blog caliente.

30.3.05

Alívios

Recebi um e-mail duma pessoa enervada (e, até prova em contrário, anónima) que, entre outras coisas afáveis, me mandou à merda.

Logo à merda! Bolas. Se fosse de viva voz, o autor anónimo diria, a este não menos anónimo besugo, talvez, "mêrda"! Eu calculo sotaques, sabem? E eu ficaria ainda mais esmagado, evidentemente, pelo seu sotaque de culto. Mas ria-me na mesma.

Fui ver. A neve caía... Não, não é isto.
Fui investigar a causa desta irritação. E cuido que está ali em baixo.

E, então, sendo assim, eu iria à merda (em sendo obediente) porquê?
1 - Porque não discuto
2 - Porque não quero discutir
3 - Porque o meu "texto" (as aspas são do "nervoso") é um acumular de imagens excrementícias
4 - Porque insultei.

Ora bem. Por uma decorrência óbvia da minha incapacidade discursiva, aliás justamente apontada pelo anónimo, eu, o ponto 1, o ponto 2 e o ponto 3, neribi: não discuto. Pronto.

O ponto 4 é mais complicado. Mas afirmo que não insultei ninguém. Pelo menos assiiiiiim, um insuuuuuulto graaaaande!

O que eu disse e mantenho é o seguinte (vou tentar um estilo o menos excrementício possível):

1 - Por ter afirmado coisas erradas (inventar uma jornalista que, afinal é advogada, entre outras coisas) e por alguma ligeireza na análise (que eu posso ter, que não sou crítico, mas um crítico não pode... ou não deve), suspeitei que o crítico, do filme, tivesse visto um "trailer". Daqueles mais compridos, eventualmente. E lido qualquer coisa, adicionalmente.
2 - Lá porque não lhe agradou ter vislumbrado um embrulho romântico no filme, o entendido fez uma mistura musical que lhe saiu mal. A mim podem sair-me coisas assim, que não sou crítico. "Não esperem nada de mim" é, aliás (ou era?) um excelente blogue. Já a quem escreve na qualidade de especialista, compete, convenhamos, explicar-se bem. Sobretudo evitando asneiras. Olha logo o Mozart, esse romântico! Esse e o Ludwig!

Ora, portanto, era de asneiras que se tratava. Logo duas, num texto curto. Ficam mais grossas.

3 - A propósito duma frase que me parece (e mantenho) uma barbaridade em letra corrida, eu teci, de facto, considerações um pouco... enfim, um bocadinho escatológicas, sobre a mente que a teria pensado. Falei, mesmo, em penicos e poias a boiar.

Arrependo-me. Estou aqui, contrito, de mão no peito, penitenciando-me.

Eu devia ter dito, apenas, que a frase é má. Mais que má, é péssima. É ir lá lê-la.
Parece uma daquelas coisas "circularmente enfáticas" que os estudantes do ensino secundário (ou alguns universitários mais novitos) costumam debitar, entusiasmados, naquela fase das suas vidas em que adoram devorar o que vem no Jornal de Letras e nos suplementos culturais doutros jornais, como se dali sorvessem uma absoluta seiva que lhes mitigasse a sede, a fome, o prurido inguinal.

Uma coisa tipo isto, assim: "Wenriffrosk: um mito tipificado da contra-cultura wrangleriana ou um edifício sedimentar em terrenos de aluvião?" . Uma coisa deste género, a que apetece responder "não é um mito tipificado, é um tipo mitificado, pá!".

Claro que, depois, há gente que não sai disto, continua a escrever assim e, às tantas, a pensar assim.
Mas isto já não é problema meu. Com o que me despeço, aliviado.

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