Espanha - Alemanha
Quando eu ainda era menino e aprendia com quem me ensinasse o que quer que fosse - e não apenas com quem quisesse ensinar-me por me ler nos olhos a mera sede de ainda ter para aprender - ele já era vetusto; e tinha a idade que eu tenho agora; e, agora, há já outros meninos a aprender; e as meninas a saltar.
Ele era o Diamantino e era o meu chefe em Gaia. E era um boi, que me deixou sozinho logo na segunda urgência. E eu até lhe disse "olhe que está aqui um enfarte, foda-se!", e ele "trate disso que vou almoçar".
E era terno e era boa pessoa; embora eu agora tenha a idade que ele tinha - e acaba em sete - e me suceda pensar, às vezes, como ele pensaria, que sou ainda novo.
Uma sexta-feira levou-nos à praia do Molhe e almoçámos lá todos, coisas esquisitas e, depois, bebemos alguns gins que nos souberam a água tónica; e ele pagou-nos tudo e estávamos ali bem, com o chefe a falar de tudo o que lhe apeteceu e nós de tudo o que nos deu vontade.
Irmãos de calma.
Depois devolveu-nos ao Monte da Virgem e deixou-nos lá.
A mim disse-me para ver a Maria das Dores, que estava mal; e que já lhe tinha parecido de manhã que estava assim. Não sei o que disse aos outros, mas ainda nos demorámos por ali, entre camas e doentes, a fazer o que nos competia, antes de anoitecer em nós aquela calma que já não há agora, porque já não pode havê-la. Demorámo-nos porque ele, que nos levara ao Molhe, assim o achara e determinara. E, acima de tudo, porque assim se nos confiara.
Faz-se assim a vida.
Depois, um dia, acaba.
Vai ser uma final má, entre gnomos empenhados e grotescas criaturas. Que ganhem os piores.
Pelo sim pelo não, vou tentar ver sem som: estou farto de Carlos Manuéis a explicar que o futebol perigoso se joga "entre-linhas". Parece que a bola é um jogo para se jogar em papel almaço e sem pisar as riscas.
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