Espanha - Alemanha
Quando eu ainda era menino e aprendia com quem me ensinasse o que quer que fosse - e não apenas com quem quisesse ensinar-me por me ler nos olhos a mera sede de ainda ter para aprender - ele já era vetusto; e tinha a idade que eu tenho agora; e, agora, há já outros meninos a aprender; e as meninas a saltar.
Ele era o Diamantino e era o meu chefe em Gaia. E era um boi, que me deixou sozinho logo na segunda urgência. E eu até lhe disse "olhe que está aqui um enfarte, foda-se!", e ele "trate disso que vou almoçar".
E era terno e era boa pessoa; embora eu agora tenha a idade que ele tinha - e acaba em sete - e me suceda pensar, às vezes, como ele pensaria, que sou ainda novo.
Uma sexta-feira levou-nos à praia do Molhe e almoçámos lá todos, coisas esquisitas e, depois, bebemos alguns gins que nos souberam a água tónica; e ele pagou-nos tudo e estávamos ali bem, com o chefe a falar de tudo o que lhe apeteceu e nós de tudo o que nos deu vontade.
Irmãos de calma.
Depois devolveu-nos ao Monte da Virgem e deixou-nos lá.
A mim disse-me para ver a Maria das Dores, que estava mal; e que já lhe tinha parecido de manhã que estava assim. Não sei o que disse aos outros, mas ainda nos demorámos por ali, entre camas e doentes, a fazer o que nos competia, antes de anoitecer em nós aquela calma que já não há agora, porque já não pode havê-la. Demorámo-nos porque ele, que nos levara ao Molhe, assim o achara e determinara. E, acima de tudo, porque assim se nos confiara.
Faz-se assim a vida.
Depois, um dia, acaba.
Vai ser uma final má, entre gnomos empenhados e grotescas criaturas. Que ganhem os piores.
Pelo sim pelo não, vou tentar ver sem som: estou farto de Carlos Manuéis a explicar que o futebol perigoso se joga "entre-linhas". Parece que a bola é um jogo para se jogar em papel almaço e sem pisar as riscas.
Aliás
Se a final do Euro-2008 não for um excelente e irritante Portugal - Itália este blogue acaba já hoje.
Isto é para ficar bem claro o que está aqui em questão. Já hoje, disse eu.
Ide lá buscar os cachecóis dos boches que tínheis guardados no bafio do sótão à espera desta oportunidade, ide.
Havíeis de tropeçar e derramar-vos no escadório.
Esguichos de besugo (e que se lixe a análise à selecção alemã)
Por razões que me abstenho de explicar, a final do Euro 2008 será um excelente e irritante Portugal -Itália.
Isto não é óbvio para toda a gente, admito, mas quem já viu (como eu vi) o Carlos Abreu Amorim a defender que o caso da catraia e do telemóvel é "uma coisita para não ultrapassar o conselho executivo da escola, não, mais que isso não, não, não" - assim mesmo, com aquele aspecto monolítico que ele possui e exibindo, sempre, aquela expressão imutável de quem "tanto me faz dissertar sobre o tratado de Nice, como sobre uma gaja boa e certamente amblíope que eu, eventualmente, tivesse papado em Nice", e quem já viu (como eu vi) um e-mail recebido duma leitora (espera-se que seja leitora ocasional, para bem de todos) deste blogue, em que reza mais ou menos que "olhe que eu já estive a 50 cm do Shweinsteiger e ele é bem giro!", quem já viu este género de coisas, dizia eu, está-se teorica e praticamente nas tintas para o que é ou deixa de ser óbvio para outrem e, ainda por cima, está-se nas tintas duma forma profundamente preconceituosa.
Ou seja: não é óbvio para os senhores, às 15h30m de hoje, que a final do Euro será um excelente e irritante Portugal - Itália?
Problema dos senhores.
Quanto à senhora do e-mail, para além de me divertir ( e de se ter divertido ela, espero eu, eu não sou nenhum boi sisudo, valha-me Deus!) perturbou-me um pouco. Parece-me o tipo de senhora capaz de me mandar outro e-mail em que afirma, desta vez, ter estado a 50 cm do Carlos Abreu Amorim, e que ele também é "bem giro".
Mesmo sem ter a certeza de vir a receber este segundo e-mail considero a probabilidade bastante elevada. Estou numa espécie de alerta laranja. Sugiro, portanto, à leitora que se afaste um pouquinho mais das pessoas a quem quer apreciar a fronha, por dois motivos que me parecem bastante preocupantes:
1 - Enxerga notavelmente mal ao perto. Penetre-se disto: ao pé do Schweinsteiger o Petit é o Roque Santa Cruz.
