blog caliente.

8.8.08

Encher o vazio


Hoje estavam lá dois, deitados, ambos relativamente bem dispostos, a olharem para o mini-plasma que agora lá temos, um em cada enfermaria, dependurado da parede contrária à cabeceira. Ou seja, à esquerda da imagem: não se vê. Conforme não se vêem eles: não estavam lá.
Tinham estado entretidos com os Jogos Olímpicos, em relativa paz. Presumo. Mas, a dada altura, começou uma notícia qualquer sobre o Benfica e a atmosfera toldou-se. "Hooliganizou-se". Um, portista doente (doente, sim, de facto), disse-me "olhe, já que está aí de pé, mude isso de canal!", mas mesmo incomodado. O outro, mais velho, benfiquista doente, pelos vistos (e doente também, sim), rosnou logo que "nem pense, deixe estar aí, o Benfica é o número um!".
Dei alta a um deles meia hora depois.
É preferível vê-los na consulta, porque vêm sozinhos e não têm de aturar-se juntos, embora eu até talvez preferisse aturá-los assim, aos pares. Vou pensar nisto.
Talvez um dia seja possível, até, que este longo caminho que se percorreu desde "as enfermarias corridas de dezasseis camas" até às "excelentes enfermarias de duas camas", como agora temos, se complete: eis os quartos individuais. Privacidade, essas coisas pequenas.
No entanto devo dizer, por ser verdade, que mesmo que houvesse já esta modernice do quarto individual no serviço público, daria alta, na mesma, ao mesmo tipo.
E pelos mesmos motivos.

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