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6.6.05

Os ases do volante

Poucas classes profissionais são tão reivindicativas como a dos taxistas. Se não são os pagamentos por conta, são os subsídios para instalar vidros separadores nas viaturas. Para GPS. Para câmaras de vigilância. Um dia desses, pedem subsídios para estofos de alcantara. Para almofadinhas de cetim. Para taxímetros digitais e computadores de bordo. Para aquecedores de marmitas ou sanduicheiras a pilhas. Para suspender os serviços sempre que o Benfica joga.
Tudo em nome das condições penosas da profissão. Há-de ser lá com eles e com o Estado subventor.

Sem generalizar nem exagerar, já fui mal atendida numa viagem de táxi pelo menos tantas vezes como fui bem atendida. Entre tentativas de fraude no tamanho do percurso e boçalidade explícita no trato, tenho visto de tudo. Os taxistas, em Portugal, são mestres da tradicional arte da esperteza saloia que, as mais das vezes, se consubstancia na auto-proclamada habilidade para o absoluto domínio do asfalto. Às vezes, contudo, são compulsivamente conversadores, o que é bom. Um dia, durante a crise do Kosovo, um falou-me na limpeza ética. Outro disse-me que, se mandasse (desejo recorrente que os acompanha a todos, de uma forma ou de outra), mandava os advogados todos (todos!) pá cadeia. E mainada.

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