2 - Já vi relações sexuais sem protecção, por exemplo no Senegal e em certas zonas das Guinés e do Burkina-Faso, começarem a acontecer estando os parceiros situados a distâncias mais longas do que 50 cm. Proponho à leitora que não se aproxime tanto, por exemplo, do Koné. De nenhum deles. Sim, há mais Konés do que a leitora suspeita. Dê-lhes ao menos um metrinho (a menos que queira molho).
E, mesmo do Carlos Abreu Amorim... enfim, cuidado com isso.
Dê-lhes sempre um metrinho. Dois, vá. Três, nunca.
A partir de agora vou analisar a equipa alemã (1)
Schweinsteiger.
É um nome estranho.
"Steiger" não sabia o que queria dizer, mas fui ver e agora acho que já sei: é "tractor".
Já o que significa "Schwein" tira-se logo pela fronha do indivíduo. Fui confirmar. Afinal é um exagero. Tira-se, mas também não é assim tanto, pronto.
É um indivíduo estranho. Penso que poderia participar, desde que se maquilhasse, numa sequela daqueles excelentes filmes com o Bruce Willis, tipo "Assalto ao arranha-céus". Podia ser, por exemplo, o primeiro dos maus a levar com um gancho de grua nas ventas.
quem vos avisa...
Vamos supor que é mesmo verdade que Benfica vai adquirir por dez milhões de euros um pacote contendo Sinama-Pongolle e Carlos Martins.
O Sporting, já se sabe, terá direito a receber 40% do que o Benfica pagar ao Huelva por Carlos Martins. O que não invalida que o Benfica pague, na mesma, dez milhões de euros, no total. O Huelva é que não os recebe na totalidade, terá de dar ao Sporting 40% da quantia que o Benfica lhe der pela parte do pacote respeitante ao promissor e destemperado centro-campista.
O Benfica e o Huelva devem estar a pensar, neste momento, a ser verdade isso do pacote, que valor será atribuído, respectivamente, a Sinama-Pongolle e a Carlos Martins, de maneira a poder ser calculada a fatia dos 40% que ao Sporting compete receber.
Penso que o Sporting irá receber cerca de 400.000 euros. Vai ficar estabelecido, mais coisa menos coisa, que o Sinama-Pongolle vale 9 milhões e o Martins 1 milhão. Isto é, evidentemente, inflacionar bastante, em termos reais, o valor de ambos. Mas, às tantas, o Huelva também ainda tem de dar alguma coisa ao Liverpool, ou ao Le Havre, pela transferência do francês. De maneira que não sei, mas até gostava que quem porventura saiba me ensinasse.
Ora, portanto, 40% de 1 milhão, dá aquilo: 400.000 euros. Não é muito, no mercado da bola, mas penso ser um valor aceitável, sobretudo para o Sporting não se ver tentado a chatear-se a exercer o direito de opção que detém sobre o jogador - porque o detém, de facto - e, mais grave do que isto, ainda vir a ter de ficar com ele, provavelmente "detido". Mas, abaixo desse valor, é o que vai ter de fazer. Calma, a menos que se perceba que é isso mesmo que o Benfica quer.
Eu depois de ver os números digo qualquer coisa, ó Soares Franco, vai agora para dentro.
Curioso é que, no caso de o Pongolle ainda poder vir a render dinheiro ao Le Havre ou ao Liverpool - de facto, não sei se algum destes clubes detém direitos de "formador" do rapaz, mas suponhamos que também há ali 40% da massa que o Benfica parece disposto a desembolsar que vai acabar por ir parar "à(s) fonte(s) formadora(s)" -, o Huelva acaba por fazer um bom negócio: receber 6 milhões de euros por dois jogadores que, no conjunto, é o que valem (5 milhões e meio um, meio milhão o outro), fazendo o Benfica pagar mais do dobro disso. Sim, que o Carlos Martins significa um prejuízo de mais 2 milhões de euros por contrato, isto assim por alto, é uma pipa de massa.
Também será engraçado verificar a expressão facial do Carlos Martins - e o restante registo corporal do talentoso e fleumático médio do Recreativo - se, em se confirmando que lhe é atribuído pelas partes negociadoras cerca de um décimo do valor total do pacote, algum jogador adversário decide passar noventa minutos dum jogo a dizer-lhe isso mesmo, repetidamente, "Ó Carlos, então o Sinama vale 10 vezes mais que tu, pá, hem?, que te parece?, hem?".
Vai haver crise tónico-clónica "martiniana" - com chancada, mordedura de língua, vermelho directo rasgado e tudo.
