O defeso ao ataque
Não conheço Bernardo Vasconcelos. Só de nome e de reputação: ambos bons, que eu saiba.
Mas sei que, antes de ser médico do Benfica, foi atleta do clube. No andebol. E bom, era mesmo assíduo da selecção nacional do seu tempo. Cuido que um seu irmão também. Bernardo Vasconcelos não chegou ao Benfica, portanto, nem a vender pneus nem a especular. Nem no Benfica ficou, enquanto lá esteve, por ser empresário, ou negreiro. Era médico. Nem a votos foi, não foi preciso: já era de lá. Ficou no Benfica muitos anos.
Há pessoas que, sabendo ainda menos que isto sobre Bernardo Vasconcelos,
já lhe atiram as pedras que, agora, Pedro (Mantorras) apanhou do chão, com a ajuda daquele jornalista balofito que ainda não percebeu que não tem, nem nunca teve, nem idade nem aspecto para se pentear daquela maneira estilizada que o faz parecer uma abóbora encarnada e de patilhas. Sim, refiro-me ao mais recente "biógrafo" da futebolândia nacional, o emotivo José Quaresma.
Se Bernardo Vasconcelos ficar calado perante
isto que estão a fazer-lhe, não tirarei nenhuma conclusão que contrarie o meu primeiro parágrafo. O meu primeiro parágrafo são factos. Até porque pode ser que Bernardo Vasconcelos tenha de ficar calado, mesmo. Não sei, é uma possibilidade. Seria pena, por todas as razões. Mas também pode ser que tenha outros motivos para manter silêncio, daqueles ponderosos, duns que sejam mais nobres do que pensam os seus enxovalhadores de agora.
Mas eu gostava que Bernardo Vasconcelos pudesse foder esta gente que, agora, babada do gozo de se poder reler em letra de imprensa, se sente tão segura de si e das suas certezas que chega a meter nojo.
Oxalá possa fazê-lo. Por inúmeras razões que não me apetece dizer agora, mas queira Deus que sim.
Coisas que estimulam
Gosto
destes estudos. Fazem-me ficar sério. Concluem coisas importantes.
Ainda um dia hei-de fazer um estudo em que provarei que colocar um pneu à volta da cabeça dum tipo - a quem já foram ministradas várias sacholadas, para ele jazer -, incendiando o pneu a seguir, parecerá, inequivocamente, segundo o meu estudo - que publicarei - ser nocivo para o laureado.
O defeso de besugo, parte incerta
É por estas e por outras que nem o Santa Clara, nem o Lusitânia, nem o Praiense, nem o Operário, nem o União, nem o Flamengos, nem o Madalena, saem da cepa torta.
Esguichos de besugo
A França e a Europa compraram, ao maluco assassino da Líbia, seis vidas. Cinco búlgaras e um semi-búlgaro.
Uma vida salva nunca fica cara demais.
Seis vidas, enfim, é na mesma.
Os salvadores dessas seis vidas e os seus arautos exibiram hoje, ao mundo, faces hílares de contentamento. Podem fazê-lo. Alguns podem mesmo, não estou a reinar.
Contudo, hoje pode-se quase tudo.
Uma vida que se salva vale, apenas, pela vida que se salva. Que se resgata. O resto é sempre outra conversa. Mesmo a questão do mérito, que a meritocracia não passa da aplicação generalista da subjectividade do julgamento do julgador do mérito ao suposto merecedor do mérito, é outra conversa.
Seis vidas salvas, são seis vidas salvas. A maneira como foram salvas é uma conversa diferente. Podem mesmo ser seis conversas diferentes, legitimadas apenas no facto (seis factos, aliás) de se terem salvo seis vidas de maneira negociada em lugar de ser doutra maneira.
Tuatara Spehnodon punctatus
O
maradona insultou-me de forma gratuita quando afirmou que eu não percebia nada da bola.
