Calmarias de besugo
Nunca aqui me referi ao Jaquinzinhos, acho eu. Mas não por falta de o ler. É um blogue muito bom, muito lúcido e muito sportinguista.Mesmo sendo, como admito ser, um iletrado funcional em questões económicas ( e noutras, sabe Deus!), percebo o que lá se diz. Como aqui, por exemplo. Eu, em escritos destes, até já nem confirmo as contas, sei que estão certas. Sei que os raciocínios que lá se derramam, baseados nas contas e veiculados pelas sinapses que nelas se fundamentam, estão certos. E, mais que isso, estão certeiros.
Pressente-se, ali, inteligência. Não se afirma que lá está, diz-se que "se pressente", porque, apesar de tudo, um elogio destes, de inteligência, assim afirmado, pressupõe sempre uma certa dose de presunção. A presunção de estar a ver.
Tenho respeito e admiração por quem, além de justificar com lógica inatacável os seus argumentos, os deposita com limpeza legível e escorreita. Hei-de ir ler, sempre, o Jaquinzinhos.
Mas, sem a mínima intenção de o ofender ou denegrir, digo que lhe falta alma. Eu sei, já me tento explicar.
O Francisco podia ter ficado na empresa pelo mesmo salário, não podia? Por absurdo, o Francisco podia achar que 60.000 euros por ano lhe bastavam. Por absurdo ou por lealdade, uma merdice dessas. Está certo, seria estúpido, seria coisa de tonto. Mas, estivesse lá esta hipótese contemplada, mesmo que subentendida, e a alma estava lá. A alma, essa coisa que não existe desinserida do sistema nervoso central, eu sei, mas estava lá.
Bastava esse pequeno arranjo no raciocínio, o ter considerado essa hipótese peregrina "de ficar", essa atitude absurda que evitaria Coreias e quejandas produtividades invasoras, comprovadamente letais para o negócio de Ambrósio (e de Francisco, no fundo, e dos futuros 50 desempregados que desencadeariam "mais do mesmo"), para eu nem sequer tugir. E continuar a ler, como até aqui, caladinho.
E era, tão somente, isto.
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