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24.1.07

Com "links" mas sem "quotes"

Ante-Scripum - Serve o presente parágrafo para avisar que, depois de ter gasto considerável massa cinzenta, e ter ainda assim precisado de telefonar ao besugo, já sei fazer enlaces "à maneira"

Lolita:

Preliminarmente, e quanto ao caso de aborto resultante de perigo de vida da Mãe: como saberás, já não vivemos no tempo em que, se um parto corria mal, ou se salvava o filho, ou se salvava a Mãe. Hoje, as gravidezes de risco são - sempre - de "risco de perda do bebé" (em linguagem do SIM: "risco de perda do feto" ).

As que ainda hoje põem em perigo a vida da Mãe são - o besugo que me desminta, se eu estiver a dizer asneira - por exemplo as gravidezes extra-uterinas, em que não é possível deslocar o bebé e em que o normal desenvolvimento da gravidez PODE provocar a morte da Mãe, e provoca EM QUALQUER CASO a morte do filho.

Nesses casos, é meu entendimento que qualquer médico, pró ou anti-aborto, colocado ante a opção de deixar morrer os dois ou salvar apenas um, salva o que pode ser salvo. Que é a Mãe.

Não deve ser fácil de "executar", mas também não deve ser fácil - numa urgência - receber dois doentes, um sem hipóteses e o outro com hipóteses de sobreviver e, só podendo tratar de um, deixar o outro entregue à morte que já dele é dona.

Isto dito, passo ao teu exemplo da roupa de Ascot. Para dizer o seguinte: eu posso querer ou não querer sair à rua em trajes ridículos, mas uma coisa é certa: sou LIVRE de o fazer. E porquê? Porque não há norma sancionatória para comportamentos bizarros.

Agora ... se eu decidir sair à rua nú, e aproveitar até um banquito de jardim para uma masturbadela pública, já sou capaz de ter problemas. Porquê, lolita? Porque essa atitude, para além de ridícula, é ofensiva de terceiros.

E essa é a questão que aqui está em causa: a ofensa. Que pode ser de um valor social qualquer, ou que pode ser directa sobre alguém. Para mim, o aborto ofende em ambos estes planos. No dos valores da sociedade, e directamente no do bebé que nunca nascerá, porque foi morto.

No plano do bebé, que tu achas que não existe, não me dás razão. No plano da ofensa aos valores sociais, tu achas que esses mesmos valores são tão fortes que dispensam norma punitiva para quem os viole. Eu sou menos optimista ...

Espero ter-me tornado claro, agora.

Finalmente, a entrevista do clérigo. Não a li, a tua referência basta-me. Devo dizer-te que concordo com ele, na medida em que a "vulgarização" de uma atitude errada tem um efeito multiplicador sobre a ocorrência de atitudes semelhantes.

Voltamos à questão da consciência social e da censurabilidade social. É por essa mesma ordem de razões que há quem se insurja com a vulgarização da violência na televisão, só para dar um exemplo. E se criem normas que a regulam. E que a desobediência às mesmas seja punida.

Tens que entender uma coisa, lolita. Para quem entende que o aborto é um acto que NÃO deve ser praticado, os raciocínios que emprega para defender que se promova a sua não-prática são rigorosamente os mesmos (embora, neste caso, possam ser politicamente incorrectos) que emprega para qualquer outra realidade que considere censurável.

Post-Scriptum - Desta vez não te citei, é por isso que este post é a preto e branco, tirando o quote, cuja cor não sei como se define :P

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