Eu percebo muito da bola e, sobretudo, percebo muitíssimo mais da bola do que ele, como se prova todos os dias e se provará pelo tempo afora, sobretudo com os seguintes
e-mails que já recebi:
De
Alex Ferguson, sir:"Caro besugo: dizer-lhe que percebe muito mais da bola do que o maradona é chover no molhado, is to rain in the wet. Continue, go on, I'm very fond of chewing gum and have red wine, basta watch my mouth and my purple nose to see that, mas go on, go on, lad."De
Paulo Bento, mister:"... de maneira que o gajo não sabe nada da bola, é quase como eu! Tu continua mas é a mandar-me as tácticas, besugo e, já agora, sugere-me uma para amanhã, com o Lille; as do gajo já rasguei".De
Joe Berardo, coleccionista de OPAs:"bezíug, tiú tãs razêam".De
José Mourinho, monomaníaco:"...leio sempre as suas crónicas sobre futebol no blogame mucho e, embora me esteja a cagar para elas, como para praticamente tudo que não seja eu a fazer, reconheço que são crónicas de perito, enfim, dentro do género".De
Miguel Sousa Tavares, berbere:"Foda-se, besugo, comparar o teu conhecimento enciclopédico sobre a bola com o dum gajo que diz que a Cidade e as Serras é um bom livro, quando não passa duma salgalhada urbano-rupestre? Isto só pode ser uma piada e, aliás, eu só não comento sobre isto na TVI porque, por acaso, estou sempre chataeado com uma merda qualquer e isso fode-me".De Francisco José Viegas, hooligan:"... não vejo muitas pessoas com tanto conhecimento sobre a bola como tu, besugo; e o maradona não é, seguramente, uma dessas pessoas. Em Portugal, talvez mesmo só o Pinto da Costa se possa comparar contigo, nesse particular".(*)Pois é, pois é. E ainda tenho aqui mais e-mails, OK? Até de gajas! Olha, está a chegar um da Rititi, mas não posso pôr aqui derivado a trazer caralhadas.
Isto é só por causa do cheiro das tintas.
(*) Por acaso achei aquela comparação do FJV entre a minha pessoa e o Pinto da Costa, sobretudo "nesse particular", um bocadinho forçada e ofensiva, mas acabei por não reagir excessivamente, género
"o FJV ofendeu-me gratuitamente, e tal". De qualquer maneira estas coisas ficam a remoer e, portanto, se algum dia o FJV e eu nos encontrarmos casualmente e, por exemplo, decidirmos beber um uísque cada um, eu bebo os dois que o fodo.
Revoluções
O
Jorge Peliteiro lança-me um desafio que mais ninguém se atreveria a lançar-me: quer que eu diga as minhas cinco últimas leituras.
Malfeitor!
Eu leio poucos livros novos, muito poucos. Não tenho tempo, não tenho gosto. Leio até meio, às vezes nem tanto, algumas coisas: depois do meio parece-me sempre que já li.
Não consumo literatura, agora. Sobretudo o que escrevem os meus contemporâneos. Pecado meu? Certamente, sim, uma burrice grande. Mas, geralmente, chateiam-me muito.
Mas releio muito, nesta fase da minha vida.
E, portanto, posso falar, sem mentir, das minhas "releituras". São muitas, mas como me pedem só cinco - e presumo que se está aqui a falar de livros -, proponho cinco escritos de Eça.
Ficam aqui, como penhor de amizade a dois poveiros acidentais.
1 - A Capital: a história dum Artur Corvelo, ex-académica e ainda mais efeminada criatura, que quer ser autor admirado em Lisboa pelos seus versinhos e dramaturgias líricas. Ajudante de farmácia em Oliveira, sobrinho de tias religiosas, recebe herança de padrinho e emigra para a Capital que é, no seu entender, um Mundo! Encontra a classe jornalística, personificada por Melchior - o lambe-cus infame -, é escorraçado pela sociedade caduca do jet-set oitocentista (oitocentista, sim), mete-se com espanholas, putas e pseudo-aristocratas falidos, poetas sebosos e republicanos catacúmbicos. Fracassa, é humilhado, enxovalhado, perde o guito, e regressa a Oliveira: depenado e com histórias chulas de fadistas e nobrezas moles para contar no bilhar da vila. Ao Rabecaz.