Seguida de entrevista ao Record.
Sinama-Pongolle
Para começar, com este nome nunca deveria jogar no Benfica.
Os benfiquistas já não sabiam dizer Van Hooijdonk, diziam "Vaidônga", no tempo do Magnusson era "Maguenucèn", agora com este nem sei como vai ser. "Cinimnhnhn...hum...pangol"?
Isto atormenta-me.
Penso que continuarão, fundamentalmente, a berrar pelo Mantorras, a partir da meia hora de jogo. "M'tôrrâis!"
Isto sossega-me mais.
Atenção: o francês joga bem, não é peco. E tem um nome republicano, a gente percebe que antes de Danton ele se chamaria "monsieur le chevalier Sinama de Pongolle", eu até aprecio mais assim, com "hífenes". Confesso mesmo que preferia chamar-me besu-go.
Não, não é mau, não é isso que eu estou a dizer. O homem promete.
Aliás, o que é bom para o Recreativo (reparem bem no nome, "Recreativo", por isso é que lá esteve também o Carlos Martins, aquele intempestivo rapaz que parece sempre à beira duma crise convulsiva "florida" - incontinência e tudo -, ele pela-se por afinidades) de Huelva, valha-me Deus, é bom para qualquer clube que aspire passar da fase de grupos da Taça UEFA (desde que não lhe calhem mais que duas equipas com o potencial, por exemplo, dum PAOK e dum Aris de Salónica, isto ao mesmo tempo, evidentemente).
Não.
Ele é muito bom.
O Sinama-Pongolle. A sério.
Eu estou a dizer é que lhes vai criar problemas de expressão, lá entre a massa associativa.
Eles, aliás, já no tempo do Chalana só conseguiam dizer "X'lâaniê".
Mesmo agora, têm lá um Rodriguez - e este até era fácil - e preferem dizer "Cebola".
Ou "Çbôliê". É mais isto.
um dia destes o Benfica vai começar a contratar titulares e depois quero ver
A Roménia, para ser uma equipa de jeito, precisava de não ter lá o Nicolita nem os Niculaes. E de ter um seleccionador que não se chamasse Piturca. Que não fosse o Piturca. Quem se lembra do Piturca a jogar à bola sabe que o Piturca era um ponta-de-lança fino, rápido, demolidor...
O caralho. Não, a sério, o Piturca era uma mistura do Pauleta e do Rui Águas, mas em piorado. E passava muitíssimas mais vezes "ao lado do jogo" do que os dois portugueses juntos, num dia de crise em que fossem ambos contemporâneos e tivéssemos de jogar em 4-4-2. Aliás, pior do que isso de jogarmos em 4-4-2 com o Pauleta e o Rui Águas, só se um dia tivéssemos de jogar em 4-2-3-1 com o Norton de Matos a fazer de 1 - e chegámos a jogar, parece-me, uma vez em Malta, íamos perdendo.
Isto, esta casta de gente como o Piturca, em pendurando as botas num sacrário autista na sala das traseiras e em se armando em treinador da bola, tende a formar equipas medrosas e merdosas e incapazes, constituídas por Nicolitas, Niculaes e Dicas. Que, depois, andam a empatar a vida dos outros. Uma equipa treinada pelo Piturca não teria lugar nem para Hagis nem Popescus, nem Petrescus, nem Monteanus. Por quê? Porque sabiam jogar à bola mas eram chatos, e isso aborrece Piturcas. Assim, os romenos escolhidos por Piturca conseguem coisas interessantes do ponto de vista do "melganço", isto é, chateiam franceses e italianos, ali sempre a jogarem à babugem e no picanço, isso fazem eles bem, e depois disso, quando uma pessoa decide "olha, vou antes ver o Holanda B - Roménia", arrepende-se. Por quê? É preciso explicar?
Porque o Holanda B dá-lhes - aos "Piturcas" - 65%-35% em posse de bola, afinfa-lhes um bailarico no entretanto - que até o Bouma parecia um virtuoso da bola, foda-se - e, já agora que estamos nisto, enfia-lhes dois secos.
E tudo isto nas fuças do Piturca.
E do Nicolita.
Que é o que mais me irrita.
Rimita.
Aproveito para recomendar o Nicolita ao Benfica. Este romeno-zíngaro tem a expressão facial - embora apenas em esforço - do Miccoli (versão Medeiros Ferreira), é talvez um pouco mais barato que o italiano, três centímetros mais alto do que ele - o que é bom para ir aos figos e para dar luta ao Luisão no treino específico - e, provavelmente, assegurará uma boa alternativa ao Carlos Martins: quando um estiver na bancada, estará o outro no banco, ambos naquela cena das éssémiésses, "é pá, o Quique é mêmo sacana, pá, não mete a gente a jegare, pá!".
