blog caliente.

26.1.07

Sem fotografia, mas hei-de um dia pôr aqui das minhas.

O homem era grande e gordo, ou assim parecia, parecem sempre mais gordos e maiores quando vêm deitados e os encaramos de cima. Não respirava, vinha roxo.
Chamados à pressa, o Targa e eu, começámos as manobras. Faz-se sempre assim, vai-se começando tudo, porque a informação sobre o que foi, sobre como foi, sobre quando foi, não chega nunca ao mesmo tempo do manobrado.
Já suávamos ambos quando se refez a história, de pedaços soltos: tinha-se sentido mal, parando de se mexer e de respirar, meia hora antes. Cuidava-se que vinha da Lagoa.

A ausência de resposta pode motivar perguntas, isso é certo, mas mais certo é que, ao fim de meia hora de silêncios, motiva respostas: quem entrou morto é porque está. De maneira que parámos.

"Rotura de aneurisma!", disse o Targa.
Havia TAC (agora diz-se só TC), mas só de dia. De maneira que, sendo de noite, teve de ser a necrópsia a dar razão ao Targa: eu apostara num enfarte do miocárdio, convencido que estava de que se morria quase sempre do coração. E morre, mas naquele caso não.

De manhã, cheguei a casa tarde. Eram dez horas. Ao pequeno almoço disseram-me: "Morreu-te um homem, não foi? Já soube. Era pescador, jantou demais de madrugada e, assim empanturrado, ainda quis a mulher. Qui-la e morreu-lhe em cima. Toda a gente diz que morreu em casa. Vai descansar, ele já ia morto. Era da Lagoa, acho que disseram que era da Lagoa".

Devia ser.

besugo

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