blog caliente.

20.1.07

Isto no fundo, é uma questão de dinheiro

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1283020&idCanal=27


Esta malta é engraçada, e há figurões de todo os lados. Agora pretende-se saber quanto custa ao erário público a assistência médica às mulheres que fazem abortos clandestinos.

Haja juízo, senhores. Aqui, a questão é mais simples do que parece. O aborto, por simples "vontade" (conceito insindicável que vai da necessidade ao capricho) da mulher, deve ser livre ou não?

Para mim, é óbvio que não. Para outros é óbvio que sim, e a única coisa que me chateia é o calculismo premeditado com que querem este "até às dez semanas".

Como é que não se dão conta de que são verdadeiramente "sonsos", e portanto falsos?

Porque as carpideiras das mulheres presas (se é que as há) estão-se nas tintas para as dez semanas. Feito o referendo, e mesmo que o ganhem (o que é tão possível como o contrário), continuarão a carpir à porta dos tribunais por mulheres que sejam julgadas por abortos feitos às doze, às catorze, às dezasseis, às dezoito, às vinte, às vinte e duas, às vinte e quatro ... e por aí fora.

Mas enfim ... têm uns cónegos que misturam as leis da Igreja com as leis do Estado e só dizem disparates a dar uma ajuda ...

E mais nem digo, queria só temperar o facies deste blog para que os mais distraídos saibam que, aqui, o "sim" ganhava o próximo referendo, com 0% de abstenção ... mas com 66,66% de percentagem, não 100%, como a minha reiterada forma relapsa de ser "blogger" poderia dar a entender.

O que nem é mau (que, mesmo aqui, seja só a 66,66%). Considerando que daqui a não muito tempo, se o "sim" ganhar o referendo, voltamos ao mesmo, desta vez a discutir as "doze semanas" ... talvez. Valha-nos a vergonha que os agora defensores das dez semanas têm em assumir a plenitude da sua incapacidade de condenar uma mulher que abortou. Por essa incapacidade, pensam que, passo a passo, conseguirão o que querem. Mas também é verdade que essa mesma incapacidade torna mais lento o progresso da cultura que querem implantar: a da irresponsabilidade de quem é adulto, fala e se vê, à custa de quem está por nascer, não fala, não se vê e ... portanto ... é dispensável, no caixote de lixo de uma clínica qualquer.

PS - Na semana passada estive com uma pessoa que fez trabalho humanitário na Índia e no Brasil. Falou-me, quanto a ambos os casos, de sociedades que não têm o menor respeito pelos mais fracos. No caso da Índia, pelos velhos. No caso do Brasil, pelos bebés e crianças. Na Índia, quando um velho é um empecilho, a família deixa simplesmente que ele morra. No Brasil, passa-se o mesmo com as crianças. Ouvi histórias pungentes. E deu-me que pensar, sobretudo porque tinha antes lido um texto da lolita sobre que a Lei não vai mudar o conceito social de que o aborto é inerentemente mau (não foi assim que ela disse, foi assim que o li). Eu acho que não é bem assim. As sociedades mudam. E a banalização do aborto, de que o César das Neves falou (para gáudio da lolita) não só não é improvável, como a tenho por certa.

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