito tarde e acabam muito cedo: deve ser por andarem a nadar muito depressa, aquilo do Phelps, e por ser na China, país que é uma espécie de Benfica, tem gente a mais para se gostar daquilo.
Mais? Por hoje mais nada, era só isto.

10.8.08

Ou ainda antes de amanhã. Ou nem vejo.


Lembram-se da pequena história do homem que era meu amigo e amigo do meu pai e que preferiu morrer do que perder uma perna, uma das que tinha? Não? Está para aí, arquivada.
Agora é a irmã dele que está a morrer. No caso dela o problema é na cabeça, está também fodida, ela, mas mais ainda que ele, porque, no caso dele, tinha de se recorrer à guilhotina para membros inferiores e ela, como sofre da cabeça, enfim, seria uma espécie de operação à vida feita pelo pescoço, "com consentimento informado facultado pela suicida ao homicida". Sim, pode haver cenários assim, na vida e no fim dela: ella se mató pero lo que pasa es que la matáran ellos.
La Feria, essa criatura feita duma rouquidão fininha e duma prótese visual atartarugada, não os conhece, a cenários destes; e duvido mesmo, agora a sério, que os hiatos que tendem a rodear La Feria se interessassem, sequer, por eles, por estes cenários roxos e cinzentos que vos narro, vos marro, marrão que fui.
Cavhiatos, Cavaquhiatos, Cavaquinhiatos.
Basta.

8.8.08

Encher o vazio


Hoje estavam lá dois, deitados, ambos relativamente bem dispostos, a olharem para o mini-plasma que agora lá temos, um em cada enfermaria, dependurado da parede contrária à cabeceira. Ou seja, à esquerda da imagem: não se vê. Conforme não se vêem eles: não estavam lá.
Tinham estado entretidos com os Jogos Olímpicos, em relativa paz. Presumo. Mas, a dada altura, começou uma notícia qualquer sobre o Benfica e a atmosfera toldou-se. "Hooliganizou-se". Um, portista doente (doente, sim, de facto), disse-me "olhe, já que está aí de pé, mude isso de canal!", mas mesmo incomodado. O outro, mais velho, benfiquista doente, pelos vistos (e doente também, sim), rosnou logo que "nem pense, deixe estar aí, o Benfica é o número um!".
Dei alta a um deles meia hora depois.
É preferível vê-los na consulta, porque vêm sozinhos e não têm de aturar-se juntos, embora eu até talvez preferisse aturá-los assim, aos pares. Vou pensar nisto.
Talvez um dia seja possível, até, que este longo caminho que se percorreu desde "as enfermarias corridas de dezasseis camas" até às "excelentes enfermarias de duas camas", como agora temos, se complete: eis os quartos individuais. Privacidade, essas coisas pequenas.
No entanto devo dizer, por ser verdade, que mesmo que houvesse já esta modernice do quarto individual no serviço público, daria alta, na mesma, ao mesmo tipo.
E pelos mesmos motivos.

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