blog caliente.

22.1.07

De enlaces

besugo, não sei onde é essa coisa do "copiar atalho", nos botanitos acima da janela onde escrevo só há "link" e depois aparece uma janelita para dizer que o link é htpp: e depois pedem para escrever o link e ... voilá, o link aparece, em todo o seu esplendor, na janela em que eu costumo escrever os meus dislates, ou comentar os vossos.

Começo pelo teu último. A propósito do Saddam. É interessante a analogia que fazes entre o aborto e a pena de morte. Foi involuntária, eu sei, porque sei que tu achas que num aborto não se mata nada a não ser um conjunto de células ... e essas coisas todas que tu pensas e que fazem de ti um defensor da liberdade de abortar até não sei bem que semana de gestação. Um dia me dirás.

Mas eu, por acaso, penso o contrário. Penso que abortar, mesmo antes das dez semanas, é causar uma morte. Tu aliás, sabes bem que eu nisso sou radical, e que nem com a actual lei concordo.

E, no que respeita ao Saddam ou a qualquer outro condenado à morte/ou já executado, eu SEI que não te passa pela cabeça que eu concorde com a pena de morte. Por isso não percebi porque é que me vieste falar disso.

Agora tu, minha querida lolita (o "querida" é respeitoso, saliente-se): Queres jogar comigo um jogo em que és mestre e eu aprendiz, mas eu aceito o repto. Joguemos então com as palavras.

Começo por repetir as tuas, sem enlace porque não o sei fazer: Alonso: a questão é, de facto, simples, mas não é a que te parece. O que se vai referendar é se o aborto deve ou não ser despenalizado e não se deve ser livre. O que é diferente, em várias dimensões: jurídica, ética, moral, religiosa. Não concordas?

Claro que não concordo. O que é para ti ser despenalizado, mas não livre? É não haver pena prevista para quem o faça, mas ainda assim não se poder fazer?

Isto faz algum sentido? Só se estás a defender que: deixe de haver pena, passe-se a simples contra-ordenação, com uma multazita ... é isto?

Pois ... bem me parecia que não.

Outra hipótese: Não há penalidade legal por esse acto, mas pela cumplicidade de terceiros (como no suicídio, por razões óbvias). Será isto?

... humm ... também não acho que seja ...

Então o que é que resta? O Estado proibir aos hospitais públicos, às clínicas privadas e aos médicos, paramédicos, enfermeiros e maqueiros que executem abortos a pedido, e penalizá-los em caso de incumprimento, mas deixar de fora as parteiras e "curiosas" de vão de escada?

... errr ... isso era dramático.

Sobra o quê? O que se pretende e que tu sabes muito bem que assim é: que uma mulher grávida, com uma gravidez até dez semanas, possa abortar ... se quiser.

Chama a isto o que entenderes. Eu chamo a isto tornar o aborto livre, até às dez semanas.

Quanto à parte final do teu post, ou seja: Já sabemos o que pensa o Cónego de Castelo de Vide sobre esta questão. E tu, o que dizes?

Tenho apenas a dizer o que já disse. E apenas acrescento o seguinte: A César o que é de César, a Deus o que é de Deus. A mim importa-me, neste referendo, apenas o domínio de César. Ou seja: que a sociedade em que vivo não se vá, gradualmente, transformando numa sociedade que considera irrelevante, no plano das suas normas, o aborto. E que prefira torná-lo uma atitude lícita do que combater as suas causas.

Até porque, a desgraçada verdade é esta: combater as causas do aborto clandestino (sempre, ou quase, realizado bem depois das dez semanas, mas isso, por enquanto, os defensores do "Sim" calam bem fundo, por pura conveniência política) é muito mais difícil do que despenalizá-lo.

E disse. Sem enlaces, que a tanto não chega o meu engenho.

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