Para continuar
Da Suíça não falo.
da bola
Agora parece que a Itália perdeu com a Holanda porque o Van der Vaart secou o Pirlo. Andam aí a dizer isso nas televisões.
Erro. Não tem nada que ver uma coisa com a outra. Não sabem nada da Itália, nem das razões de a Itália ganhar, empatar, ou perder, seja em que desporto for.
A Itália perdeu com a Holanda porque a Holanda, que tem uma equipa boa e, ainda por cima, hoje, saiu-lhe tudo bem, marcou primeiro. Dois golos.
Isto é raro.
Quem viu o jogo de hoje assistiu a uma raridade. A Itália levou dois golos seguidos, não vem ao caso que o primeiro tenha sido em "fora-de-jogo", foi descarado, o caso é que levou dois golos seguidos.
E bastava um, aliás: a Itália a perder é, salvo as excepções conhecidas, muito poucas, e devidamente ressalvado o respeito devido a quem é muito bom - e a Itália é -, a Itália, a perder, não sabe jogar. Não sabe "remontar", como dizem os espanhóis. Anda ali a ver a meteorologia.
Não foi nada porque o Van der Vaart secou o Pirlo. Com a Itália a perder, até eu seco o Pirlo durante quinze minutos.
Agora, o que é que isto significa?
Que a França está à pega: à Itália dificilmente se pregam duas seguidas, mexe-se muito.
(*) consigo que ainda consegue ler-me
Vai ser muito difícil mantermos o João Moutinho. Aquilo é um Gattusino, uma espécie de Gattuso em melhor e em mais novo.
Aliás, se o Moutinho se for embora, como deve ir-se (ó Scolari, mete o Veloso, a ver se "pega"), ao menos vão buscar o Gattuso. É o mínimo que uma SAD competente deve fazer, sobretudo se o paneleiro do Platini nos obrigar a fazermos de Porto na próxima Liga dos Campeões.
Vou agora referir-me a Hélder Postiga. Para dizer que - e, isto, sem sombra de pecado - a mulher dele é a mais interessante do ponto de vista fenotípico das três que entram naquele anúncio de telemóveis da rede 93. Um gajo que tem uma mulher assim, que está agora no Sporting e que, ainda por cima, sabe marcar penalties à Panenka (era checoslovaco, o Panenka, não era checo, era checoslovaco), deve ser mantido no banco de suplentes da selecção, derivado ao facto de não correr riscos de se lesionar.
Vou agora falar da Checoslováquia. Devia ser lixado, naquela altura, eu perguntar - por exemplo num inter-rail, se eu tivesse feito um, ainda não havia Erasmus (é um programa cultural que serve, basicamente, para internacionalizar a pila e a pombinha) e também não fui -, a uma gaja de 18 anos, uma assim nascida em Ostrava e adepta do Banik, uma que arranhasse o português por ter um tio do Buçaco, a nacionalidade.
"Olha lá, então e tu, és donde?", "eu?, eu sou checoslovaca...", "está bem, isso é lavares-te bem e não te chateies; mas és donde?".
Eu hoje devia ficar por aqui e, provavelmente, consigo (*).
Uns dias de férias a começarem, poucos, e dá nisto
Foda-se. Andava há uns dias para dizer
isto e, agora que ia tentar dizer mais ou menos
isto, com poucas caralhadas e tudo, já não vale a pena.
Já li. Correu-me bem, hoje, apesar de tudo. Até a parte do mau feitio alheio me correu menos mal. Até ver. Amanhã é outro dia. Mas foi bom.
Agora, por outro dia.
Se amanhã a Polónia ganhar à Alemanha e, na tijoleira, também amanhã, o Federer empandeirar o alternativo sobrinho do Nadal - aquele azeiteiro cheio de gel que andou a distribuir fruta no Barcelona -, à noite abro aqui uma caixa de comentários para permitir às pessoas chamarem-me nomes, dedicarem-me poemetos e valsinhas e, mesmo, mandarem-me para sítios.
Durante meia hora. Vinte minutos. Sete. Já passou.
Para recomeçar
A República Checa é a equipa mais difícil do nosso grupo.
A Turquia a mais fácil.
Da Suíça não falo.
Vai ser difícil passarmos a fase de grupos.
Para começar
A Turquia é a equipa mais difícil do nosso grupo.
A República Checa a mais fácil.
Da Suíça não falo.
Vai ser difícil passarmos a fase de grupos.