2 - Alves e Companhia: um Alves de princípios rígidos, careca e comerciante próspero, descobre Ludovina, sua mulher e manteúda legal, nos braços de Machado, o seu sócio e protegido. E logo no aniversário do casamento de ambos, que é no que dá regressar a casa mais cedo, de surpresa, sem bater com os pés. Alves expulsa Ludovina, devolvendo-a à casa paterna, e quer que Machado aceite um suicídio sorteado, "quem perder mata-se".
Tudo isto acaba por evoluir para um jogo de cedências, em que Alves não se bate, Alves mantém mesada gorda para Ludovina e família paterna irem a banhos para Vieira de Leiria, até à cedência final: Alves pede a Ludovina para voltar a casa, meses depois. E ela volta. Volta-se sempre, eu sei.
3 - O Conde de Abranhos: um tonto, a julgar pela pena narradora de Zagalo, acaba por se manter dentro da pele do "ser ministeriável" até - pelo menos - 2007 (ou 2017, depende de quando se relê). A diferença entre um tonto destes e um filho da puta é mínima. Sim, os tontos são, geralmente, filhos da puta que se babam para fora.
4 - Textos do Distrito de Évora: eis aqui um conjunto de artigos publicados num jornal em que só havia um jornalista, que - por acaso - era Eça de Queiroz.
Eça humilhou bastantes vezes a "Folha do Sul", sobretudo esta, e "O Bejense". Isto entre outras folhas situacionistas e beatas que havia, no imenso Alentejo que é Portugal.
A discussão sobre a origem, finalidade e propriedade dos cemitérios é extraordinária de simples. Penso que esta foi com "O Bem Público". Cito esta porque pode fazer-se o mesmo exercício de demolição, hoje e depois de amanhã, com a maior parte dos artigos empolados que saem em jornais, ou emergem em blogues. Desde que seja Eça a fazê-lo, pode fazer-se bem isto. Talvez por isso se não faça mais.
5 - Os Maias: a história de João da Ega e de Afonso da Maia, contada como se o facto de Carlos da Maia e Maria Eduarda serem irmãos e andarem a papar-se de forma elegante fosse relevante, ainda por cima enquadrada por criaturas marcantes como Alencar (o que Bulhão Pato cuidou ser caricatura sua), Cohen e Gouvarinho (os enfeitados), e os "inhos", Damasozinho-flor e Eusebiozinho-mole.
Eram só cinco, mas espreitem ainda os Contos, as Cartas, A Ilustre Casa de Ramires, o resto inteiro.
Excepto A Cidade e as Serras: este é muito lido mas não vale nada, estava talvez bêbado.
Esguichos de besugo
Tenho lido algumas coisas sobre as declarações de Federer, como se aquilo que ele disse - depois de, mais uma vez, ter dado coça no sobrinho (e, ainda por cima, adepto do Real Madrid, possuidor de cara de cigano de Benidorm e proprietário de caminhar amaricado, tudo handicaps que se pagam) do ex-defesa central do Barcelona que tinha uma cara que era uma mistura de cantor pimba e pugilista - fosse mais do que gozo.
Nada de confusões. Aquilo foram coisas ditas por um tipo acabadinho de vencer Wimbledon pela quinta vez. Refiro-me àquilo do "ah, deixa-me ir ganhando estas enquanto o Rafa não as ganha todas".
O Rafa nunca as ganhará todas. Nem metade de metade.
O Federer sabe isso muito bem, e é por isso que brinca com o Rafa.
Rafa vem, aliás, de Rafeiro.
Eu explico. Eu devia ser pago para isto, mas digo de graça.
Quando o Federer perder mais do que o que ganha contra o Rafa, o Rafa vai ficar radiante durante três meses. Vai gemer, vai ganir, essas merdas que ele faz.
