blog caliente.

24.1.07

E de noite?



Chegar à ilha já de noite é como não chegar. Não se vê nada.

Quem vai ali buscar futuro pode concluir, precipitadamente, em chegando assim, que o não tem. Mas tem, pode ser bom, pode ser mau, mas isso nunca se ajuíza na chegada. É na permanência - e no retrovisor antigo da carripana que nos leva - que se vê o filme. Mais devagar e com a calma de mais vésperas.

Um dia, já de regresso a um hospital central do continente, onde acabei por completar os quatro anos que me faltavam para isto que agora sou, sugeriram-me que repetisse o ano de internato em São Miguel. Não tinha publicado nenhum trabalho, nem elaborado nenhuma comunicação científica e, portanto, aquilo quase que não valia.

Cuspiam-me, para meu bem, no tempo. No meu tempo. E eu doí-me. Recusei.

Cuspir em parte do meu tempo era cuspir na minha vida, em parte dela.

Aprendi, no velho hospital do Campo de S. Francisco, entre outras coisas, que não se cospe nunca. Muito menos para o ar, que é quase puro se nos sabe bem e mesmo puro se nem dele damos fé.

besugo

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