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14.7.07

Esguichos de besugo

Tenho lido algumas coisas sobre as declarações de Federer, como se aquilo que ele disse - depois de, mais uma vez, ter dado coça no sobrinho (e, ainda por cima, adepto do Real Madrid, possuidor de cara de cigano de Benidorm e proprietário de caminhar amaricado, tudo handicaps que se pagam) do ex-defesa central do Barcelona que tinha uma cara que era uma mistura de cantor pimba e pugilista - fosse mais do que gozo.
Nada de confusões. Aquilo foram coisas ditas por um tipo acabadinho de vencer Wimbledon pela quinta vez. Refiro-me àquilo do "ah, deixa-me ir ganhando estas enquanto o Rafa não as ganha todas".

O Rafa nunca as ganhará todas. Nem metade de metade.
O Federer sabe isso muito bem, e é por isso que brinca com o Rafa.
Rafa vem, aliás, de Rafeiro.

Eu explico. Eu devia ser pago para isto, mas digo de graça.

Quando o Federer perder mais do que o que ganha contra o Rafa, o Rafa vai ficar radiante durante três meses. Vai gemer, vai ganir, essas merdas que ele faz.
Depois disso, o Federer - que saberá sair conforme entrou - retira-se com ar de ancião e repete aquilo que disse em Wimbledon, com uma expressão de gozo ainda maior do que a que tinha em Wimbledon, isto se possível.

Federer sabe que Rafa, enquanto número dois, e enquanto lhe bater o sol em cima (Federer, sim), tem aquela alma de quem almeja. "Alma até Almeida", diz-se. Ou até Mallorca.
Logo que o sol se puser (Federer, sim), Rafa começará a andar deprimido, desorientado, a sentir-se pressionado, a desgostar-se dos métodos de treino, a amaldiçoar a sorte, a vestir calções, a envelhecer... e a perder com metade dos gajos que defrontar. Começará a perder com sérvios, russos e escandinavos? Sim. Começará. E com espanhóis e com americanos e com australianos, que o canibalismo desportivo é impiedoso.

Nunca se viu um número dois duradouro demais ser mais do que um fugaz - e fraco - número um. Isto é assim na vida inteira, tenham paciência.

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