Depois disso, o Federer - que saberá sair conforme entrou - retira-se com ar de ancião e repete aquilo que disse em Wimbledon, com uma expressão de gozo ainda maior do que a que tinha em Wimbledon, isto se possível.
Federer sabe que Rafa, enquanto número dois, e enquanto lhe bater o sol em cima (Federer, sim), tem aquela alma de quem almeja. "Alma até Almeida", diz-se. Ou até Mallorca.
Logo que o sol se puser (Federer, sim), Rafa começará a andar deprimido, desorientado, a sentir-se pressionado, a desgostar-se dos métodos de treino, a amaldiçoar a sorte, a vestir calções, a envelhecer... e a perder com metade dos gajos que defrontar. Começará a perder com sérvios, russos e escandinavos? Sim. Começará. E com espanhóis e com americanos e com australianos, que o canibalismo desportivo é impiedoso.
Nunca se viu um número dois duradouro demais ser mais do que um fugaz - e fraco - número um. Isto é assim na vida inteira, tenham paciência.
Da perda
Estares assim, aí, apesar da morfina do tempo do fim, deve ter-te doído muito.
Como meço isto? Não sei.
Sei que começaste a morrer cedo. Estavas grávida. Foste brava. Não falaste nunca disso, mas quero que saibas que todos sabíamos, quando finalmente apareceste para o primeiro tratamento, já sem a barriga da vida - porque a vida que tu mais querias já estava fora dela -, que te adiaste.
Não perdeste nada. Nós é que te perdemos. Tens tudo intacto.
Não tens nada. Eu sei.
Naquelas noites da agonia de há três semanas, naquelas noites em que os teus se revezavam na vela do teu fim, todos nós, os que não éramos teus, cismávamos em ti, fazendo cada um o que tinha de fazer em outros lugares, mas todos fascinados por ti e pelos teus, tu já definitivamente misturada com os teus, todos nós cheirando por dentro a tua agonia, naquela mistura da despedida em que já não eras só tu a despedir-te, éramos todos a despedirmo-nos de ti e de nós, mas tudo em silêncio e demasiado longe de ti para que te lembres.
A análise política e o defeso.
Por acaso parecer-me-ia bem que Lisboa tivesse um fadista como presidente. Já um engenheiro técnico agrário, tendo em conta a metrópole urbana constituída por bairros que aquilo é (Chelas, Olivais, Madragoa, esses lugares assim), me parece mal.
Proponho a Gonçalo Pereira que opte por uma das duas profissões que lhe constam do curriculum.
Se optar por ser fadista, está feito: não canta a ponta dum chavelho - aliás, não cantar nada de jeito é coisa de família, têm todos ideia de que "fado, pá?, fado é o tremidinho!"- e não será eleito nessa condição. Nem como "variador".
Se optar pela engenharia agrícola, feito está: aquela coisa, Lisboa, é, como já expliquei, uma urbe, são bairros mas é uma urbe, aquilo não dá pêras nem batatas, o único terreno arável que lá há é, aliás, o campo do Benfica, que, por acaso, já tem lá um engenheiro.
Pois, eu sei: Gonçalo está tramado de qualquer maneira.
Mas pode sempre concorrer à Junta da Moita, ou à Junta do Arrepiado, ou, alternativamente, à Junta duma lezíria qualquer que também seja povoada por votantes. O melhor "slogan" seria: "O Câmara? Para a Junta!".
Ah, e cortar o cabelo também pode.
Vem aí o Milan Purovic, pelos vistos, e o Maxizinho Galinha Lopez não. A segunda parte desta frase alegra-me particularmente.
Cem rolos dá para três meses? Sem sujar os dedos? Hum...
Isto é muito interessante.
Cem rolos de papel higiénico.
«Espalhámos os rolos no chão, as porteiras viraram-nos as costas e os seguranças não apareceram», disse o candidato do PPM à agência Lusa.
