Para que vou eu lá ler? Foda-se!
"No meio desta depressão generalizada - quem esperava que 2005 e anos seguintes viessem a ser assim? – a selecção nacional e o seu treinador, Luís Filipe Scolari, são uma benção de optimismo e boa disposição caída do céu.Por 90 minutos, no Sábado, e espera-se que no próximo jogo, os portugueses esqueceram as suas dificuldades e deliciaram-se com Cristiano Ronaldo, Deco, Figo, Alex e outros tantos.
Foi uma pausa na agrura do que aí vem. Será que Portugal não pode ser assim, como a selecção e Scolari? Bem disposto, competente, profissional e vencedor?
Aquilo não é sorte. É brilhantismo, atitude positiva e capacidade de realização. Pela primeira vez, se Portugal ganhar à Estónia, o apuramento não vai estar dependente de nada, nem das outras equipas, como é velha tradição. Estaremos no Mundial de 2006 por direito próprio. Valha-nos Scolari e a Selecção Nacional."
Luís Delgado
Como é possível alguém escrever estas coisas? A sério, há quem embirre com este homem por variados motivos, mas eu é mesmo pelas coisas que escreve e, sobretudo, por me passar pela cabeça que pode haver mais gente que pense mais ou menos assim.
Ele é sempre igual, já lhe li várias coisas e basta mudar os substantivos. O resto da gramática que ali floresce é primitivo. No sentido de tosco.
Independentemente do tema, aquilo não desenvolve. Pagam-lhe por isto? É que se pagam, não deviam.
O exemplo de hoje dá para quase tudo. Leiam e releiam, por favor. É muito mau como pensamento, é fraquíssimo como versão escrita do mesmo, eu digo mesmo mais, aquilo dito em cima dum palco seria uma coisa digna dum penico médio! Ou de pateada silenciosa.
No primeiro parágrafo define Portugal como um país deprimido (o que carece de prova ou, ao menos, de meia-dúzia de exemplos credíveis, não extraídos de escritos e pensares dos manipuladores habituais) para, pelo caminho do costume, chegar ao "Salvador" de hoje. Ele não passa sem um "Salvador".
Em coisas anteriores que lhe li já atribuiu o mesmo papel redentor a Cavaco, a António Borges (não o antigo piloto de velocidade, nem o bigodes que jogou no Braga e no Chaves, mas o outro, o Vitorino em laranja), não sei, mesmo, se a Santana Lopes. Tem de haver sempre uma centelha que, naquele momento, lhe apetece dizer e que, do seu ponto de vista (este tipo de gajos, como tem uma visão enevoada da problemática, embaralha-se com as palavras e com os neurónios e encontra "solucionáticas" pequenitas) resolve o problema. Uma espécie de relâmpago que rasga o firmamento com um clarão que ele, Delgado, consegue ver e transmite. Hoje foi este. E, claro, ele é (na sua ideia escrevinhada) o consequente trovão.
O segundo parágrafo é só para explicar ao que vem.
E, no terceiro, aí vem ele: agora quer que Portugal seja como a Selecção e como Scolari. Ele quer um Portugal bem disposto, competente, profissional e vencedor. É este o laborioso momento de preparação para o hino final que, como se sabe, Delgado expressa (sempre!) de uma das duas maneiras que sabe: a louvaminha e o oxalá que sim (ou que não, conforme, ele tem alguma ginástica).
Desta vez foi a louvaminha. Ora leiam outra vez:
"Aquilo não é sorte. É brilhantismo, atitude positiva e capacidade de realização. Pela primeira vez, se Portugal ganhar à Estónia, o apuramento não vai estar dependente de nada, nem das outras equipas, como é velha tradição. Estaremos no Mundial de 2006 por direito próprio. Valha-nos Scolari e a Selecção Nacional."
Ninguém explica a este tipo que o jogo foi com o caralho da Eslováquia? Que não foi contra o Brasil, a Argentina, a Espanha ou a França? Não haverá nenhuma pessoa que lhe mande um telegrama a contar-lhe que o próximo jogo é com os cromos da Estónia, e que a Estónia é uma espécie de selecção B do caralho da Eslováquia? Ninguém lhe dá um carolo por ele dizer aquela merda do "estaremos lá por direito próprio", como se das outras vezes não tivéssemos estado? Lembrar-se-à, o projecto de anémona, que estivemos no México por direito próprio, em 1986, que em 1966 foi igual, que em 2002 idem? Mesmo tendo lá feito, evidentemente, figuras variáveis (enfim, tirando 66, em Mundiais, as figuras foram sempre fracas)? mas estando lá, sempre, por direito próprio?
Ninguém lhe põe duas bossas e o manda fazer parte duma cantiga?
Ninguém será capaz de mandar calar este gajo, este tipo que não percebe que vamos estar no Mundial, evidentemente (era o que faltava, ainda por cima com este grupo de apuramento!), mas que tudo indica que, à conta das suas análises patrioteiras de merda, ainda nos agoira o jogo com a puta da Estónia? Só para lhe mostrar o cheiro das tintas?
Que cróio! Foda-se!
Isto sem ofensa.
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