As porteiras mostraram-se decepcionadas:
"Foi mesmo assim, menina jornalista! o homem veio aqui com o papel em riste e a gente virou-lhe logo as costas, assim para nos pormos a jeito, mas ele nada, não foi capaz de limpar o ilhó a nenhuma de nós!"Quanto aos seguranças, continuam sem aparecer. Gonçalo da Câmara Pereira, fadista e engenheiro técnico agrário, vai ter de assistir a um tempo de antena do PNR se quiser ver, de facto, um segurança. Ou um gajo com ventas de segurança, vá, que toda a gente sabe que o líder do PNR não leva seguranças ao mercado, leva só assessores políticos: têm é aquelas ventas.
Esguichos de besugo
Ela está lá, na agonia do fim, com toda a gente que gosta dela e de quem ela gosta à volta dela, mas ela nem disso dá fé, porque eu não quero que ela dê fé de nada, não pode ser, porque não se deve deixar ninguém dar fé que a fé se foi de vez, sobretudo quando só a fé restava.
Precárias
Eu, em Lisboa, só gosto do Sporting. Disso e da estrada que melhor me tira de lá para fora, de Lisboa, quando lá tenho de ir. Posso gostar doutras coisas, mas isso não interessa agora, há sempre outras coisas, faltam sempre coisas, mesmo em teses de doutoramento faltam coisas, quanto mais!
No entanto, o que vai passar-se em Lisboa no domingo interessa-me.
Em Lisboa há um jardim zoológico grande. Também há um na Maia, mas é mais pequeno. Mas em Lisboa há um grande e, quando se fala em jardins zoológicos, em Portugal, é lá.
Um jardim zoológico é um cárcere redentor: os animais estão presos ali mas "é para o seu bem e para o nosso, que eles assim comem vitela e ervas boas, e fodem ao vivo, e nós podemos ver isso, e isso é bom, senão os nosso filhos só sabiam que havia animais selvagens que fodem e defecam em cativeiro - em cativeiro suave, aliás, se há algum que seja suave, mas se houver, e se este for um deles, é só por isso que é redentor, o cativeiro, não é pelo caralho da reinserção social, ninguém dá o colhão esquerdo pela reinserção social dum rinoceronte, ou de uma ema, nem mesmo dum homem - através de canais de televisão estrangeiros".
A "parte do redentor" não é, portanto, o orgasmo selvagem da animalidade em cativeiro, eu até já lá fui, ao zoo, por acaso bastantes vezes, e nunca vi nenhum orgasmo óbvio, daqueles mesmo em que o animal se vem, embora tenha ficado na dúvida no caso de um hipopótamo e de uma hipopótama; aliás, espero que o animal que estava a fazer "bend over" fosse uma fêmea, outrossim aquela merda é uma rebaldaria maior do que aquilo que vou dizer a seguir.
Que vou dizer a seguir?
Isto: o zoo concede precárias em campanhas eleitorais autárquicas. E não me refiro ao careca maciço e simiesco que foi ao mercado de campanha guardando (?) as costas daquele indivíduo com um aspecto entre o monárquico e o metalúrgico, mas com pulsos de estilista, aquele cara de cu à paisana que parece que lidera uma súcia infame chamada PNR. Mas não lidera nada: não tem pulsos para isso, no contexto que geme nos mercados, nem em mais nenhum.
Não. A precária do zoo foi, decerto e certamente, concedida à ovelhinha tonta e de perinha frouxa que bale frouxamente "eu quero um por centinho dos votos e sou, basicamente, do PNR, porque o PPM já lá tem os Câmara Pereira e o senhor engenheiro agrónomo da força aérea que se chama Dailidou".
Não foi concedida, a precária, ao bode careca. Esse anda aí, pastando solto.
Isto é coisa de capaduras. De capadócias. Desculpem, de rapaduras.
Coisa de más quimioterapias.
Não há planetas com luz própria. Nem o Agostini.
Ortega, quando desenvolveu a história do "eu" e da sua "circunstância", fê-lo o melhor que pôde e, afigura-se-me, de boa fé.
Como todas as reflexões demoradas, a de Ortega é longa e simples. E esvazia-se de sentido prático logo que se substitui, na teoria inteira, a primeira pessoa do singular por outra pessoa qualquer que não seja a primeira pessoa do plural, isto porque "nós", bem vistas as coisas, ainda é "eu". Embora menos.
Porém, assim que o "eu" se torna "ele" - ou "ela", ou "tu", ou "eles"... - a "circunstância" perde peso na teoria inteira, na prática inteira, transforma-se logo em "cem gramas de desculpas de mau pagador".
Eu sei. O que escrevi nem sequer serve para tentar explicar ao meu irmão (que só se dirigiu a mim porque sou médico, cuido) que não se dão conselhos diferentes a uma rapariga que quer ir para medicina por ter tido vinte a matemática, dos que se dão a um rapaz que vai trabalhar para a vinha porque não tirou dez a português.
Não sei.
Eu não posso dar esses conselhos. Penso que ninguém, ao menos de boa fé, pode.
Eu tenho a minha circunstância.
Eles têm as deles.
Nada sei dessas relatividades fora de mim. E, mesmo que julgasse saber, seria humilhado pelos saberes circunstanciais que emolduram cada um dos "eus" que "eles" possuem: seria arrasado pela sua sabedoria ignorante de mim, pagando caro a minha ignorante sabedoria de ambos.
Com ela, a rapariga que quer ser médica, e com ele - o rapaz que se limita (?) à vinha - há-de ser igual: nada saberão mesmo, bem vistas as coisas, "uma" do "outro", sem ser sob os filtros das luminotecnias circunstanciais da cabeça de cada um e, já agora, dos outros filtros todos, muito escuros, finos, competentes, adequados.
Um bom exemplo!
"Entre as tarefas na escola e os trabalhos agrícolas, Natalina Rodrigues, aluna da Escola Secundária do Rodo, na Régua, conseguiu tirar um 20 no exame nacional de matemática.
A estudante frequenta há cinco anos a Escola Secundária do Rodo que fecha as suas portas a 31 de Agosto por decisão do Ministério da Educação.
Aos 17 anos, Natalina sonha em ser médica e, por isso, foi com muito "esforço" e "empenho" que conseguiu tirar um 20 na nota de final de ano de matemática, um resultado que se repetiu nos exames nacionais desta disciplina, notas que espera que lhe permitam entrar para a faculdade de Medicina.
Natalina vive em Vila Seca, concelho de Armamar, tendo de percorrer todos os dias 80 quilómetros, em viagens de ida e volta, para a escola do Rodo."
Besugo, algum conselho para esta aluna que quer seguir medicina?
Limousin? Limousine.
Temos agora sete novas maravilhas no mundo.
Isto deve ser bom, porque, até há bocadinho, não tínhamos isso. E agora já temos. E diz que ter é melhor que não ter, excepto se for cancro, ou bronquite crónica, ou fome e sede, ou micoses.
Um mundo com sete maravilhas, logo sete, tem, mesmo, maravilhas demais. Sobretudo se o mundo for só este, o que esteve no campo do Benfica.
Cuidados paliativos
Uma pessoa que sorria pouco - e que já tinha bebido algumas coisas - encontrou um génio que não sorria muito e se mantinha sóbrio apesar disso; e perguntou-lhe:
- Olha, génio: o que é que faz uma pessoa beber demais?
O génio, que sabia de perguntas que chegam com água no bico o suficiente para discernir que esta pergunta não era bem água o que no bico trazia, retorquiu-lhe:
- Olha, pessoa indagadora: eu não sei bem. Mas nem sempre é a culpa. Se queres usar um conceito amplo, eu diria que é a dor.
Lições de oftalmologia
O homem disse-lhe:
- Vitupério!
Ela deu-lhe quatro chapadas muito rápidas:
- Viste nada!
A prova da relatividade
Também embirro com cadeias,
João. É curioso reparar que, na blogosfera, se encadeia por tudo e por nada, até para se justificarem movimentos cívicos em bicos de pés (de que as micro-causas são o expoente máximo). Esta cadeia, porém, é útil para além de interessante: sempre damos sugestões recíprocas de leitura. Posto isto, é preciso dizer que eu vou lendo o que gosto devagar, ao sabor do tempo, do cansaço e das pressas da rotina. Há algum tempo, por isso, que não
devoro livros, o que tem pelo menos uma vantagem - a de poder consolidar no espírito as passagens mais marcantes, de que me lembro, por exemplo, quando viajo sozinha. Ou recordando trechos que se vão tornando quase oníricos enquanto se entra na vigília do sono. Trata-se, no fundo, um excelente indutor do sono...
Bom. Os últimos cinco livros que li, naquelas condições às vezes penosas, vão a seguir:
O que Sócrates diria a Woody Allen (Cinema e Filosofia), Juan António Rivera;
Martha Freud, Nicolle Rosen;
Totem e Tabu, Sigmund Freud;
A Cura de Schopenhauer, Irvin D. Yalom; e
A Hora de Sertório, de João Aguiar.
Espero poder ler pelo menos outros tantos em quinze dias, dentro de três semanas.
vai para o Huelva, mas é!
Gostava de dizer o que penso sobre o interesse do Sporting em Maximiliano Lopez, mais conhecido pelo apaneleirado nome de Maxi Lopez, talvez derivado à envergadura do tipo não ser
mini. Mas é mais
midi que
maxi, já que vamos por aí.
Mas não posso. Porque nasci nos anos sessenta, sei muito bem que tanto faz
maxi como
mini, em se tratando de saias que nos obedecem. E eu sei que este é o tipo de classificativa que, num rally, pode fazer-nos derrapar na classificação geral.
Vou, em vez disso, tentar estabelecer um contraponto entre este indivíduo argentino - que dizem que é jogador de futebol mas é apenas um penteado extremamente loiro com uma bisarma por baixo - e a Sharapova: a Sharapova é muito menos gaja do que este argentino.
Não é que não seja boa. Não é que não seja boa tenista. Não é que não seja grande.
É que tem muito menos cuidado com o cabelo.
Este podão é o típico "jogador da bola" indicado para clubes como o Benfica.
A contratarmos mais um argentino, ao menos que fosse o Palermo: está entradote, pinta o cabelo, falha penalties como eu digo caralhadas, se lhe chamarmos palerma galvaniza-se e, sobretudo, é muito mais gajo que a Sharapova. E que o
Midipupu nem se fala.
Esta merda chateia-me.
A comprar um gajo grande era o John Carew. Esse sim.
Mais nos valia um escandinavo preto e semi-acabado, mas que soubesse jogar à bola, do que um argentino que podia ser a gaja mais alta das "Doce", ou o Nuno Gomes em loiro, mas pouco mais do que isso ao mesmo tempo.
Ou, então, a Sharapova. Lê-se Sharàpôvâ. Bolas paradas.
JAE tempo
Se dependesse só de mim, as minhas férias eram, este ano, em S. Miguel.
Nos Mosteiros, se pudesse ser. Ponta oeste. Talvez testemunhasse, novamente, como em 1988, fumo a sair do mar.
Alugava um carro ao amigo do Armindo, para quando precisasse, isto se o Armindo se lembrasse ainda de mim e se o amigo dele ainda fosse amigo dele como era naquele tempo.
Ia ver o hospital velho, a ver se ainda tem o chão encerado como tinha dantes, aquele soalho onde se derrapava nas corridas nocturnas, tiros de partida desferidos pelos enfermeiros, nós sem sapatos de bicos nem outra sabedoria que não fosse derrapar.
No fundo, ia lá e via tudo, a ver se ainda me via.
Mas não depende só de mim. Depende da Junta Autónoma das Estradas.
Puf.